Rainha do Clichê escrita por kathe Daratrazanoff


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Faz tanto tempo que não posto uma história nova que ta quase caindo uma lágrima aqui rsrs

Gostaria de agradecer a todos vocês que estão prestes a ler o 1º capítulo. Não tem nada mais gratificante do que saber que as horas gastas pensando, escrevendo e revisando foram bem aproveitadas por alguém

E chega de enrolação, afinal, vieram aqui para um objetivo: ler.

Boa leitura



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Existe uma técnica de escrita chamada Floco de Neve, um nome bem interessante. Com ela, você vai montando sua própria história aos poucos, parte por parte, criando cada pecinha e depois encaixando tudo como em um quebra-cabeça. Os floquinhos de neve são lindos separadamente, mas juntos, fazem um belo inverno nevado, o que parece bem assustador de início, mas neve é neve e por mais perigosa que possa ser, é extraordinária. Não que eu tenha visto neve de verdade, pelo menos não pessoalmente nessa minha vida. Isso é, se não contar quando chove granizo e os carros ficam com coisinhas brancas por cima deles, e vem aqueles pontinhos brancos caindo no céu. E também tem o fato de que eu já posso ter reencarnado várias vezes, e em uma dessas reencarnações eu posso ter morado em um lugar que vivia tendo nesvaca. Eu acho. É fascinante pensar que morremos e nascemos de novo sem nos lembrar do passado, não que eu acredite 100% nisso. O que é irrelevante neste momento, visto que o importante é falar sobre Floco de Neve, a técnica de escrita que realmente funcionou para mim. E já deixar bem claro de início que, como uma pessoa que gosta de escrever, eu amo inventar histórias, o que significa que minha mente pensa em muita coisa idiota e sem sentido.

Tudo começou... como tudo começa, ou seja, um nascimento, no caso sendo o meu. Gostaria de dizer que foi em um belo dia ensolarado, com passarinhos cantando e que minha mãe estava muito feliz, mas não foi bem assim. Estava chovendo muito e minha mãe passou horas e horas agonizando de dor no parto, o que já diz que já nasci fazendo merda e zicada. Acho que o fato de ter me segurado nos braços pela 1° vez deve ter inibido os sentidos da minha mãe, porque mesmo depois de tudo o que ela passou... que inclui o fato de que eu era um bebê chato, que vivia chorando e sujando por aí. Sei disso porque em várias reuniões de família, tia Carmen começa a falar do passado de todo mundo e nunca deixa que todos esqueçam que eu era um mini diabinho. Ainda assim, como minha mãe teve outros filhos? Uma guerreira, porque eu não ia querer de jeito nenhum. Quero dizer, é uma pessoa saindo de dentro de você. Alguém já te explicou sobre isso? Ao primeiro sinal de choro, eu ia embora. Deixaria a mim mesma no hospital e diria ao médico:

—Não quero não, fica pra você. Não, sério, pode ficar. Não serve não.

O que é um pensamento muito egoísta, eu sei. Onde estão meus instintos maternos que se afloram em qualquer mulher? Provavelmente ainda não chegou em mim, assim como a habilidade de cozinhar e a de cuidar da casa.

Ai, minha nossa. Eu não me qualifico para casamentos. Já pensou se para arrumar marido, fosse necessário entregar currículo e passar por todo o processo de como se arruma um emprego? Não sei como se arruma um emprego, o que por si só já explica muita coisa. Ah, droga, eu não queria te causar repulsa. Sou péssima com introduções, certo? Espere, regra número 1 da escrita: nunca deprecie seu trabalho. E se tanta gente ainda lê o que eu posto, deve ser um bom sinal. Vamos tentar de novo.

"Oi, meu nome é Raissa, tenho 16 anos, olhos verdes, cabelo ruivo, e sou a nerd da escol. Sou muito feia e ninguém me nota, exceto as populares, que vivem tirando sarro de mim só porque eu sou desajeitada e não sei me vestir. Como se eu quisesse isso, estudar no meio dessa gente riquinha e esnobe. Não dá pra ser bonita quando se usa óculos e aparelhos, não tenho o dinheiro, então o que faço aqui? Pelo menos sou estudiosa e centrada apenas nos estudos. Mas tem esse menino, sabe, ele é o mais popular do colégio. Eu não queria gostar dele, mas toda vez que vejo ele pelos corredores, meu coração dispara e começo a suar de nervoso. Ele está me desconcentrando, fazendo com que provas e trabalhos ocupem um lugar abaixo do seu sorriso. É uma pena que ele nunca vai me notar, então porque perco meu tempo pensando nele quando poderia estar com algo melhor? Faço minha higiene matinal"

Ta, parei haha. Mas foi engraçado, não foi? Okay, talvez não. Foi só uma brincadeira. E não, o meu nome não é Raissa, mas um dia te conto qual é. Você pode me chamar de Rainha do Clichê. Eu sei que é um tanto cafona, mas cada um faz o que pode pra sobreviver. E eu não vivo direito sem contar mentiras.

Não que eu seja uma mentirosa do tipo má e manipuladora, longe disso. Mas desde que me lembro por gente, desde pequena e de quando vivia bagunçando pela casa, eu gostava de inventar. Desenho nas paredes, rabiscos nos móveis. E amigos imaginários, o que talvez me classifique como 10 nas escalas de insanidade.

Eu era tão criativa brincando de boneca. Fazia delas personagens de uma novela, onde toda noite era um capítulo diferente. Me lembro de uma cujo final eu chorei de emoção, "brincar" com as últimas cenas tocou meu coração. Eu só queria poder me lembrar do enredo, mas não sou capaz de lembrar o que comi ontem, então não dá.

