Destinada escrita por Benihime


Capítulo 26
Capítulo XXIV




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Atena, Héstia, Poseidon e eu estávamos reunidos em uma área mais afastada dos jardins, onde poderíamos conversar sem sermos entreouvidos. Usando magia, fiz com que o mapa se desdobrasse no ar à nossa frente. Só precisei tocá-lo para que a profecia aparecesse.

Antigo inimigo reerguido

Somente unidos venceremos e

Às mãos da mulher pelo Mar amada

A relíquia deve ser confiada.

Olhei para Atena, que desviara o rosto rapidamente. Pude ver um leve indício de vermelho em suas bochechas e tive certeza de que ela estava corada. Senti vontade de dizer algo, mas não soube o que. Muito tempo atrás, ela realmente acreditara que Poseidon a amava ... Mas então houve Medusa.

Pode haver outra explicação. Lembrei-lhe, como vinha fazendo desde aquele dia.

Ele já teria me dito. Ela protestou amargamente.

E você o ouviria?

Ouviria. Minha irmã respondeu, embora sem muita convicção. Se ele ao menos tivesse tentado consertar as coisas, eu o teria perdoado.

Aquela nota de melancolia em sua voz … Não, não podia ser.

Você ainda o ama? Inquiri, surpresa.

Ela fixou os olhos nos meus e, minimamente, assentiu. Perdi o fôlego com sua confissão. Amar alguém depois de ser traída, de séculos de indiferença ... Era algo que eu nem podia imaginar.

— Lydia, Atena, em que dimensão vocês estão? — Poseidon chamou.

Fiquei grata a ele por me arrancar do rumo no qual meus pensamentos seguiam.

— Desculpe, tio. — Eu disse — Estávamos discutindo estratégia e nos empolgamos um pouco.

Ele olhou de soslaio para Atena e um sorriso curvou os cantos de seus lábios. Não pude deixar de notar o modo como ele a olhou. Os sentimentos ali com certeza ainda existiam, de ambas as partes.

Um plano começou a se formar em minha mente. A profecia dizia que somente unidos teríamos chance de vencer mas ... E se "unidos" tivesse um sentido mais amplo?

Uma hora depois

Poseidon explicou ao restante do Conselho o que já havia explicado a mim e Atena. A maioria, especialmente Zeus e Hades, não pareceu nada surpreso.

— Obviamente, não seria bom ir sozinho. — Meu tio declarou no final. — Zeus? Hades?

Ambos assentiram, parecendo satisfeitos.

— Essa é boa — Ares sussurrou para mim, seu hálito movendo pequenas mechas de meu cabelo e fazendo cócegas em meu pescoço. — Os Três Patetas de volta em ação.

Não pude deixar de rir de seu comentário. Só mesmo ele para me fazer rir num momento daqueles.

Poseidon

Minutos depois

— Atena.

Ela virou-se para me olhar, seus olhos tão escuros quanto nuvens de tempestade. Aqueles olhos ainda tinham o poder de me hipnotizar, mesmo depois de tanto tempo.

— O que foi? — Seu tom, como sempre, era hostil.

Sem pensar, encurtei a distância entre nós e abracei. Pensei que Atena ia me mandar para o Tártaro ou me bater, mas logo em seguida seus braços me envolveram.

Estávamos a sós na Sala do Conselho, mas eu sabia que meus irmãos voltariam a qualquer momento, e Zeus me mataria se me visse abraçando sua filha. Meio relutante, eu a soltei.

— Tenha cuidado, Pescador. — Ela disse, sua voz um pouco mais branda — E boa sorte.

— Obrigada, corujinha. — Respondi.

A loira desapareceu no momento em que meus irmãos entraram. Quase ri, divertido pelo senso de oportunidade perfeito daquela mulher.

— Até que enfim alguma diversão para nós, meus velhos. — Zeus brincou.

Nós três rimos juntos e, então, com uma sincronia que apenas séculos lutando juntos pode conseguir, fomos buscar a maldita relíquia.

