Dois meses se passaram. Pepper e Tony tinham se acertado finalmente e agora a coisa parecia ter engrenado. Ele estava realmente disposto a não abrir mais mão de tê-la em sua vida. Ela entrava pela porta do apartamento em Nova York, quando ouviu a voz de Tony.

—Mas que moleque persistente...

—O que tem o Peter? –ela questionou e Tony fechou os olhos pensando “droga, não era pra ela ouvir”. Pepper realmente se preocupava com o menino, tanto, que às vezes Tony exalava ciúmes dele. “Você nem o conhece pessoalmente e como assim a Senhora gosta dele?”, Tony sempre dizia.

—Nada...só continua mandando as mensagens para Happy. Ele é o único que está interessado em fazer parte dos Vingadores. –Tony entortou a boca pra ela, Pepper riu dele sentando no sofá e arrancando os sapatos.

—Por que você foge dele Tony? Ele só quer conversar...não passou isso pela sua cabeça dura e a do Happy? Ele te idolatra Tony. Como um mentor, você está me saindo muito negligente com o Pete. –ele sentou ao lado dela, fez uma cara de bravo.

—Pete? Que intimidade é essa? Pra você ele é Senhor Parker. –Pepper ria da atitude dele.

—Ciúmes Tony? Do Peter? Sério? –ela virou-se para ele, ficando bem próxima da boca. –Eu não tenho interesse num garoto de quinze anos, prefiro o homem de quarenta que está aqui na minha frente. –beijou-lhe com carinho. Tony sorriu no lábio dela e a beijou lascivamente. Pepper se afastou ofegante. -Você não devia estar no avião? –disse já sendo puxada para o colo de Tony.

—O voo foi atrasado, um problema mecânico. –disse passeando as mãos pelas coxas dela e beijando seu pescoço. –Por que você não vem comigo para Índia? –disse ainda a provocando com seus beijos.

—Porque eu tenho que receber alguns diretores de umas empresas aqui. Foi o que combinamos.

—É, foi mesmo...será que temos um tempo ainda? Friday? Que horas são?

—São 12:35h Senhor, seu voo sairá à 13:45h.

—Hum... será que chego no aeroporto em trinta minutos? –disse perguntando pra Pepper com olhar de safado. A AI responde a ele:

—Creio que não Senhor, pois há um tráfego intenso no percurso.

Tony vira os olhos e Pepper ri.

—Foi você quem perguntou, ela só fez o seu trabalho. Ainda não entendi o porquê você a fez mulher. –ela disse saindo do colo de Tony indo em direção à cozinha. Ele levantou e foi atrás dela.

—É que eu estava com saudade de certa ruiva, que conseguiu me desestruturar. –Pepper voltava com um suco nas mãos, rindo.

—Quer suco? –ele fez não com a cabeça, olhou no seu relógio, olhou para ela e suspirou.

—Uma semana longe de você... -disse se aproximando dela, pegando-a pela cintura, colando os seus corpos, apenas com a sua aproximação ele já sentia o coração dela bater mais rápido. Sorriu ao sentir isso e a beijou. –Tenho que ir. Até segunda, te ligo hora que chegar lá. –Tony a beijou de novo. –Ahh...-afastou-se dela a fazendo rir.

Antes dele sair, ela gritou:

—Senhor Stark converse com o garoto! Ouça-me apenas uma vez. Eu lhe amo!

Tony não evitava falar com Peter porque não gostava dele. Ele tinha receio. Receio em não ser um bom mentor ou amigo. Ele se considerava inapto a dar conselhos, que moral ele tinha para isso? Sempre fora um crápula em suas atitudes, sempre fez besteira na sua vida e se não fosse por ter conhecido Pepper ou ter sido sequestrado no Afeganistão, com certeza estaria fazendo suas cagadas até hoje.

(...)

Ele olha para o relógio na parede do colégio, bate os pés no chão nervosamente. Olha para a professora em seguida para a janela. Novamente olha no relógio. “Anda porra, toca logo...” ele pensa. Não demora muito acontece o que ele desejava. Peter sai que nem um foguete da escola. Quase chegando ao bairro da sua casa, ele entra num beco. Veste o traje do Homem-Aranha, pendura sua mochila num lugar onde ninguém irá alcançá-la, pois já era a quarta que ele pedia para sua tia. Em questão de segundos está no alto dos prédios observando tudo e todos.

