Meredith Gruwell escrita por Karina A de Souza


Capítulo 11
O Abraço dos Órfãos


Notas iniciais do capítulo

Olá ♥



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—Desculpa, diretor, mas por que eu não fui informada antes?-Perguntei o mais delicadamente possível, não querendo soar desrespeitosa, mas a expressão do professor não mostrou que eu tinha sido rude.

—Eu também gostaria de saber, senhorita Gruwell. Por aqui. -Viramos no corredor.

—O senhor vai entrar comigo?

—Sim, e o professor Snape também.

—Por quê? 

—Ele é o seu responsável.

—Ah. É. -Entramos em outro corredor. Severo estava na frente de uma porta.

—Nos atrasamos?

—Sim. -Respondeu. -Mas eles não podem reclamar. Por que não avisaram antes?

—Creio que eu tenha uma suspeita quanto a isso. Mas vamos entrar logo. -Abriu a porta. Meu coração bateu mais forte e minha boca secou. Eu estava em pânico.

Entrei na sala, logo atrás de Snape. Tentei fixar meu olhar no chão. Mesmo assim, pude perceber que havia muita gente ali, incluindo Lúcio Malfoy.

—Sente-se, senhorita Gruwell. -O Ministro mandou. É, mandou. Não parecia um pedido. Me sentei na cadeira que estava no centro da sala. Snape parou ao meu lado e Dumbledore se afastou, saindo do meu campo de visão. -Você deve saber por que está aqui. -Neguei com a cabeça. -Não? Ou não acha que o Ministério não ia se importar com a sua... Volta ao mundo dos vivos?

—Eu...

—Então pode começar sua explicação. -Entrelacei as mãos, quase esquecendo de como se respira. -Senhoria Gruwell?

—Eu... Eu não sei, senhor.

—Não sabe?-As palavras fugiram. Ninguém ia acreditar em mim. Iam achar que eu era uma Comensal da Morte. Me mandariam para Azkaban, onde eu ia morrer. -Você não sabe como reviveu? Você tem conhecimento, senhorita Gruwell, de que não há feitiço ou poção capaz de ressuscitar os mortos?-Assenti.

—Senhor, eu... Eu sou a pessoa que mais quer saber como isso aconteceu, mas eu não sei. Não sei como ou por quê. Existem muitos bruxos que mereciam essa chance. Bruxos que contribuiriam para o nosso mundo, bruxos que foram amados... Há dois deles que eu adoraria que estivessem de volta. Não me acho merecedora, mas estou feliz por estar viva.

—Senhorita, acredito eu que esteja falando dos Potter?-Ergui a cabeça. Era uma mulher falando, usava rosa dos pés à cabeça e tinha uma cara de sapa.

—Sim, senhora.

—Bem, já devem ter contado que o seu antigo namorado, Sirius Black, foi responsável pela morte dos Potter. É de nosso conhecimento que ele é um seguidor do Lorde das Trevas. Não seria estranho a companheira dele ser fiel ao mestre dele também, seria?

—A senhora... Acha que eu...

—Isso é um absurdo. -Snape interrompeu. Foi tão de repente que eu me assustei. -Meredith Gruwell foi assassinada aos dezesseis anos, e sendo filha de pais trouxas, é totalmente improvável que o Lorde das Trevas a recrutasse. Além disso, ela está em Hogwarts desde que retornou da morte.

—Mas ela não estava lá nas férias de natal, estava?-A mulher perguntou, com um sorriso irritante.

—Meredith esteve na minha casa. Eu sou o responsável dela. -Ponto para nós. Foi uma mentira inteligente. Eu não poderia estar em Hogwarts, havia várias testemunhas de que eu não estava lá.

—Certo. -Olhou pra mim. -Você deve saber que Sirius Black fugiu de Azkaban. -Assenti. Ela ia acabar comigo. -Você teve algum contato com ele?

—Como isso seria possível, com Meredith estando em Hog...

—Eu fiz a pergunta para a senhorita Gruwell.

—Eu não tive nenhum contato com Sirius Black, senhora. -Respondi. -E, até onde sei, ele ainda é um fugitivo.

—Certo. -Se virou para o Ministro. -Eu...

—Com licença. -Olhou pra mim, com um ar surpreso e o sorriso falso. -Minha palavra pode não valer de nada, mas Sirius jamais iria ferir um dos amigos dele. Ele preferiria morrer.

