Meant to be escrita por RayGrey


Capítulo 3
How to overcome it?


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dividido em duas partes. Espero que gostem!



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Point of view: Callie

 

Seattle, 9 de março 2012, 09:00PM.

Entrei no quarto e vi Arizona do mesmo jeito.

—Você só fica neste quarto, Arizona. Mark acordou e você nem ligou. Levanta daí, bora, levante-se e saia dessa!! Se não for por mim, que seja pela Sofia. Eu quase perdi o Mark ontem. Ficarei na pior se eu te perder.

—Sair dessa? - Arizona perguntou frustrada. -Sair disto? - Puxou o lençol mostrando a perna amputada. -Como vou superar isto? Você amputou minha perna. - Arizona cobriu o membro novamente, deitou a cabeça no travesseiro e virou-se de costas para mim.

Sem dizer mais nada, sai do quarto. Se a Arizona soubesse o quanto eu amo ela e que só fiz isso para salvar sua vida. Será que ela não vê?

(...)

Havia saído do meu apartamento e ido até o hospital ver o Mark, visto que em casa a minha presença estava sendo completamente desprezada. No quarto, comecei a andar de um lado para o outro enquanto desabafava com ele.

—Eu não estou mais aguentando o silêncio naquele apartamento, a falta de diálogo entre a Arizona e eu está insuportável. - Parei e olhei para o Mark. -Você acredita que ela está me culpando pela perna dela ter sido amputada? - Respirei fundo e me sentei ao lado dele na cama. -Eu não sei mais o que fazer.

—Dê um tempo á ela, pelo menos até a Arizona se acostumar com a ideia de ter perdido uma perna. Logo ela vai cair na real e ver que você não teve culpa. É só ter paciência. - Mark aconselhou.

—Mais do que eu já tive? - Eu olhei para ele. -Ela já está há semanas enfurnada naquele quarto, não sai de lá nem para ver a Sofia.

—Tenha paciência que tudo vai se resolver. - Ele disse e o olhei novamente.

—Você acha? - Ele concordou com a cabeça e eu suspirei voltando a olhar pra frente. Permaneci alguns segundos em silêncio antes de contar. -Eu recebi uma proposta de trabalho em Nova Iorque.

—Oh! - Ele arregalou levemente os olhos, surpreso. -Sério?

—Sim... Para ser ortopedista chefe em um hospital de lá e comandar uma pesquisa sobre a cura da leucemia usando outros componentes da medula óssea. - Falei e esperei pela pergunta que sabia que viria a seguir.

—Que legal!! - Mark falou. -E o que você respondeu?

Olhei para ele. -Eu recusei. - Disse sem acreditar. Era uma excelente proposta, mas recusei, mesmo não tendo certeza se deveria ter feito isso.

—Por quê? - Mark perguntou com uma expressão de "Tá louca? Por que você fez isso?".

—Por causa da Arizona. Não posso mudar de cidade assim, do nada, e com a Arizona do jeito que está. - Eu disse.

(...)

 

Point of view: Autor(a)

 

19 de março, 10:00AM.

—Olha Sofia, quem vai poder ir para casa com você! - Callie dizia sorridente para a pequena que estava em seu colo e em seguida entrou no quarto de Mark. -É, seu papai, ele teve alta! - Callie beijou a bochecha de Sofia e esta, sorriu abrindo os braços pedindo colo para Mark.

Mark terminava de vestir a camisa quando ouviu a voz de sua amiga e a viu entrar em seu quarto com Sofia. -Heey princesa! - Ele sorriu contente por ver a filha e a pegou no colo, enquanto a morena ficou observando os dois.

—Não imagina como eu estou feliz de você estar indo para casa! - Callie disse sorrindo enquanto admirava Mark com Sofia e depois olhou para ele. -Você vai para casa né? - Quis saber.

Mark que agora estava brincando com Sofia sentado na cama, olhou para Callie ao ouví-la perguntar. -Na verdade não... Irei passar na casa da Meredith antes, quero falar com a Lex.

—Ah... se é assim eu posso te levar então! - Callie ofereceu e sorriu.

(...)

Callie deixou Mark em frente a casa de Meredith, ele se despediu dela e de Sofia e Callie foi embora. Mark foi até a porta da casa, respirou fundo e tocou a campainha. Desde que acordou do coma ele só havia visto Lexie uma vez, logo que acordou, depois disso só falou com ela algumas vezes por telefone quando Lexie ligava para o hospital para saber dele.

—Mark! Não sabia que você já havia recebido alta. - Derek disse surpreso e contente quando abriu a porta e deparou-se com o amigo.

—É... eu recebi! - Mark sorriu e perguntou. -A Lexie está?

—Estou feliz por você! - Derek sorriu e logo ouviu o amigo perguntar. -Está sim! Entre! - Ele deu espaço para o amigo entrar, que assim fez. -Ela está na sala com a Zola. Vou chamá-la. - Derek fechou a porta e foi até a sala. -Tem visita pra você! - Derek informou a Lexie, pegando Zola no colo e saiu com a menina dali, deixando os dois a sós.

