Descendentes: Desenvolvendo Sentimentos escrita por Lanan Tannan


Capítulo 9
Capitulo 8 - Don't Look To The Eyes Of A Stranger


Notas iniciais do capítulo

COMO PROMETIDO, CAPITULO CHEGANDOOO
E é o maior até agora

MEUS SHIPS NA TELA, GENTE! ♥♥
minha nossa senhora dos otp's não resolvidos eu vou passar mal kkkk

Eu sei o quanto todo mundo estava ansioso para ver os vk's em Auradon, AÍ ESTÁ!

Aproveitem o capitulo
.
.
.
.
.
.
.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/741740/chapter/9

Não olhe para os olhos de um estranho

Não olhe pelos olhos de um tolo

Não olhe para os olhos de um estranho

Alguém está vendo quando a noite cai

Don't look to the eyes of a stranger

Don't look through the eyes of a fool

Don't look to the eyes of a stranger

Somebody's watching when the night comes down

 

Don't Look To The Eyes Of A Stranger (Iron Maiden)

 

Local: Auradon Prep., pátio central

Hora: 16h36m, domingo

 

Eles tinham chegado em Auradon.

Foi o primeiro pensamento de Ben ao avistar a limusine se aproximando. Discretamente ajeitou seu paletó e limpou a garganta.

Estavam com quase duas horas de atraso, mas finalmente haviam chegado.

A Fada Madrinha acenou para a banda e esta rapidamente começou a tocar, os mesmos acordes tocados todos os anos em celebrações de boas-vindas aos calouros da Escola Preparatória de Auradon.

O grande veículo parou em frente à comissão e logo o motorista saiu para abrir a porta para os mais novos estudantes e moradores de Auradon. Assim que a porta foi aberta, um garoto de cabelos brancos caiu no chão, segurando uma espécie de pano. Outro garoto mais velho desceu logo em seguida, disputando o outro lado do tecido.

— Ah! Para! – O garoto caído exclamou assim que sentiu seu pescoço ser espremido pela bota do amigo. – Você pegou todo o resto! Seja lá o que for isso.

— Você não divide! – Falou o garoto que não entendia o conceito de divisão. Ele carregava o vídeo game embaixo do braço esquerdo e ainda tinha vários objetos em seus bolsos.

As garotas ignoraram aquela disputa e desceram do carro, desviando-se dos dois garotos. Elas nunca viram céu tão límpido e claro, as nuvens branquinhas destacando-se no azul celeste. Era tão contrário ao da Ilha dos Perdidos. Lá sempre era acinzentado com nuvens escuras, o clima sombrio e estarrecedor.

— É lindo! – Evie sussurrou, fascinada com aquele contraste de cores.

Puderam observar também que havia várias pessoas com bandeiras de boas-vindas, sorrisos extravagantes e acenos alegres, além da banda que tocava uma música muito estranha e animada para seus ouvidos. Era um exagero bem grande vindo dos “nobres” para com os filhos dos vilões.

— Não! – Carlos exclamou, ainda prensado no chão.

Os integrantes da banda se interromperam em seus instrumentos, surpresos diante da briga. A Fada Madrinha limpou a garganta e pediu licença aos jovens que se afastaram dando espaço para que ela, Ben e Audrey fosse de encontro aos novos alunos.

— Me dá! – Jay ordenou, puxando com mais força e quase sufocando o amigo com sua bota. – Solta.

Mal viu quando a banda se movimentou e uma senhora baixinha, vestida totalmente de lilás e com uma feição amigável, se aproximava dos quatros.

— Gente, gente! – A garota de cabelos roxos chamou a atenção dos amigos. – Temos uma plateia.

Carlos e Jay pararam de brigar e encararam a mulher, sorrindo forçadamente.

O primeiro pensamento dos auradonianos ao verem os quatro jovens da ilha foi que eles eram estranhos. Roupas em tons fortes, cabelos com cores intensas e vibrantes, expressões traquinas. Não era o terror que muitos imaginavam, mas ainda assim foi surpreendente.

— É só... uma limpezinha. – Jay explicou, sua expressão o mais descaradamente possível. Abaixou-se e segurou a mão de Carlos, o puxando. – Levanta.

Mal baixou a cabeça, suspirando. Eles podiam ter chegado de forma mais civilizada? Sim. Chegaram? Não.

Esse foi um ótimo começo.

— Deixa onde encontrou. – A senhora cantarolou, o sorriso amável ainda presente em seu rosto. – Estou falando para largar isso.

Os garotos fizeram uma expressão desagradável, mas devolveram quase tudo o que tinham pegado da limusine.

Finalmente os quatro pararam para observar atentamente as três pessoas à sua frente. A mulher ainda continuava com aquele sorriso irritantemente bondoso estampado em sua face. Pouco mais atrás estava um jovem rapaz de cabelos louros escuros, vestido em uma calça estranhamente amarela com um blazer azul-marinho.

As garotas da ilha analisaram ele. Evie, como sempre, possuía uma expressão sonhadora sem perder o toque malicioso. Já Mal sorriu ironicamente para ele, não deixando transparecer a surpresa ao vê-lo, apesar de que não conseguia parar de olha-lo.

Carlos estava mais preocupado em olhar ao redor, em busca de algum cachorro que pudesse lhe ameaçar e ele voltar o mais rápido possível para a limusine.

A garota de pele bronzeada e cabelos castanho-claro ao lado da senhora chamou a atenção de Jay. Ele sorriu, malandro.

— E aí, gata? – Jay aproximou-se da garota e cruzou os braços, charmoso. Mal e Carlos riram, desdenhosos. Depois ele ficava implicando com a Evie por flertar com todo mundo.— Meu nome é... Jay.

Ben sorriu sem graça ao ver o cara flertando com sua namorada. Não era ciúmes, mas era estranho assistir aquela cena.

