Titanomaquia escrita por Eycharistisi


Capítulo 37
XXXVI. Elementos naturais?


Notas iniciais do capítulo

[Capítulo agendado]



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Acordei na manhã seguinte com o corpo a cantar de dor. Não havia um único músculo em mim que não estivesse exaurido e dorido depois do treino com Leiftan. Eu recebera socos, pontapés, cotoveladas, joelhadas, cabeçadas… e, no entanto, não sentira com o investigador o mesmo medo que sentira com Nevra. De alguma forma, Leiftan transmitia-me uma segurança que me convencia das suas boas intenções e do seu cuidado para comigo, mesmo quando estava quase a partir-me um braço. Era estranho…

— Eduarda! — chamou a voz impaciente de Nevra, fazendo-me saltar de susto — Estás acordada? Levanta-te, rapariga, não temos tempo para esperar por ti!

Eu soltei um pequeno suspiro e comecei a arrastar-me para fora da minha toca. Nevra estava parando junto à entrada, lançando-me um olhar muito irritado. Por entre as suas pernas, conseguia ver os outros membros do grupo reunidos em torno dos restos da fogueira de ontem, comendo ou terminando de arrumar as suas próprias tocas.

— Mexe-te, rapariga — ordenou o Mestre da Sombra, começando a dar meia volta — Partimos daqui a quinze minutos, estejas ou não pronta!

Soltei um pequeno resmungo nas costas do vampiro, mas ergui-me e comecei a preparar-me para continuar viagem. Foi um sacrifício desmontar, dobrar e guardar a minha toca sozinha; o meu corpo doía horrores e não conseguia evitar os queixumes a cada movimento que fazia. Quando terminei, aproximei-me ansiosamente do Diretor da Absinto.

— Ezarel, tens uma poção para as dores? — pedi — Por favor…

— Talvez tenha — disse o elfo com um sorriso endiabrado —, mas vais ter de te esforçar mais para a conseguir.

— Ah, vá lá, estou cheia de dores…

— Nós também — defendeu Nevra — E, no entanto, não nos ouves queixar. Aguenta, que é o que estamos a fazer.

— Vocês são faeries e eu sou human…

— Tu és uma faeliena — cortou Nevra — Não és assim tão diferente de nós. Estás é mal habituada! Só recebeste mimo e conforto até agora, mas isso acabou! Já está mais que na altura de aprenderes quão dura é a vida!

Eu quedei-me a mirar Nevra, ponderando as probabilidades de conseguir acertar-lhe um murro nos queixos. Eram baixíssimas à partida e as dores não iriam facilitar, por isso tive de desistir da ideia. Ele estava a chamar-me mimada? Eu mostrar-lhe-ia quem é que era mimada…

O meu corpo implorava por misericórdia quando retomámos a caminhada, mas trinquei as bochechas e obriguei-me a continuar. Adonis seguia ao meu lado com ar preocupado e convidou-me a montar no seu dorso, mas recusei. Não iria dar mais razões a Nevra para me chamar mimada. Caminharia até enterrar a focinheira no chão!

Chegámos a uma nova povoação por volta do meio-dia e paramos para comer uma refeição quente, tomar um banho e comprar alguns produtos de primeira necessidade. Encontrámos um purreko a vender poções no mercado e Adonis ofereceu-se para comprar uma para as minhas dores, mas voltei a recusar. Eu ia conseguir superar aquele dia! Faria o maldito vampiro engolir o que dissera!

Acampámos de novo ao cair da noite, desta vez no sopé de um penhasco. Eu sentei-me contra o tronco de uma árvore para descansar as pernas antes de montar a minha toca, mas adormeci assim que toquei com o traseiro no chão. Foi Karenn quem me acordou, uma hora depois, para me convidar a comer qualquer coisa. O resto do grupo já estava reunido em torno de uma pequena fogueira e eu procurei instintivamente por Leiftan. Ele sorriu e acenou quando os nossos olhos se encontraram.

— Como estás? — perguntou-me enquanto me sentava ao seu lado.

— Estoirada — murmurei com um suspiro.

— Ah, sim?

— Completamente.

