Destinada escrita por Benihime
Atena, Héstia, Poseidon e eu estávamos reunidos em uma área mais afastada dos jardins, onde poderíamos conversar sem sermos entreouvidos. Usando magia, fiz com que o mapa se desdobrasse no ar à nossa frente. Só precisei tocá-lo para que a profecia aparecesse.
Antigo inimigo reerguido
Somente unidos venceremos e
Às mãos da mulher pelo Mar amada
A relíquia deve ser confiada.
Olhei para Atena, que desviara o rosto rapidamente. Pude ver um leve indício de vermelho em suas bochechas e tive certeza de que ela estava corada. Senti vontade de dizer algo, mas não soube o que. Muito tempo atrás, ela realmente acreditara que Poseidon a amava ... Mas então houve Medusa.
Pode haver outra explicação. Lembrei-lhe, como vinha fazendo desde aquele dia.
Ele já teria me dito. Ela protestou amargamente.
E você o ouviria?
Ouviria. Minha irmã respondeu, embora sem muita convicção. Se ele ao menos tivesse tentado consertar as coisas, eu o teria perdoado.
Aquela nota de melancolia em sua voz … Não, não podia ser.
Você ainda o ama? Inquiri, surpresa.
Ela fixou os olhos nos meus e, minimamente, assentiu. Perdi o fôlego com sua confissão. Amar alguém depois de ser traída, de séculos de indiferença ... Era algo que eu nem podia imaginar.
— Lydia, Atena, em que dimensão vocês estão? — Poseidon chamou.
Fiquei grata a ele por me arrancar do rumo no qual meus pensamentos seguiam.
— Desculpe, tio. — Eu disse — Estávamos discutindo estratégia e nos empolgamos um pouco.
Ele olhou de soslaio para Atena e um sorriso curvou os cantos de seus lábios. Não pude deixar de notar o modo como ele a olhou. Os sentimentos ali com certeza ainda existiam, de ambas as partes.
Um plano começou a se formar em minha mente. A profecia dizia que somente unidos teríamos chance de vencer mas ... E se "unidos" tivesse um sentido mais amplo?
Uma hora depois
Poseidon explicou ao restante do Conselho o que já havia explicado a mim e Atena. A maioria, especialmente Zeus e Hades, não pareceu nada surpreso.
— Obviamente, não seria bom ir sozinho. — Meu tio declarou no final. — Zeus? Hades?
Ambos assentiram, parecendo satisfeitos.
— Essa é boa — Ares sussurrou para mim, seu hálito movendo pequenas mechas de meu cabelo e fazendo cócegas em meu pescoço. — Os Três Patetas de volta em ação.
Não pude deixar de rir de seu comentário. Só mesmo ele para me fazer rir num momento daqueles.
Poseidon
Minutos depois
— Atena.
Ela virou-se para me olhar, seus olhos tão escuros quanto nuvens de tempestade. Aqueles olhos ainda tinham o poder de me hipnotizar, mesmo depois de tanto tempo.
— O que foi? — Seu tom, como sempre, era hostil.
Sem pensar, encurtei a distância entre nós e abracei. Pensei que Atena ia me mandar para o Tártaro ou me bater, mas logo em seguida seus braços me envolveram.
Estávamos a sós na Sala do Conselho, mas eu sabia que meus irmãos voltariam a qualquer momento, e Zeus me mataria se me visse abraçando sua filha. Meio relutante, eu a soltei.
— Tenha cuidado, Pescador. — Ela disse, sua voz um pouco mais branda — E boa sorte.
— Obrigada, corujinha. — Respondi.
A loira desapareceu no momento em que meus irmãos entraram. Quase ri, divertido pelo senso de oportunidade perfeito daquela mulher.
— Até que enfim alguma diversão para nós, meus velhos. — Zeus brincou.
Nós três rimos juntos e, então, com uma sincronia que apenas séculos lutando juntos pode conseguir, fomos buscar a maldita relíquia.