Lexie que estava sentada no chão da sala brincando com Zola, parou e olhou para o Derek ao escutá-lo falar. -Quem? - Ela perguntou, sem imaginar quem era. 

 -Oi! - Mark sorriu e levou as mãos para os bolsos da calça, um pouco acanhado.  

Rapidamente a morena ouviu a voz de Mark e se virou para trás. O viu ali parado.

—Oi... - Ela não conseguiu esconder o sorriso que se formou em seu rosto ao vê-lo bem ali na sua frente. -Eu liguei hoje para o hospital e falaram que você ainda não havia recebido alta... - Indagou confusa, pela informação que havia recebido.

—Sim, eu que pedi que dissessem isso. Queria fazer surpresa. Fiz mal? - Perguntou com medo da resposta.

—Não, não. - Negou, rapidamente. Na verdade ela havia adorado a surpresa. -Eu fiquei feliz por você estar bem.

—Eu também fiquei feliz por você. - Ele sorriu e se deu conta de que Lexie ainda estava sentada no chão e sem sua prótese. Ela notou seu olhar e se deu conta do mesmo que ele. Fez menção de pegar a prótese, mas Mark se adiantou. -Aqui... - Disse entregando-a.

—Ah, obrigada... - Sorriu discretamente. -Eu tinha esquecido que estava sem a minha...perna... - Disse meio sem jeito pegando a prótese e colocando.

—Deixa eu te ajudar! - Mark se dispôs, ao ver Lexie já fazendo menção para se levantar e foi ajudá-la.

—Acho que ainda não consegui me acostumar com isso... - Disse fazendo referencia a usar a prótese, e já de pé, olhou para ele. -E então... Você não deve ter vindo aqui só para isso...

—Não, na verdade... eu vim te chamar para morar comigo. - Fez o convite, receoso se ela aceitaria.

(...)

 

Point of view: Lexie

 

Havia arrumado minhas malas e ido com o Mark para o apartamento dele já que agora eu teria que morar lá. Eu digo "teria" porque essa mudança não foi totalmente uma escolha minha. Meredith praticamente me obrigou a aceitar a proposta do Mark. 

Não que eu não quisesse aceitar a proposta dele, porém, eu não tinha certeza se ir morar com o Mark seria realmente uma boa ideia. Eu nem sei ao certo como está entre nós. Eu não tenho dúvidas dos meus sentimentos por ele e nem dos dele por mim, porém, será que nossa relação vai continuar a mesma depois de tudo o que passamos? Ainda por cima depois deu ter perdido uma perna, será que ele está preparado para isso? Para namorar e construir um futuro com uma pessoa que não tem uma das pernas? É realmente isso o que ele quer? Porque eu, bom, ainda não superei o que aconteceu.

 

Point of view: Autor(a)

 

20 de março, 3:45am.

Praticamente todas as noites Lexie tem tido pesadelos com o acidente. Era só conseguir dormir que tudo o que aconteceu naquela floresta e segundos/minutos antes do acidente, vinham em sua cabeça.

A voz do piloto falando que o avião estava caindo; os gritos da Arizona já na floresta; ela presa debaixo dos destroços; o corpo pálido de Mark; os médicos sendo resgatados... 

Ela lembrava de tudo.

E hoje não foi diferente.

—Você precisa aguentar... - Lexie sussurrou enquanto dormia. -Por favor... - Ela começou a se mexer na cama, inquieta com o pesadelo que estava tendo.

Mark ouviu a voz, para ele, quase inaudível de Lexie e sentiu as mexidas dela na cama, o que fez com que acordasse, sem saber ao certo se o motivo daquela inquietação era devido a algum pesadelo. 

—Lex... ei... - Ele sutilmente a chamou. Sem resultados, tocou levemente seu ombro, em uma nova tentativa de chamá-la.

—Por favor... Eu te amo, Mark. - Ela acordou assustada. Rapidamente seus braços envolveram o pescoço de Mark, em um abraço forte, em busca de conforto.

Quando Mark esteve internado e em coma, Lexie realmente pensou que fosse perdê-lo e ficou com muito medo disso acontecer. Tanto que nesse tempo ela mal se alimentava e até chegou a perder alguns quilos. Poder estar ali agora nos braços de Mark era um alivio para ela. Ali ela se sentia segura e protegida.

Mark sentiu Lexie o abraçar forte, e mesmo não tendo esperado por aquilo, retribuiu, a aconchegando naquele abraço. Que por sinal, entre tudo o que ela sentiu falta dele em todo esse tempo, aquele era uma dessas coisas. Pois, verdadeiramente aquilo podia ser chamado de abraço casa.