A Fada Madrinha olhou surpresa para a garota quando esta sorriu fracamente para Jay, que ergueu uma sobrancelha, seu sorriso de lado e olhar penetrante. A mulher resolveu intervir, pondo-se entre os dois.

— Bem-vindos à Escola Auradon. – Anunciou, acabando com o sorriso de Jay. Depois voltou-se para todos e se apresentou: – Eu sou a Fada Madrinha, a diretora.

Os quatro a olharam surpresos. Carlos abriu a boca, surpreso. Era ela?!

A Fada Madrinha?! – Mal perguntou, ainda sem acreditar. Jay voltou ao seu lado e encarava a mulher desconfiado. – Tipo... Bibidi Bobidi Boo?

— Bibidi Bobidi você sabe. – A mulher confirmou apontando para a garota.

— É, eu sempre imaginei... a cara da Cinderela. – Mal começou a divagar, sua expressão e gestos transparecendo sua excitação, que foi confundida com admiração e apresso pelos auradonianos. Quem iria imaginar que a primeira pessoa que eles iam encontrar em Auradon fosse logo a Fada Madrinha. – Quando você apareceu do nada... com aquela varinha brilhante e o sorriso amável. – A garota bateu as mãos, empolgada. Atrás dela, Jay fazia sua expressão mais tranquila, esperando que Mal não falasse demais. – E a varinha brilhante.

Carlos riu nervosamente e Jay pigarreou quando a garota de cabelos roxos repetiu novamente a fala sobre a varinha. Ainda bem que aquelas pessoas não perceberam nada.

— Oh, isso já faz muito tempo. E como eu sempre digo: Não fique no passado, ou vai perder o futuro. – A Fada Madrinha comentou, fazendo a garota ao seu lado dar uma risada discreta. A diretora vivia repetindo essa frase para os alunos, pais, amigos e todos que pudessem ouvir.

Os filhos dos vilões olharam estranhamente para os gestos que a senhora fizera. Aquilo pareceu bem esquisito e muito exagerado. Parece que as coisas eram assim por lá.

— Vocês gostariam de se apresentar? – A Fada perguntou, sempre sorrindo bondosamente.

— Achei que vocês já sabiam quem somos. – Jay murmurou, revirando os olhos. Como eles convidaram os filhos dos maiores vilões sem nem ao menos conhecer o nome destes?! Era muito burrice. – Sou o filho de Jafar. E eu já falei meu nome.

Carlos riu diante da resposta do amigo e foi o próximo a se apresentar.

— Sou Carlos, filho da Cruella de Vil. – Ele apontou para Evie, que estava mais ocupada olhando ao redor do que ouvindo a Fada Madrinha. – Esta é Evie, filha da Rainha Má.

— Eu sou a Mal. – A garota de cabelos roxos respondeu rapidamente, nem se dando ao trabalho de dizer sua progenitora. Era meio obvio de quem ela era filha, já que todos os seus já haviam se apresentado.

— É bom finalmente conhecer vocês. – O garoto de cabelos meio loiros deu um passo à frente, assim como a garota ao lado da Fada Madrinha. Ele não conseguia parar de encarar Mal. Era ela! A garota que ele passou noites e noites sonhando finalmente estava em sua frente e Ben simplesmente não conseguia deixar de observa-la. – Sou Ben.

O garoto sorriu e Mal o fitou, um sorriso de lado escapando-lhe de seus lábios. A jovem também estava muito surpresa e assim como ele, não conseguia desviar seus olhos. O mesmo garoto de seus sonhos. E ele era muito mais bonito pessoalmente.

Príncipe Benjamin. – A morena completou, frisando a primeira palavra, sorrindo largamente. Ben abaixou a cabeça e esfregou as mãos constrangido, escutando a garota completar animada: – Que logo será Rei.

— Me ganhou no príncipe.— Evie disse, sua voz arrastada e suspirante, e se pôs em frente ao garoto. – Minha mãe é uma rainha, o que me torna uma princesa.

Jay e Carlos se entreolharam e sorriram diante dos gestos da amiga. Evie nunca mudaria.

Mal desviou o olhar consternada, sabia – assim que ouviu a palavra príncipe— que Evie iria dar em cima do garoto. Ela tinha absoluta certeza que a Rainha Má havia colocado mais pressão em cima daquele desejo obsessivo de conseguir um príncipe. Era até parecido com o de sua mãe, Malévola.

— A Rainha Má não tem status real aqui. – A jovem de Auradon retrucou, um sorriso de divertimento estampado em sua face. Ben a encarou, surpreso. Sem conter uma risada desdenhosa, a garota prosseguiu: – E você também não.

Os jovens da Ilha dos Perdidos escutaram a resposta da morena surpresos. Não esperavam aquilo de alguém de Auradon, porém aquele sorriso exageradamente gentil e completamente falso sempre presente em seu rosto não conseguiu enganar os quatro.

— Essa é Audrey. – Ben a apresentou, sorrindo sem graça pela atitude exibida pela garota.

Princesa Audrey. – Ela o corrigiu, segurando-lhe a mão. – Namorada dele, né, Benny Boo?

Namorada. Mal inclinou a cabeça, analisando a garota a sua frente. A cada minuto que passava gostava menos ainda dela. O tom de voz, aquele vestidinho rosado, o sorriso... arg. E a garota de cabelos roxos já estava ficando enjoada com todos aqueles sorrisos alegres.

Príncipe Ben evitou fazer a careta involuntária que sempre fazia ao ouvir aquele apelido. O tom mais fino de voz que a garota usava para pronunciar o apelido fazia parecer que estava conversando com um cachorrinho e ele não gostava disso.

— Ben e Audrey vão mostrar tudo a vocês. – A Fada Madrinha informou aos novos alunos, segurando nas mãos unidas do casal real. – Nos encontramos amanhã.

