Nove Meses escrita por SBFernanda


Capítulo 3
Terceiro Mês


Notas iniciais do capítulo

Só queria dizer que eu demorei porque eu estava desanimada em escrever mesmo. Fiz algumas histórias fora da minha zona de conforto (Halloween) e isso me ajudou bastante, porque estava bem travada e desanimada com o comum. Porém, aqui estou e espero conseguir não demorar tanto mais. ♥



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Terceiro Mês

No terceiro mês, ela enjoou.

 

Hinata deu levantou rapidamente. Ainda eram cinco da manhã, o sol mal tinha começado a aparecer e ela estava correndo na direção do banheiro.

Apesar de sempre ter tido um sono pesado, especialmente àquela hora dia, Naruto ouviu quando a porta do banheiro bateu e levantou assustado. Olhou para o lado da cama, vazio. Levantou da cama em um pulo e correu até a porta do banheiro, a abrindo e vendo uma cena nada agradável.

Hinata estava ajoelhada no chão, debruçada sobre o vaso sanitário, colocando tudo o que ainda possuía no estômago para fora. Muito tinha sido digerido durante a noite, mas ele descobriu, da pior forma, que nem tudo.

Sua preocupação com ela foi muito maior do que o desconforto do que acontecia, por isso, prendeu a respiração e se ajoelhou ao lado dela, prendendo os longos cabelos para longe do rosto. Hinata o olhou pelo canto dos olhos, mas não conseguiu dizer nada quando colocou mais coisa para fora.

— Você está doente? O que aconteceu? — Sabia que ela não responderia ainda, mas precisava colocar sua preocupação para fora.

Demorou alguns segundos, mas logo ela se levantou e foi escovar os dentes. Naruto apertou a descarga e a seguiu. Em silêncio os dois escovaram os dentes, o loiro, a todo instante, a fitando.

— Acho que é enjoo da gravidez — finalmente Hinata falou.

— O quê? Como assim?

— Algumas mulheres ficam enjoadas no início da gravidez. Quando fui fazer o pré-natal, me falaram lá no hospital. O corpo às vezes acha que o bebê é um parasita e reage como em uma doença... — Ela parou e respirou, apoiando-se na pia, mas ficando de frente para ele. — O que importa é que isso é normal e só tenho que torcer para que passe logo.

Mas não passou.

 

Todos os dias depois daquele primeiro, logo pela manhã, Hinata sentia enjoo e em seguida, colocava o que tivesse no estômago para fora, mesmo que fosse apenas água. Naruto não mais se preocupava, se acostumando com isso aos poucos, mas sempre que a via correndo para o banheiro, se estivesse em casa, fazia o mesmo. Ao contrário do que se podia esperar, ela não ficava constrangida com a situação. Naquele tempo de casados, ela e Naruto tinham se tornado tão próximos, que esse apoio era natural para ambos.

Foi em meados do terceiro mês de gravidez, quando ela ainda estava enjoando a cada manhã, que Naruto teve uma missão que o levaria para longe; a primeira missão naquele mês.

Transparente como era, o Uzumaki não conseguiu (e nem tentou) disfarçar como ficara apreensivo de ficar longe alguns dias. Por mais que Hinata tivesse lhe explicado que era normal, ele queria muito estar ao lado dela naquele momento. Mas sabia que Kakashi lhe confiara aquela missão por ele ser capaz. Já havia notado que suas missões eram sempre rápidas, desde que Hinata descobrira a gravidez. Se aquela não era, então era porque havia um bom motivo para isso.

A primeira pessoa que ele pensaria em pedir para auxiliar Hinata caso ela precisasse, seria Sakura, mas a amiga não estava em Konoha. Antes de sair em missão, então, foi até Konohamaru. O rapaz ainda era novo, mas tinham criado um laço de irmãos e confiava que ele ajudaria Hinata, caso ela precisasse.

— Qualquer coisa, basta levá-la ao hospital — ele repetiu pela terceira vez.

— Já entendi, já entendi. O problema é só se ela não quiser. Hinata é forte...

— Dá um jeito! — Naruto não gostava nem de pensar na possibilidade de o menor não conseguir ajudar a esposa.

Pediria à Shikamaru caso ele fosse ficar na vila. Agora casado com Temari, sem dúvidas a Kunoichi conseguiria convencer ou mesmo arrastar sua mulher até o hospital, se preciso. Mas o Nara iria com ele naquela missão.

Após mais alguns minutos de conversa, Konohamaru deu sua palavra que faria tudo para que Hinata ficasse bem e que mandaria sempre notícias ao loiro. Mas este ainda não estava totalmente tranquilo quando se despediu, naquele mesmo dia, da esposa no portão da vila.

— Qualquer coisa, chame o Konohamaru. — Ele viu Hinata soltar uma risadinha abafada depois que falou e a olhou confuso.

— Vá sem se preocupar, ficaremos bem — dizendo isso, Hinata levou a mão que segurava a dele à sua barriga.

No mesmo instante, Naruto sorriu e a puxou para um abraço. Shikamaru suspirou, impaciente e o Uzumaki se afastou, implicando com o amigo logo em seguida.

— Hinata-sama! — Ela deu um pulo ao ouvir a voz de Konohamaru atrás de si. Tinha esquecido que o rapaz estava ali.

— Não precisa ficar comigo o tempo todo, Konohamaru-kun. Sei que precisa treinar.

— Mas Naruto...