Dois segundos depois

— Caracas, esse lugar é escuro mesmo. — Hades comentou.

— Olha só quem fala, cara. — Zeus zombou.  — O próprio Batman reclamando da escuridão.

— Cortem essa e me ajudem, pode ser? —  Interferi antes que os dois começassem a discutir.

— E você pelo menos sabe onde procurar, Cara de Atum? — Zeus desafiou.

— É claro que eu sei, rato elétrico.

— Crianças, deem um tempo. — Hades disse, soltando um bufo de impaciência.

— Cale essa boca, seu velho Bafo de Cadáver.

Zeus fez uma careta e deu um soco no ombro de Hades. Suspirei. Aqueles dois eram mesmo uns crianções. Absolutamente impossíveis.

Concentrei-me por um momento, tentando sentir o poder da relíquia que eu sabia estar por perto. Fiz sinal para que meus irmãos me acompanhassem e mergulhei ainda mais fundo, até o leito do abismo. Rochas por todo lado. Em uma formação especialmente grande, algo brilhava. Fui até lá mas, antes que eu alcançasse as rochas, algo me impediu.

— Achou que seria fácil assim, Poseidon?

— E será, Oceano. — Declarei, me virando para encarar o homem colossal que me atacara. — Você não tem chance.

Conjurei meu Tridente. Zeus e Hades, de armas em punho, juntaram-se a mim. Oceano atacou primeiro, mas consegui desviar e desferi um golpe com meu tridente. Errei feio, mas isso o distraiu por tempo suficiente para que Hades o acertasse com um gancho de direita. 

Aproveitei a chance e lhe dei um direto no queixo. Hades juntou-se a mim, usando a viagem nas sombras para confundir Oceano. Zeus entrou na briga com tudo. Eu criava correntes que conduziam seus raios diretamente até o inimigo, sem nos ferir.

Juntos, nós três logo demos conta daquele safado. Ele desapareceu como se nunca tivesse estado lá.

— Todo mundo inteiro?

— Com certeza. — Respondi. — Até que foi divertido.

— Que nada! — Zeus protestou com uma gargalhada. — Nem deu pra aquecer.

Eu ri. Aqueles dois nunca mudavam.

— Andem, machões. Me ajudem a tirar essas pedras.

Atena 

Duas horas depois

Do alto da duna, eu contemplava o pôr do sol, satisfeita por Poseidon ter retornado a salvo.

— Quer companhia, milady?

Olhei para cima, encarando aqueles olhos da cor do mar. Meu coração imediatamente começou a bater mais rápido.

— E adiantaria dizer que não? — Brinquei.

Ele pareceu desapontado por minhas palavras.

— Atena, eu …

— Era brincadeira — Falei, rindo. — Não me importo se você me fizer companhia.

Ele sentou-se ao meu lado. Um silêncio constrangedor nos envolveu. Eu estava decidida a não quebrá-lo. Ficamos ali por um longo tempo.

— Atena, eu preciso que faça uma coisa para mim. — Poseidon anunciou de repente.

— Depois de tudo? — Rosnei — Sabe muito bem que minha resposta é não.

— Apenas me ouça. Por favor.

Ele estendeu uma das mãos, na palma da qual descansava a maior pérola negra que eu já vira.

— O que ... ?

Eu mal conseguia falar, tão surpresa estava.

— Você conhece a profecia, não é?

É claro que eu lembrava da profecia, fora o bastante para me perturbar por um longo tempo. Poseidon deve ter percebido que entendi, pois abriu um sorriso que fez meu coração disparar.

— Isso mesmo, Atena. — Ele confirmou gentilmente. — E então ... Fará o que lhe peço?

— Está bem. — Cedi — Eu farei.

Seus olhos da cor do mar brilharam de satisfação. Uma corrente apareceu do nada, transformando a pérola em um colar. Virei-me e deixei que Poseidon prendesse a joia ao redor de meu pescoço. Estremeci quando seus dedos quentes roçaram meu pescoço ao fechar o colar.


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