— Presumo que estejas demasiado cansada para treinar, então — ponderou enquanto me via devorar um bolinho de carne. Eu anuí com um gesto de cabeça porque a boca estava demasiado cheia para conseguir falar — Mas podemos treinar a manipulação de Maana. Queres?

Fiz um esforço para empurrar a comida para abaixo, por pouco não me engasgando.

— Queres dizer… que vais ensinar-me a fazer magia?! — perguntei, admirada.

Leiftan abriu um pequeno sorriso.

— Vou tentar. Já fizeste o teste de afinidade?

— Teste de afinidade? O que é isso?

— É um teste para descobrir a tendência da tua magia — intrometeu-se Ezarel, sentado à nossa esquerda — Existem quatro elementos naturais na nossa realidade e nós temos uma certa inclinação para um em particular. É a isso que chamamos afinidade.

— Elementos naturais? — repeti — Estás a falar de ar, água, terra e fogo?

— Sim, isso mesmo. O elemento com que se tem afinidade varia consoante a raça e o indivíduo, por isso criámos um teste para encontrar a resposta exata. Poupa-nos muito tempo e energia…

— Nós usávamos o método de tentativa-erro antes, mas eram precisos vários anos para conseguir um resultado… se o conseguíssemos sequer — disse Leiftan — É dificílimo controlar um elemento, mesmo com afinidade. Sem ela… é quase impossível.

— Então… Não vale a pena começar o meu treino? Se não sei a minha afinidade…

— Podemos recorrer ao método antigo — interveio o investigador.

— Isso é pura perda de tempo — disse Nevra, pronunciando-se pela primeira vez — Nós nem sequer sabemos se a Eduarda consegue canalizar Maana. Como queres descobrir a afinidade dela por tentativa-erro? Endoideceste?

— Estou confiante de que a Eduarda consegue canalizar…

— Porque não haveria de conseguir canalizar? — perguntei, confusa.

— Os faelien nem sempre conseguem — revelou Ezarel — Nós sabemos que o teu corpo absorve Maana, caso contrário o resultado do teste para a encontrar não seria positivo, mas não sabemos se consegues… hã… como dizer…?

— Exteriorizar — murmurou Valkyon.

— Sim, isso mesmo. Não sabemos se consegues exteriorizar a Maana que está dentro de ti.

— Ela consegue. Tenho a certeza — garantiu Leiftan — Só precisamos mesmo de descobrir a afinidade…

— Porque não a ajudas a treinar a camuflagem? — perguntou Nevra — Não seria mais produtivo?

— Prefiro treinar a camuflagem conjuntamente com o combate — disse o investigador — Não teria qualquer propósito pedir-lhe que se camuflasse num ambiente seguro como este em que estamos agora…

Nevra não pareceu satisfeito com a resposta, mas encolheu os ombros e voltou a concentrar-se na sua comida. Leiftan poisou uma mão no meu ombro.

— Gostarias de tentar os elementos? — perguntou.

— Gostaria, mas… eu concordo com o Nevra, sabes? Quero dizer, tu próprio disseste que demora anos a descobrir a afinidade por tentativa-erro, por isso, não seria mais fácil simplesmente esperar até poder fazer o teste?

— Seria, mas nós não nos podemos dar a esse luxo. A viagem irá ficar cada vez mais perigosa e eu quero ajudar-te a reunir os meios para te defenderes. Poderemos não conseguir quaisquer resultados até ao final da viagem, mas… pelo menos tentámos. Não perdemos nada em fazê-lo.

Eu torci ligeiramente o nariz.

— Talvez… — peguei noutro bolinho de carne — Eu posso tentar, mas deixa-me comer primeiro, okay?

O investigador abriu um pequeno sorriso.

— Está à vontade…

— Vocês deviam treinar a vossa afinidade também — disse Nevra na direção dos jovens membros da Sombra — O Leiftan tem razão sobre os perigos da viagem. Temos de estar preparados para qualquer eventualidade.

Karenn, Chrome, Lee e Adonis trocaram olhares entre si.

— E-eu também? — perguntou o pequeno centauro, apontando para si mesmo.

— Não, tu estás dispensado — disse Ezarel.

— Porquê? — perguntou Nevra.

Ezarel limitou-se a lançar-lhe um olhar significativo e entediado.

