Meredith Gruwell escrita por Karina A de Souza


Capítulo 6
O Roubo da Varinha


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas ♥



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Abri os olhos. Enfermaria de novo. Logo deveriam deixar uma cama reservada ali pra mim, por que eu não saia dali por muito tempo.

Por um momento me perguntei se estava em 1977 ou 1997. Mas, quando Minerva entrou, a dúvida sumiu. Vinte anos haviam se passado, e eu havia voltado da morte.

—Como se sente, Gruwell?-Perguntou.

—Estranha.

—O que houve no jantar?

—Eu não sei, eu... De repente estava vendo o passado, e o presente, ao mesmo tempo. Comigo estavam Lílian, Sirius, Tiago... Foi estranho. Não sei o que aconteceu.

—Está melhor agora?

—Sim.

—Bom, insisto que passe a noite aqui, e volte amanhã à rotina.

—Eu posso sair agora...

—Não. Madame Pomfrey e eu achamos melhor que fique aqui.

—Mas...

—Não insista, Meredith.

—Como quiser.

***

“Eu era uma das poucas crianças do orfanato que ia para Hogwarts naquele ano. E, infelizmente, eu não era amiga de nenhuma delas. Não porque não quisesse, mas porque elas não queriam.

Entrei no trem sozinha, logo estávamos a caminho de Hogwarts. Procurei por alguma cabine vazia, mas não a encontrei. A que continha menos gente havia duas crianças que deviam ter a minha idade. Um menino e uma menina.

—Eu posso...?

—Pode. –A menina respondeu. Me sentei perto da porta. –Sou Lílian Evans. –Estendeu a mão.

—Meredith Gruwell. –A menina deu um cutucão no menino ao seu lado, que estendeu a mão também.

—Severo Snape. –Murmurou.

—É seu primeiro ano também?-Lílian perguntou.

—Sim. –Respondi. –Algum de vocês sabe como é lá?

—Não faço a mínima ideia. Meus pais são trouxas, então não puderam dizer nada.

—Meus pais também... Eram. E no orfanato eles não explicam muita coisa.

—Minha mãe disse que é um lugar legal. –Severo disse, os olhos na janela, como se pudesse ver a escola. –Somos divididos em quatro casas. Sonserina, Grifinória, Lufa-Lufa e Corvinal.

—Quem faz a divisão?

—Um chapéu.

—Como assim?-Deu de ombros.

Horas depois e finalmente havíamos chegado. A enorme construção me deixou completamente surpresa e encantada, e não só eu. Lílian não parava de apontar para os detalhes e sussurrar pra e mim e para Severo.

Atravessamos o lago e fomos colocados em fila pela professora McGonagall. Ela disse que logo a seleção ia começar.

—Tem certeza que sua mãe falou sério sobre o chapéu?-Perguntei, para Severo, que estava atrás de mim.

—Acho que sim.

—Shh. –Lílian fez, se virando para nós. –A professora está voltando.

Entendi o lance do chapéu pouco depois. Eu não era a única aluna chocada por ver um chapéu falar. Alguns alunos que já estavam em Hogwarts antes de nós riram ao nos ver completamente em choque.

—Lílian Evans. –Minerva chamou. O Chapéu Seletor nem demorou a falar:

—Grifinória!-Vários alunos foram chamados. Quando chegou a minha vez, achei que não conseguiria sair do lugar.

—Meredith Gruwell. –Me sentei no banquinho, colocando o chapéu e prendendo a respiração.

—Grifinória!

Me apressei para sentar à mesa da minha nova Casa, ao lado de Lílian, que parecia contente. Ficamos em silêncio para ver outros alunos serem chamados e selecionados.

—Remo Lupin.

—Grifinória! –Nossa mesa aplaudiu, enquanto o garoto, um tanto tímido, se sentava com a gente.

—Tiago Potter.

—Grifinória!-Tiago sorriu e sentou perto de Remo e de um tal Sirius, parecendo ter ganhado um prêmio.

Vários outros nomes foram chamados. Esperamos, impacientemente, pelo nome de Severo, que foi chamado não muito depois.

—Severo Snape. –Lílian cruzou os dedos, murmurando Grifinória sem parar. Quase ri, mas a ajudei a torcer.