—Calma, está tudo bem. - Disse numa forma de passar segurança e começou a acariciar os cabelos de Lexie enquanto a acalmava. -Eu estou aqui. - Mark continuou acariciando os longos cabelos escuros da amada, até que a mesma adormeceu nos braços dele. -Também te amo... - Ele sussurrou para Lexie, mesmo sabendo que ela não o ouviria. Com cuidado para não acordá-la, Mark a deitou na cama,se deitando junto com a amada, a aconchegou em seus braços e logo dormiu também.

 

22 de março.

Lexie olhou para sua perna amputada e uma lágrima escorreu pelo seu rosto.

# Flashback on #

Lexie acordou e logo que olhou para o lado viu sua irmã ali, sentada na poltrona ao lado de sua cama. -Meredith? O que faz aqui? - Ela estranhou a irmã não estar em seu leito, visto que Meredith também ainda não estava fisicamente recuperada totalmente do acidente.

Meredith viu Lexie acordando. 

—Lexie... Como você está? - Disse Meredith, ao ver sua irmã acordando. Sua pergunta evidenciava sua preocupação com a irmã, principalmente por saber que a mesma havia acabado de passar por uma amputação.

—Eu perdi uma perna, como acha que estou? - Mesmo sem a intenção, ela acabou sendo um pouco rude com a irmã. Lexie ainda não havia processado muito bem essa notícia, isso tudo ainda era muito recente para ela.

—Lexie, é só uma perna. Vai ficar tudo bem. - Meredith tentava de alguma forma convencer a irmã de que aquilo não era tão ruim, porém, foi falho.

—Não, não vai ficar tudo bem, eu perdi uma perna. - Lexie já começava a chorar.

—Eu sei... - Meredith, vendo como a irmã estava e sem saber mais o que dizer para confortá-la, se deitou ao lado de Lexie e, em silêncio, a abraçou.

—Você não deveria estar no seu quarto? O que faz aqui? - Lexie perguntou após um tempo, tentando acalmar o choro.

—Deveria... mas eu precisava ver minha irmã. E ficarei aqui com você agora. - Lexie soltou um longo suspiro e relaxou a cabeça no colo de Meredith sentindo o aconchego da irmã, que permaneceu consolando-a.

# Flashback off #

Lexie sentiu mais uma lágrima escorrer pelo seu rosto, mas a enxugou quando ouviu baterem na porta e em seguida a voz de Mark.

—Lexie, está tudo bem? Quer ajuda para sair da banheira? - Perguntou, numa forma de tentar cuidar dela.

—Não, obrigada. Eu estou bem, consigo sair sozinha. - Recusou a ajuda de Mark, mesmo sabendo que seria um pouco complicado sair da banheira sozinha.

—Tem certeza? Eu posso te ajudar. Já te vi nua mesmo. - Mark insistiu, dando de ombros.

—Não precisa, eu estou bem. A prótese está logo aqui. - Mark ouviu Lexie falar e resolveu não insistir mais. Lexie terminou o banho e esticou a mão para pegar a prótese, mas como não conseguiu alcançar, se levantou tentando se equilibrar em uma perna só e se apoiando na parede, mas quando foi para pegar a prótese, acabou se desequilibrando e caindo. -Droga! - Murmurou, frustada.

Mark seguia em direção a sala quando ouviu um barulho no banheiro, o fazendo ir até lá. Dessa vez ele não bateu na porta e já foi abrindo a mesma entrando no banheiro. 

—Lexie, está tudo bem? Você caiu? O que aconteceu? 

—Fui pegar a prótese e escorreguei, mas está tudo bem. - Ela falou.

—Você se machucou? - Perguntou, preocupado.

—O cotovelo, eu acho. Ai... E um pouco as costas... - Ela disse tentando de alguma forma se levantar.

—Deixa eu te ajudar a sair daí. - Mark pegou uma toalha e se aproximou da banheira a ajudando a se levantar, em seguida lhe entregou a toalha para se enrolar, tirou Lexie da banheira e pegou a prótese a ajudando a colocar a mesma.

Superar: Quer dizer passar por cima de algo. Muitas vezes algo que te prenda ao passado, que não te deixe seguir em frente. Algo que te trouxe alguma mágoa, te deixou mal ou que te fez cair. A morte de alguém que você gostava muito, uma separação, o término de um namoro, uma traição, um trauma,... Se você supera, você esquece, se levanta e segue em frente. 

Se seguir em frente é difícil? Com certeza sim, mas não é nem um pouco impossível.

Superação também tem haver com a não aceitação. Se você não aceita que tem um obstáculo a ser vencido, se você não aceita que algo de ruim tenha acontecido com você de uma forma totalmente inesperada e não aceita que isso tenha acontecido justo com você, é porque ainda não está superado. 

Afinal, por que com você? Por que não com ele? Por que não com ela? Por que não com ninguém? Coisas acontecem a todo momento, sejam elas boas ou ruins. Essas coisas servem para ensinar e te deixar mais forte. E tudo, absolutamente tudo, precisa ser superado, passado por cima. 

Não tem jeito, você precisa aprender a viver com isso, mesmo que ache que não consegue, você precisa tentar.


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