Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 107
Capítulo107 final




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CAPÍTULO107

E ali estava Jaraguá, prestes a ter seus gêmeos no colo, prestes a
exercer a função mais importante de sua vida, a maternidade. Estava
sendo preparada para a cesariana, o plano era o parto natural mas não
seria possível.
Seu marido estava ali, sentado ao seu lado, segurando a sua mão; São
Miguel era médico, já havia acompanhado algumas cesarianas mas desta vez
era diferente; era sua esposa, eram seus filhos.
Quando a anestesia foi aplicada, Jaraguá se sentiu mal, mas ao mesmo
tempo, sentiu segurança ao ouvir a voz do marido:
— Vai passar, minha vida, esse mal estar vai passar; é só o efeito da
anestesia!
Doutora Ana estava ali, calma, segura, com um sorriso que era só seu:
— Jaraguá, a gente vai começar agora, tá! Fica tranquila, daqui a pouco
os seus bebês vão estar do lado de cá, nos seus braços!

— Não dá pra acreditar, Florianópolis - comentava Chapecó com a
sogra, na sala de espera -, Joinville estava dormindo ali, no sofá, do
meu lado; de repente ela acordou assustada dizendo que a irmã estava
chamando ela!
— Elas são muito ligadas, Chapecó, desde pequenas elas sempre foram
muito ligadas! Acho que se fossem gêmeas, elas não seriam tão ligadas
assim!
— Ela sentiu que Jaraguá estava precisando dela!
As duas ouviram passos que vinham do corredor e olharam em direção à
porta. O olhar reconfortante de Otacílio Costa fez com que Florianópolis
se sentisse mais confiante; o médico estava chegando pra tentar ajudar
em alguma coisa, saiu de casa assim que recebeu a ligação dela:
— Florianópolis, eu vim assim que recebi sua ligação! Como é que estão
as coisas?
A mãe de família foi carinhosamente abraçada por ele, e todas as suas
dúvidas caíram por terra:
— Ela está na sala de cirurgia; a gente não sabe de nada ainda!
— Faz tempo que ela entrou?
— Já faz um tempinho!
— Eu trabalhei nesse hospital durante muito tempo, alguns médicos da
minha época ainda trabalham aqui, eu vou tentar falar com alguém, saber
notícias dela e dos bebês!
Naquela noite de domingo, Jaraguá deu a luz à São Francisco do Sul e
Penha; os dois nasceram muito pequenos, prematuros e foram levados ás
preças para UTI neonatal.
Depois da cesariana, doutora Ana achou melhor que Jaraguá dormisse; ela
estava muito agitada.
Otacílio Costa esteve ali, o tempo todo, do lado de Florianópolis; era
médico, mas a cima de tudo, era amigo dela, talvez ele quisesse ser mais
que um amigo. Entrou na capela do hospital e a encontrou lá, ajoelhada,
chorando; foi a primeira vez que ela conseguiu chorar desde a tarde
daquele domingo, quando entrou no hospital com sua filha, em trabalho de
parto.
Otacílio não sabia o que dizer, nem mesmo se deveria dizer alguma coisa.
Ajoelhou-se ao lado dela e a abraçou bem de vagar:
— Você viu os bebês? - ela perguntou:
— Vi, minha querida, eu vi os seus dois netos!
— Otacílio, por favor, me diz a verdade; os meus netos correm perigo de
vida? Você é médico, você tem um compromiço com a verdade...
— Calma, Florianópolis, calma! Eles nasceram prematuros, por serem
gêmeos isso pode acontecer; eles vão precisar ficar um tempo aqui, pra
ganhar peso, mas a gente precisa ser otimista!
— São Joaquim nasceu prematuro também!
— E ele não é um garotão forte, saudável? Não pode desanimar, minha
querida!
— Eu ainda não tive coragem de ir lá, olhar os bebês pelo vidro!
— Quer que eu vá com você? Eu vou com você, fico lá segurando a sua mão!
— Eu nunca me senti tão desnecessária na vida da minha filha, Otacílio!
Ela vai acordar, vai saber que os bebês foram pra UTI, vai sofrer e eu
não vou poder evitar o sofrimento dela!
— Florianópolis, você é mãe, só o fato de você estar aqui, só o fato de
você estar lá do lado dela quando ela acordar, já vai ajudar muito a sua
filha! Eu sou pediatra, minha querida, você não pode imaginar o poder de
uma mãe, do abraço, da voz da mãe na vida de alguém, mesmo depois que os
filhos crescem!
São Francisco do Sul e Penha precisaram ficar no hospital por algum
tempo; Jaraguá e São Miguel iam todos os dias até lá, ver os filhos,
acompanharam passo a passo a evolução do quadro dos gêmeos.
Depois de vários dias seguindo esta rotina, o jovem casal pôde
finalmente levar os filhos pra casa; Jaraguá agora compreendia muita
coisa, compreendia o amor do qual sua mãe falava tanto, nunca pensou que
fosse capaz de amar tanto, não conseguia acreditar que um amor tão
grande cabia dentro dela.
Não foram poucas as vezes que a jovem mãe de família ficou observando os
seus bebês, perguntando a si mesma o que seria de sua vida sem eles.
O tempo passou depressa, um tempo marcado por vários momentos.
Quando São Francisco do Sul e Penha completaram um ano de idade, Palhoça
e Santo Amaro da Imperatriz viveram a tão esperada alegria de levar seu
filho pra casa; São João Batista, com alguns dias de vida. O pequeno não
era filho de sangue daquele jovem casal, mas foi muito esperado, muito
sonhado, Palhoça preparou a chegada dele como se fosse uma gestação.
Quando Florianópolis anunciou, em um jantar em sua casa, que estava
namorando, foi uma verdadeira festa; São Joaquim não gostou muito da
ideia no começo, mas o namorado de sua mãe se tornou um verdadeiro amigo
para o menino, um amigo em quem ele podia confiar.
Um ano depois desse jantar, Florianópolis se casou com Otacílio Costa;
foi uma linda cerimônia, duas vidas que se uniram naquela noite,
tornando-se uma só.
E ali, durante a festa de casamento de sua mãe, Jaraguá anunciou que seu
terceiro filho estava a caminho.


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