Jay e Carlos olharam de soslaio um para o outro, enquanto Mal e Evie sorriam. Não, eles não iam se encontrar amanhã.

— As portas da sabedoria nunca estão fechadas. – A Fada separou as mãos do casal de forma teatral, fazendo os filhos dos vilões se sobressaltarem. Aquela mulher era bem entusiasmada. – Mas a biblioteca funciona das oito às onze. Já devem ter ouvido que eu sou muito rígida.

Os quatro riram fracamente à medida que a senhora ia embora, sendo acompanhada dos membros da banda que passavam de cabeça baixa, sem encara-los. Depois encararam os únicos auradonianos em sua frente, esperando alguma ação destes.

Benjamin juntou as mãos e sorriu abertamente, para logo em seguida se aproximar para cumprimenta-los devidamente.

— É muito, muito, muito bom conhecer vocês. – Sua voz fraquejou na última palavra, resultado do soco “amigável” que recebeu ao cumprimentar o Jay primeiro.  Em seguida, cumprimentou Mal, mirando aqueles olhos incrivelmente verdes da garota. – É uma ocasião importante. – Ele soltou a mão de Mal, não sem antes olha-la mais uma vez, e cumprimentou Carlos. – Eu espero que isso vá para a história- isso é chocolate? – Ben colocou o dedo na boca, o pior era que o garoto de cabelos brancos estava com sua boca lambuzada de chocolate assim como seus dedos. – Como o dia em que começamos a nos curar!

— Ou o dia em que você mostrou a quatro pessoas onde o banheiro fica. – Mal simplificou em tom irônico, chamando a atenção do Príncipe – que cumprimentava Evie – para si.

— Acho que exagerei um pouco. – Ben admitiu dando uma curta risada, voltando-se para encarar a filha da Fada Má.

— Um pouco mais do que só um pouco. – Mal respondeu rindo ao lembrar-se de todo o comitê de boas-vindas extremamente alegre. Ela desviou o olhar dele, que a fitava.

— Bom, minha primeira impressão já era então. – O garoto deu uma risada sendo acompanhado por Mal que voltou a observa-lo de um jeito diferente.

Audrey examinava toda aquela troca de olhares entre os dois. A jovem deixava transparecer facilmente seus sentimentos, e agora não estava sendo diferente, seu ciúme evidente.

— Ah, você é a filha da Malévola, não é mesmo? – A morena interviu, perguntando retoricamente. Mal ergueu uma sobrancelha. Não era obvio? — Quer saber, eu não culpo sua mãe por tentar matar os meus pais e essas coisas.

Só o que faltava, Mal pensou, desviando o olhar exasperada. Agora é que ela não gostava mesmo da princesinha.

Jay inclinou-se levemente para frente, pronto para segurar a amiga antes que ela fizesse alguma besteira.

— Ah, a minha mãe é a Aurora. – Audrey prosseguiu, seu tom amigável fajuto. – A Bela-

— Adormecida. – Mal completou a frase, interrompendo Audrey. Ela tamborilou seus dedos em sua cintura, mantendo a calma. – É, eu conheço o nome...

Carlos a encarou, surpreso pelo autocontrole da amiga. Já Jay ainda estava atento aos mínimos movimentos de Mal, esperando o momento em que ela avançasse em cima da morena. Não era um encontro muito agradável com a filha dos inimigos de sua mãe, mas Mal sabia que se fizesse alguma coisa ali, na frente do Príncipe, com toda certeza não sairia impune. Além do mais, depois que eles pegarem a Varinha Mágica, tudo seria deles e eles poderiam fazer o que bem entendessem.

— Sabe, eu com certeza não culpo os seus avós por terem convidado todas as pessoas do mundo, menos a minha mãe, para aquele batizado ridículo. – A voz de Mal transbordava sarcasmo enquanto falava e Audrey deve ter percebido, já que seu sorrisinho vacilou por um momento.

— Ah, são aguas passadas. – Audrey comentou sem desviar o olhar.

— Total. – Mal respondeu e as duas garotas forçaram uma risada falsamente amigável.

Benjamin olhou de uma para a outra, sorrindo nervosamente. Tinha a impressão que uma bomba fora colocada ali e só faltava o cronometro chegar a zero.

— Tudo bem. Que tal um passeio? – O Príncipe sugeriu, batendo palmas para intervir no que poderia se tornar uma guerra sangrenta. Ele virou-se em direção a grande estatua do Rei Adam que ficava exposta bem no centro entre os dois prédios. Audrey segurou em seu braço, lançando um olhar de soslaio para Mal. – Escola Auradon, originalmente construída a 300 anos e convertida em escola pelo meu pai, quando se tornou Rei.

Os quatro amigos da Ilha dos Perdidos se entreolharam. Não estavam a fim de ter uma aula de história sobre como foi a formação daquela escolinha de príncipes, mas o que eles podiam fazer? Tinham que manter as “aparências”, pelo menos até conseguirem executar seu plano.

— Vamos nessa! – Jay murmurou, ignorando a animação mal controlada de Evie e fez um gesto para seguirem o casal real.

Ben parou frente à estátua de seu pai e bateu palmas, ansioso para demonstrar o pequeno show para os calouros. A estátua representava seu pai em sua forma humana com um braço em frente ao peito, mas assim que o garoto bateu palmas, a estátua se transformou, metamorfizando-se em sua versão Fera.

Carlos arregalou os olhos assustados e soltou um grito aterrorizado, logo antes de pular em cima de Jay, que o segurou revirando os olhos.

— Larga de ser medroso, de Vil. – Jay reclamou o amigo, que tremia suas mãos ao tentar se segurar firmemente nele.