—Você esteve morta, aparentemente, enquanto todos aqueles que conheceu mudavam e cresciam. Como pode ter certeza de que Sirius Black não se interessou pela Arte das Trevas e se juntou a Você-Sabe-Quem?

—Por que amizades como aquelas não acabam nunca. Elas duram para sempre. Sirius Black não matou os Potter. É a única coisa que sei.

Então acabou. O Ministro me fez mais algumas perguntas e fui liberada. Quase não consegui sair da cadeira. Se Severo não tivesse segurado pelo braço e levado para fora da sala, eu teria ficado lá.

Me apoiei na parede, respirando fundo.

—Achei que ia desmaiar ou algo assim. -Confessei.

—Você se saiu muito bem. -Dumbledore elogiou. A porta atrás dele abriu e Lúcio Malfoy saiu, irritado.

—Ela pode ter escapado agora, mas o Ministério não vai desviar os olhos dela. -Ameaçou. -Nem eu.

—Se o Ministro não encontrou nada de errado em Meredith e a liberou, você devia deixá-la em paz. Vinte anos não foram suficientes para esquecer seus desentendimentos?-Se virou para mim. -Nós devemos ir, estou ansioso para saber quem ganhou o jogo. Vamos?-Assenti. -Adeus, Lúcio.

***

Quando eu cheguei no Salão Comunal da Grifinória, a bagunça era geral. Havíamos ganhado o jogo. Foi uma dificuldade imensa para contar ao trio o que tinha acontecido, principalmente por que Rony estava muito empolgado com seu desempenho no jogo.

—Depois você fala das suas defesas. -Hermione cortou. -Deixe Meredith continuar. -O ruivo revirou os olhos, mas ficou quieto.

—Bem, aí Lúcio Malfoy apareceu e ameaçou ficar de olho em mim. Ele está só esperando uma chance para me encrencar.

—Imagina se ele soubesse do que aconteceu com Snape. Faria de tudo para mandar você à Azkaban.

—Eu sei. Isso significa que eu preciso tomar cuidado.

—Ah! Precisa mandar uma carta para Sirius. -Harry sussurrou. -Lupin percebeu que você sumiu e o avisou. Ele me mandou uma, surtando por que eu não cuidei de você e algo aconteceu. -Ri.

—O que ele acha que aconteceu comigo?-Deu de ombros. -Vou escrever pra ele.

Tentei resumir, na carta, o que tinha acontecido na minha ida ao Ministério, mas sem ser muito séria. Eu não queria assustar Sirius ou fazê-lo pensar que a coisa era grave. Ainda temia que ele invadisse Hogwarts com Bicuço, feito um louco. Isso com certeza não atrairia muitos fãs para ele.

No dia seguinte, acordei cedo para visitar Hogsmeade com o trio.

—É bom ter permissão para sair. -Harry comentou, olhando para o céu, enquanto saímos da escola. -Snape assinou sua permissão, depois de tudo?

—Sim. E a entregou para McGonagall.

—Ele tem te evitado, não é?-Hermione perguntou. -Nem te inferniza na aula, mas também ignora sua presença.

—Isso é verdade.

—Não parece animada com isso. -Suspirei.

—Severo era meu amigo. Nunca vou me acostumar com o que está acontecendo agora. Mas... Vamos esquecer isso. Não podemos estragar esse belo fim de semana.

Nossa primeira parada foi na Dedos de Mel. Como eu tinha poucas moedas, fiquei a maior parte do tempo decidindo entre meus dois doces favoritos e acabei não levando nenhum. Eu tinha que economizar, afinal, tinha mais um ano em Hogwarts e ainda não tinha nenhuma profissão em mente.

—Ei, Meri. -Harry chamou, cutucando meu ombro enquanto saímos da loja.

—Que foi?

—Pega. -Estendeu uma sacola da Dedos de Mel. -Eu reparei que você queria comprar esses doces, mas desistiu.

—Harry, não...

—Pega, vai. -Totalmente parecido com os pais. —Pega, Meri.

—Você é adorável, Harry Potter. -Aceitei a sacola e o abracei. -Seus pais estariam orgulhosos. -Me afastei, o garoto estava um pouco vermelho.

