Come Home escrita por Leh Linhares


Capítulo 5
Capítulo 4 — A Chegada


Notas iniciais do capítulo

Sei que demorei tempo demais, mas finalmente consegui. Prometo não demorar mais tanto até a próxima



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Pov. Sansa Stark

Recebi um corvo ontem do Jon e ao que parece ele se aproxima, trazendo consigo a famosa Daenerys. Já ouvi tantas coisas sobre a mesma que não consigo decidir se estou feliz ou triste com a sua chegada, a vinda de um dos seus dragões consigo me deixa aflita, meu pesadelo ainda não sai da minha cabeça. Será uma previsão?

Nesta nova carta Jon novamente foi frio e me peguei pensando qual será o relacionamento do meu primo com a Rainha, será que Mindinho estava certo e eles são mesmo um casal? A novidade sobre seus pais não sai da minha cabeça, convenci Bran que eu contaria a verdade a Jon, não acho que meu irmão teria  a sensibilidade necessária para isso.

Não sei como Jon reagirá muito menos como Daenerys lidará, não que ela precise saber na minha opinião. De qualquer forma não cabe a mim essa decisão, porém se tenho influência de alguma maneira com Jon recomendarei que ele não conte ao resto do povo do norte sobre essa novidade. Se já não confiam nele achando que ele é um bastardo do norte imagina quando descobrirem que na verdade ele é um filho legítimo de um Targaryen.

Estou perdida dentro das minhas preocupações quando me avisam que ele já está próximo. Respiro fundo e desço para recebé-lo, Arya está do meu lado e se percebe meu nervosismo não perde tempo dizendo nada, não acho que ela entenda de qualquer maneira. Imagino que minha irmã deva estar pensando que é pelas verdades que preciso contar e em parte ela está certa, mas não por completo.

Sei que é errado, porém não consigo parar de ter pensamentos inapropriados. Se no restante do tempo minha mente se ocupou com questões políticas agora o lado emocional tomou conta. Não consigo parar de pensar se ele está diferente, se sentiu minha falta da maneira que eu senti, se tem realmente algo com Daenerys, se a ama, se quer casar com ela... As hipóteses são muitas e todas me assustam de algum jeito.

Ali parada eu só desejo que o momento passe logo, não aguento mais o nervosismo, não aguento mais a saudade e todas as incertezas. A parte mais estranha disso tudo é que uma parte não quer ter que lidar com tudo isso afinal a partir do momento que Jon chegar a guerra que estamos prestes a viver só se tornará mais real e o medo de perder mais alguém que eu amo, que tem me perseguido constantemente, só se intensificará.

Quando eu o vejo não acredito, sorrio numa alegria que não sei explicar ou definir. Talvez seja ilusão da minha mente, mas ele parece ainda mais bonito e corajoso. Rio para ele sem sair do lugar não seria apropriado se eu me movesse e meu medo de me exceder é tão grande que eu me mantenho ali. Naqueles instantes eu só quero ser Arya, minha irmã não se importou com o que pensariam só correu na direção dele e o abraçou. Não que eu possa realmente me comparar a ela, Arya anseia esse reencontro muito mais do que desejava me reencontrar, eles tem um vínculo que por anos eu invejei mais que agora eu agradeço não ter.

O sorriso dos dois era nato e a coisa mais linda que eu já vi. Sequer me dignei em olhar para os lados nos primeiros minutos. Quando decidi olhar percebi que ela esteve ali esse tempo todo, bem do lado delei. Daenerys, a quebradoras das correntes e mãe dos dragões tão bela e imponente como todos falaram, seus cabelos loiros quase brancos não negam seus pais, mas o sorriso que ela dá para Jon é quase... gentil. A antiga Sansa teria a admirado, porém essa só consegue desconfiar. O jeito como ela olha para o Jon é desconcertante, quase como se ela quisesse despi-lo ali mesmo.

Talvez não passe de coisa da minha cabeça, mas posso jurar que vejo o mesmo nos olhos do Jon. Para tentar disfarçar meu desgosto encaro o resto da comitiva, meu “ex-marido” Tyrion olha pra mim com um sorriso tímido e eu contribuo, nada do que aconteceu comigo na Fortaleza Vermelha foi culpa dele.

— Sansa! — Após o forte abraço de Arya e Jon chega a minha vez. Depois de muito tempo me sinto realmente segura e me desfaço em seu abraço, posso sentir as lágrimas nos meus olhos, ele está vivo, ele está aqui...

— Obrigada por ter voltado! Senti sua falta. — Digo sem refletir muito.

— Eu também.

— Irmã...— a palavra fere mais do que tudo, porém eu disfarço só aceno para que ele continue — quero que conheça a nossa Rainha: Daenerys Targaryen. — o sorriso no rosto dele me incomoda. Será que ele está realmente apaixonado por ela? E por isso ajoelhou para ela? Quando percebo minha distração faço uma reverência apressada e falo:

— É um prazer finalmente conhecê-la. Já ouvi falar muito de você.

— Espero que bem.

— Certamente que sim. — Após essa recepção “calorosa” entramos. Me aproximo de novo dele e peço que visite meus aposentos depois da ceia. Há muito que ele precisa saber.

Depois desse pequeno dialógo volto as minhas obrigações: fiscalizo os treinamentos, verifico os estoques de comida e água, passo pelos estábulos para ver o estado dos cavalos e outros animais e ali encontro Tyrion que não esconde um sorriso quando me vê.

 — Lady Sansa é um prazer revê-la.

— Meu também. Apesar da situação não ser exatamente a ideal.