Todos encararam os dois garotos. Mal com sua expressão exasperada e aborrecida; Audrey, seu sorriso vacilando ao ver aquela cena. E Ben, que percebeu rapidamente o medo nos olhos do garoto de cabelos brancos.

— Carlos, tudo bem. – Disse com o tom de voz mais tranquilizador que conseguira. – Meu pai quis que essa estatua mudasse de fera para homem para sempre nos lembrar de que tudo é possível.

— Solta muito pelo? – Mal perguntou observando a estátua a sua frente.

— Minha mãe não deixa ele subir no sofá. – Ben entrou na brincadeira da garota com um sorriso de lado presente em seu rosto, o que fez a jovem sorrir e arquear a sobrancelha, divertindo-se.

— Vocês formam um lindo casal, sabiam? – Evie provocou os garotos no momento em que o casal real seguia até o castelo. Jay bufou e largou o amigo, empurrando-o ao sair.

Carlos fitou a estátua mais uma vez. Aquela imagem era assustadora, resolveu bater palmas para ver se aquilo mudava novamente, mas não conseguiu nada. Escutou um barulho atrás de si e olhou rapidamente apenas para encontrar algumas pessoas passeando entre os campos, conversando entre si.

— Carlos! – Evie o chamou e Carlos viu o quanto o grupo estava mais à frente. Sem nem olhar para trás, os seguiu.

— Neste prédio, estão os dormitórios. – Ben estava dizendo quando o filho da Cruella finalmente os alcançou. – Há também salas de lazer, jogos, cozinha e salões de festa. – O jovem auradoniano apontou para o outro lado do campus, em direção a grande construção que, diferente do castelo onde estavam, não possuía as paredes em pedra rustica – era bem mais moderno e atual. – Naquele prédio, é onde ficam todas as salas de aulas, laboratórios, refeitório e tudo relacionado ao ambiente escolar.

— Então é a verdadeira escola. – Mal apontou para o outro prédio, sua expressão indiferente a explicação do Príncipe.

— A Escola Preparatória de Auradon não é apenas um prédio. – Audrey replicou, indignada. – É um ambiente onde prevalece um conjunto de bondade, moral e companheirismo.

— E igualdade. – Ben a lembrou, seus olhos censurando novamente a atitude da companheira.

— Nós vamos entrar ou estamos aqui para ser a nova atração de Auradon? – Jay perguntou arrogantemente. Fez um gesto de cabeça, indicando todas aquelas pessoas que os estavam encarando.

— Claro, por aqui. – Ben indicou o castelo e todos o seguiram.

 

...

— E aí? – Roland sentou largado no chão e apoiou a caixa de rufo ao seu lado. Olhou para seus colegas da banda retirando os casacos e indagou: – O que acharam?

Eles haviam acabado de se apresentar para os novos alunos e estava agora curioso para saber as opiniões de seus colegas.

— Estranhos. – Quase todos responderam em uníssono, para a frustração do filho de Robin Hood.

— Vocês são tão sem graças. – Rolando jogou seu chapéu no amigo que ria de sua careta.

— Eu sei muito bem o que você quer saber, idiota. – Aziz jogou o chapéu de volta, só que mais forte.

— Eu não prestei muita atenção neles. – Doug confessou. O que não foi uma mentira, ele realmente não parou para analisar os jovens da Ilha dos Perdidos, estava mais surpreso por simplesmente vê-los.

— Você brincando? – Roland levantou indignado.

— A única coisa que notei é que eles gostam de brigar. – Doug deu de ombros, entregando seu trompete para Aziz, que ia guarda-lo na sala de instrumentos.

— Né? – O filho de Aladdin riu abismado, concordando com o filho de Dunga. – Mal chegaram e já estavam rolando pelo chão.

Roland olhou de um garoto para o outro, completamente frustrado e confuso.

— O que há de errado com vocês? – Perguntou exasperado, erguendo as mãos dramaticamente. – Duas garotas lindas e vocês não viram isso?!

— Essa é a primeira coisa que você viu, claro. – Aziz riu, desdenhoso. Ele ergueu o trompete em frente ao seu rosto. – Vai, tenta dar em cima delas. Só não grita muito quando elas estiverem arrancando seus membros fora.

— Credo, cara. – Roland soou temeroso, sendo intimidado pelos sons fúnebres que Aziz fazia usando o trompete de Doug. – Isso é muito mórbido. Até para alguém da Ilha dos Perdidos.

— Vai nessa. Vão arrancar esse seu piercing com os dentes. – O moreno interrompeu seu “cortejo fúnebre” e apontou o instrumento musical na direção de Roland. – Elas são filhas de vilões. – Aziz o lembrou.

Roland revirou os olhos e abriu a boca para retrucar, quando Doug – que estivera apenas rindo de toda aquela cena – o interrompeu.

— Vou indo, pessoal. – O garoto de óculos segurou seu chapéu em baixo do braço e acenou com uma prancheta em mãos. – Tenho que passar o horário para os novos alunos.

— Boa sorte. – Responderam e logo voltaram a discutir.

 

...

O Príncipe Benjamin não acabava nunca seu monologo sobre a história de Auradon, o que estava fazendo os jovens da Ilha dos Perdidos ter dor de cabeça. O garoto já havia contado sobre a união do todos os reinos em Estados Unidos de Auradon, mas que ainda assim eram governados por seus reis e rainhas individuais. Já havia até mesmo explicado que a estátua do Rei Adam no pátio central só mudava de forma quando alguém da linhagem da Fera batesse palma.

E de todas as informações que o jovem Príncipe despejava, os filhos dos vilões perceberam somente uma coisa: que tudo aquilo era completamente inútil. Não ia acrescentar nada de útil na vida daqueles quatro, então por que eles precisavam saber?

