Pepper chegou à Torre Stark por volta das 18:30h, tomou o elevador chegando até um andar e depois o outro elevador que só tinha acesso com senha ou autorização de Tony. Ela digitou a senha fazendo com que as porta abrissem. Entrou, apertou o botão para subir e em alguns segundos estava entrando pela sala do apartamento de Tony, onde ele insistia em dizer que era deles. Colocou sua pasta sobre o sofá e sentou para tirar os sapatos, deu um gemido de alívio ao fazer isso.

—Estavam me matando. –disse colocando os dois pés sobre a mesinha de centro. Ainda não tinha avistado Tony, provavelmente estaria na sua oficina. Levantou-se e foi até a cozinha e pegou um copo de água.

Caminhou para a suíte e aproveitou que ele não estava e foi banhar-se. Pepper chamava Tony de bagunceiro por espalhar suas coisas pela casa, mas quando ela entrava no seu quarto, ela fazia a mesma coisa. Eram tão parecidos e ao mesmo tempo diferentes, talvez por isso a relação dos dois só crescia com o tempo. Tony sempre dizia que ela era a consciência dele, o juízo, que Deus ou sei lá que ser supremo a colocou para fazê-lo entender o que era isso. E ela dizia que talvez o capeta o tivesse mandado para ela entender o que era ser inconsequente. Ao entrar no banheiro tinha um bilhete no vidro. Pepper riu ao terminar de ler.

“Eu sei que você está aprontando algo e tudo me indica que tem a ver com certo garoto aranha. Estou na oficina. Reserva às 19:30h, seja rápida no seu banho, porque se você demorar muito eu terei que ir até aí para chamá-la e fatalmente não iremos a jantar nenhum se eu a ver nua, já é difícil me controlar perto de você com roupa. Beijo. Seu Tony.”

Ela tomou seu banho, rápido como ele disse, pois estava com o horário curto. Vestiu-se, maquiou-se, passou o perfume que ele gostava, enquanto ajeitava o cabelo, lembrou-se do que Peter tinha falado “Vocês mulheres sabem mexer com qualquer homem.”, ela se olhou no espelho e riu.

—Um garoto de 15 anos já sabe como uma mulher age. –disse para si. –Deixa o Tony saber que ele disse isso pra mim. –riu do seu próprio comentário.

Tony tomava um copo de uísque sentado no sofá enquanto ela não chegava. Estava se segurando ao máximo para não ir até a suíte, pois sabia que se ele a visse sem roupa, não iriam sair, com certeza. Escutou os saltos dela se aproximando e suspirou de alívio.

—Demorei? –ela disse com os braços abertos. –Eu acho que me vesti em tempo recorde. –Tony olhava para ela. Ele levantou-se colocando o copo sobre a mesinha de centro e pegou as mãos dela, a olhou por inteiro e no final a fez dar um giro completo. Pepper riu.

—Você está linda! –apertou as mãos na cintura dela, passando o nariz no seu pescoço. –Humm...adoro esse perfume! –beijou o pescoço dela.

—Tony... –ela disse com a respiração já alterada.

—Hum... –ele passava o nariz pelo seu colo.

—Horário lembra? Vamos, estou faminta. –ele a olhou nos olhos, colocou sua mão na nuca dela e a beijou apaixonadamente. Pepper arfou. Tony sorriu pegando as mãos dela e indo para o elevador.

No caminho do restaurante, ambos estavam quietos, apenas trocavam olhares, até ele falar:

—Você falou com ele né? –ela virou-se pra janela praguejando mentalmente, pois não iria conseguir mentir pra ele de novo. -Virgínia? Responde. Ah... Não precisa, eu te conheço há mais de 10 anos e eu sei que sim. –ela o olhou com um sorriso de menina arteira. –Viu?! –Tony riu. -Então, o que você achou dele? –Pepper deu um profundo suspiro.

—Eu te odeio por me conhecer tão bem. –Tony sorriu olhando para o trânsito. –É um bom garoto. Tem um grande potencial em ser um herói.

—Você acha? –ele virou-se ansioso pra ela.

