Cristais de gelo escrita por J S Dumont


Capítulo 1
Capítulo 1 - Fugindo do inferno


Notas iniciais do capítulo

Boom essa é uma parceria minha com a Lunah, por alguns motivos pessoais nós não trabalharemos mais com a fanfic Imprevisivel, Inesperado e Improvavel então essa ficará no lugar ate a gente reescrever a outra porque nao estavamos conseguindo continuar, vamos retrabalhar ela e quando terminar essa repostaremos a outra, como essa fanfic já tem todo esboço e caps prontos por falta de tempo preferimos postar essa e ficarmos com essa no lugar da que estavamos postando ate reescrevemos ela, esperamos que gostem e pode acompanhar que essa iremos até o final!



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1. Fugindo do Inferno

Katniss Everdeen

A primeira coisa que perguntei para minha mãe, assim que me vi vestida com meu vestido de noiva foi: por que as noivas costumam casar de branco? Minha mãe simplesmente me respondeu: É o símbolo da pureza. Eu ri ironicamente e então comecei a me dar conta de que o meu mundo fictício estava apenas começando.

Enquanto eu subia no altar eu pensava no quanto é incrível como nossa vida toma rumos inesperados, a gente planeja, a gente acredita e quando nos damos conta vemos tudo aquilo que planejamos desmoronar na nossa frente, como num passe de mágicas e simplesmente não podemos fazer nada.

Foi mais ou menos assim que aconteceu comigo, alguns anos atrás quando eu estava em minha formatura do ensino médio a minha vida estava totalmente planejada. Os negócios do meu pai estavam ótimos, éramos extremamente ricos e eu iria me casar com Gale Hawthorne, juntando as nossas duas grandes fortunas.

Gale era meu namorado de escola, ele era até interessante, bastante bonito, rico, educado, eu não poderia querer mais. Eu confesso que eu não poderia dizer que o amava, pois eu nunca acreditei nessas baboseiras românticas, mas tínhamos aquilo que chamam de “clima”. Nossos beijos eram quentes e todo resto então, mais ainda. Não viveríamos tão mal juntos e pelo menos teríamos uma vida sexual bem ativa. Mas, depois da formatura Gale terminou comigo e acabou se casando com Madge Undersee, ela também era rica o que não fez muita diferença para os Hawthorne e ele usou a ridícula desculpa de que se “Apaixonou” por ela. Amor? Ele não teria uma desculpa mais idiota do que essa?

Eu só sei que isso me causou um grande problema, desejei a morte de Gale milhares de vezes, ele não poderia me abandonar. Mas pouco tempo depois, as coisas foram piorando para minha família, os negócios do meu pai começaram a afundar.

É incrível como as coisas mudam quando o dinheiro começa a desaparecer, todo mundo começa a sumir, aquelas famílias poderosas da qual tínhamos amizade que nos olhavam de uma maneira positiva, simplesmente mudaram, elas começam a nos olhar torto, nos ignorarem e praticamente passavam até do outro lado da rua como se nos estivéssemos fedendo.

Posso confessar que isso é algo completamente constrangedor, meu pai começou a se desesperar e então depois de muito pensar acabou encontrando a solução, uma luz no fim do túnel, ele escolheu um novo marido para mim.

E quando eu subi no altar pensei varias vezes como teria sido minha vida ao lado de Gale, até hoje ás vezes eu me pego pensando, provavelmente ela teria sido mais calma. Estaríamos em alguma parte de Londres ostentando toda nossa fortuna, eu sei que ele vive por lá, em alguma mansão, sei que ele já tem um filho, um garoto chamado Noah. Poucas coisas que sei dele foi contado por Finnick, o único amigo que me restou na minha época de escola, ele tinha contato com Gale, são melhores amigos.

Sempre quando eu me encontrava com ele, uma parte do meu cérebro sempre dizia para mim: Não pergunte nada. É menos doloroso se você não perguntar, mas a outra parte do meu cérebro sempre acabava vencendo, a curiosidade era maior e quando eu dava por mim eu já estava fazendo a ele um monte de perguntas sobre Gale e logo fui constatando que sua vida com certeza estava mais feliz do que a minha.

