(Ponto de vista)Mark

Depois de 20 minutos de caminhada,chegamos perto do lago e a neve continua a cair devagar,mas sem parar,e posso ouvir o vento assobiar ao longe. Nada para se preocupar.

—Aqui é lindo.-Minha cunhada comenta atrás de mim. 

—Quase tão lindo quanto a minha namorada.-Respondo com um grande sorriso.

—Tem animais selvagens nessa montanha?-Ouço a voz do sem ossos no fundo do grupo.

—Claro que tem. Nossos vizinhos moram na floresta depois do lago e nas cavernas nas partes superiores da montanha.-Respondo tranquilo.

—Não se preocupe,eu protejo você.-Giulia tranquilizou o mascote.

Eu,Cass,Twilla e Ash rimos depois dessa afirmação mas não diminuímos o ritmo.

(Ponto de vista)Ashley

Enquanto seguíamos a trilha e nos aproximávamos do lago ao fundo cada vez mais,eu e Twilla olhamos para trás a cada 10 minutos para ver se Giulia e Lucca continuam atrás de nós. Apesar do dia claro,seria um problema perder os dois.

—Você conhece bem a área,Mark?-Perguntei antecipadamente antes que poderíamos perder alguém.

—Muito bem.-Responde o ruivo,e isso alivia um pouco a tensão da minha namorada que pára de tentar esmagar a minha mão.

(Ponto de vista)Lucca

O frio e o vento parecem atravessar as minhas duas camadas de roupa,respiro devagar  vendo claramente minha respiração a cada passo. O frio amortece a dor no corpo,mas mesmo se eu estivesse totalmente descansado isso seria difícil. Minhas pernas ainda estão pesadas e já tropecei e comi neve duas vezes.

Giulia não está mais que dois passos a minha frente e está atravessando a neve e o vento gelado com a sua confiança ardente. E não nego que a visão da sua bunda parece ser o que me puxa para frente nessa trilha.  

Mais vinte minutos de caminhada e a trilha se abre para uma planície coberta de neve com um lago no centro. Parece uma cena de Frozen. Paro e seguro meus joelhos que tremem e exigem repouso.

—Vem Lucca,vamos brincar na neve.-Giulia chama me estendendo a mão.

—Vou ser um  alvo fácil. Minhas pernas doem e não sinto meu rosto.-Digo pegando a mão dela e me erguendo devagar.

Giulia me leva pela mão para perto dos outros. Mark parece ser saudado pela neve e vento. Cassey,Twilla e Ashley já começaram a moldar a neve em bolas e empilhas na frente de cada casal.

 Fiquei apenas observando,até elas terminarem. Giulia me puxou para trás de uma das "montanhas" de bolas de neve(Supostamente tinham minha altura) e começaram a jogar as bolas de neve um no outro. Fiquei desesperado e não conseguia discernir os sentidos,enquanto Giulia ria e jogava bolas de neve nos dois times adversários.

Eu saí de fininho e fui me esconder atrás das árvores. O problema é que todo mundo começou a correr um atrás do outro,então se espalharam e saíram da minha vista.

—Pessoal...?-Gritei duvidoso.

Comecei a procurar todo mundo,mas percebi que estava completamente perdido.

Droga,cadê a Giulia pra me proteger dos animais selvagens?

Fiquei andando por algumas horas. Começou a escurecer e minhas pernas foram ficando cada vez mais lentas.

Quando me cansei completamente,me sentei em uma pedra e olhei tudo em volta,talvez alguém dê um sinal de vida,mas me parece que eu estou perdido.

Era só oque me faltava.

(Ponto de vista)Giulia

Considerando que as duas únicas pessoas que ainda estão de pé somos eu e a Cassey,o jogo ainda não acabou. Assim como eu,ela desvia das bolas de neve e se esconde muito bem. Mark,Ashley,Twilla e Lucca já devem estar no chalé

—Tempo!-Cassey falou fazendo um sinal com a mão.

—O que foi?-Perguntei me aproximando da morena.

—O Mark perguntou se o Lucca está conosco.

—Ele não está com eles?

—Parece que não.-Ela disse dando uma discada ou outra no celular. Logo em seguida,fez um sinal para mim me aproximar.-Giulia,vamos ter que procurar o Lucca tradicional e sem ossos. Não vou ser hipócrita,não gosto muito de você,mas eu só estou fazendo isso porque é o amigo do meu namorado.

—Okay,também não sou lá sua fã,só esclarecendo. Vamos? Estou preocupada.

—Tá,vamos.-Cassey falou pouco antes de começar a caminhada.-Aliás,caso pergunte,não,eu não vou te matar e te jogar no meio do mato. Até porque eu teria que dar uma explicação para alguém depois.