—Quando acabar o instinto materno, nós podemos ir?-Rony brincou.

—Continue de gracinha e eu vou abraçá-lo também, Weasley.

Demos uma volta no vilarejo e depois fomos a um pequeno bar afastado, onde Luna disse que estaria nos esperando. Por fora o local era comum, de madeira, mas por dentro parecia que uma explosão de cores tinha acontecido, tudo era muito claro e chamativo. No teto, o lustre tinha velas coloridas, cujas chamas tinham cores correspondentes. Era muita informação para assimilar.

—É bem a cara da Luna, não é?-Rony sussurrou.

—Hey, pessoal, aqui!-Olhamos na direção da voz. Luna estava sentada numa mesa, acenando. Seguimos até ela e nos sentamos. -Que bom que vieram. Gostaram daqui?

—É... Legal. -Hermione respondeu. -E seu pai?

—Ele vem bem ali. -Apontou. Um homem loiro e estranho se aproximou da mesa e sentou ao lado da filha. -Oi, papai. Esses são meus amigos: Hermione, Rony, Meredith e...

—Harry Potter. -Interrompeu, animado. -É uma honra conhecê-lo pessoalmente, senhor Potter. Uma honra. -Mione e eu trocamos um olhar divertido. O sr. Lovegood parecia igual a filha dele. -Bem, você é Meredith. -Se virou pra mim. -Eu adoraria publicar sua entrevista, mas eu não sei se consigo fazer exatamente o que vocês querem.

—Não se preocupe, senhor Lovegood. -Hermione disse. -Está tudo aqui. -Entregou um pergaminho a ele. -É um rascunho, podemos acrescentar, tirar ou mudar algumas perguntas.

—Eu não entendi. -Confessei.

—Fiz as perguntas que você deve responder, se quiser, é claro. O senhor Lovegood só precisa anotar as respostas e montar a publicação.

—Não há nada sobre os Bufadores de Chifre Enrugado, -O pai de Luna começou. -mas é publicável.

—Como você sabe que as perguntas são boas o suficiente?-Sussurrei para Hermione, que respondeu no mesmo tom.

—Eu tive uma pequena ajudinha de uma velha conhecida. -Sorriu. Decidi deixar o assunto de lado... Por enquanto.

Começamos a entrevista. Respondi perguntas sobre a minha infância, sobre meus pais e o orfanato; sobre ingressar em Hogwarts e as primeiras amizades que fiz; sobre meu relacionamento com Sirius e o que eu pensava das acusações sobre ele (“Extremamente absurdas, Sirius jamais machucaria os amigos dele. Acredito que seja uma armação”) e sobre o Lorde das Trevas (Hermione disse que era bom ser enfatizado meu desprezo por ele e seus seguidores para afirmar que eu não era uma Comensal).

—Bom, terminamos. -Luna anunciou, após terminar de escrever minha última resposta. Estendeu os pergaminhos para o pai. -Foi ótima, Meri.

—Obrigada. -Agradeci, incerta.

—Vai sair na próxima edição. -O sr. Lovegood afirmou, guardando tudo na bolsa.

—Certo. Acho que temos que ir, logo é o horário de retorno.

—Claro, claro. Foi um prazer conhecer todos vocês.

Nos despedimos dos Lovegood e saímos do bar.

—Eu fui péssima, não fui?-Perguntei. -As pessoas vão me achar maluca ou...

—Você foi ótima. -Hermione interrompeu. -Agora todos terão sua visão das coisas.

—Espero que sim. Mas e se...

—Comensais da Morte!-Alguém gritou.

Me virei, pegando a varinha no bolso, assim como o trio. Algumas pessoas encapuzadas estavam se aproximando, lançando feitiços para todos os lados.

—Todos os alunos para a escola!-Outra pessoa gritou.

Hermione agarrou o pulso de Rony, então nos juntamos à massa de alunos que corriam em direção ao Castelo.

Vários adultos saíram das lojas, mas poucos deles paravam para enfrentar os Comensais. A maioria fugia, correndo ou aparatando. Tive a sensação de ver Tonks entre os que duelavam contra os bruxos das trevas.

De repente, alguém tropeçou ao meu lado e caiu. Parei e voltei, era Neville.

—Vem, levanta. -Estendi a mão.

—Meu tornozelo...

—Você pode se apoiar em mim, mas nós temos que ir agora...