—Acho, se você ajudar. Você tem que conversar com ele Tony. Tem que aconselhar. Eu estava certíssima em tudo que eu disse. –Tony fechou a cara. –Mas fique sossegado, eu sei que você não está pronto pra falar com ele ainda, enquanto isso eu faço o meio de campo.

—Você vai falar com ele de novo? –disse com uma pitada de ciúmes e ao mesmo tempo feliz por ela se meter entre os dois. Pepper sempre conseguiu equilibrar as coisas de Tony, mesmo nos momentos difíceis. Ele sempre dizia a ela que não sabia de onde vinha essa força que ela tinha, mas agradecia por ela usá-la para ajudá-lo sempre.

—Se ele precisar. Deixei nas mãos dele. Você sabia que ele está apaixonado? –Tony deu um sorriso maroto.

—Sério? O garoto é dos meus! –Tony deu um largo sorriso malicioso, Pepper revirou os olhos.

—Eu espero que ele não seja dos seus, Senhor Stark. Já vai querer estragar o menino? –Tony riu pra ela. –O que está rindo?

—Você! Fala como se o garoto fosse nosso filho. –Pepper assustava quando ele tocava nesse assunto, sempre tão sério. –Já pensou na minha proposta?

—Já e a resposta é não. –Tony olhou feio pra ela. -Antes que você pergunte o porquê, respondo, se eu já me preocupo com um garoto que não é nada meu, imagine com um filho...seu...nosso...e eu conhecendo você como conheço, eu vou pirar. Você vai dar um carro veloz pro garoto aos 16 anos. Talvez faça um traje aos 18. Nem quero imaginar sobre mulheres. –Tony ria demais dela. –Você não vai transformar meu filho num garanhão. Apesar de que seria ótimo, pois você iria perder o seu posto de macho alfa da casa. –Tony parou de rir e ficou sério, franzindo o cenho pra ela. –Ahhh, peguei no seu ponto fraco!

Tony estacionou o carro para ela descer e deu a chave para o manobrista do restaurante.

—Boa noite Senhor Stark. –Tony entregou uma gorda gorjeta para o manobrista que sorriu.

—Cuide bem do meu bebê. –E olhou para Pepper que mostrou o dedo do meio pra ele. Tony riu.

Entraram no restaurante, a hostess os encaminhou à mesa reservada, tinha uma vista belíssima de Nova York. Tony pediu um vinho enquanto escolhiam o que iam comer. Pepper tentava conversar sobre outros assuntos, mas ele sempre voltava nos mesmos: Peter Parker e a ideia de ter um filho.

—Ah...Tony, vou por um ponto final nesse assunto de filho. E se for uma menina? –Tony engasgou com a comida e bebeu um gole de água. Pepper o olhava ironicamente.

—Quê? Menina? –ele realmente ficou nervoso com o que ela disse.

—É...não vai me dizer que você não pensou nisso? Já pensou sua menina solta por aí, com vários “Tonys Starks” à caça? –Tony pigarreou, se ajeitou na cadeira, batia o garfo repetidamente no prato e ela se divertia.

—OK. Morreu o assunto de filhos... –Pepper sorriu vitoriosa para ele. –Por enquanto... Até eu me acostumar com a ideia de podermos ter uma filha. Mas você me deixa feliz em saber que praticamente aceitou a minha proposta. –ele pegou na mão dela e deu um beijo.

—Há tempo para tudo, Senhor Stark, mas agora eu quero falar sobre como você deve agir com Peter. Tony, você tem que elogiar o garoto! Ele precisa saber que você está orgulhoso dele. O que ele fez lá em Washington só prova o quanto ele está se esforçando para você. –Tony olhava pra ela um tanto assustado, como ela sabia lidar tão bem com um adolescente. Pensou e como Tony Stark não media as palavras soltou.

—Você já teve um filho Pepper? –ela abriu a boca pra ele incrédula.

—Anthony Stark!!? –disse num tom alterado fazendo com que as pessoas da mesa do lado olhassem para a mesa deles, Tony achou engraçado.