Passaram pelas portas do castelo e encontraram um ambiente diferente do que esperavam. Se pelo lado de fora o lugar parecia o estereotipo de castelos – construção rustica e paredes de pedra – por dentro era totalmente inesperado, era o oposto. O teto era alto, com uma escada em cada lado que levava para um corredor superior e seguia mais ao alto para o próximo andar; as paredes possuía acabamento em madeira, com entalhes sobressalentes. Acima da entrada, pendurava-se uma flamula de cor azul e amarela com as iniciais de Auradon Prep.

Quase que imediatamente as pessoas que se encontravam ali, interromperam suas conversas apenas para cumprimentar o jovem futuro Rei e sua namorada, e aproveitaram também para dar uma olhada mais próxima dos novos estudantes.

Foi o momento perfeito para Mal fazer a pergunta que não saia de sua mente.

— Então, vocês têm muita magia aqui em Auradon? – Perguntou tentando soar o mais displicente possível. – Tipo, varinhas e essas coisas?

Ben virou-se para encarar o grupo da ilha, com Audrey sem desgrudar de seu braço. Ele nem estranhou a pergunta, apenas a considerou como curiosidade.

— Sim, isso existe, é evidente. – Respondeu satisfeito ao ver que os jovens estavam demonstrando interesse por alguma coisa relacionada a Auradon. – Mas estão aposentadas.

— Raramente alguém em Auradon possui talento para magia. – Audrey acrescentou, ela mesma soando levemente desejosa. – Para prevalecer a igualdade, deixamos esse assunto apenas nos livros de história.

Mal desviou o olhar, pensativa. Quer dizer que ninguém aqui usa magia? Pensou. Os habitantes de Auradon eram realmente... peculiares.

— A maioria aqui é de... mortais comuns. – Ben concluiu.

Jay sorriu de lado quando viu uma garota loira descer as escadas o observando. Ele a encarou de volta e piscou. É, ele ia se dar bem nessa escola.

— Uh, que por acaso são reis e rainhas. – Mal comentou sarcasticamente. Aquilo era hipocrisia por parte do Príncipe, o conceito de “comuns” não se encaixava naquela escola.

— É verdade! – Audrey respondeu, passando o braço do namorado pelos seus ombros, seus olhos encarando Mal fixamente. – Nosso sangue real corre a centenas de anos.

Ben riu sem graça. Ele já estava se sentindo mal por essas piadinhas que a garota lançava “inocentemente”.

— Doug! – Ben suspirou aliviado ao ver o amigo descendo as escadas consultando uma prancheta. Livrou-se do “abraço” da namorada e seguiu até o amigo. – Doug, vem cá!

O filho de Dunga havia aparecido em um excelente momento.

— Esse é o Doug. – Benjamin passou um braço sobre os ombros do amigo e o apresentou aos novos alunos. – Ele vai ajuda-los com o horário das aulas e mostrar os alojamentos também.

Mal e Jay riram da aparência do garoto que ainda usava o uniforme da banda. Carlos nem prestava atenção, estava olhando ao redor, sempre atento à quando um cão poderia aparecer do nada. Cruella havia lhe dito tantas vezes que Auradon era um lugar repleto daquelas feras, mas ele ainda não havia visto nenhum. Esperava que isso continuasse até que eles saíssem daquele lugar.

Ao contrário de seus amigos, Evie realmente olhou para o rapaz. Ela inclinou a cabeça, analisando-o desde a forma como ele estava vestido – aquela calça amarela que parecia que todos os garotos em Auradon usavam e a jaqueta com um “A” estampado em amarelo e a palavra “Cavaleiros” em azul – até sua expressão calma, sorriso tímido de lado e um olhar receoso por baixo de seus óculos. Fofo, concluiu.

— Até mais tarde, tá? – Ben voltou ao lado da namorada e se dirigiu aos filhos dos vilões. Apesar de que seus olhos estavam mais fixos na garota de cabelos roxos. – E se precisarem de alguma coisa não hesitem em-

— Perguntar ao Doug. – Audrey interrompeu. Agora já era demais. Ela não aguentava mais seu namorado ficar trocando olhares com uma garota da Ilha dos Perdidos e bem na sua frente! – Ele irá esclarecer todas as dúvidas que tiverem.

A filha da Aurora lançou um olhar penetrante para Mal e riu falsamente, sendo acompanhada pela filha da Fada Má. Audrey procurou sair de lá o mais rápido possível, puxando seu namorado pelo braço.

Doug se sentiu mal pelo amigo, mas ele já tinha aconselhado o jovem Príncipe a terminar aquele relacionamento ganancioso. Não podia fazer mais nada por enquanto, a não ser se encarregar de conduzir aqueles jovens.

Respirou fundo e acenou, chamando a atenção deles para si.

— Oi, gente! Eu sou filho do Dunga. – O garoto pareceu lembrar-se que quase ninguém recordava de seu pai e tratou de completar: – Tipo Dunga, Mestre, Atchim, Dengoso, Feliz, Zangado, Soneca...

Enquanto divagava tentando lembrar-se de todos os nomes dos Sete Anões, seus olhos se encontraram com uma garota de cabelos azuis, que se virava para ele. Ela sorriu e caminhou lentamente em sua direção.

O filho de Dunga prendeu a respiração tanto de surpresa quanto de temor. Primeiro ele sentiu medo, achando que a garota fosse fazer alguma coisa maléfica com ele pela sua mania de falar demais. Afinal, como dissera Aziz, ela era filha de vilões e o garoto não estava nada ansioso para ter “seus membros sendo arrancados fora”.

Por outro lado, o temor logo foi sendo substituído pela surpresa ao reparar em como a garota era. Linda nem chegava perto para descreve-la. Usava roupas completamente azuis, com um colar de pingente vermelho destacando-se. Ela estava com ambas as mãos em sua cintura, possuía os cabelos num tom de azul encantador e.… estava se aproximando.

