Muralha escrita por Nat King


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Terceira DeLiPa que eu participo. Me tornei aquilo que jurei destruir, tsc tsc...

Olá, pessoal, tudo bem? :D Dessa vez, trouxe uma fanfic do fandom de Berserk, centrando-a no personagem mais polêmico da obra, Griffith. Líder do Bando do Falcão e dono dos mais belos cabelos do mangá, coleciona uma série de desgraças, sejam elas ordenadas ou feitas por suas próprias mãos.
O intuito da história é abordar o sentimentos que Griffith tem por Guts, não defender ou justificar suas ações, por favor, que isso fique bem claro.
Embora Berserk seja um mangá com cenas explícitas e bem gráficas, acredito que nada nessa fic precise de alerta de gatilho, PORÉM, caso alguém leia e sinta essa necessidade, favor informar que eu tomarei o cuidado de colocar.

Agradeço desde já sua leitura! Espero que aproveite!



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Griffith sempre soube que queria ser grande.

Mais do que apenas querer, ele sabia merecer a grandeza, tão alto quanto as torres dos palácios que pareciam ganhar os céus – e além! Imaginava-se imponente, fora de alcance, de tal forma que olhos humanos teriam dificuldade de enxergá-lo de tão longe. Griffith seria capaz de atravessar as nuvens, fundir-se à imensidão azul, rasgar os céus com grandes asas majestosas, como a posição Real a qual tanto almejava. Alguém como ele certamente teria a bênção dos céus e era fácil enxergar-se recebendo a proteção divina diretamente da mão de Deus. Quando sua vaidade o deixava sonhar um pouco mais alto, imaginava-se inclusive sendo parte dela, encorajado pelo estranho pingente trazido em seu pescoço.

O rosto disforme era quase uma pequena consciência fora de sua mente sonhadora, responsável por sussurrar e encorajar o mais brilhante futuro reservado a Griffith, que acreditava sem pestanejar; se nada daquilo fosse acontecer, por que era tão fácil ver-se naquele cenário de poder e glória? Não existia outra possibilidade para ele, se não aquela.

Seu desejo era tão grande e sua convicção tamanha, que esforços para reunir seguidores eram totalmente dispensáveis. Seus servos apresentavam-se com extremo respeito e um pouco de medo – afinal, ambos sentimentos andavam lado a lado, de mãos dadas como um belo casal naquele casamento perfeito –, ansiosos em fazer parte do Bando do Falcão. Todos sonhavam com o céu de Griffith e estavam mais do que dispostos a oferecerem suas asas para o voo de seu líder acontecer.

Quando Guts apareceu no meio de seu caminho para a glória, ele achou graça. Arisco como um gato escaldado, chiava sua aproximação e tentava por todos os meios um ponto de fuga. Griffith divertia-se imaginando ter de pegá-lo pelo rabo, tratá-lo como o felino agressivo que parecia ser, mas sabia ser capaz de uni-lo ao bando, ganhando mais um cego seguidor. Guts não tinha muitas ambições e logo escolher por Griffith seria tão natural quanto respirar.

Tão natural quanto foi para o líder dos Falcões ter o desconfiado guerreiro sempre por perto.

Era a primeira vez em todos aqueles longos anos de sonhos regados a uma glória solitária, que Griffith conseguia incluir alguém em seu cenário dourado. A comparação com felinos ainda combinava muito bem com Guts e, aos poucos, a guarda dele pareceu baixar, sua presença esgueirou-se pelas bordas fantasiosas, até aproximar-se de Griffith e ali fixar presença; existia um lugar extra naquele futuro brilhante. Aquele lugar era só de Guts.

Talvez tivesse sido por todo aquele brilho que ele acabou cegando a si mesmo, incapaz de ver quando o cavaleiro negro decidiu lhe dar as costas. Incrédulo, tentou alcançar Guts, assim como seus seguidores sempre tentaram alcançá-lo, invertendo os papeis pela primeira vez. As palavras vindas do pingente rubro não eram totalmente compreendidas, dado a confusão de sua mente que não conseguia entender como um de seus seguidores – o mais importante deles – estava partindo. Todos lhe eram fieis de corpo e coração, mas Guts... Guts simplesmente estava deixando tudo aquilo que havia ajudado Griffith a construir, destruindo com seu sonho ao forçar-se para fora dele, quebrando o coração do principal falcão ao mostrar que ele jamais tivera conquistado o seu.

