Titanomaquia escrita por Eycharistisi


Capítulo 34
XXXIII. Eu ouvi um... rumor.


Notas iniciais do capítulo

[Capítulo agendado]

AVISO!
O género ecchi foi adicionado à história e por isso a classificação subiu para maiores de 16. A alteração deve-se à descrição detalhada de um beijo referido num capítulo futuro.

Não creio que a descrição feita possa ferir suscetibilidades, mas achei que deveria avisar e alterar.



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— Amos? — repeti, perplexa — Amos como em… senhores?

— Isso mesmo!

— Os titãs escravizaram os faeries?

— Escravizar…? Não! Eles governavam-nos sem oposição, eram os senhores legítimos e incontestáveis de Eldarya!

— Isso não faz sentido — murmurei, abanando a cabeça — Se os titãs eram os governantes, então… teriam fácil acesso aos cristais. Será que os titãs já queriam consumir os cristais nessa altura? Foi por isso que quiseram governar? A guerra aconteceu porque os faeries perceberam as suas verdadeiras intenções e tentaram pará-los?

— Não tenho a certeza… Eu não consegui encontrar relatos pró-titã que mencionem as razões da guerra, só encontrei os que seguem a versão das compilações dos Sacerdotes. No entanto… os relatos que apontam os titãs como senhores nunca referem os cristais. Estranho, não te parece?

— Nem por isso. Se os autores consideravam os titãs os seus amos, é porque eram seus seguidores. Concordavam e apoiavam os seus planos, como estão a fazer com o novo titã. Eles não iriam revelar os pequenos segredos sujos dos seus amos; iriam sempre tentar encobri-los…

— Destruir os pilares que sustentam uma realidade inteira não é um pequeno segredo sujo — retorquiu Lithiel — E se era essa a intenção dos titãs, porque não consumiram os cristais assim que chegaram ao poder? Os relatos indicam que eles governaram durante centenas de anos!

— Talvez não tivessem os meios…

— Os titãs são os seres mais poderosos que alguma vez viveram em Eldarya. Partir um cristal é brincadeira de crianças para eles.

— Se fosse brincadeira de crianças, o titã que nos está a seguir não teria sido ferido pela explosão de Maana em Darr.

Lithiel inclinou a cabeça para o lado, com uma expressão circunspecta.

— A explosão de Maana… não aconteceu exatamente como se pensa…

— O que queres dizer com isso? — perguntei, desconfiada.

A doppelganger hesitou, desconfortável com o rumo da conversa. Remexeu-se um pouco, descruzou os braços e esfregou nervosamente as palmas das mãos contra as coxas.

— Eu ouvi um… rumor — disse num tom baixo — Não consegui confirmar a veracidade da informação porque é muito recente e não há nada escrito sobre isso… O Leiftan é o único que poderia confirmar o que ouvi, mas ele é bastante hábil em desviar-se das minhas perguntas…

— Espera aí — pedi, erguendo um dedo no ar — Tu detetas mentiras, não é? Isso não quer dizer que saberias se a informação é verdadeira ou falsa assim que a ouvisses?

— Não é assim que funciona. A minha habilidade não me permite encontrar a “verdade absoluta”, eu só… sinto a motivação das pessoas ao mentir. É totalmente subjetivo. Eu só deteto a mentira quando a pessoa que a pronuncia tem conscientemente a intenção de mentir. Percebes?

— Acho que sim…

— Por exemplo… — Lithiel apontou para mim — Tu és uma titânide; essa é a “verdade absoluta” sobre a tua raça. Foi revelada, confirmada e assimilada. No entanto, quando chegaste ao nosso mundo, acreditavas ser humana. Acreditavas tão piamente que disseste à Miiko que eras humana quando estavas sob o efeito do elixir da verdade.

— Como é que sabes disso…?

— Não importa como sei, só quero que entendas isto: tu não és humana. Nunca foste. Sendo assim, mentiste sobre a tua raça, apesar de teres bebido uma poção que te compele a dizer a verdade. Isso só foi possível porque não tinhas consciência de que estavas a mentir. Tu não imaginavas o que era verdade naquela altura. Tu acreditavas que o que estavas a dizer era a verdade.