— O Adonis também precisa de treinar — defendeu Leiftan — Podemos erguer um círculo à volta dele para garantir que não magoa ninguém.

— Achas que chega? — perguntou Ezarel, duvidoso.

— Se ele mantiver o treino no básico, sim, chega.

— O Adonis tem afinidade com o fogo, não tem? — perguntou Karenn — Porque haveria de precisar de um círculo protetor em volta dele?

— Acredita, Karenn, é mais seguro assim — disse Nevra.

A vampira não parecia convencida com a resposta, mas não insistiu no assunto.

Terminada a refeição, começámos a dividir-nos em pequenos grupos. Nevra encarregou-se de treinar a irmã, uma vez que compartilhavam a afinidade com o ar. Lee ficou sob a instrução de Ezarel, que convocava a água necessária para o treino do outro elfo. Lithiel não quis participar, mas ficou a mirá-los com curiosidade. Chrome exercitou a terra sozinho, debaixo do olhar arregalado de Adonis, até Valkyon se sentar ao seu lado e começar a sussurrar alguns conselhos. Leiftan permaneceu comigo e desafiou-me a experimentar a sua própria afinidade: o fogo. Quando concordei, ele levantou-se e veio sentar-se atrás de mim, ladeando-me com as pernas compridas e encostando o peito às minhas costas.

— O treino é simples — murmurou o meu “namorado”, arrepiando-me com a proximidade da sua boca ao meu ouvido – Vais estender as mãos para o fogo, assim… — estendeu as mãos de palma para cima na direção da fogueira na nossa frente — Vais olhar para as chamas com muita atenção… e vais puxá-las para ti.

O fogo agitou-se e uma pequena labareda ergueu-se mais alto que as restantes. Esticou-se, estreitou-se e estendeu-se na nossa direção, começando a desenhar um pequeno arco incandescente que ia da madeira até às mãos de Leiftan. Eu sustive a respiração e apertei as mãos nos cotovelos do investigador, pronta a puxá-lo para longe do que poderia vir a ser uma queimadura muito feia, mas a chama susteve-se a alguns centímetros de distância da sua pele. O arco incandescente separou-se da fogueira e encaminhou-se para a labareda nas suas mãos, alimentando-a e insuflando-a. Eu mirei o fogo flutuante a meio metro do meu nariz com os olhos esbugalhados.

— Vês? Não é difícil — murmurou Leiftan, deixando a chama deslizar de uma mão para a outra antes de a empurrar de volta para a fogueira — Agora tu.

— Eu… não consigo fazer isso — neguei num sussurro assombrado.

— Consegues, sim — incitou, poisando as mãos nos meus ombros — Eu vou ajudar-te. Estende as mãos…

Inspirei um fôlego de coragem e obedeci. Estendi as mãos para a fogueira e Leiftan poisou as suas por baixo das minhas, segurando-as na posição certa.

— Olha para o fogo — sussurrou — Olha para ele até ser a única coisa que vês.

Inspirei de novo e concentrei-me na dança alegre das chamas. Fixei as suas cores, a sua luz e o seu brilho até tudo o resto desaparecer na escuridão da noite.

— Sente o fogo. Sente o seu calor. Imagina o seu toque. Deixa-o chegar às tuas mãos, subir pelos teus braços… preencher o teu corpo. Consegues senti-lo?

Franzi ligeiramente o sobrolho, tentando concentrar-me, mas… não. Não sentia nada que não estivesse à espera de sentir. O calor da fogueira era o mesmo que sempre fora. A troca de calor que se iniciava com o toque de Leiftan ainda me causava estranheza, mas já me era conhecida. Não havia nada de novo.

— Continua a tentar — incentivou Leiftan, apertando carinhosamente as minhas mãos — Não podes desistir.

— Porque não? — perguntei sem desviar o olhar da fogueira — Talvez eu não sinta nada porque não tenho afinidade com o fogo…

Leiftan inspirou como se estivesse prestes a dizer algo, mas um rugido à nossa esquerda cortou-lhe a palavra. Virámos a cabeça e vimos um Ezarel encharcado da cabeça aos pés a apertar o pescoço de Lee enquanto o sacudia para a frente e para trás. 

