I'm the ghost in the back of your head escrita por Mackernasey


Capítulo 1
Capítulo único




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Nobunaga abriu os olhos assim que os raios de sol lhe atingiram a face através da brecha da cortina. Sentou-se na cama, estava acordando pela 730ª manhã desde a morte de Uvoging, evento que naquela noite completaria exatos dois anos. Não que ele estivesse contando… Ou sequer pensasse nisso. Estava frio, muito frio, e ele detestava frio. Não lembrou-se que Uvo amava frio. Naquele clima, nada seria melhor que seu amado kimono, porém desde os eventos de York Shin, em que os rostos da Trupe haviam sido divulgados abertamente, se tornara inconveniente andar sem um mínimo disfarce, mesmo que a recompensa sobre suas cabeças fora retirada ainda naquela época. Definitivamente não relacionou "os eventos de York Shin” com a morte de Uvo.

Após se vestir como um cidadão comum, sob vários resmungos, foi ao banheiro lavar a cara antes de sair do apartamentozinho brevemente alugado para o período daquela missão. O olhar acabado no espelho era um velho conhecido, assim como a amiga em comum que possuíam, as olheiras. Seu cérebro não fora levado para lembranças de manhãs cujas noites anteriores tinham motivos muito mais agradáveis para lhe exaurir tanto. Penteou os longos cabelos, colocou uma boina e um casaco de lã e foi encarar a feiosa manhã gelada, que implorava por um café quente.

Não importava em que lugar daquela cidade imunda estivesse, era sempre possível ver a gigantesca torre branca, com sua altura imponente e sua arquitetura inusitada, onde a todo momento centenas, talvez milhares, de pessoas batalhavam. A maior arena do mundo, a Arena Celestial, onde em três dias Kuroro lutaria com aquele judas que há tanto tempo traíra a todos, mudando a vida do samurai para sempre. Hisoka fora o principal cúmplice do assassino, no entanto Nobunaga absolutamente não estava remoendo seu ódio pelo palhaço por esse motivo.

Andar pela rua e ver as pessoas rindo lhe causava náuseas, assim como os olhares que sua katana atraía. Como poderiam estar tão bem, tão em paz?! Nobunaga não se lembrava qual havia sido a última vez que estivera em semelhante estado de espírito. Não lembrava! Se fosse uma pessoa mais cabeça-quente, mais impulsiva ou agressiva, com certeza faria um massacre aqui e ali em momentos como aquele, mas como não era, apenas o pensamento do que teria que fazer para tudo ocorrer bem já o cansava. A comparação entre seu temperamento e o temperamento de Uvoging foi totalmente evitada.

Não andou mais do que vinte minutos até avistar a cafeteria que tinha em mente, apesar de não haver nada de especial com aquele lugar. Nada de especial mesmo. Sentou-se em uma das mesas do lado de fora, não demorando a ser atendido pelo garçom. Sequer parou pra pensar se era ou não o mesmo funcionário da última vez. Que última vez?

— Um café expresso suave sem doce, por favor. — Enfatizou a palavra “suave”, ainda completando: — Eu quero um café, não uma tinta nanquim.

O homem assentiu, anotou seu pedido e passou por mais três mesas antes de entrar para a área restrita a funcionários. Nobunaga poderia estar cansado, irritado e tendo um dia horrível, porém nada abalaria sua paciência na espera por um evento com poucas incertezas. Não visualizou Uvo ficando gradualmente irritado conforme o tempo passava em qualquer situação de espera.

O café chegou em uma xícara redonda, branca e não muito grande, colocada em cima de um pires nos mesmos padrões e acompanhada de uma colherzinha de metal. A mente de Nobunaga se forçava a se distrair com futilidades; ele simplesmente pegou o recipiente e levou sua borda aos lábios finos, apenas testando a temperatura antes de dar um longo gole.

A memória surgiu de forma tão brusca em sua mente que o samurai fora completamente arrancado da realidade, totalmente incapaz de bloquear ou contornar a linha de raciocínio. Via-se no exato mesmo lugar no espaço, porém há três anos de distância no tempo. À sua frente, estava a única pessoa que amara em toda a vida. Uvo lhe encarava com um sorriso debochado.

— Não acredito que tem coragem de dizer que gosta de café, tomando esse cházinho sem açúcar! — o outro caçoou. — Isso é café de verdade! Tome pelo menos um gole.

— Não gosto, não quero e não vou tomar — respondeu lenta e seriamente. — Cada um com seus gostos, cada um feliz.

— Se não tomar, eu durmo a noite toda. — O sorriso malicioso de Uvoging lhe arrepiou a espinha.

— Tch... Me dá essa merda! — Bebeu. — Horrível.

 

O garçom pedia desculpas desesperadamente, já havia errado o pedido antes, mas essa era a primeira vez que via o cliente chorar por isso.


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