Quando começávamos com esse assunto Finnick ficava meio receoso, mas acabava me contando e claro, eu sempre saia pior do encontro, ainda mais por saber que eu poderia estar no lugar de Madge, eu poderia ter me livrado desse inferno se ele não tivesse me trocado por ela.

Eu sei que eu tinha que levantar a cabeça e fingir que nada disso me afetava, eu sei que seria uma atitude mais digna de minha parte virar a página. Mas é difícil seguir em frente quando você sabe que a vida que você leva é uma droga e parte dessa droga foi ocasionada devido a isso, a escolha do meu pai. Eu sei que era isso ou a falência, porém ele não poderia ter escolhido algo pior para mim.

Tudo bem que eu não deveria me importar em casar por aparências, minha vida toda foi resumida assim “aparências”, e não é difícil fingir quando você aprende a fingir assim que você aprende a falar, viver num casamento sem amor não é uma coisa de outro mundo, afinal, não é um sentimento da qual eu acreditava mesmo, ou seja, dane-se se existe amor ou não, o problema não era esse, o problema era o traste que meu pai arrumou como meu marido. Podre de rico tudo bem ele era, poderia bancar todos os meus mimos, mas, o grande problema é como ele é. Eu preferia ainda um pé rapado a um rico, inseguro, ciumento e alcoólatra.

Sim, não valia a pena viver tudo isso apenas para não ficar na miséria. Essa sempre foi ameaça do meu pai: “se não fazer o que quero será deserdada, vai morrer de fome, porque você não sabe fazer nada que não sejam compras”. É era cruel, mas era a droga da realidade, nunca fiz nada que não fosse gastar, não trabalhei, também nunca precisei disso, fui sempre criada apenas como rostinho bonito, isso sim eu tinha e meu pai não tinha o que reclamar, eu sempre fui linda, sempre fui admirada por vários homens e a beleza sempre foi algo que eu pude me orgulhar.

Já fui á garota mais linda do ensino médio. Porém hoje essa beleza me colocou nesse inferno. Eu estava num inferno há cinco anos, e por mais que eu pensasse e pensasse eu não sabia como sair dele.

— Ele te bateu de novo, não é? – Finnick disse, eu tinha acabado de me sentar na frente dele, estávamos em uma sorveteria. Finnick estava tomando Milk Shake, ele sempre gostava de Milk Shake de chocolate. Ele tirou os meus óculos e acabou vendo meu olho roxo. – Mas que desgraçado, eu vou lá e vou mostrar para ele...

— Finnick, eu já disse que não quero que você se meta... – eu pedi.

— Por que não? Você gosta que ele te trate assim Katniss? Já faz cinco anos!

— Se você aparecer ele vai pensar um monte de besteiras Finnick, e eu não quero que isso aconteça...

— Até quando você quer manter esse relacionamento? Não tem futuro, por acaso ele sabe que você está aqui?

— Não, logico que não sabe, você sabe que ele é ciumento!

— É, mas os ciúmes dele é fora do normal, você não precisa disso Katniss!

— Finnick, meus pais nunca apoiaria nossa separação...

Meus pais conseguiram se reerguer nos negócios depois que Cato e eu nos casamos, Cato é o idiota do meu marido, ele é muito rico e dono de uma vasta fortuna, mas da mesma forma que ele é rico e até bonito é um imprestável, filhinho de papai só sabe beber e gastar, sorte que ainda quem comanda os negócios é os pais dele.

Porém mesmo que a fortuna dos Everdeen tenham se recuperado, para os meus pais Cato e eu somos o casal perfeito, eles só ficam questionando porque a gente ainda não tem filhos, lógico que não temos filhos porque me previno, eu nunca que iria querer um filho com aquele traste.

— Você está há cinco anos nessa por causa dos seus pais, acho que tá na hora de você começar a pensar por si mesma Katniss...