— Seu idiota! — rosnava o Diretor da Absinto — Quão difícil é seguir as minhas instruções?! Eu pedi-te para partir a esfera de água em duas, não para a explodires na minha cara! 

— Peço i-imensa d-desculpa — balbuciou Lee, zonzo com os safanões do outro elfo.

— Estás a gozar comigo?! Desde o início do treino que estás a mandar esguichos de água para cima de mim!

— F-foi um acidente…!

— Eu acho que ele é simplesmente um desastre, Diretor — disse Lithiel.

— Nem sei porque estou a perder o meu tempo contigo — resmungou Ezarel, soltando o pescoço do recruta e levantando-se — Até dormir é mais produtivo do que treinar-te! Já chega! Não vou voltar a fazê-lo!

— Ah, não, Diretor Ezarel, por favor, não me deixe! — implorou Lee, abraçando a perna do elfo — Por favor! A Lithiel é a única pessoa no grupo que tem afinidade com a água além de nós os dois e eu prefiro enfrentar uma hydra a treinar com ela! Por favor, Diretor, não desista de mim! Eu vou portar-me bem e esforçar-me imenso, prometo! Continue a treinar-me, Diretor! Por favor! Por favor!

— Argh, que barulhento — queixou-se Ezarel, tapando as orelhas pontiagudas.

— Não desista de mim, Diretor! Por favor!

— Ah, está bem, está bem! — exclamou o elfo, impaciente — Eu vou continuar a treinar-te, mas se voltares a cometer este tipo de erro…

— Oh, obrigado! O Diretor Ezarel é a melhor pessoa do mundo! Obrigado! Obrigado… — Lee largou a perna do outro elfo para pegar-lhe na mão e beijar-lhe fervorosamente os nós dos dedos. Ezarel revirou os olhos, enfadado, mas não puxou a mão para longe dos lábios do pupilo. No fundo, ele estava a gostar daquilo…

— Eduarda? — murmurou Leiftan, tão próximo do meu ouvido que os seus lábios roçaram no topo da minha orelha. Estremeci com o arrepio que me percorreu — Vamos concentrar-nos no nosso próprio treino, pode ser?

— A-ah, s-sim, claro — cedi, pigarreando suavemente.

— Sabes? — continuou o investigador, baixando ainda mais a voz — Há quem diga que os titãs conseguem controlar os quatro elementos em simultâneo. Misturá-los, combiná-los… e criar algo completamente novo.

— A-a sério? — gaguejei, sobressaltada pela referência explícita aos titãs. Não seria demasiado arriscado falar assim na frente dos outros? Leiftan falara baixo, mas se a audição dos vampiros era tão boa quanto ele dera a entender na noite anterior…

— É só um rumor — murmurou —, mas deve ser impressionante ter tanto poder, não achas?

— A-acho…

— Não deverá ser difícil para um titã dominar os elementos… É por isso que não podemos ficar para trás. Se queremos enfrentar a criatura e sobreviver para contar a história, temos de treinar até ao limite.

Eu concordei com um pequeno gesto de cabeça e inspirei fundo antes de devolver a minha atenção ao fogo. Leiftan tinha razão. Nós precisaríamos de todas as gramas de força física e mágica que conseguíssemos reunir na hora de enfrentar o titã. E se entendera corretamente a sua mensagem velada, eu, como titânide, era mais forte do que os outros membros do grupo porque conseguia dominar os quatro elementos. E deveria tirar o maior proveito possível disso…

O treino não durou muito tempo. Controlar os elementos exigia muita concentração e esforço, mágico e mental, por isso consumia muito mais energia do que um exercício de combate. Eu sentia-me como se tivesse uma mão enorme a espremer o meu cérebro. Ainda assim, o meu empenho não dera quaisquer frutos.

— Foi um bom treino — elogiou Leiftan, ajudando-me a levantar — Vamos experimentar um outro elemento no próximo, pode ser?

— Acho que não fará qualquer diferença — murmurei, desanimada — Parece que magia não é mesmo o meu forte…

— Não digas isso. Dominar um elemento leva tempo — lembrou com um pequeno sorriso encorajador — Não podes esperar resultados na primeira tentativa, nem sequer no primeiro dia. Tens de ser paciente…

Soltei um pequeno suspiro.