— Que tal ir jantar lá em casa? Assim pode ver como estou e depois mandar as notícias ao Naruto. — Hinata sabia como Konohamaru ainda se sentia sozinho, apesar de nunca estar sozinho. O garoto, sempre escandaloso como Naruto, estava crescendo à sombra e imagem de Naruto, alguém que aprendera a admirar e ela queria ajudar nisso.

— Sério? Bem, eu... Eu vou adorar. Não irei me atrasar, prometo.

Ele se afastou, acenando e com um sorriso nos lábios. Hinata não o lembrou que ele não sabia a hora do jantar, mas não havia motivos para isso. Enquanto caminhava para casa, suspirava já com saudades. Ao menos ela não ficava mais completamente sozinha.

 

Todos os dias, antes de ir treinar e na hora do jantar, Konohamaru visitava Hinata e mandava notícias dela para Naruto. Ela já sabia quando o esperar e ele, algumas vezes, tinha visto ela “passar mal”.

Demorou pouco mais de uma semana para Naruto voltar. Hinata estava cuidando do jardim que eles tinham na casa. Konohamaru havia acabado de passar lá e ficou feliz de a ver bem, e não vomitando como no dia anterior àquela hora.

Ela ergueu a cabeça assim que sentiu a presença dele e se levantou rapidamente, quebrando a distância entre eles. Foi em silêncio que eles se abraçaram e assim ficaram durante alguns segundos, apenas absorvendo a presença um do outro.

— Você está mais magra — lamentou o Uzumaki a olhando.

— Não deixei de comer, só os enjoos que têm se tornado mais frequentes.

— E isso é normal?

— Parece que sim. — Hinata ergueu a cabeça e tocou o rosto dele, bem embaixo dos olhos. — Não dormiu bem.

— Queria chegar logo. Shikamaru quase me matou por isso. — Os dois riram, porque sabiam que o jeito de Shikamaru quase matar alguém era apenas um olhar impaciente.

— Vou fazer algo para comermos. Pode tomar banho primeiro.

­ — Não! Vamos ao Ichiraku. — Hinata o encarou após ouvir aquilo, percebendo que, na verdade, Naruto só queria ficar com ela.

Com o tempo, tinham aprendido a se ler pelo olhar. Sorriu, acenando com a cabeça. Os dois tomaram banho e trocaram de roupa, caminharam tranquilamente até o restaurante favorito e se sentaram no balcão mesmo, como costumavam fazer sempre.

Foram atendidos prontamente e enquanto esperavam a comida, Naruto contava como fora a missão e as partes mais emocionantes dela, coisa que ele não esperava que fosse ter, agora que tudo andava bem mais tranquilo.

— Shikamaru disse que, infelizmente, sempre haverá luta e tentativa de dominação, que sempre haverá alguém que se deixará levar por seu lado mau, é o ciclo da vida.

— Ele está certo. Aliás, só conseguimos saber o que é bom se soubermos o que é mau também. — Ele a olhou, parecendo não muito convencido daquilo. Hinata sorriu e segurou a mão dele. — Se você não comer alguma coisa azeda, como saberá o seu gosto? Como saberá o que é doce?

Levou alguns instantes para que Naruto conseguisse pensar da mesma forma que ela, passando o que ele sabia de comida para o que ela havia dito antes. Sorriu em seguida, concordando. Eles sabiam que todos tinham um lado bom e um lado mau e que alguns sempre se deixavam levar por um dos lados.

— E quase todo o tempo, senti sua falta — ele comentou, finalmente, depois de algum tempo.

— Eu também... O tempo todo, na verdade.

— Aqui está. Bom apetite! — Foram servidos e acabaram por serem tirados da bolha que estavam de forma abrupta.

Naruto, como sempre, se mostrou muito animado em comer o seu lámen especial. Praticamente salivava sobre sua tigela e, por isso, não notou como Hinata estava ao seu lado.

A Uzumaki parou de respirar por alguns segundos, afastando o rosto da tigela e levando a mão direita até à boca. Seu estômago revirou no mesmo instante e ela sentiu o corpo esfriar. Tentou engolir a saliva, mas isso  não deu certo.

Naruto estava levando a comida à boca quando notou a esposa se levantando rapidamente e correndo para fora do estabelecimento. Olhou confuso para a moça assustada a sua frente. Olhou pesaroso para a comida, em seguida, e, muito triste, levou a mão até o bolso, jogou algumas notas ali no balcão e se levantou também.

— Por favor, embrulha pra viagem, eu volto pra pegar! — gritou já à porta, lembrando-se que poderia fazer isso e não perder seu tão amado prato.

Correu, procurando Hinata em meio às pessoas e a encontrou em um beco, debruçada sobre a lata de lixo. Ele sabia bem o que tinha acontecido. Ela tinha enjoado.

— Ei, desculpa, não percebi antes...

— Tudo bem, não tem problema. Mas acho que quero ir pra casa.

— Posso só ir buscar a comida? Pedi pra embrulharem.

— Sim, claro!

Naruto voltou correndo, mas Hinata ficou na rua, esperando por ele. Quanto mais pensava em lámen, mais enjoo ela sentia. Se suas desconfianças estivessem certas, Naruto iria ficar muito triste, pois as noites que saíam para jantarem no Ichiraku iriam ser suspensas por algum tempo.

Quando chegaram em casa, ele insistiu que ela deveria comer. Assim que sentiu o cheiro, Hinata saiu correndo para o banheiro novamente. Ele então arregalou os olhos, fechou a embalagem e correu atrás dela.

— Não me diga...

— Parece que o bebê não gosta muito de lámen.


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