Peter Parker era um adolescente, picado por uma aranha geneticamente modificada, que morreu ao fazer esse ato em Peter. Por medo, ele não havia contado a ninguém, nem a sua tia, não tinha ideia de que isso iria lhe dar superpoderes. Estava descobrindo esses poderes. Já sabia da sua extrema força, visão aguçada, equilíbrio aumentado e teias... Sim, teias! Ele soltava teia como uma aranha, e eram mais fortes do que muitas ligas conhecidas.

Como Senhor Stark havia “ordenado”, ele cobria a área evitando furtos, assaltos, atropelamentos, gatos em árvores, idosos querendo atravessar, e fazia isso muito bem. Não sabia se Tony Stark estava observando, provavelmente estava e ele queria provar que era um Vingador. Que era como o Homem de Ferro, um herói.

Sentado numa torre alta e comendo um churros ele pega o celular e manda mensagem para o Happy, o único contato possível entre ele e o Senhor Stark e talvez os Vingadores.

Peter Parker: Happy e aí? Beleza cara? Nenhuma missão ainda? Diga ao Senhor Stark que estou à disposição. Hoje ajudei uma Senhora a achar um lugar e ela me comprou um churros que estou comendo agora, está muito bom...ah salvei um cachorro hoje, quase foi atropelado...o difícil foi retirar a teia dos pelos dele...Valeu Happy!

Ele sempre olhava esperançoso que Happy o respondesse, mas isso nunca aconteceu. Já passava das 19h, e ele viu um movimento estranho num banco. Estava sendo assaltado.

—Que maravilha! Uma coisa mais agitada hoje. –disse para ele mesmo.

Ele entrou no banco, os homens estavam tão entretidos que nem perceberam a sua entrada. Ele pigarreou e os bandidos pararam o que estavam fazendo olhando para a direção do som.

—Ei...vocês não são os Vingadores, eu os conheço. –ao dizer isso um dos homens atira com uma arma estranha na direção dele, Peter desvia e começa uma batalha com os ladrões.

Mas para quem tem a inocência nas veias, não consegue prever o que poderia acontecer. Um dos bandidos atira tão forte com essa arma estranha que o raio acaba atingindo além das paredes do banco, indo em direção ao mercado da esquina.

—Senhor Omar!! –Peter diz desesperado, pois conhecia o dono do lugar e sabia que ele fechava às 20h.

Ele sai correndo, largando os ladrões que fogem com alguns dinheiros e com as armas. Peter consegue retirar o homem e seu gato de estimação.

—Tudo bem Senhor Omar? –O homem meio assustado pelo ocorrido acena com a cabeça. Ambos olham para o mercado que pega fogo.

(...)

Pepper que assistia ao noticiário vê o desempenho de Peter na TV, ao mesmo tempo fica aflita, mas feliz por saber que o menino tem um bom coração, pois ele largou os ladrões para salvar uma vida, duas na verdade, havia o gato.

—Só me falta... Agora eu me preocupo com dois loucos... Eu vou pirar... –disse pegando seu celular e ligando para Tony.

—Namastê minha querida! –Tony atende fazendo o gesto indiano pra ela já percebendo a cara de brava dela. –O que eu fiz? Ou não fiz? –ele pergunta ironicamente.

—Tony, você viu o noticiário? –“claro que ele não viu, ele nunca via”, ela pensou.

—Não, o que houve? –ele respondeu sério.

—Peter enfrentou uns bandidos e salvou um homem. Disseram algo sobre um armamento tão poderoso que arrancou a parte da frente dos caixas eletrônicos e cortou a parede do banco como uma lâmina num queijo. Acham que são armas de militares. –Tony ficou sério para ela.

—Será que são minhas Pepper? –disse preocupado. Ele ainda procurava por armas dele espalhadas pelo Mundo.

—Não sei Tony. O FBI está investigando. Mas Tony, Peter poderia ter se machucado feio, por favor, fale com ele. Se você não conversar com ele eu vou! Namastê pra você. –dizendo isso ela desligou a chamada de vídeo.

—Vou falar o quê pra um garoto de quinze anos?? Eles nunca escutam... Eu não escutava. –Tony acessou seu celular e viu onde estava a localização de Peter. Estava na escola. –Friday, mostra pra mim o que houve no Queens ontem, o atentado ao banco. –ele via a cena e sem perceber sorriu. –Filho da mãe, ele não tem medo, o que isso é meio ruim pra idade dele. Mas eu também não tinha na minha. -Tony analisava a potência das armas e pediu para a AI fazer uma varredura se as armas eram dele. –Ah...não vou falar com ele, o garoto se saiu muito bem.

(...)