—Sonserina!-A outra mesa se desmanchou em gritos e palmas.

—Ah. –Lílian murmurou, chateada. Severo não parou de olhar para a nossa mesa enquanto sentava na da Sonserina. –Bem, pelo menos ficamos na mesma Casa.

—Ainda podemos falar com ele, não podemos?-Perguntei.

—Acho que sim. –Olhou em volta. –Olhe só quanta gente.

—Verdade. –Nenhuma das outras crianças do orfanato ficou na Grifinória. A maioria havia ido para Lufa-Lufa e uma parte para a Corvinal.

—Não acredito que escapei da Sonserina. –Sirius dizia, para Tiago, quando Lílian e eu paramos de conversar. Os dois estavam sentados na nossa frente.

—O que tem de errado com aquela Casa?-Olhou pra mim, um pouco surpreso.

—Muita gente ruim vem dela. O Lorde das Trevas vem dela.

—Lorde das Trevas? Quem é esse?

—Seus pais são trouxas?

—Eram.

—Isso explica muita coisa.

—Como assim?

—Ignora. –Lílian murmurou. –Depois te explico.”

***

Depois de procurar Harry pelo castelo todo, perguntei à Rony onde ele estava. O garoto me respondeu que eu devia procurá-lo no dormitório.

Harry estava sentado na ponta da cama, com uma foto dos pais em mãos. Ambos mais velhos do que da última vez que nos vimos. Assim que me viu, Harry limpou os olhos com a mão.

—Atrapalho?-Perguntei. Fez que não. Me sentei ao lado dele, olhando para a foto. –Ainda não acredito que eles casaram. Parece que as coisas mudaram muito em vinte anos. Eles casaram, tiveram um filho... Snape virou uma pedra ambulante e Sirius... –Desisti de falar.

 

—Como era sua relação com meus pais?

—Eu era bem mais amiga da sua mãe. Nos conhecemos no trem. Ela estava com Snape quando entrei. Então ficamos amigos. Lílian e eu tivemos sorte de ficar juntas na Grifinória. Não nos desgrudávamos, e Severo sempre estava junto quando podia. Parecia... Você, Rony e Hermione. Lílian era muito especial. Fico feliz de tê-la tido como amiga. Era impossível odiá-la.

—E o meu pai?

—Tiago era... Como os gêmeos, irmãos de Rony, só que mais terrível. Eu não gostava dele, assim como Lílian. Ele vivia implicando com Severo, e as implicações eram recíprocas, claro. Bom, uma vez eu fui defender Snape, e “acidentalmente” deixei seu pai rosa. Em resposta, ele me deixou verde. –Harry riu. –Ficamos assim uma semana. Sua mãe ficou furiosa. Ela dizia que eu não devia me rebaixar ao nível de Tiago. A verdade era que não dava pra evitar. Mas foi bem nesse dia, em que nos tingimos... Que eu vi que Lílian gostava de Tiago. Ela ficou muito preocupada quando soube que íamos ficar coloridos pelo resto da semana.

—Sirius me disse que você juntou meus pais.

—Ah, foi um empurrãozinho só. Eles iam ficar juntos, com certeza, só acelerei um pouco as coisas. Sirius não gostou muito, ele estava perdendo Tiago, é claro. Então disse que como o melhor amigo dele estava saindo com a minha melhor amiga, nós devíamos fazer o mesmo. Dei um tapa na cara dele, que tenho certeza de que ele nunca esqueceu.

—Qual é o problema com vocês agora? Brigaram?

—Não. Está tudo bem.

—Você mudou de assunto com Hagrid falou em Sirius, e desistiu de falar nele ainda pouco.

—É complicado.

—Temos a mesma idade, não fale como se fosse adulta e eu uma criança. –Suspirei.

—Pra mim, os vinte anos que se passaram foram em um piscar de olhos. Para Sirius, não. Ele cresceu, amadureceu e mudou. Eu não. Eu ainda o amo, e pra ele eu sou uma lembrança. Entende o que quero dizer?

—Sim.

—Bom, é mais complicado que você e aquela ruivinha. É Gina o nome dela?

—O que tem a Gina?

—Não disfarça, Potter. Você gosta dela. Eu vi a troca de olhares...