— Certamente é melhor do que a última vez que nos encontramos. — Dou um meio sorriso e continuo tentando não me lembrar de tudo que aconteceu depois.

— Está gostando da estadia?

— Um pouco mais frio do que eu diria ser ideal, mas tudo de resto está perfeito. E a senhorita como está? Parece um pouco cansada e preocupada.

— Nada que não possa ser justificado pela guerra que estamos prestes a enfrentar.

— E com a nova Rainha que foi obrigada a conhecer e reverenciar talvez.

— Não tenho razão para me preocupar. Se Jon confia nela, eu faço o mesmo sem questionar.

— Por que não acredito? Suas palavras soam convincentes, mas seus gestos por outro lado me dizem o oposto. Se eu não soubesse da familiariadade de vocês dois ousaria dizer que estava com ciúmes da Rainha. — Minhas ações foram tão óbvias assim? Mantenho meu rosto congelado, qualquer expressão pode servir de confirmação para qualquer que seja a suspeita dele.

— Não entendo.

— Me perdoe se estiver enganado, mas o jeito que você olhava para o Jon me recordou vagamente de meus irmãos, o modo como um olhava para o outro.

— Está perdoado, não é da tradição da minha família ter esse tipo de comportamento. Agora se me dá licença ainda tenho muito o que fazer.— Sequer respondo só me afasto. Fui assim tão óbvia?

Volto para a minha lista de afazeres sendo o último um encontro com grande parte dos Lordes. Dessa vez estando Jon e a nova Rainha presentes, sobre isso só tenho um sentimento: preguiça. Preciso de uma noite de sono para ter paciência para eles. Atendendo as minhas preces quando entro na sala lá estão os dois: Jon e Daernerys conversando e rindo sobre algo que eu não faço ideia do que seja. Peço desculpas e me sento do outro lado de Jon, visto que meu antigo lugar está ocupado pela “Rainha”.

— Me diga Sansa. O que devo saber para essa reunião? — Disse Jon cerca de cinco minutos depois como se finalmente tivesse notado minha presença.

— Os Lords não estão nem um pouco felizes com a novo soberana, alguns deles queriam que eu assumisse...— Falei apontando para Daenerys.

— A guerra se aproxima e precisamos das tropas...

— Jon não é a mim que você precisa convencer. Eu acredito em você e mesmo se não acreditasse te seguiria mesmo assim, mas os Lords não. Eles precisam ver razão em tudo o que você diz, então prepare um discurso, porque dessa vez nem a Lyanna deve te defender.

— Mais alguma coisa?

— Mindinho está morto.

— Como assim?

— Eu o julguei e Arya o matou aqui nessa mesma sala.

— Parece que muita coisa aconteceu por aqui enquanto eu estava fora.

— É, você saberia se estivesse aqui. — Falei baixo e impulsivamente não sei nem porque disse não é como se ele tivesse ido embora por escolha própria.

A reunião aconteceu de forma mais saudável do que eu esperava, Jon soube conduzi-los com sabedoria e os preparou para a chegada do resto das tropas. Os Lordes continuavam sem estar felizes com a Targaryen no poder, mas com meu apoio associado ao de Jon aceitaram que era um mal necessário levando em conta o contexto de guerra em que vivemos.

O resto do dia passa voando e quando vejo já é hora da ceia, a estou fazendo nos meus aposentos, sei que logo Jon chegará logo e eu terei que dar as novas notícias a ele. Meu único desejo é que ele reaja bem a elas.

Jon entra apressado, como se quisesse estar em outro lado, penso em uma hipótese, mas logo tiro da cabeça não é hora para esse tipo de pensamento.

— Te chamei aqui, porque preciso te contar algumas coisas.

— A respeito da muralha? Já temos conhecimento e estamos tomando as medidas necessárias. E seu treinamento? — Fico feliz dele ter se lembrado, porém não pela distração;

— Essa era uma das notícias, mas não é a única. Bran viu outra coisa além disso, algo sobre você.

— O que exatamente?

— Talvez você queira se sentar antes de ouvir isso. — Jon só acena descordando e eu continuo.

— Bran viu algo sobre seu nascimento que pode mudar tudo o que achávamos que sabemos.

— O que você quer dizer?

— Ele viu seu nascimento e quem eram seus pais. Nenhum deles era o papai.

— Oh... Por que seu pai me criaria se eu não fosse filho dele? Não faz sentido Sansa...

— Fará sentido no final prometo — falei com a mão em seu ombro, mas próximo do que um dia já estive dele — Tia Lyanna é sua verdadeira mãe e Rhaegar Targaryen é seu pai.

— Sou fruto de um estupro então. Meu passado só melhora...

— Não, não pelo contrário, Jon, você sequer é um bastardo. Seus pais se amavam, ninguém nunca entendeu isso, mas eles se amavam. Rhaegar anulou seu primeiro casamento para casar com a Lyanna e chegou a fazê-lo. Os dois se casaram em Dorne, então quando você nasceu não era um bastardo e sim herdeiro do trono. Sei que soa irreal, mas é verdade.

—Herdeiro do trono, é isso? — seu olhar era desesperado e por um instinto eu só o abracei sabia que era o que ele precisava.

— Então, não somos irmãos?

— Não, Jon.

— Vou precisar de um tempo para me acostumar com isso. — Antes de eu ter tempo de dizer qualquer outra coisa ele foi embora e eu fiquei ali com nossas últimas frases ressoando na cabeça: Não Jon não somos mais irmãos, nunca fomos e de um jeito bizarro minha mente sempre soube disso.


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