— Então… se eu mentir, mas convencer alguém…

— Eu não irei detetar a mentira se interrogar esse alguém, porque ele acredita que é verdade — concluiu Lithiel.

— Ah… entendi — murmurei, pegando num pequeno pano para esfregar a pele — A pessoa que te contou o rumor acreditava no que estava a dizer, mas isso não significa que a informação é verdadeira…

— Exatamente — Lithiel desviou o olhar e voltou a esfregar as mãos contra as coxas — Eu não tinha razões para acreditar, mas… o que ela dizia era tão grave que achei que merecia uma investigação. Comecei a procurar mais informação sobre a Titanomaquia e encontrei os relatos que apontavam os titãs como senhores de Eldarya. Na altura, eu também não quis acreditar no que estava a ler… Fiquei… — Lithiel soltou um risinho nervoso — Eu fiquei em estado de choque! A informação naqueles documentos era tão diferente da história que conhecia que parecia simplesmente impossível ser verdade… Quero dizer, se eu considerasse por um único momento que o que lá estava escrito era verídico… se eu espalhasse aquela informação… seria uma catástrofe! A verdade traria discórdia, provocaria guerras, destruiria cidades… Poderia até trazer a nossa extinção e a destruição deste mundo! Eu não sabia o que fazer com aquela informação, mas não me consegui impedir de continuar a procurar… até o Leiftan me apanhar…

— O que é que ele fez?

— Nada de especial — disse a rapariga num tom sarcástico — Ele só me arrastou para o gabinete de Miiko…

— O que é que ela fez?

Lithiel abriu um sorriso amargo e perigoso, a intenção assassina salientada pelas presas que copiara da pequena vampira.

— Destruiu a minha vida. Destruiu-a com o cuidado e a mestria que comprovaram que o que estava naqueles relatos era a verdade que a raposinha queria esconder a qualquer custo — o sorriso mortífero alargou-se — E eu vou agradecer-lhe retribuindo a cortesia.

— É ela a mentirosa que queres trazer à justiça? — perguntei cautelosamente, recordando o que a rapariga dissera no final do nosso último treino.

— É um deles — Lithiel olhou para mim, mais calma — Eu não pretendia revelar a verdade, sabes? Eu tinha consciência das consequências, sabia que o melhor a fazer era manter segredo… mas tive de mudar de ideias depois do que a Miiko fez — soltou um risinho triste que soou muito próximo de um soluço — Sei que é ridículo vingar-me… Isso não me permitirá recuperar o que perdi, possivelmente irá apenas piorar a situação, mas… Bem… prefiro encará-lo como uma maneira de pedir perdão…

— Pedir perdão a quem? — perguntei com um murmúrio.

Lithiel atirou a cabeça para trás, suspirando como se estivesse a levantar um peso das costas.

— Prefiro não falar sobre isso…

— Tudo bem — cedi rapidamente, recambiando a minha atenção para o banho — Lithiel?

— Sim?

— Qual é o teu plano para repor a verdade? Se me permites perguntar…

— Ah… — soltou um novo suspiro — É um plano difícil… e muito perigoso.

— Como assim?

— Bem… Em primeiro lugar, gostaria de concluir a minha pesquisa sobre os titãs e a guerra com os faeries. Permitir-me-ia ter uma perceção muito mais exata daquilo com que estou a lidar. A questão é que, mesmo que estivesse na posse de toda a informação… eu tenho um pequeno problema com mentiras que faz com que seja facilmente desacreditada e a Miiko piorou a situação ainda mais ao concretizar os seus planos para me destruir. Sendo assim, só conseguirei desmascara-la se encontrar uma prova concreta e irrefutável daquilo que pretendo dizer.

— Que prova seria essa?

Lithiel esfregou as mãos nas coxas com mais insistência.

— Bem… A pessoa que me contou os rumores… também disse que os titãs não foram extintos durante a Titanomaquia.