— Ele te deixou...

Griffith não soube dizer se aquela compreensão tinha vindo de sua própria mente ou declarado pela boca torta do pingente. Abandonado na frieza do tratamento de Guts e na estação igualmente gelada, percebeu não ser mais capaz de ser grande. Tantos anos dedicados à construção de um caminho tão difícil aos nascidos sem um nome importante, desmoronando sob seus pés como se feitos de areia.

A muralha a ser superada para a conquista de seus sonhos não cercava mais o castelo de altas torres; ela cercava Guts.

Tentou procurar dentro das paredes do castelo outra razão para seguir em frente, contudo, os corredores pareciam nebulosos, as adulações não o atingiam e nem mesmo corromper a doce princesa o fez sentir alguma coisa. Notava não ser capaz de mais nada, de não ser mais nada...

E não sendo ele mais nada, não existia mais caminho a seguir, fosse o dos céus, fosse o de Guts.

Desistir não era de seu feitio, porém mesmo assim ele se entregou, provocando com palavras ferinas a ira de outros, o suficiente para ter a raiva alheia descontada em si mesmo. Tudo não passava de uma busca por algum sentimento que pudesse encobrir sua tristeza, uma dor maior à do abandono de Guts.

Nada parecia doer mais.

E então, em uma reviravolta jamais presenciada em campo de batalha, Guts ressurgiu na posição de glória que Griffith sempre se viu, resgatando-o e o devolvendo ao que restara do bando que ainda amava seu líder com todo o coração.

No entanto, por mais corações que ele tivesse a seu dispor, apenas um lhe era desejado e, vê-lo entregue às calejadas mãos de Caska, apenas serviu para mostrar a Griffith que a muralha entre ele e Guts ainda existia.

A culpa é dele, Griffith... — O Falcão não soube dizer se essa sugestão vinha de sua dor ou do pingente maldito. — Você perdeu tudo por causa dele...

Griffith tentou fugir, mas por mais longe que corresse – se assim o pudesse – a dor o seguia, forçando lembranças de todos os bons momentos passados ao lado do único responsável por desviar sua atenção do que deveria ter sido seu exclusivo desejo. Ao trocar seu sonho por Guts, havia condenado a mais importante das vidas, a sua própria, um sacrifício que de nada havia valido. A ele, só restava a morte.

Vai se entregar tão fácil?— a voz desconhecida novamente perguntou. — Você sacrificou tudo o que tinha por ele. Por que não cobrar agora o retorno?

Não importava mais a quem pertencesse aquela provocação; Griffith deixou que a sugestão ecoasse em sua mente confusa, dominasse o coração ferido e terminasse de corromper suas mais antigas convicções.

— Eu sacrifico.

Griffith não precisaria mais lidar com a muralha em volta de Guts, se ele não mais existisse.


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Notas finais do capítulo

Alguém aí pegou a referência da mão de Deus? :v

Acredito que Griffith tenha posto tudo a perder, depois da partida de Guts, por realmente amá-lo. Incapaz de manter, não somente seu melhor general, mas também o homem que amava, abandonou seu objetivo e provocou propositalmente a ira do rei, entregando-se aos maus-tratos e desistindo do resto do bando, que só não ficou entregue à morte por iniciativa de Caska em manter os demais guerreiros unidos. Momentos antes do Eclipse acontecer, ele ainda pensou em tudo o que havia desejado e perdido, culpando Guts por ter desviado seu sonho.

ENFIM, nada disso justifica suas atitudes, mas para mim, seus sentimentos por Guts uniram-se ao desejo egoísta de alcançar uma posição importante, resultando na desgraça que todos aqui devem conhecer :c Bem, pelo menos, foi a visão que eu tentei passar nessa história xD

Agradeço novamente sua leitura e, caso seja de seu interesse e disponibilidade, manda aí um comentário para eu ver o que achou *-*

Até mais!