Ele respirou fundo, sentindo seu rosto esquentar.

— Heig-ho! – Doug exclamou nervosamente ao notar a expressão sedutora da garota. Seu coração acelerou de forma frenética e ele pode jurar que foi pego em um feitiço assim que encarou profundamente aqueles olhos castanhos.

— Evie. – A garota apresentou-se, sua voz soando lenta e arrastada que fez o coração do garoto falhar uma batida e voltar a bater descompassadamente. – Filha da Rainha Má.

Atrás da garota, Jay revirou os olhos impaciente e passou a mão sobre o rosto. Mal olhou do garoto de óculos para a amiga e sorriu ao ver a garota aproximando-se vagarosamente dele. É, Evie já havia encontrado sua mais nova vítima.

Doug abriu a boca levemente, admirando a garota a sua frente. Ele só podia ter sido enfeitiçado, não tinha outra explicação para ele estar se sentindo daquele jeito perante uma garota que ele acabou de conhecer. E pior: filha da Rainha Má.

Isso o trouxe de volta de seu devaneio apaixonado.

— Ah... T-tudo bem. – Ele limpou a garganta e desviou o olhar para a prancheta em suas mãos. – As suas aulas eu já preenchi os horários, ?

Evie apenas acenava, ouvindo atentamente o que o garoto dizia enquanto enrolava uma mecha de seus cabelos azuis. E Doug não passava nem um milésimo de segundo sem fitá-la.

Mal resolveu intervir, percebendo que o garoto provavelmente não iria ajudar em nada se Evie continuasse flertando-o. Ela aproximou-se de Doug, ficando ao seu lado e começou a ler por cima do ombro do garoto.

— Tem História de Lenhadores e Piratas, Regras de Segurança Para a Internet e... – Doug hesitou, percebendo tardiamente que a garota de cabelos roxos estava ao seu lado segurando um doce dourado. – Bondade Curativa para Iniciantes.

— Deixa eu adivinhar. – Mal colocou o doce em sua boca, sua expressão desdenhosa. – Nova aula?

O garoto acenou enquanto Mal e Evie se entreolharam. É claro que Auradon iria querer transformá-los em crianças frescas iguais a todos ali. Infelizmente, isso não iria acontecer.

— Vem gente, vamos achar nossos quartos. – Mal jogou o papel do doce no chão e subiu as mesmas escadas que Doug havia descido minutos atrás. Carlos e Jay logo a seguiram, mas Evie demorou-se.

— Você é fofo. – Ela sussurrou para o garoto e piscou, antes de seguir os amigos. Doug deixou-se levar pelo tom macio de voz e o perfume da garota, e quase caiu quando se inclinou demais para trás.

— Oh, é, seus quartos ficam do outro lado. – Doug recobrou a consciência e indicou a outra escada. – Vou acompanha-los até lá.

Os filhos dos vilões o olharam exasperados, mas pararam e deram meia volta, seguindo para a outra escada.

— Dunga, Mestre, Dengoso, Feliz, Zangado, Soneca e... – Doug tentava se lembrar. Era quase uma missão impossível alguém se lembrar de todos os nomes, o que acarretava discussões em reuniões da família.

— Atchim. – Carlos completou quando passou ao lado do filho de Dunga.

O garoto suspirou antes que seu telefone tocasse, o que chamou a atenção curiosa dos filhos de vilões para si. Ele se atrapalhou na hora de tirar o celular do bolso e acabou derrubando seu chapéu, o que fez os quatro da ilha rirem. Quando conseguiu pegar o celular, viu que era uma mensagem.

— Suas malas já foram colocadas em seus quartos. – Doug informou guardando o celular em seu bolso, abaixou-se para pegar seu chapéu e logo seguiu os outros pela escada. – O quarto dos garotos é mais perto, caso prefira-

— Nós vamos ter que dividir os quartos? – Jay interrompeu incrédulo. Ele não iria suportar ter que dividir o quarto com algum principezinho metido a besta, que com certeza havia aos montes naquele lugar.

— A Fada Madrinha decidiu que seria melhor vocês dividirem o quarto entre si. – Doug omitiu a parte de que ninguém queria dividir o quarto com nenhum deles. Ele consultou a prancheta em suas mãos. – Os filhos de Jafar e Cruella de Vil ficam no quarto no final do corredor.

— Temos nomes. – Jay respondeu grosseiramente, indo em direção ao final do corredor – em direção ao seu quarto – e esbarrando propositalmente no ombro de Doug ao passar.

— Carlos e Jay. – O garoto de cabelos brancos apontou para si mesmo e para seu amigo.

— Me desculpem, sou um pouco ruim com nomes. – Doug apoiou a mão direita atrás da cabeça, envergonhado.

— Percebe-se. – Mal murmurou, lembrando que o garoto não havia conseguido falar o nome de todos os infelizes sete anões.

— Esse é o quarto dos garotos. – Doug entregou um chaveiro para Jay. O chaveiro continha apenas duas chaves idênticas e um enfeite azul com o logo da Fera.

— Finalmente. – O garoto de cabelos longos separou as chaves e jogou o enfeite azul de volta para Doug. – Fica pra você.

— E o nosso? – Evie aproximou-se de Doug, olhando por sobre o ombro dele, procurando alguma informação na prancheta que o mesmo segurava.

O garoto respirou fundo e engoliu em seco ao sentir o perfume de Evie tão próximo de si.

—  O qua-quarto – Doug se interrompeu, limpando a garganta para tentar parar de gaguejar. – das garotas ficam lá em cima.

— Então vamos logo. – Mal virou-se e seguiu em direção as escadas que levavam para o próximo andar.

Evie revirou os olhos perante a pressa e mal humor da amiga. Ela a seguiu, subindo as escadas e percebeu que o garoto atrás de si vinha mantendo certa distância delas.