Dois segundos depois
— Caracas, esse lugar é escuro mesmo. — Hades comentou.
— Olha só quem fala, cara. — Zeus zombou. — O próprio Batman reclamando da escuridão.
— Cortem essa e me ajudem, pode ser? — Interferi antes que os dois começassem a discutir.
— E você pelo menos sabe onde procurar, Cara de Atum? — Zeus desafiou.
— É claro que eu sei, rato elétrico.
— Crianças, deem um tempo. — Hades disse, soltando um bufo de impaciência.
— Cale essa boca, seu velho Bafo de Cadáver.
Zeus fez uma careta e deu um soco no ombro de Hades. Suspirei. Aqueles dois eram mesmo uns crianções. Absolutamente impossíveis.
Concentrei-me por um momento, tentando sentir o poder da relíquia que eu sabia estar por perto. Fiz sinal para que meus irmãos me acompanhassem e mergulhei ainda mais fundo, até o leito do abismo. Rochas por todo lado. Em uma formação especialmente grande, algo brilhava. Fui até lá mas, antes que eu alcançasse as rochas, algo me impediu.
— Achou que seria fácil assim, Poseidon?
— E será, Oceano. — Declarei, me virando para encarar o homem colossal que me atacara. — Você não tem chance.
Conjurei meu Tridente. Zeus e Hades, de armas em punho, juntaram-se a mim. Oceano atacou primeiro, mas consegui desviar e desferi um golpe com meu tridente. Errei feio, mas isso o distraiu por tempo suficiente para que Hades o acertasse com um gancho de direita.
Aproveitei a chance e lhe dei um direto no queixo. Hades juntou-se a mim, usando a viagem nas sombras para confundir Oceano. Zeus entrou na briga com tudo. Eu criava correntes que conduziam seus raios diretamente até o inimigo, sem nos ferir.
Juntos, nós três logo demos conta daquele safado. Ele desapareceu como se nunca tivesse estado lá.
— Todo mundo inteiro?
— Com certeza. — Respondi. — Até que foi divertido.
— Que nada! — Zeus protestou com uma gargalhada. — Nem deu pra aquecer.
Eu ri. Aqueles dois nunca mudavam.
— Andem, machões. Me ajudem a tirar essas pedras.
Atena
Duas horas depois
Do alto da duna, eu contemplava o pôr do sol, satisfeita por Poseidon ter retornado a salvo.
— Quer companhia, milady?
Olhei para cima, encarando aqueles olhos da cor do mar. Meu coração imediatamente começou a bater mais rápido.
— E adiantaria dizer que não? — Brinquei.
Ele pareceu desapontado por minhas palavras.
— Atena, eu …
— Era brincadeira — Falei, rindo. — Não me importo se você me fizer companhia.
Ele sentou-se ao meu lado. Um silêncio constrangedor nos envolveu. Eu estava decidida a não quebrá-lo. Ficamos ali por um longo tempo.
— Atena, eu preciso que faça uma coisa para mim. — Poseidon anunciou de repente.
— Depois de tudo? — Rosnei — Sabe muito bem que minha resposta é não.
— Apenas me ouça. Por favor.
Ele estendeu uma das mãos, na palma da qual descansava a maior pérola negra que eu já vira.
— O que ... ?
Eu mal conseguia falar, tão surpresa estava.
— Você conhece a profecia, não é?
É claro que eu lembrava da profecia, fora o bastante para me perturbar por um longo tempo. Poseidon deve ter percebido que entendi, pois abriu um sorriso que fez meu coração disparar.
— Isso mesmo, Atena. — Ele confirmou gentilmente. — E então ... Fará o que lhe peço?
— Está bem. — Cedi — Eu farei.
Seus olhos da cor do mar brilharam de satisfação. Uma corrente apareceu do nada, transformando a pérola em um colar. Virei-me e deixei que Poseidon prendesse a joia ao redor de meu pescoço. Estremeci quando seus dedos quentes roçaram meu pescoço ao fechar o colar.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!