— O quê? — perguntei, alarmada — Isso quer dizer que…?

— Alguns estão vivos — completou Lithiel — O titã que apareceu em Darr… Se o que aquela pixie me disse é verdade, esse não é um titã recém-chegado de outra realidade; é exatamente o mesmo que atacou Darr durante a Titanomaquia.

— Como é que é possível…?

— Ele estava preso e alguém tratou de o libertar. Aparentemente, há mais titãs na mesma situação — Lithiel sacudiu ligeiramente a cabeça — Ela disse-me que havia um em Eel, mas…

— Isso é possível? — perguntei, horrorizada.

— Não sei… Eu já tentei procurar o titã, mas não encontrei nada, nem sequer uma pista…

— Porque é que andaste à procura do titã? Estás a pensar em… libertá-lo?!

Lithiel abriu um pequeno sorriso.

— Seria uma prova concreta e irrefutável, não seria? O que achas que aconteceria se um titã aparecesse do nada no meio da cidade?

— Provavelmente aconteceria o mesmo que em Darr! — exclamei — Lithiel, tu não podes fazer isso… Não podes libertar o titã!

— O que queres que faça, então? Eu não vou deixar a Miiko escapar impune!

— Não podes colocar um mundo inteiro em risco por causa de uma vingança!

— O mundo não está em risco — negou a doppelganger — Os titãs não nos querem destruir, eu acredito nisso… Se eu lhes explicar…

— Tu endoideceste! — acusei, levantando-me com um pulo — Achas mesmo que um titã se mostrará disposto a ouvir-te?!

— Tu estás a ouvir-me, não estás? — replicou a rapariga — És uma titânide e estás a ouvir-me…

— Eu não sou como os outros titãs.

— Sabes como são os outros para poderes afirmar isso?

Eu abri a boca, mas não me saiu som algum. Lithiel tinha uma certa razão… Eu encontrara-me com o titã mascarado por duas vezes, mas não podia dizer que o conhecia. Eu não sabia quais eram os seus intentos, os seus planos… Não conhecia o seu passado, o seu nome ou sequer o seu rosto! O pouco que sabia tinha-me sido dito pelos seus inimigos… e, aparentemente, era mentira! A única coisa que de facto ouvira sair da boca do titã fora o nosso grau de parentesco e o seu desejo de me ter ao seu lado. O resto… precisava de ser averiguado.

Deixei-me mergulhar novamente na água morna, trincando nervosamente o lábio inferior. O que realmente quereriam os titãs? O que aconteceria se conseguissem a liberdade? Só havia uma maneira de descobrir… mas sentia um arrepio gelado percorrer-me só de pensar nisso!

— Lithiel?

— Diz…

— Eu não quero dissuadir-te da tua vingança, mas, por favor… não libertes o titã em Eel — roguei num murmúrio.

— Porque não?

— Tu não sabes aquilo com que estás a lidar, tu própria o disseste. Dizes que acreditas que os titãs não querem aniquilar os faeries e que irão ouvir-te, mas não podes ter a certeza, pois não?

— Não… — admitiu de má vontade.

— Sendo assim… espera até teres a certeza — pedi.

— Isso não acontecerá nunca…!

— Acontecerá — cortei-a — Nós estamos a caçar um titã, lembraste? Se o apanharmos vivo… podemos questioná-lo sobre a história dos titãs, sobre as suas intenções, sobre tudo o que quiseres. E, nesse caso, terás também a vantagem de interrogar a “fonte original”, de modo que saberás de imediato se o que ele diz é verdade ou não!

Lithiel mirou-me com certa dúvida e desconfiança, mas acabou por abrir um meio sorriso.

— Bem, presumo que sim… O titã talvez se mostre disposto a ouvir os pedidos e as perguntas de alguém da sua espécie. A propósito… — acrescentou a rapariga, inclinando-se para a frente para poisar os cotovelos nos joelhos — Estou curiosa… Quanto de ti é titã? Quero dizer, eu só vejo um braço e parte do tronco…

— Ah… O Leiftan diz que sou uma titânide pura, mas tenho uma cobertura humana à minha volta — respondi, puxando uma ponta de pele azul sobre as costelas — Uma cobertura que cai um pouco a cada dia…

— Porquê?

