Don't say goodbye escrita por Ems


Capítulo 3
Parte 3




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— E como foi em NYADA?

 

A pergunta a pegou de surpresa. Mas Rachel Berry é Rachel Berry e não demorou muito para ela começar a falar.

 

— Foi incrível! Tão difícil e me desafiou de tantas as formas!. - Vi certo brilho em seu olhar que logo sumiu. — Mas eu abri mão do meu relacionamento com Finn, fui embora de Lima tão cedo e conheci pessoas ruins que eram tão boas em talento quanto eu. Aquilo me abalou. Sempre fui competitiva, não nego, mas eles eram surreais. Sem conversas no corredor, sem happy hour após a aula, não éramos colegas, éramos inimigos declarados. Sabe o que é pior? Me tornei eles.— Seu rosto tomou uma proporção sombria. — Na época dois amigos vieram de Lima morar comigo. Como todas as épocas da minha vida foi uma época trevosa e iluminada para mim. As pessoas na faculdade acabavam comigo e os meus amigos me erguiam. Depois de um tempo passei a acabar com as pessoas na faculdade e com meus amigos.— Ela ficou cabisbaixa novamente. — Eles foram embora, primeiro Santana e depois o Kurt. Não os culpo. Eles tentaram e eu não quis. As coisas pioraram quando Finn morreu num acidente. Eu voltei a me apoiar neles e quando a pena de mim mesma parou de me alimentar eu precisei de mais e me tornei uma pessoa pior que a do Ensino Médio. No final, eles desistiram. - Ela pareceu lembrar de algo. — Em partes. Kurt ainda me liga, mas eu tenho tanta vergonha de olhar na cara dele. Tivemos nossos altos e baixos, tanto ele quanto eu, porém eu extrapolei. Brittany, mulher de Santana, me manda cartas e eu não consigo responde-las. - Fico feliz com a menção de um casal lésbico, Rachel, além de ter sido criada com dois pais, também possuía amigos LGBT. Eu também sou e por um tempo isso se tornou uma cruz até eu conseguir me entender e parar de acreditar em julgamentos. — Até mesmo Quinn Fabray veio atrás de mim algumas vezes. Quinn era a namorada de Finn, a líder de torcida, aconteceram tantas coisas. - Ela suspira. - Ela passou por tanta coisa também. Nos tornamos amigas, mas sinto que ela tem coisas inacabadas comigo. É uma sensação estranha.

 

— Eu entendo a vergonha, eu também teria, mas não entendo essa vergonha vindo de você.— Ela ficou sem entender. — Rachel Berry, aquela que enfrentou a sociedade podre de Lima, não consegue pedir desculpas para pessoas que ela ama? Com todo respeito, mas consegue perceber o quão boba isso soa? Você não está derrotada.— Dei uma batidinha no balcão em animação.

 

Ela demonstrou uma vergonha tão sincera que me fez querer rir.

 

Tive a impressão que ela parecia mais leve em sua expressão e mais forte em seus traços.

 

— Parece tão simples falando, mas por que eu não consigo?— Ela parece magoada consigo mesma.

 

— Eu não sei. - Mexo os ombros. — Acho que a gente tem tendência a acreditar mais nos outros do que em nós mesmos. Então quando alguém diz algo simples, mas que tu sabe que vai te ajudar, você confia mais, mesmo que antes tenha tido esse pensamento por si só. - Ergo as mãos em rendição. - Experiência própria. E, desculpa opinar, mas acho que você criou certo receio em relação a si mesma. Durante muito tempo você seguiu seus próprios conselhos, fez o que achou melhor e quebrou a cara, apesar de toda essa segurança aparente, você destruiu a sua boa imagem para si como uma boa conselheira. - Ela volta a chorar silenciosamente. — Sabe… - Continuo a falar. — Você se apegou tanto ao que perdeu, a culpa, que esqueceu as coisas boas que fez e o quão perto que está de fazer algo grande.

 

— Eu tenho um teste hoje.— Ela fala num sussurro quase inaudível.

 

Deduzo que essa tenha sido a gota d’água. Ela não aguentou ter falhado novamente.

 

Antes que eu falasse algo a Rachel física largava seu avental no balcão e uma outra moça o pegava. Troca de horários. Na porta para a cozinha um pequeno espelho, semelhante ao que havia no quarto da morena, estava fixo na madeira da porta branca. Me aproximo rapidamente e fito a moça mirando seu próprio reflexo. Queria ver seus olhos. Ver se eles haviam ganhando um pouco de vida assim como aconteceu com a sua alma. Surpreendentemente ela se assustou como se tivesse visto um fantasma no espelho.

 

Ela olha para trás assustada procurando alguém e quando não vê apenas balança a cabeça negativamente.

 

Será que ela me viu?

 

Logo ela pega a bolsa em seu pequeno armário e saí porta afora.

 

Volto para perto de sua alma e ela continua na posição cabisbaixa de quando saí dali.

 

Coloco a mão em seu ombro.

 

— Hey, vamos lá atrás de você? - Parece cômico se não fosse trágico.

 

— Daqui a pouco escurece. - Ela parece ter uma ideia. — Por que não vamos na Broadway?

 

Apesar de louca por ver o teste da Rachel física eu apenas assenti.


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