— É… talvez…

Leiftan ensaiou um pequeno sorriso antes de puxar-me para mais perto através da minha mão direita, que permanecia entrelaçada na sua desde que me ajudara a erguer do chão.

— Nós poderíamos avançar muito mais rápido se me deixasses ajudar-te — murmurou.

— Tu não estás já a ajudar-me? — perguntei, confusa.

O sorriso do investigador alargou-se, mas conteve-o passando discretamente a ponta da língua pelos lábios.

— Poderia ajudar-te mais se não fugisses dos meus beijos, como fizeste ontem no fim do treino.

— A-ah…! Isso…! — gaguejei, apanhada desprevenida.

— Sim… Isso… Porque é que fugiste?

— P-porque não pediste autorização! — defendi-me com o primeiro argumento que encontrei — Prometeste que pedirias autorização, mas nunca o fizeste!

— Eu pedi autorização uma vez e tu recusaste — lembrou-me, erguendo uma sobrancelha ligeiramente divertida.

— I-isso foi só dessa vez!

— Ah, sim? Então, se eu pedir um beijo agora… irás dar-mo?

Desviei rapidamente o olhar da sua mirada sedutora e intensa enquanto gaguejava uma confusão de sons indecisos. Adivinhando que a resposta não viria em breve, Leiftan deu-me um suave puxão de incentivo no braço enquanto avançava um pouco mais. Arrisquei espreitá-lo pelo canto do olho e ele inclinou a cabeça ligeiramente para o lado com um pequeno sorriso doce nos lábios.

— Beijas-me?

— O-okay — cedi, sentindo o sangue subir-me para as maçãs do rosto — Eu… sim…

Leiftan sorriu um pouco mais, baixou a cabeça para aproximar o rosto do meu… e esperou! Esperou que fosse eu a eliminar a distância que nos separava!

O meu coração começou a martelar as minhas costelas e senti os meus joelhos estremecer quando dei um passinho minúsculo em frente. O rosto de Leiftan sustinha-se sobre o meu, mas ele era demasiado alto para que conseguisse alcançá-lo. Estiquei-me na ponta dos pés… e fechei os olhos ao encostar os meus lábios nos seus. Nesse momento, dei-me conta de que aquela era a primeira vez que realmente o beijava. As nossas bocas já se tinham tocado antes, mas eu nunca retribuíra. Nunca apreciara a macieza e tenrura dos seus lábios. O seu sabor doce. A forma como se encaixavam tão bem nos meus. O seu toque quente, cuidadoso, carinhoso…

O beijo não durou mais de três segundos, mas parecia que uma eternidade inteira passara por nós quando voltei a poisar a planta dos pés no chão. Abri os olhos e ergui-os hesitantemente para o meu namorado… para encontrar um sorriso e os seus olhos verdes a brilhar como estrelas. Ele era mesmo muito bonito…

— Agora, vai descansar — murmurou — Boa noite…

— Boa noite — despedi-me, puxando relutantemente a minha mão da sua. Afastei-me um passo… e só então ouvi os sons de vómito que saiam de várias gargantas atrás de nós.

— Socorro — queixava-se Ezarel, caído de costas no chão — Os meus ouvidos… e os meus olhos… estão a sangrar…! Alguém… me ajude…

— Ugh, deu-me mesmo a volta ao estômago — disse Lithiel, poisando uma mão na boca e a outra na barriga.

— Eu consegui ouvir tudo — revelou Chrome, puxando as orelhas de lobo para baixo — Vou ter pesadelos durante uma semana inteira…

— Ah, parem com isso! — ralhou Lee, olhando-me a mim e ao meu namorado com ar sonhador, juntamente com Karenn — O amor é tão bonito…

— É, não é? — concordou a vampira — Vocês estão é com inveja! Quem vos dera ter uma relação tão bonita como a deles…

Ezarel, Lithiel e Chrome voltaram a encenar a sua simulação de vómito e eu cobri os olhos com uma mão, tentando esconder o meu embaraço. Como pudera esquecer-me da presença dos outros?! O que diabos tinha eu na cabeça?!


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Notas finais do capítulo

[Próximo: 29/4/18]



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