Evie virou-se e encarou Doug. Ele estava andando com a cabeça abaixada, procurando alguma coisa em suas folhas da prancheta. A garota de cabelos azuis decidiu provocá-lo mais um pouquinho.

Esperou que o garoto se aproximasse e apoiou seu braço direito sobre o ombro esquerdo dele. Doug deu um pulinho assustado e parou de andar no mesmo instante em que Evie deitou a cabeça em seu próprio braço e sussurrou bem próximo ao ouvido dele:

— Você está bem?

O filho de Dunga sentiu todo o seu corpo esquentar e se arrepiar. Aquela foi uma pergunta tão simples, num tom tão sedutor que o fez paralisar por completo. Se ele falasse com certeza não sairia nenhum som, então preferiu forçar sua cabeça para conseguir fazer um aceno positivo bem vagaroso.

— Tem certeza? – Evie sussurrou novamente e riu baixinho, antes de se afastar e ir até Mal. Esta estava apoiada na parede com os braços cruzados e olhava entediada para os dois.

— Não me diga que vai flertar com todos os garotos daqui. – Mal murmurou quando a garota de cabelos azuis parou ao seu lado.

— Não, pois vamos sair daqui hoje. – Evie deu de ombros, observando Doug terminar de subir as escadas, evitando deliberadamente encara-las. A garota seguiu pelo corredor a esquerda, não sem antes sussurrar para a amiga: – Não vou ter tempo mesmo.

Mal riu a acompanhando pelo corredor. Ela sabia que Evie conseguiria provocar metade de Auradon apenas com um piscar de seus olhos castanhos. A outra metade já teria caído de amores antes disso.

— Ah, garotas? Evie? – Doug chamou hesitante.

A garota se virou – surpresa por ele ter dito seu nome – e percebeu que o garoto de óculos havia parado mais atrás. Evie cutucou Mal que também se virou para olhar.

— Esse é o quarto de vocês. – Doug apontou para a porta ao seu lado, bem em frente a um dos quadros de paisagem que estavam espalhados por aquele corredor.

Mal fez um barulho estralado com a língua e as duas voltaram até o garoto.

— Podia ter falado antes. – Mal disse acidamente.

Doug ignorou a garota de cabelos roxos, e colocou a mão em seu bolso esquerdo, pegando as chaves.

— Aqui estão as chaves. – Doug as estendeu para Evie, ficando vermelho ao olhá-la novamente.

— Já pode ir embora. – Mal tomou o chaveiro da mão do garoto e acenou, o expulsando.

— Mas e sobre as salas de au-

— Tchau. – Mal cantarolou, interrompendo-o. Ela inclinou a cabeça, sua expressão fechada.

— Ah, claro. – Doug ficou surpreso. A garota de cabelos roxos fora muito arrogante. Claro, ela era da Ilha dos Perdidos, mas parecia tão diferente da outra garota. Ele olhou mais uma vez para Evie e sorriu para ela, que ergueu uma sobrancelha divertida.

— Evie. – Mal disse o nome da amiga usando um tom de censura. Evie estava observando o filho do Dunga se afastar e sumir descendo as escadas. – Sério? Ele?

— Como é? – Evie encarou a outra confusa.

— Alô-ô. Ele nem é príncipe. – Mal respondeu em tom óbvio. – É só um nerd.

Evie desviou o olhar perante a última fala de Mal. Inteligência não era uma característica muito aproveitada ou apreciada na Ilha dos Perdidos, mas beleza... essa com certeza valia muito.

Mal abriu a porta rapidamente para afastar o clima constrangedor que se alastrara até ali. E preferia ter continuado do lado de fora ao ver como o quarto era.

A primeira coisa que percebeu foi o quanto o lugar era iluminado. Muito, muito iluminado. Depois disso, as cortinas rosas que quase a fizeram vomitar de horror. Isso sem contar o resto da decoração: paredes num tom de marrom claro com grandes janelas na parede do centro, formando uma espécie de abóbada; no canto esquerdo do quarto, duas camas de dossel estavam dispostas próximas com uma janela e dois criados-mudos entre elas; no outro lado do quarto tinha uma mesa, algumas cadeiras e uma porta que levava ao banheiro.

Tudo rosa. Ou bege. Não importava para Mal, aquele lugar era muito princesinha para o gosto dela.

— Uau! – Evie suspirou. Ao contrário de Mal, ela havia amado o quarto. – Esse lugar é muito-

— Nojento. – Mal murmurou abismada com o quanto de luz estava passando por todas aquelas janelas. E para que aquilo? Uma só janela não bastava?

— Pois é, né? – Evie mascarou sua animação. Reparando no desgosto da amiga, concordou com ela. – Ele é muito nojento.

Mal passou a mão no braço direito. Aquele quarto não tinha nada a ver com o seu no castelo de sua mãe. Escuro, sombrio e assustador era como ela preferia. Ou pelo menos que fosse menos iluminado.

— Eu vou precisar de muito filtro solar. – Comentou.

Evie concordou, afinal a pele da amiga era exageradamente branca e sensível ao calor, o que não era um problema na Ilha dos Perdidos, mas ali em Auradon era diferente. Na ilha sempre foi nublado, agora a garota de cabelos roxos tinha que se preocupar com o sol que parecia bem vivo naquele lado da barreira.

— Ev. – Mal apontou para a janela entre as camas e Evie logo entendeu. Começaram a fechar todas as cortinas, diminuindo assim a incidência de luz no ambiente. – Uf, assim está bem melhor.

— Olha só. – Evie abriu as gavetas e portas do armário, encontrando todas suas roupas perfeitamente organizadas. – Como sabiam quais roupas eram de quem?

