Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 39
CAPÍTULO39




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/742293/chapter/39

CAPÍTULO39

    - O que foi? - perguntou Chapecó calmamente ao descer do quarto e
encontrar Joinville sentada no sofá segurando um copo com água:
— Não sei; uma sensação de angústia, sabe quando alguma coisa não te
deixa dormir e você não sabe o que é?
— Eu acordei, não te encontrei na cama...
— Eu levantei justamente pra não te acordar!
— Quer alguma coisa? Um chá, quer conversar?
— Pode ir se deitar, amor, você acorda cedo amanhã; daqui a pouco eu
melhoro!
— E vou te deixar aqui sozinha? Nada disso!
    Chapecó deu alguns passos à frente e se sentou; puxou a namorada
para si, abraçando-a:,
— Você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida! - sussurrou
Joinville:
— Mesmo com Itajaí vindo de brinde? - Chapecó riu da própria
brincadeira:
— Mesmo assim, com ela de brinde, com tudo o que a gente já passou, você
foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida! Quando eu conheci você,
eu encontrei resposta pra muitas perguntas que ficaram perdidas lá na
minha adolescência, muita coisa que não ficou muito claro lá, eu
consegui entender aqui!
— Por que é que você está me dizendo isso agora, meu amor?
— Porque eu preciso falar, Chapecó; não sei por que mas eu preciso falar!
— Vou fazer um chá de Camomila pra você; vai acalmar essa angústia que
não está te deixando dormir!
— Já te falei que está tudo bem...
— Não está não; deixa eu cuidar de você! Vou fazer o chá, depois a gente
vai lá pro quarto e fica lá, tá bom assim?
Joinville assentiu com a cabeça; Chapecó se levantou e caminhou em
direção à bancada para preparar o chá.
    Florianópolis voltou a o quarto; trazia uma caixinha em uma das mãos
e um copo com uma pequena quantidade de água; soltou a caixinha sobre a cama
e o copo no criado mudo ao seu lado. Abriu-a em seguida e tirou dali o termômetro.
Calmamente, a mãe se sentou e inclinou-se para colocá-lo debaixo do
braço da filha caçula; São José, por sua vez, continuava deitado, com
Jaraguá deitada sobre seu braço direito; a garota olhou à sua volta por
um instante, não poderia estar mais protegida, seus pais estavam ali:
— O que aconteceu, filha? - questionou Florianópolis, pousando uma das
mãos na testa da garota:
— Não sei, mãe; eu deitei na cama, logo dormi e acordei agora, com muita
dor de cabeça e muito frio!
    Passaram-se alguns minutos, e o termômetro apitou; Florianópolis
inclinou-se novamente e tirou-o com cuidado de baixo do braço de sua
menina:
— Trinta e nove e cinco - falou a mãe -, filha, você não quer tomar um
banho? É bom, você toma aqui mesmo no banheiro do nosso quarto, a gente
precisa abaixar essa febre!
— Eu estou com muito frio, mãe!
— Então fica deitada, minha querida; eu vou arrumar o remédio pra você!
    Florianópolis já havia perdido a conta de quantas vezes passou por
isso em sua vida de mãe; teve quatro filhas, seu quinto filho estava em
seu ventre, e foram muitas as vezes em que cuidou de uma de suas filhas
em sua cama, em noites como aquela. Com atenção, ela leu a bula do
remédio que daria para sua filha; depois, colocou a quantidade de gotas
indicada pela bula na água e  entregou o copo para sua menina. Jaraguá
bebeu o conteúdo do copo, o devolveu para sua mãe e voltou a se deitar
ao lado de seu pai; São José tornou a abraçar sua menina, procurando
aconchegá-la da melhor forma que conseguisse:
— Vai passar - garantiu ele afagando os longos cabelos da garota -,
palavra de pai, vai ficar tudo bem! Feche os olhos, minha filha, tenta
dormir!
Como era bom para ela ouvir aquilo diante de uma dor de cabeça quase que
insuportável e uma febre de quase quarenta graus; Florianópolis deixou o
copo vazio e a caixinha no criado mudo e se deitou ao lado do marido e