— Não sei… Acho que foi a poção para detetar Maana.

— Hum — fez Lithiel, pensativa — Será que podemos usar a poção para apressar o processo?

— O quê? — inquiri, alarmada — Porque haveria de querer apressar o processo?

Lithiel encolheu os ombros.

— Bem… eu sentir-me-ia muito mais segura se tivesses mais do que um braço para mostrar ao titã.

— Não te preocupes com isso — pedi — Ele vai ouvir-me.

— Como é que sabes?

Sabia porque estivera com o sujeito nessa mesma noite, mas isso era algo que não poderia revelar a Lithiel. Ela, porém, endireitou-se assim que me viu hesitar.

— O que foi? — perguntou — O que é que me estás a esconder?

— Não é importante…

— Acreditas se te disser que nunca senti um cheiro a mentira tão forte como aquele que te saiu da boca agora?

— Eu não quero falar sobre isso…

— Não me digas que estiveste com o titã?! — exclamou Lithiel, levantando-se com um pulo.

Soltei um pequeno suspiro vencido, cobrindo os olhos com a mão iridescente. Eu já devia saber que não era boa ideia mentir a Lithiel…

— Eduarda?! — chamou a rapariga, aproximando-se com passos apressados — Tu estiveste com o titã recentemente?!

— Estive — admiti com um murmúrio.

— Quando?!

— Quando saí com o Leiftan…

O quê?!

— Não aconteceu nada — esclareci rapidamente — O titã apareceu e pediu-me para ir com ele, mas eu recusei.

— O Nevra sabe disso?!

— Não e nós queremos que continue sem saber. Lithiel — chamei, apontando-lhe um dedo ameaçador — A nossa conversa não vai sair daqui… Entendido?

— Mas… e o nosso plano?!

— O Leiftan diz que nada está perdido.

— É bom que não esteja! O Nevra não é parvo, ele vai descobrir as nossas carecas se o plano não correr como esperado! Se o titã não aparecer… nós estamos condenados!

— Eu estou mais encrencada do que vocês! O que achas que o Nevra e os outros vão fazer quando virem isto? — perguntei, erguendo a mão iridescente no ar.

— O que é isso vermelho na tua palma? — perguntou subitamente a doppelganger.

— Ah — murmurei sem convicção, lembrando-me apenas nesse instante do arabesco vermelho — Eu… fiz um juramento…

— Sua grande burra! — guinchou Lithiel, levando as mãos à cabeça — O que é que prometeste? A quem?! Sabes o que vai acontecer se quebrares a promessa?!

— Sei, sim… O Leiftan explicou-me…

— Foi a ele que fizeste o juramento? O que prometeste?!

— Prometi “não compactuar com a destruição deste mundo ou o extermínio dos seres que o habitam” — revelei com um pequeno suspiro.

— Menos mal — resmoneou Lithiel — Não há de ser uma promessa difícil de cumprir… Mas, caramba, Eduarda… Nós saímos do quartel há pouco mais de doze horas e tu já fizeste cagadas suficientes para uma vida inteira! — começou a esfregar a têmpora como se estivesse a tentar enxotar uma dor de cabeça — Eu preciso de uma cerveja…

— Podes ir, se quiseres. Eu já terminei o meu banho — anunciei, saindo da tina de madeira.

— Não. Vou ficar até voltares a tapar essa mão.

— Já agora — principiei a questionar, embrulhando-me numa toalha —, porque é que ainda estás com o aspeto da Karenn e… porque é que os guizos da tua pulseira não estão a tilintar?

— Estou com o aspeto dela porque a estalajadeira e as suas criadas viram a “Karenn” entrar e seria estranho se quem saísse contigo fosse “a tua irmã gémea” ou uma rapariga completamente desconhecida. Quanto aos guizos… enchi-os de algodão. Só precisava que estivessem quietos o tempo suficiente para ver a tua mão.