—O que? Não...

—Não?-Sorri. –É igualzinho seu pai. –Levantei. –É quase hora do café, é melhor irmos andando.

—Tá. –Guardou a foto no malão e me seguiu para fora do dormitório. –Não vai contar a ninguém sobre isso, vai?

—Não. Guardei segredo sobre Lílian e Tiago, posso fazer o mesmo sobre você.

Hermione estava revisando o dever que Snape havia passado quando chegamos. Rony parecia querer deitar e dormir ali mesmo onde estava. Harry ficou meio vermelho ao sentar ao lado de Gina, só porque olhei para os dois. Reprimi uma risada.

As corujas chegaram, uma parou em frente à Harry, outra na de Rony, e outra na minha frente. Surpresa, peguei o bilhete que me pertencia e dei um pedaço de pão para a coruja negra, que saiu voando rapidamente.

Meredith, o Natal se aproxima, e Harry virá passar o feriado aqui. Você virá também? Mande a resposta assim que possível.

Almofadinhas.

Acabei não me segurando e ri. Harry espiou pra ver o motivo da risada e sorriu. Era sério? Sirius estava mesmo me perguntando se eu ia passar o Natal com ele?

—Você vai?-Perguntou. Guardei o bilhete no bolso.

—Acho que sim.

Mais tarde, depois das aulas, me apressei em escrever uma resposta à Sirius. Tinha que tirar uma dúvida que voltou a me incomodar assim que fiquei desocupada.

Almofadinhas, vou passar o Natal aí, obrigada pelo convite. Preciso saber de uma coisa, e quero que me responda. Dumbledore me entregou minha varinha, e disse que alguém a guardou. Quem poderia guardá-la por todos esses anos? Foi você? Por favor, me responda o mais breve possível.

Com carinho e curiosidade, Meri.

***

A resposta de Sirius, dois dias depois, me deixou curiosa e um tanto desapontada.

Não, não guardei sua varinha. Soube que Lílian tentou pega-la para guardar, mas não achou. Sua varinha havia sido roubada, e não encontramos quem a pegou. Mas, se foi devolvida, provavelmente foi alguém próximo.

Fico feliz em saber que aceitou o convite, nos vemos em breve.

Almofadinhas.

Então minha varinha havia sido roubada. Por quem? Quem poderia pegá-la? Ela estava no dormitório, então apenas alguém da Grifinória poderia tê-la roubado. Mas porque alguém a roubaria? E por que a guardaria? Ainda por cima: quem a devolveu?

Esse mistério me deixou incomodada por dias. Dumbledore não havia dito quem a guardou, e eu achei melhor não insistir. Se ele não disse, tinha seus motivos. Mas, ele com certeza sabia. Alguém havia roubado minha varinha e a entregado pra ele, para que fosse devolvida. Quem poderia ter feito isso?

Então eu soube. Não havia outra pessoa que poderia tê-la guardado. A maioria das pessoas que conheci estava morta. Se não havia sido Sirius (e Remo com certeza não foi), havia apenas uma única pessoa que poderia ter feito isso.

Severo Snape.

Esperei pelo fim da aula de Poções, então fui a última a sair da sala. Snape me ignorou, até que eu parasse em frente à mesa dele.

—O que foi, Gruwell?-Perguntou, sem tirar os olhos dos pergaminhos que corrigia.

—Foi você que roubou minha varinha e a guardou?

—Por que eu roubaria sua varinha?

—Não me responda com uma pergunta. Eu quero saber. Sirius disse que minha varinha sumiu. E agora ela foi devolvida. Alguém próximo ficou com ela, e a entregou à Dumbledore. Foi você, não foi?

—Não.

—Está mentindo! Foi você, sim. Mas por quê?

—Não roubei sua varinha, Gruwell.

—Pode, por favor, sair do papel de professor por alguns minutos? Preciso falar com... A pessoa que foi minha amiga por anos... Você guardou ou não minha varinha?

—Não. Agora saia da minha sala.

—Tudo bem, professor.

Me virei e saí, desejando que as coisas voltassem a ser como eram vinte anos atrás.


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Notas finais do capítulo

Quem vocês acham que roubou a varinha da Meri? (Música de mistério)
Até o próximo ♥