Peter estava voltando para casa em seu traje, ele entra pela janela do quarto, está no teto do quarto, feito uma aranha, em silêncio, para que sua tia não desconfie de nada. Fecha a porta com auxílio da sua teia, mas quando ele fica de pé no chão, dá de cara com seu amigo Ned, que o olha espantado e derruba o brinquedo lego que tinha montado.

—Você é o Homem-Aranha do Youtube! Você é o Homem-Aranha do Youtube! –Peter se desespera. Ned está eufórico.

—Não, não sou. Shiiiiu...

—É sim...

—Ned, não sou... –Peter diz com desespero nos olhos e retirando seu traje.

—Você estava andando pelo teto, está com a roupa dele... Caralhoooo... Você é o Homem-Aranha do Youtube!! Que foda!! –Ned não se contém de alegria.

—Shiuuu Ned... -nesse meio tempo a tia dele grita o que estava acontecendo e entra no quarto.

—O que houve aqui? –May pergunta, estranhando o sobrinho estar apenas de cueca no quarto.

—Nada... A gente derrubou o brinquedo. –disse tentando disfarça o nervosismo.

—Hum...está bem. Peter?! –ele a olha esperando uma crise histérica. –Coloca uma roupa tá?! –ele acena pra ela.

—Ned, você não pode falar pra ninguém, tá bem? Muito menos pra May, se ela surta, eu surto. –o amigo faz sim com a cabeça. –Agora vai embora, amanhã a gente conversa e te conto tudo o que quiser saber. –Ned sorri pra ele e se cumprimentaram da forma que eles gostavam.

No dia seguinte, Ned o enche de perguntas das mais legais até as mais idiotas. Como Peter prometeu, ele respondeu a todas. Estavam na hora do almoço e Ned falou:

—Ei, vamos à festa da Liz? –Peter olhou pra ele assustado, não lembrava que era hoje.

—É hoje? Achei que seria na próxima semana. Podemos ir não?!

—Eu acho que seria legal você ir com seu uniforme por baixo, de repente você some e aparece o Homem-Aranha e me cumprimenta na festa... O que acha? –Peter ri com o amigo.

—Ned, isso não vai funcionar...

—Claro que vai, vamos Pete? –Peter abaixa a cabeça, e faz que sim para o amigo. Ned dá um soco no ombro dele de alegria.

Peter e Ned chegam juntos à festa da Liz. Peter gostava de Liz, queria se aproximar dela, mas lhe faltava coragem. Quem sabe a partir daquele dia, ele não teria... Os dois entram e ficam abismados com o tamanho da casa.

—Casa legal! –Ned diz olhando em volta.

—Olha só... Vocês vieram! Oi Ned, Peter! –ela diz docemente o nome de Peter.

—Oi Liz... -Peter a cumprimenta meio tímido. –Bela casa, muitos vidros. –ela ri.

—Fiquem à vontade ok?! –escuta um barulho de algo quebrando. –Já volto, se quebrarem algo meus pais me matam. –disse já indo na direção do barulho.

Ned e Peter observam as pessoas na festa, acenam para alguns colegas. Bebem um refrigerante.

—Acho que já tá bom Peter... Agora vai e você volta como Homem-Aranha e não seremos mais fracassados na escola! –Peter e Ned se cumprimentam do jeito deles.

Todo o plano corria bem, Peter estava no topo de uma árvore, observando a casa, e treinando sua fala “Oi galera, oi Ned, cadê o meu amigo Parker?”, foi quando viu uma luz roxa saindo do meio da floresta.

—Mas que diabos... –Peter foi em direção à luz. Quando parou em cima de uma placa, viu uma Van e três homens, dentro do carro havia muitos aparelhos estranhos. De repente uma explosão tão forte que Peter se assusta.

—Cara, eu não quero matar ninguém com isso não... Nem destruir o mundo, só quero uma arma comum, pra eu me proteger. –Um dos bandidos diz.

—Mas são só essas que temos, garanto que vai te proteger bem.

Peter solta sua teia puxando a porta da Van em cima do cara e vai até eles. Os dois estão caídos e ele olha para dentro da van.

—Mas que armas estranhas são essas? –distraído ele é atingindo e jogado para longe.

—Vamos, vamos... -o cara levanta o outro. –Anda... –entram na Van e saem cantando pneus.

Peter se recupera da pancada e saí em perseguição da Van. Meio atrapalhado, se batendo em árvores, paredes, postes, mas continua a seguir a Van. Quando está na ponta do telhado de uma casa ele fala:

—Peguei vocês agora! Eiiiii... –Uma garra o segura pelos ombros. Peter sente as costas serem esmagadas. –O que é isso? Me solta, me solta... –ele se debate, mas não consegue se soltar.

