A Destruição de um Anjo escrita por SadKiing


Capítulo 3
Nascimento


Notas iniciais do capítulo

Hey Guys! Demorou mas chegou. Quero agradecer a todos que comentaram e favoritaram a história. Sinto-me muito grato.
Boa Leitura!



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17 anos antes

Os gritos arrastados da mulher faziam-se ecoar por entre as paredes rachadas pelo tempo. O pequeno cômodo continha apenas uma velha cama de casal e um criado-mudo, mais afastado ao canto. A cama parecia diminuir à medida que a mulher se contorcia e esforçava-se para expelir a criança. Impaciente, o homem dava incansáveis voltas do lado de fora do quarto sem saber como proceder diante da situação.

Os minutos estendiam-se arrastadamente, o incessável tic-tac do relógio retinia a cada momento computando as pequenas pausas entre um segundo e outro. Encurtadas batidas ouviu-se vindas da entrada, o homem apreensivo dirigiu-se a porta, abrindo-a imediatamente. Como que de surpresa e sem pedir licença uma velha irrompe a passagem e caminha até o quarto sem dizer uma palavra sequer. Parou por um instante e após ‘examinar a cena que se deparou, gritou por fim:

— Sr. Clark! –falava, enquanto posicionava-se – Preciso de água e panos limpos.

O homem entrou aos tropeços e ainda desnorteado ao ver a esposa naquele estado, saiu apressado em busca do que lhe fora pedido. Voltou em seguida, colocando a vasilha que continha a água no chão e entregando os tecidos a velha, depois afastou-se aos poucos.

Sorrateiramente a encanecida pôs um lenço úmido sobre a testa da mulher que padecia, absorvendo instantaneamente as gotículas de suor causadas pelo enorme esforço.

— Força querida! Vamos, está quase lá – incentivava – Isso, isso. Continue! Está vindo, está vindo.

Falava a velha em motivação. Mas tudo não passava de uma mera mentira para que a mulher continuasse. Já exausta, fez um último esforço, soltando um grito forçado por entre os dentes, mas não foi o suficiente para garantir que a criança saísse.

A parteira olhou de relance para o homem e balançou a cabeça em negativa.

O homem aproximou-se relutante da esposa que jazia desfalecida, sentou-se à beira da cama e pós a cabeça da mulher sobre o seu colo. Começou a acariciar de leve seu cabelo, passando os dedos por entre os fios negros e emaranhados.

— Eu estou aqui. Estou com você – disse, com a voz falhando – estamos quase lá, eu só preciso que você tente mais uma vez, você consegue!

— Nós dois sabemos que eu já não aguento mais – retrucou a mulher por entre respirações pesadas – eu... eu sinto muito.

Nessa hora uma lágrima escorreu pelo rosto marcado de dor, até cair sobre as mãos entrelaçadas dos dois.

— Você sabe o que fazer – disse a mulher pesarosa – faça-o em minha memória, faça-o por você Rodin e dê a criança uma chance de conseguir vencer na vida.

— Não, você não pode...

— Shhh. Apenas faça-o – disse em um último sussurro – eu te amo.

Rodin sentiu um ar gélido percorrer o quarto, e então notou quando o leve afrouxar de mãos aconteceu. Lágrimas tomaram conta de si à medida que ele abraçava o corpo já sem vida de sua amada. Mas não havia tempo para lamentar, pelo menos não agora. Entendia perfeitamente o que a esposa quisera dizer com ‘faça-o; sabia mais que qualquer outro que era necessário fazer tal ato.

Levantou-se quase que automaticamente e foi até o alcova dos fundos; abriu vagarosamente um pequeno baú que jazia sobre uma pilha de madeira desgastada, pegou uma adaga, herdada de geração em geração, e seguiu de volta para dentro. Era fina e de dois gumes, o metal parecia um espelho reluzente com algumas palavras em idioma desconhecido; o cabo se adaptava bem a mão e continha alguns símbolos aleatórios.

Um turbilhão de anseios pairava sobre o homem e em seu pensamento existia apenas a voz repetida e sussurrante da ‘acamada: faça-o, faça-o, faça-o.

A velha, assustada ao perceber o que aconteceria, afastou-se receosa e permaneceu atônita no canto da parede.

Rodin aproximou-se do corpo, respirou fundo e só então começou o trabalho. Puxou a longa camisola até a altura dos seios da mulher, o que facilitaria a tarefa, e expôs a barriga rechonchuda e cheia de ronchas que variavam.

Em seguida, um pouco mais abaixo do umbigo fez um grande corte horizontal, profundo o bastante para que colocasse os dedos por entre a carne, tendo o maior cuidado para que não prejudicasse o bebê. A parteira ainda pasma apenas assistia a cena espantada, mas logo foi chamada em ajuda.

Rodin enfiou a mão no corte e então o puxou para cima, fazendo uma abertura maior entre a carne. Pediu para que a velha segurasse a parte superior, enquanto ele completava a incisão. Daquele ponto já se via uma pequena parte da criança; enfiou as mãos mais a fundo e sentiu quando tocou no que parecia ser a cabeça dela, encaixou-a com cuidado e ‘desceu uma das mãos mais a fundo localizando o bumbum. Passo a passo começou a retirar a criança lentamente.

Pouco depois o primeiro choro ecoou pela casa e uma sensação de alegria parecia ter voltado ao ambiente. Enrolou o menino em um lençol, e admirou quase que idolatrando o pequeno ser diante de si; seu rosto lembrava o da mãe: nariz pouco achatado, olhos grandes e negros como duas joias cintilantes; a boca lembrava a do pai, incrivelmente pequena, na cabeça apenas alguns fios de cabelo uniam-se encaracolados ao sangue que ainda restava. Porém, o que lhe era mais estranho e curioso, eram as duas pequeninas cicatrizes em suas costas, e o mais peculiar ainda eram as penas negras em volta.

— Meu filho – falou, erguendo o menino ao alto – se chamarás Arion. Arion Clark, filho de Rodin Clark e Monalliza Clark. Sua jornada apenas começou.


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Notas finais do capítulo

Eai? O que acharam dessa parto "BIZARRO" rsrs. Espero que tenham gostado!
Comentem e deem suas opiniões ♥
Até o próximo capítulo.
Abraço!



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