— És mesmo vaca — acusei, sacudindo a cabeça com desaprovação.

— Vou passar o resto da noite a tirar o algodão — queixou-se — O Nevra mata-me se não ouvir os guizos tilintar.

— Já usaste essa técnica antes?

— Já.

Lithiel não se alongou na resposta e eu não insisti para que o fizesse. Arranjei-me para dormir, enfiei a mão iridescente dentro da luva e segui para o quarto na companhia da doppelganger.

Karenn estava caída sobre uma das camas, dormindo com uma profundeza anormal. Eu lancei um olhar interrogativo a Lithiel e ela encolheu os ombros com ar inocente.

— Foi só um bocadinho de sonífero…

— Ela vai cortar-te a garganta enquanto dormes.

Lithiel sorriu e os seus traços moveram-se até adquirir de novo a minha aparência.

— Se ela nos conseguir distinguir — disse ela enquanto exibia uma mão iridescente idêntica à minha.

— Eu preferia que não fizesses isso…

— O quê?

— Copiar a minha mão. A última coisa de que preciso é de uma réplica que apenas duplica as hipóteses de sermos descobertas.

— Não te preocupes, eu irei tomar bem conta dela…

— Não, Lithiel — neguei num tom autoritário — Se alguém descobrir a tua mão, ambas teremos problemas. Eu porque sou uma… titânide — murmurei a custo — e tu porque me encobriste.

Lithiel fixou-me demoradamente antes de soltar um pequeno suspiro. Lentamente, a sua mão direita adquiriu a aparência de uma mão normal, igual à que eu antes tivera.

— Obrigada — murmurei.

— Eu conseguiria esconder a mão sem problemas — garantiu Lithiel, dirigindo-se para a sua cama —, mas tens razão quando dizes que ambas teríamos problemas se copiasse a tua mão. Se mantiver a mão com o aspeto que seria normal, poderei alegar inocência no caso de seres apanhada — acrescentou com um pequeno sorriso maldoso.

Eu soltei um risinho enquanto acenava uma concordância.

Lithiel deitou-se, mas manteve a sua vela acesa para poder puxar os fios de algodão dos seus guizos. Eu apaguei a minha ainda antes de me enfiar debaixo dos cobertores. Fechei os olhos e concentrei-me em esvaziar a mente para facilitar a chegada do sono, mas o efeito foi justamente o contrário. As revelações daquele dia dominaram o meu pensamento, trazendo consigo as preocupações que as mesmas criavam. Eu era mesmo uma titânide? Como é que isso era possível? Os meus pais não eram os meus verdadeiros progenitores? Quem seriam, então…? Quem sou eu, afinal? O que sou eu? O que é um titã? Qual a sua origem? Quais os seus poderes? Quais os seus “impulsos e apetites”? Sentir-me-ia tentada a consumir o cristal azul? O que faria se assim fosse…? O que faria…?

A torrente de perguntas sem reposta continuou e estava prestes a levar-me às lágrimas quando ouvi os guizos da doppelganger tilintar. Pouco depois, ouvi um sopro e o quarto mergulhou na escuridão. Lithiel terminara de desobstruir os guizos e preparava-se para dormir. Eu gostaria de fazer o mesmo, mas a minha inquietação atingira níveis tão elevados que começou a reproduzir-se no corpo, gerando um mau estar que nenhuma posição conseguia resolver. Revirei-me tantas vezes por entre os lençóis que dei um mau jeito ao ombro direito. Sentia uma pequena pontada de dor sempre que me deitava de costas ou apoiava o peso do corpo sobre o ombro. Era como se tivesse uma pedra pressionada contra a omoplata.

Ironicamente, foi o mau estar que me permitiu alguns momentos de descanso. Fiquei tão concentrada e frustrada pela sensação que os meus pensamentos hiperativos começaram a desvanecer-se. Por outro lado, parecia que tinha acabado de mergulhar na inconsciência quando um grito iracundo me arrastou de volta para a realidade:

— LITHIEL, SUA VACA!!


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Notas finais do capítulo

[Próximo: 8/4/18]



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