—Mas como sabe o caminho? Está improvisando?

—Não. Tenho uma coisinha chamada GPS e o Mark está me ajudando.

—Bem que eu queria te matar e jogar no meio do mato pra um urso pardo comer. Não seria má ideia,você é irritante.

—Igualmente. Prazer,Cassey e não vou com sua cara.

—Giulia e te acho irritante,de nada pelo elogio.

Essa seria uma longa,longa viagem.

(Ponto de vista)Cassey

Começamos a procurar  perto do lago,Mark disse para procurar fissuras pequenas no gelo. Não achamos nada,o lago parece um espelho gigante. Agora vamos conferir a entrada do caminho que sobe a montanha. Segundo meu namorado,esses eram os dois pontos mais perigosos e se não acharmos pegadas do Lucca neles a chance de encontrarmos o baixinho eram altas.

—As chances dele subiram,não está aqui e nem caiu no lago.-Afirmei olhando ao redor,a neve tinha começado a cair outra vez.

—Eu tinha que ficar de olho nele,temos que achar o Lucca antes que a neve cubra as pegadas dele.-A garota problema falou ao meu lado.

—Bem,se você tivesse deixado o sem ossos no chalé ele não estaria perdido agora.-Comentei contornando o lago enquanto procuramos pegadas indo para a floresta atrás do lago.

—O cabeça de fósforo podia ter levado o Lucca,mas o pequeno é teimoso.

—Nem imagino com quem ele aprendeu isso.

—Lucca está se esforçando,e por você chamou ele de sem ossos?

—Tem o Ivar,o sem ossos e Luca,o sem ossos. 

O vento uiva e aumenta a nossa volta quando chegamos perto da entrada da floresta mas outra vez sem pegadas ou marcas de presença. Aviso o Mark e ele sugere um último lugar para procurar antes de voltarmos. Afinal,assim que a noite chegar nosso vizinhos podem aparecer por aqui.

—Mais um lugar para procurar e nós voltamos.-Aviso enquanto voltamos ao ponto onde brincamos de bola de neve mais cedo.

—Como assim voltamos? Só vou voltar com o Lucca.-Retruca exasperada.

—Então torça para seu mascote ter encontrado esse último lugar ou voltamos amanhã com o Mark e o casal amorzinho para continuar a busca.

—Lucca é meu namorado,não meu mascote.-Replica,dando para ver o vapor da respiração saindo pelo nariz.

—Continue repetindo até você acreditar. O sem ossos é perdidamente apaixonado por você,mas até a minha irmã de porcelana acha que você não é muito receptiva com dele. É algo conveniente ter alguém para alimentar o seu ego enorme.-Respondo já vendo ao fundo a cabana de caça que o Mark falou.

—Eu fui muito receptiva ontem a noite.-Tenta desconversar  apertando o passo.

—Estou falando de sentimentos e essas coisas. O meu namorado me apoia e valoriza,independente de como eu esteja,pareça ou cheire,vestida ou não.-Afirmo orgulhosa.

—E o que você faz além de balançar esse peitos enormes na cara dele? Porque deve ser algo realmente doentio para ele passar reto por todas as outras garotas da universidade como se elas fossem invisíveis.-Revidou grunhindo.

—O nome disso é amor,problemática. Mark me ama e eu amo ele,somos incríveis juntos. Talvez porque eu seja linda,inteligente,habilidosa,tenho um corpo incrível e sei usar ele de forma incrível também. Mas acho que é por que eu nunca menti para ele ou o abandonei para fugir com o circo.  

Já estávamos nos aproximando da cabana de caça quando a doida respondeu.

—Estamos sozinhas,então acho que posso ser honesta aqui. Eu não nego a minha culpa,sou difícil,complicada,explosiva e raramente me desculpo por qualquer coisa. Mas Lucca é a minha segunda chance,e se eu tiver que brigar com lobos e ursos para reaver ele então é o que eu vou fazer.   

Isso foi menos um grito raivoso e mais uma afirmação.   

—Palavras são vento,o que você está preparada para fazer se conseguir sair dessa montanha com o Lucca?-Pergunto antes de continuarmos,a cabana de caça está a menos de 50 metros a frente.

E para minha surpresa,a minha inimiga se cala,uma expressão pensativa  assume o seu rosto franzido enquanto caminha ao meu lado até a porta da cabana de caça. Mesmo se acharmos o Lucca lá dentro,ainda temos que levar ele de volta para o chalé,oque vai ser difícil se não voltarmos assim que aquela porta abrir.