—Calma... Antes que você jogue seu prato em mim, vou explicar. Você fala como se soubesse lidar com um adolescente, ou isso é instinto materno ou me explica. –Pepper entendeu aonde ele queria chegar e falou voltando ao seu tom normal.

—Voltamos aos filhos de novo... –Tony ria. -Não tive filho com ninguém...mas tive um... –ela pensou em não dizer, mas como não gostava de esconder as coisas dele acabou contando. –Um vizinho, eu não trabalhava pra você ainda, os pais dele viviam brigando, e ele se refugiava na minha casa, na época eu tinha uns 22 anos, dividia meu apartamento com outra garota, o apartamento não tinha uma boa acústica, então ouvíamos as brigas perfeitamente e Bryan corria para nós sempre que a coisa ficava feia. Eu praticamente o adotei como um irmão.

—Vocês ainda se falam? –Tony riu da cara dela. –Não estou com ciúmes querida, é que você nunca me falou dele, apenas curiosidade.

—Até parece, você morre de ciúmes até da minha sombra, enfim, sim nos falamos. De vez em quando ele me liga, pedindo conselhos, mas pode ficar tranquilo, ele se casou, tem um filho lindo, o Miguel. Quando ele soube que eu estava namorando você, ele surtou. Gritava mais que uma criança “Você está com o Homem de Ferro”. –Tony a observava e agora ele entendia como ela conseguia entender o Peter. Ele a olhava intensamente, a deixando sem graça. –Que foi? Para de me olhar assim...

—Impossível...Vai ser sempre assim? –Pepper entortou a cabeça não entendendo a pergunta.

—O quê Tony?

—Você me surpreendendo? –Pepper sorriu, pois ele tinha usado a mesma fala que ela disse de manhã para ele.

(...)

—May? Cheguei.

—Oi! –ela gritou da cozinha. -A janta está quase pronta, Pete. Vá se banhar.

Eram por volta das 18h quando ele entrou pela porta, depois de cumprimentar sua tia, foi para o seu quarto e a obedeceu indo tomar seu banho. Banhos são ótimos para se pensar e foi o que ele fez. Pensou no que Pepper tinha dito, sobre não contar a sua tia, embora ele não gostasse de mentir para ela; pensou no que ela disse sobre Tony Stark não conseguir falar com ele; pensou em como ela foi legal com ele. Peter nunca teve uma abertura tão grande com um adulto assim e ele gostou disso. Saiu do banho e entrou no quarto para se trocar. Pegou o cartão que Pepper tinha dado e anotou no celular.

—Cara, eu tenho o celular da Sra. Potts. Namorada do Tony Stark. –Peter disse em voz alta com um sorriso bobo no rosto. –Ned precisa saber disso. –ele mandou duas mensagens antes de ouvir sua tia gritar para ele ir jantar.

Peter para Ned: Cara...você não sabe o que aconteceu hoje! Adivinha com quem eu conversei a tarde toda? É uma mulher que a gente acha linda. E ela é mesmo. A Virgínia Potts!

Peter para Pepper: Oi Sra. Potts. Obrigada por me ouvir hoje. Foi boa nossa conversa. Abraço pro Senhor Stark.

Ele saiu do quarto e sentou-se com sua tia para jantar.

—E aí, como está a escola? –Peter engoliu seco, pois não tinha contado que estava de detenção. Como não sabia se o Diretor tinha ligado para ela, jogou um verde.

—Está tudo bem, na mesma. As provas começam na próxima semana. E você no seu trabalho?

—Chato. –Peter riu. –Mas ainda bem que tenho um. O Senhor Stark não o chamou mais para nenhum estágio na empresa?

—Não. –disse triste. Tony tinha inventando a história de um estágio para poder levá-lo para Berlim, Peter ficou praticamente duas semanas com ele. May percebeu a decepção dele e perguntou:

—Calma Peter. Quem sabe da próxima vez não é? Não desista. –Peter fez sim com a cabeça.

—Eu não vou desistir, vou provar que eu sou muito bom no que faço. –May sorriu para ele dando um soco na mesa.