Um feitiço atingiu o chão perto de mim, caí. Um Comensal da Morte se aproximava de nós rapidamente. Um raio vermelho saiu da varinha dele, mas foi parada por outra varinha, cujo dono estava entre nós e o bruxo das Trevas: Snape.

—Saiam daqui, vocês dois. -Mandou, sem se virar. Agarrei o braço de Neville e pegamos o caminho para a escola.

O professor de feitiços estava no portão, gritando para os alunos entrarem. McGonagall estava saindo, junto com Lupin.

—Tonks está lá!-Gritei. Remo empalideceu e correu para Hogsmeade. Consegui finalmente passar pelo portão com Neville.

—Meredith? Meredith?-Hermione estava olhando em volta, me procurando entre os alunos.

—Aqui!-Ela correu e me abraçou.

—Eu olhei para trás e você não estava lá, pensei que... Que...

—Estou bem, fiquei para trás por que Neville caiu e eu parei para ajudar. Você viu se Luna chegou?

—Não. Eu não a vejo desde que saímos do bar. Acha que ela está bem?

—Espero que sim.

Neville foi para a enfermaria, por causa do tornozelo e eu me juntei ao trio no Salão Comunal, por ordem dos professores. Todos estavam muito nervosos, temendo que os Comensais invadiriam Hogwarts.

—Acham que isso é possível?-Perguntei, sentada num canto com Harry, Hermione, Rony, Gina e os gêmeos. -Acha que vão invadir?

—Não havia Comensais o suficiente para isso. -Harry disse. -E enquanto Dumbledore estiver aqui, eles não vão arriscar.

—Ele não saiu, como McGonagall, Lupin e Snape. -Gina comentou. -Os três foram por que são da Ordem. Aposto que Olho-Tonto apareceu por lá também.

—Dumbledore também é da Ordem, mas se saísse, podíamos ter uma invasão surpresa.

—Eu vi Tonks. -Contei. -Lupin saiu correndo como um doido quando eu disse. -Gina e Hermione trocaram olhares rapidamente.

—Eu só quero saber do Snape. -Fred disse. -Ele está ferrado.

—Por quê? 

—Ainda não te contaram? Snape é um Comensal.

—O que?! Não, impossível... Dumbledore sabe disso? Como ele pode deixar um Comensal nos dar aula?

—Ele diz que Snape está do nosso lado. -Harry disse. -E que confia nele. Snape é um espião.

—De quem? Nosso? Ou do Você-Sabe-Quem?-Respirei fundo. -O que ele se tornou primeiro? Um Comensal da Morte ou um membro da Ordem da Fênix?

—É uma ótima pergunta.

Horas depois, Minerva entrou no Salão, trazendo Neville. As conversas silenciaram.

—Todos estão aqui?-A professora perguntou. Um coro de “sim’s” a respondeu. -Bem, os Comensais fugiram, nenhum foi capturado. Não há mortos, mas alguns feridos. Como medida de precaução, alguns Aurores estarão na escola por tempo indeterminado e os feitiços de proteção serão reforçados. Não há motivo para pânico. Vocês podem ir jantar agora.

Aos poucos, o pessoal começou a sair, conversando sobre o ataque dos bruxos das trevas.
Quando passei por McGonagall, ela sorriu.

—Que bom que está aqui. Da última vez que entrei nesse Salão para fazer um anúncio, você era a única que não estava.

—Foi quando eu...?

—Sim. É bom tê-la de volta, Gruwell.

***

Aproveitei o domingo para estudar e fazer meus deveres. Hermione fez o mesmo, reprovando Harry e Rony por irem voar no campo de Quadribol.

—É bom ter alguém que gosta de estudar por perto. -Mione comentou.

—Bem, eu não gosto de estudar, mas é minha obrigação, então preciso fazer direito e me empenhar o máximo possível.

—Por mim isso já está ótimo. Os meninos vivem fugindo dos deveres. Se não fosse por mim... -Ergui a cabeça, Snape passou pela mesa da Grifinória e lançou um olhar para Hermione e eu. Ele era mesmo um Comensal da Morte? Desviei o olhar depressa. -... São trouxas, então não sabem nada, bem, eu conto tudo pra eles... Quase tudo...

—Desculpe, o que?