Mas isso está ficando bem chato e esse não é um daqueles livros de bibliografia, onde eu ficaria contando toda a minha trajetória de vida, as superações e sucessos. Pensando bem, não tem sucesso não, cada ano que passa é outro conto.

O que você precisa saber é que tenho caraminholas na cabeça desde sempre, o dia em que decidi colocar no papel todas elas é que deu merda. Encarar uma tela ou folha em branco é assustador, e foram anos de terapia de choque pra superar isso, até que encontrei Flocos de Neve por aí. Uma folha cheia de idéias virou duas, que virou um caderno inteiro, e quando dei por mim era tanta coisa que não tinha onde guardar. Digitalizei, organizei bonitinho. E se tornou inevitável postar na internet.

Antes, era normal. Postava, um ou outro comentário de algum leitor. Conforme o tempo foi passando, fui ficando conhecida, e por incrível que pareça, toda vez que eu esquecia de postar ou perdia o interesse, pessoas que eu nem conhecia começaram a mandar mensagem, cobrando por um novo capítulo e pela continuação do enredo. Claro que tive críticas, ainda as tenho, mas o que elas são comparadas aos elogios? É inacreditável pensar que hoje em dia eu sou lida por milhares de usuários, nas mais diversas plataformas. Eu sei, é um feito e tanto. Às vezes, me sinto até importante, mas aí eu lembro que quase nem tenho amigos na vida real e que o mundo virtual é... bem, outro mundo.

Muitas vezes, me pego pensando em algum famoso. Será que a Britney, que é tão conhecida e tem tantos fãs na vida real, seria uma Zé ninguém na internet? Talvez ela tenha redes sociais anônimas, com outro nome, e finge ser uma pessoa normal por ali, na rede.

Sabe, eu estou escrevendo isso tudo porque, apesar de amar inventar coisas e personagens, e de romances e finais felizes, minha vida é uma merda. Sério, sem zoeira, como alguém que fala de coisas tão emocionantes pode ser tão simples? Seria pedir muito ao destino que fizesse algo diferente nessa minha existência? Estou cansada de ler sobre clichês, escrever sobre eles, e nada, N-A-D-A disso acontecer comigo.

E já que sou tão boa em inventar e não tenho nada melhor para fazer (tirando o trabalho daquele coiso lá e o seminário pra apresentar na terça, que por acaso nem comecei, além da roupa pra passar e a louça na pia que ta suja) , decidi fazer eu mesma meu próprio romance. Do tipo em que eu olho para ele, e percebo que ele está me olhando. Então fico toda vermelha por ter sido pega em flagrante olhando pra ele e desvio o olhar, fingindo que estou vendo alguma coisa e estou super concentrada nisso. E sinto que minha temperatura até subiu, céus, estou tão envergonhada. O que ele deve estar pensando? Por que fui olhar pra ele?

E então, como se uma lâmpada tivesse se acendido, penso comigo mesma: "ei, foi ele que estava me olhando antes de eu olhar pra ele". Então, espere. Se ele estava me olhando, será que isso significa que ta afim de mim? Ou eu estou com a blusa do avesso e por isso ele está me olhando, não porque gosta de mim e sim porque me acha esquisita?

Vendo que minha blusa está normal, crio coragem para olhar pra ele de novo, só pra ver se isso não é coisa da minha cabeça.

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2

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Anda, é só virar. Por que sou tão besta? Basta. Olhar. Agora é pra valer.

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2

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OMG, ele está me olhando, ele *realmente* está me olhando. O que eu faço? Eu deveria parar de olhar. Caramba, isso é tão... poxa vida, ele está sorrindo. ELE ESTÁ SORRINDO PRA MIM. E droga, agora eu estou sorrindo. Comigo mesma? Pra ele? Já nem sei.

Desvio o olhar de novo, não aguentando mais isso. Meu rosto inteiro deve estar da cor do tomate. Que momento incrível. É desses momentos que eu preciso, é isso que quero vivenciar. Só seria mais perfeito se eu pudesse ver os olhos dele melhor, mas a miopia e o astigmatismo corta um pouco do clima.

Todos deveriam ter a chance de se apaixonar, ser feliz e viver de alguns clichês. E enquanto isso não acontece comigo -e pode ter certeza de que já estou trabalhando nisso-, irei proporcionar aos outros um pouquinho disso. Porque é isso que eu faço. Posso ter deixado o arroz meio sem sal e não saber costurar, mas eu escrevo e sobre clichês.

Eu sei, eu sei. Isso é tão comum, tão previsível, tão usual. Todo mundo já fez, e já usou centenas de milhares de vezes. O problema? É que mesmo sendo tão repetitivo, as pessoas ainda querem ler coisas assim. Querem sentir o coração bater mais forte lendo cenas tão apaixonantes, que chega a ser patético. Aquele burburinho no estômago com diálogos tão fofos, coraçõezinhos saem de nossos olhos.

Então, mesmo sabendo que isso não é nem um pouco original, comecei a dar voz a esses meus pensamentos e escrever. Resumindo, não importava se eu segurava um lápis e preenchia uma folha de papel, ou se meus dedos teclavam e as palavras iam aparecendo na tela : quando dei por mim, eram tantas histórias que eu precisava dar um jeito nisso. Postei na web.

E foi assim que começou o meu clichê, e me tornei a rainha disso.

A propósito, você pode me chamar de Raissa. Ora, vamos, não faça essa cara. Estou só começando. E não se esqueça: um certo expresso sai da plataforma hoje, você não vai querer perder.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado haha
Capítulo 2 na próxima sexta, mas pra quem quiser, nos veremos antes nos comentários.
Beijooos e visitem meu blog:

kathedaratrazanoff.blogpot.com



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