—É assim que se fala.

Ajudou a tia com a louça e foi para o quarto. Pegou o celular e tinha várias mensagens de Ned para ele e uma de Pepper. Ele olhou de novo para o celular, não acreditava que ela fosse responder. Ela não estava mentindo quando disse que quando ele precisasse, era só ligar.

De Pepper para Peter: Não precisa agradecer Peter. Eu estou aqui para ajudar, como eu disse, quando você precisar. E não se preocupe com o Senhor Stark, eu cuido dessa parte. Boa Noite!

Começou a responder as mensagens do Ned, havia mais de cinquenta. Depois de responder as mensagens ele deitou na cama e pensou em um jeito de conseguir provar para Tony Stark que ele era um herói. Abriu a porta do quarto, procurou pela sua tia, viu que ela dormia no sofá. Voltou para o seu quarto e colocou a máscara do traje.

—Boa Noite Peter!

—Oi Karen! Tudo bem? Preciso de um favor, o cara que eu perguntei as coisas outro dia, me disse dois lugares que os bandidos estariam, um nós fomos e outro, você lembra?

—Vou procurar nos meus dados Peter. –depois de uns 5 minutos ela retornou. –Pesquisa concluída, você quer ver o vídeo ou a localização do local?

—A localização. –na tela apareceu a costa marítima de Nova York e uma balsa.

—Aí está o local onde será o encontro dos bandidos. Será daqui a uma semana, na terça-feira.

—Ótimo. Já sabemos o que vamos fazer daqui uma semana. Obrigado Karen. –ele tirou o capuz, escondeu, pegou o celular de novo, mais 50 mensagens de Ned. –Cara... –Peter resolveu ligar para ele.

(...)

—Você consegue fazer as armas com o que temos?

—Vou tentar, mas sem aquele carregamento vai ficar apertado.

O homem passou a mão no rosto e disse:

—Nem Tony Stark, nem aqueles trouxas dos Vingadores, nem o FBI, desconfiaram do nosso esquema. Agora aparece esse palhaço fantasiado de Homem-Aranha pra querer nos atrapalhar. –dizia com ódio na voz. –Eu não vou deixar.

—Chefe, queria falar comigo?

—Por que raios você estava testando as armas ao ar livre? O que eu disse sobre isso? NÃO É PRA FAZER, PORRA! –o homem disse dando um murro na mesa.

—Quer saber, eu estou fora! Tô de saco cheio de você e seus métodos. Quero a minha grana. –o homem soltou um sorriso irônico para ele.

—Tá bem! –virou-se de lado e pegou uma das armas que estavam na mesa apontando para o cara, o fazendo desintegrar. –Aí está o que você merece.

—Chefe? Como fazemos? –o outro disse pra ele nem se importando com o que havia acontecido.

—Relaxa...faça o que der com o que temos. Eu vou dar um jeito. –disse batendo no ombro com companheiro e saindo do lugar.

(...)

A semana foi passando, Peter e Pepper se encontram algumas vezes durante a semana. Ele a escutava bastante. Mas na sexta-feira, no último encontro deles, ela ficou desconfiada de algo que ele ira fazer. Pepper era esperta demais, e percebeu numa frase dele, algo com ele fosse fazer de importante na semana que iria começar. Ele ainda queria provar para Tony o quanto era bom.

—Tony, ele vai fazer algo perigoso. –disse sentada no sofá com ele. Assistiam a um filme.

—Por que você acha isso? Pelo que ele disse?

—Sexto sentido feminino. –disse e riu. Tony a olhou e suspirou.

—OK, quando você tem esses sextos sentidos, me dá calafrios. O que ele disse mesmo? –ela começou a falar e pensar.

—Olha, tinha algo com um barco. Não sei...

—Tá, façamos assim, vou colocar Friday ficar de olho nele. Tá bem? Vai te sossegar? –ela fez sim com a cabeça.

—Ótimo, podemos agora curtir o filme. –disse beijando o pescoço dela.

—Curtir? Sei bem o que... –Tony a calou com um beijo caloroso.