— Arriscaram pelas cores. – Mal indicou seu próprio armário. Suas roupas estavam arrumadas do mesmo jeito que as de Evie. – Pegaram tudo o que tinha roxo e colocaram no meu.

— Pelo menos acertaram. – Evie riu. Ela deitou de barriga para baixo na cama e observou a amiga abrir a segunda porta que tinha no quarto.

— Então... – Mal começou, sua voz soando pouco abafada por ela estar dentro do banheiro.

— Então? – Evie repetiu, apoiando a cabeça sobre os braços.

— Eu vi aquilo. – Mal voltou para o quarto e se jogou na cama, ficando na mesma posição que a amiga.

— O que? – Evie perguntou confusa com o sorriso sugestivo da amiga.

— Aquele nerd. – Mal revirou os olhos.

— Ele é fofo. – Evie justificou, ficando na defensiva.

— E desde quando você flerta com alguém fofo? – Mal perguntou surpresa assim que viu Evie desviando o olhar.

— Desde: isso não é da sua conta. – A garota de cabelos azuis respondeu asperamente e sentou-se, cruzando as pernas. – E você e o Príncipe?

Mal revirou os olhos e afundou a cabeça no colchão.

— Ah, nem vem com isso. – A voz da garota soou abafada e fez com que Evie soltasse uma risada alta. – Você não está interessada nele? Afinal, é o futuro Rei.

— Isso foi antes. – Evie garantiu com a voz firme para logo em seguida mudar para malicia. – Eu vi as trocas de olhares entre vocês dois.

— Pode parando, Evie. – Mal ordenou levantando a cabeça e fixando seu olhar mais ameaçador para a amiga.

— Foi você quem começou. – Evie nem se abalava mais com aqueles olhares.

— Mas não era para você continuar! – A garota de cabelos roxos exclamou, óbvia.

— Oh, comigo pode e com você não? – Evie perguntou indignada.

— Exato! – Mal sorriu e piscou.

Batidas na porta interrompeu o protesto que Evie iria fazer. Mal suspirou dramaticamente e se pôs em pé, indo em direção a porta.

— Que foi? – A garota perguntou de forma áspera, antes mesmo de ver quem estava do outro lado.

— Oi, sou o Mino. – Um garoto mais novo que ela – e até mais que Carlos – estava parado do outro lado do quarto. Um sorriso gentil em sua face. – Filho do rei Naveen e da rainha Tiana.

Mal não fazia a mínima ideia de quem eram. E aqueles sorrisos constantemente doces e amáveis estavam fazendo-a se arrepender profundamente de ter acordado hoje.

— Você é um dos Sete Anões? – Perguntou indicando para a altura do garoto.

— Não. Eu sou uma criança. – Mino respondeu, sua expressão se transformando em confusão. Incrédulo, continuou: – Não sabe o que é uma criança?

Mal fechou a cara e avançou sobre o garotinho que deu um passo para trás, assustado.

— O que temos aqui? – Evie interrompeu o quase assassinato, aparecendo ao lado da amiga e passando o braço sobre o ombro desta.

— Uau! – Mino exclamou admirado. Ele olhava Evie com um sorriso abobalhado. – Você é linda!

— Eu sei. – Evie respondeu prepotente.

— Você quer alguma coisa ou só veio encher minha paciência? – Mal questionou, retomando a atenção do garoto para si.

— Você é muito mal-humorada. – Mino foi direto, sua careta de reprovação foi o que mais irritou a garota de cabelos roxos.

— Pirralho. – Mal alertou, seus olhos piscando levemente em verde neon.

Evie apenas ria de toda aquela provocação. Era divertido assistir alguém com coragem o suficiente para provocar a amiga e era ainda mais surpreendente que fosse um garoto que não tinha nem catorze anos.

Mino fez mais uma careta e começou a passar a informação que tinham lhe pedido:

— Príncipe Ben me pediu para avisa-las que o jantar será no salão de banquetes, ao invés da sala de jantar.

— Certo. Recado dado, pode ir. – Mal acenou e depois apontou para o fim do corredor.

— O jantar de hoje será em homenagem a chegada de vocês, por isso será quase como um baile. – Mino continuou, dessa vez se dirigindo a Evie e ignorando a garota de cabelos roxos que o expulsava.

— Um baile? – Mal repetiu, surpresa. Esse pessoal de Auradon eram bem exagerados.

— Não sabe o que é um baile? – Mino identificou a surpresa no rosto da garota como dúvida.

Evie riu novamente e deu um passo para dentro do quarto, prevendo o que a amiga iria fazer.

— Você já me irritou o suficiente. Tchau. – Mal fechou a porta bruscamente antes que ela cometesse um ato ilícito que afetaria em seu plano. Assim que olhou para o rosto de Evie, ergueu um dedo em aviso. – Não.

— Mas eu não falei nada! – Evie reclamou, sem conseguir conter uma risada leve de escapar no meio de sua fala.

— E precisa? – Mal perguntou de modo retórico. – Nós não vamos para essa festa. Temos que pegar aquela varinha logo.

— Então vamos nos garotos. – Evie sugeriu, mas antes que saíssem do quarto, perguntou: – Você tem algum plano?

— Com a mais absoluta certeza. – Mal respondeu pausadamente enquanto saia do quarto com sua risada maléfica ecoando pelo corredor.

Evie balançou negativamente a cabeça e fechou a porta do quarto ao sair atrás da amiga.

— Depois reclama do exagero dos outros.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Malen = ♥♥
Vcs viram? O Doug não é bom com nomes, mas lembrou o da Evie rapidinho
MEU OTP GENTE

E ai, gostaram??
Se não, o próximo vai ser horrível
BRINKS!
O próximo capítulo está um a-r-r-a-s-o

Beijinhos e até o próximo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Descendentes: Desenvolvendo Sentimentos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.