Aquela coisa vai subindo para o céu, o mais alto que pode, Peter se desespera e ao alcançar uma atitude X, um paraquedas se abre do seu traje e ele é solto das garras daquela coisa. Porém o paraquedas se enrola sobre Peter que vai caindo em queda livre, gritando.

—Sai, sai, essa coisa não sai. –com desespero por não conseguir se livrar do pano do paraquedas ele cai com tudo no lago. Ele se debate, tenta de todos os jeitos sair dali, porém não consegue.

Do alto do céu como um raio, aparece a armadura do Homem de Ferro e mergulha dentro do lago, retirando Peter, quase sem fôlego.

—Ei...Oi...está...tudo bem! –ele disse tomando o ar que lhe faltava.

A armadura o deixa num parquinho de crianças. Ele senta num brinquedo ainda recuperando o fôlego.

—Ei, Senhor Stark, não precisava ter vindo, estava tudo sobre controle. –diz quase sem fôlego.

—Estava? Não me pareceu... –Peter olha para a armadura e muda o assunto.

—Como o Senhor sabia onde eu estava? Tem um rastreador no traje? –disse passando a mão pelo corpo.

—Eu coloquei muitas coisas no seu traje, inclusive um aquecedor. –do nada um ar quente enche o traje de Peter.

—Uoww... Muito melhor, obrigado.

—Qual a parte do “não entre em confusão”, você não entendeu senhor Parker? –Tony disse exaltado.

—Mas Senhor Stark, eu vi a luz e aí os bandidos, e tinham aquelas armas estranhas... alguma coisa ruim eles iam fazer e...aí apareceu aquele abutre gigante... –Peter gesticulava em pé de frente para a armadura, Tony o interrompeu.

—Odeio esses “Mas”... Peter deixa as armas e esses caras para gente grande.

—Os Vingadores?

—Não, isso é pra gente menor...mas não pra você. –Peter funga.

—Está bem Senhor Stark, obrigado de novo, não precisava ter vindo mesmo, eu ia me virar.

—Eu... –Tony disse meio receoso. –Eu não estou aqui realmente, abriu o capacete. –Peter abriu a boca e olhou com decepção. -Sorte sua ter wifi na Índia. Seja o amigo da vizinhança, Senhor Parker, adorei quando ganhou o churros e queria ter visto você tirar sua teia do cachorro. –Tony riu.

Peter o olhava com raiva, “Porra, ele nem está aqui, ele não liga pra mim” ele pensou. De repente escutou um ronco de motor que vinha da armadura.

—Você está num carro??

—Estou, agora guardou bem o que eu te disse? Afaste-se das confusões. Até mais Senhor Parker.

—Senhor Stark e os bandidos... –ele foi interrompido pela voz da AI.

—Senhor Stark se desconectou. Voltando para a base.

Peter ficou ali mais um tempo, balançava a cabeça e pensava “Como vou provar que sou um herói se ele não me deixa?”.

(...)

—Tony? Ele está bem? –Pepper perguntava nervosa, andando de um lado para outro da sala.

—Está Pepper, não devia ter deixado Friday te avisar... Vou mudar esse protocolo. –Tony dizia do outro lado do vídeo sarcasticamente.

—O que você falou pra ele?

—Disse pra ele ficar longe de confusão e dei uma bronca, tá bom?

—Tony... –ela balançava a cabeça. –Ele não quer bronca, isso a tia dele faz todo dia, os professores dele fazem todo dia, ele precisa de um amigo, AMIGOO...Deus porque você é tão teimoso. –ela dizia brava com ele. Tony ria dela, o que a deixava mais irritada.

—Você não imagina o quanto fica linda e sexy quando está brava, ainda bem que amanhã estarei aí... –disse com seu sorriso mais sexy que podia. Pepper semicerrou os olhos para ele.

—Eu não vou falar mais... –ele fez um gesto de “graças a Deus”- Mas também não me impeça de tomar alguma atitude.

—Pepper, o que você... –ela desligou o celular. –Mas é ardida demais... –Ele disse rindo e ligou pra ela de novo.

—O que é Senhor Stark? –ele sorriu pra ela.

—Você não me deu bom dia. –disse sarcasticamente, Pepper o fuzilava com os olhos. –E eu não disse que te amo. –Pepper abriu um sorriso.

—Você me manipula demais, Senhor Anthony Stark. –disse meio brava e meio sorrindo, Tony já sabia que tinha sido perdoado. –Também te amo, volta logo. –ela mandou um beijo pela tela do celular e desligou.