—Meus pais. Eu estava dizendo que eles são trouxas, e por isso não sabem muito sobre o mundo bruxo. E os seus pais? O que eles eram?

—Trouxas. Eles morreram quando eu tinha três anos.

—O que aconteceu?-Olhou pra mim.

—Eu não sei. Não me lembro e ninguém me contou. -Comecei a pensar. -Eu já terminei aqui. Se importa se eu sair um pouco?

—Pode ir. Eu quero revisar alguns deveres, principalmente o de Transfiguração.

Guardei minhas coisas na bolsa e corri para a cabana de Hagrid. Ele estava do lado de fora, cuidando da horta.

—Olá, Meredith. Tudo bem?

—Como meus pais morreram?-O sorriso dele sumiu.

—Hum... Bem. Isso é complicado. O professor Dumbledore disse que te contaria quando estivesse pronta...

—Eles foram assassinados?

—Meredith...

—O que houve com eles? O que aconteceu?

—Foi um acidente... Você não teve culpa...

—Culpa?-Recuei. -Fui eu? Eu matei...

—Não, você não... Eu não devia ter dito isso...

—O que eu fiz?-Desviou o olhar, mexendo as mãos nervosamente. -Hagrid!

—Houve uma explosão. Você estava fazendo magia... Então... -Comecei a correr para o Castelo. -Meredith!

Nem sei como cheguei ao escritório de Dumbledore. Só sei que invadi a sala dele, assustando a professora McGonagall.

—Gruwell, o que houve?-Perguntou.

—Eu matei meus pais!-Gritei, encarando o diretor. -Quando ia me contar isso?

—Você não os matou, Meredith. -Ele disse, calmamente. -Você apenas iniciou o fogo, acidentalmente. A explosão não foi sua culpa.

—Então é verdade... A culpa é minha...

Eu me sentia como se um feitiço tivesse me acertado direto no estômago, ou como se tivessem me lançado um Cruciatus. Gritei, me dobrando ao meio, as lágrimas caindo rapidamente. Queria sumir, explodir como minha casa explodiu por minha culpa.

McGonagall me segurou antes que eu caísse e me fez sentar. Não sei quanto tempo se passou, então um frasco foi empurrado para a minha boca despejando um líquido morno e tudo sumiu.

***

Acordei me sentindo fria e vazia. Estava no dormitório, tudo tão quieto como uma tumba. Hermione surgiu no meu campo de visão e se sentou na beirada da minha cama.

—Como se sente?-Sussurrou.

—Como se tivessem arrancado tudo que tinha dentro de mim. Me sinto oca.

—É a poção que o professor Snape te fez tomar. Ela amortece nossos sentimentos. Não é bom beber muito, mas Dumbledore achou que era melhor. Vai durar algumas horas.

Ela logo me deixou sozinha, avisando que estaria no Salão Comunal com os outros, e que eu podia chamá-la se precisasse.

Passei mais algum tempo na cama, encarando o teto.

Quando começou a escurecer, Hermione voltou.

—Meri, Harry quer falar com você. Mas ele não pode subir, são as regras. Você pode descer?

Fui para o Salão Comunal, encontrando apenas Harry, sentado perto da lareira. Me sentei em frente a ele. Hermione saiu, indo para o Salão Principal.

—O efeito da poção já passou?-Potter perguntou.

—Não.

—Escuta, eu sei que você se acha culpada...

—Eu comecei o fogo. A explosão não teria acontecido sem isso.

—Você não matou seus pais. Se você se acha uma assassina, eu sou um também. Voldemort não teria matado meus pais se eles tivessem me entregado.

—Harry, não! Você não teve culpa. Lílian e Tiago te amavam.

—Assim como seus pais amavam você. Foi um acidente. Infelizmente aconteceu. Você era só uma criança, Meri, não pode ser responsabilizada por isso. -Assenti. O efeito da poção passou e as lágrimas voltaram. Harry sentou ao meu lado e me abraçou. Então só ficamos ali, olhando o fogo, dois órfãos que sentiam culpa por coisas que não tinham feito.


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Notas finais do capítulo

Finalzinho triste, mas tá aí. É o que aconteceu com os pais de Meredith. Depois disso ela foi levada para um orfanato bruxo, e... E aí vcs sabem.
O que estão achando? Me contem :3
Até o próximo capítulo ♥