Sim, seria mentira se eu dissesse que nunca pensei numa separação, mas eu sabia que meu pai faria novamente a ameaça, e pelo que conheço o meu pai ele era capaz e muito de me deserdar e deixar toda fortuna apenas para minha irmã caçula a Prim, provavelmente se ela ainda não fosse uma criança, meus pais teriam a casado com um cara rico e idiota também.

Porém, eu não podia negar que eu tinha medo, eu vivia uma vida terrível e humilhante, mas o “não saber o que irá acontecer” dá aquele frio no estomago que faz todo dia eu desistir. Desistir de fugir.

— Você não contou para o Gale não, não é? – perguntei a Finnick.

— Não, você não quer que eu conte então eu não vou contar...

Eu suspirei mais aliviada. Eu não queria que Gale soubesse que minha vida virou um lixo depois que terminamos, seria extremamente humilhante.

— Obrigada Finnick! – eu agradeci, Finnick colocou a mão por cima da minha e a segurou.

— Pensa bem Katniss, não permita mais que ele continue fazendo isso com você... – ele disse e eu concordei com a cabeça. – Não deixa ele te bater mais, não deixa!

Continuei pensando nessas palavras durante todo o caminho de volta para minha casa, eu vivia em uma linda mansão, mas parecia ser aquelas prisões de luxo, sempre eu tinha que sair escondida, com medo, Cato é tão ciumento que ás vezes quer me prender em casa feito um animal enjaulado, e quando chega bêbado vem me acusar de coisas que só existe em sua cabeça. Nunca fazíamos sexo por minha própria vontade, era somente obrigado por ele e eram momentos de terror, ele subia em cima de mim, movia-se e urrava feito um animal primitivo. O que me causava um embrulho horrível no estomago.

Eu o odiava, eu tinha nojo dele. E às vezes eu até mesmo desejava sua morte. Ás vezes eu acreditava que eu tinha mesmo que ir embora, antes, que as coisas percam o controle de vez, eu arrume uma arma... E acabo com ele.

Quando cheguei em casa, eu tive uma terrível surpresa. O idiota do Cato não estava na empresa, mas sim em casa, tomei um susto quando entrei na cozinha e o vi sentado na mesa, ele me olhou com aquele olhar acusador, ele sempre achou que faço coisas erradas, parece que me vê como uma vadia.

— Onde você estava? – ele perguntou se levantando da mesa e me olhou com um olhar fuzilador, deixei a minha bolsa e meus óculos escuros caírem no chão devido a surpresa, dei alguns passos para trás, enquanto ainda encarava aqueles olhos possessivos.

— Fui dar uma volta... – respondi, com indiferença.

— Com quem? – ele perguntou.

— Sozinha, nem amigas eu consigo ter porque você quer me proibir de tudo... – o acusei.

— Em cinco anos você não aprendeu a me respeitar, não é? – ele perguntou, parando bem na minha frente, parecia que ele só ficava feliz quando arrumava uma briga.

— Olha quem está falando de respeito... – eu retruquei. Eu não aguentava, mesmo apanhando eu sempre acabava retrucando. Cato se aproximou e puxou-me pelo cabelo, ele o puxou para trás com força e acabei soltando um gemido de dor.

— Você estava com um homem, não é? Aproveita o horário do meu trabalho para sair com outros machos, eu nunca confiei em você, sempre soube que é uma vadia! – ele disse. – Eu vou ter que te trancar dentro de casa, assim você não vai ter mais como fazer isso... – ele me soltou e me deu um empurrão, me fazendo bater as costas na parede.

— Você não vai fazer isso, não vai me deixar trancada aqui não, eu vou embora! – eu ameacei com o dedo em riste, em seguida decidi sair da cozinha para fazer minhas malas, eu que não ficaria ali presa como se estivesse numa prisão de luxo não.

Porém antes de eu conseguir sair, Cato me puxou pelo braço, empurrou-me, até eu encostar as costas na parede e me deu um forte tapa no rosto, o tapa ardeu e eu coloquei rapidamente a mão no local onde ele me acertou.