da filha.
    Jaraguá estava aninhada junto a o corpo de seu pai; ele afagava-lhe
os cabelos longos, as batidas do coração dele eram como bálsamo para
a garota.
    Eram duas horas da manhã quando São José, ainda deitado na mesma
posição com a filha caçula, recebeu uma mensagem de Criciúma no celular;
na mensagem, a jovem executiva escreveu que não conseguia dormir, que
mal podia esperar pelo momento em que estaria sozinha com seu homem em
um lugar onde ninguém os conhecia. Ele visualizou a mensagem mas não
respondeu, o mais importante agora era Jaraguá, que precisava de
cuidados.
A garota só conseguiu pegar no sono pesado as quatro horas da manhã;
precisou tomar banho para que a febre baixasse e acabou dormindo na cama
dos pais.
    Eram seis e trinta da manhã; Chapecó acordou de um sono pesado e
percebeu que já era dia. Olhou pro lado, e por um instante, contemplou a
linda mulher que dormia tranquila ao seu lado; sim, mulher, a sua
mulher.
Levantou da cama tentando não fazer barulho; pegou o que precisava e foi
para o banheiro. Voltou ao quarto minutos depois, enrolada na toalha,
com os longos cabelos presos em um coque:
— Chapecó! - murmurou Joinville ao abrir os olhos e perceber que estava
sozinha na cama:
— Oi - a engenheira parou o que estava fazendo e foi até a cama -, tudo
bem?
— Tudo bem! Que horas são?
— Seis e quarenta e cinco!
— Faz tempo que você acordou?
— Faz uns quinze minutos; levantei, tomei banho, vou fazer um café!
Dorme mais um pouco; tudo o que eu queria agora era poder ficar nessa
cama, mas o dever me chama!
— Posso ficar aqui até mais tarde?
— É claro que pode; fica aqui, dorme, a casa é sua! Eu vou me vestir e
fazer um café; deixo na garrafa térmica!
    Chapecó vestiu-se e desceu até a cozinha; preparou o café, que para
ela era indispensável todas as manhãs antes de ir pro trabalho.
Antes de sair, a engenheira ainda agachou-se ao lado da cama e observou
Joinville por algum tempo; cobriu-a com cuidado, deu-lhe um beijo leve no canto da boca e saiu para trabalhar.
    - Pai! - foi a primeira palavra que Jaraguá conseguiu dizer ao
acordar, na cama dos pais; São José estava vestido de terno e gravata,
sentado à beira da cama; o perfume que exalava dele acalmava a garota:
— Oi, filha - ele respondeu -, estou aqui!
— Já amanheceu?
— Já; são quase oito horas! Tenta dormir de novo, meu amor, tenta; você
não dormiu quase nada essa noite!
— E minha mãe?
— Ela foi levar Palhoça pra escola; quando ela voltar eu vou pra
empresa; fica tranquila:
— Pai, Joinville já está em casa?
— Ainda não; por quê?
— Porque eu preciso falar com ela, pai; fala pra Márcia dar o recado pra
ela quando ela chegar!
— Falo sim, querida, eu falo! Descanse, eu vou falar com a Márcia,
quando Joinville chegar ela vem aqui falar com você!
A garota fechou os olhos, e em poucos minutos estava dormindo novamente.
    São José saiu de casa minutos depois; antes de ir para a empresa,
passaria pelo apartamento de Criciúma. E foi o que ele fez.
Ela abriu a porta para ele radiante, não iria trabalhar naquele dia;
ficaria em casa até a hora do voo, cuidando de si mesma, queria estar linda
para o homem que amava:
— Oi, meu amor - ela sorriu ao vê-lo na porta de casa -, que surpresa;
achei que você só viria aqui pra me buscar mais tarde! Entra!
Ele não disse nada, apenas entrou e ficou observando aquela mulher
linda, que fechou a porta atrás de si. São José tentava encontrar
coragem para dizer o que precisava dizer:
— O nosso voo é a uma da tarde - comentou Criciúma com um brilho nos
olhos -, eu vou ficar em casa agora de manhã, quero estar linda pra...
— A gente não vai, Criciúma - as palavras finalmente saíram -, a gente
não vai viajar!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Estado de amor e de sonhos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.