— Você por acaso está pensando que irá fugir com o amante? Não! – ele gritou para mim.

— Eu não vou fugir com amante nenhum, não existe amante isso é coisa de sua cabeça! – eu respondi, aos gritos.

— Você não me engana Katniss... – ele disse, segurando-me pelos braços. – Você não vai ir embora, você não vai se livrar de mim...

Enquanto ele me balançava como se eu fosse uma boneca de pano, eu me debati até conseguir me soltar dele, eu o empurrei e em seguida sai correndo, porém aquele desgraçado foi atrás de mim, entrei as pressas dentro do meu quarto, tentei fechar a porta, mas Cato a segurou e conseguiu abri-la contra a minha vontade, dei alguns passos para trás para manter certa distancia dele, mas ele logo veio na minha direção feito um animal furioso e voltou a me agarrar pelos braços.

— Eu prefiro te matar a você me largar está ouvindo Katniss? Você não vai me deixar, nunca, nunca! – ele dizia daquele jeito possessivo dele.

— ME LARGA, ME LARGA! – eu berrava me debatendo, ele me jogou no chão com força e eu gemi ao sentir as minhas costas baterem no chão frio, ele começou a abrir o cinto de sua calça, depois abriu o zíper e a tirou, eu já sabia o que ele ia fazer e logo fiz uma expressão de nojo.

— Você não vai fazer isso, eu não quero! – eu disse, estava cansada disso tudo, eu estava cansada dele me bater, de ele me tratar como uma vadia e principalmente dele transar comigo a força. Finnick tinha razão, eu não podia mais ficar aceitando isso tudo.

— Você é minha esposa, é eu que mando! – ele disse, puxando-me pelo braço de um jeito nada delicado e me jogando agora na cama como se eu fosse um saco de batatas.

 E ele logo veio subindo em cima de mim, feito aqueles animais famintos, tentei empurrá-lo mais não consegui, ele começou a beijar meu pescoço e dar umas mordidas um tanto forte, eu gemi de dor, ergui um dos meus braços, até alcançar um abajur que ficava em nosso criado mudo, e então não pensei duas vezes, o peguei e o bati na cabeça dele, bati tão forte que Cato caiu por cima de mim, eu o empurrei, me levantei e fui rapidamente em direção á porta, peguei a chave que estava fechadura e fechei a porta rapidamente, durante esse tempo Cato começou a se levantar da cama, ele tentou alcançar a porta, mas eu fui mais rápida e a tranquei. Logo ele começou a dar murros nela.

— ABRE ESSA MALDITA PORTA! ABRE!

Eu sabia que ele seria capaz de arromba-la, eu tinha que ser rápida. Há algumas semanas eu comecei a vigiá-lo e descobri que Cato guardava dinheiro em seu escritório, e levava para a empresa dele somente nas sextas-feiras para guardar no cofre, então, eu não perdi tempo, eu fui até o escritório, segui em direção a escrivaninha, abri a terceira gaveta, peguei um envelope que era onde ele guardava uma alta quantia de dinheiro.

 Em seguida voltei até a cozinha, peguei a chave do carro dele em cima da mesa. Dali, eu conseguia ouvir os gritos dele dizendo que quando saísse dali iria me matar, é se ele quisesse me matar terá que me procurar. Peguei minha bolsa que estava caída no chão da cozinha junto dos meus óculos escuros, e então enfiei o envelope com dinheiro dentro da bolsa. Depois sai rapidamente de dentro da mansão.

Entrei no carro, o liguei e respirei fundo. Realmente Finnick tinha razão, eu tinha que ter feito isso há muito tempo, ele poderia ter me batido todos esses anos, mas me prender dentro da mansão feito uma prisioneira, nunca, nunquinha, never.

— É isso que dá mexer com uma Everdeen, seu idiota... – eu disse para mim mesma. Vai ficar sem o dinheiro, sem mim e sem o carro, coloquei meus óculos escuros, liguei o carro e logo eu fui embora daquele inferno em alta velocidade com a intenção de nunca mais voltar.

Continua...


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