Breaking Hearts escrita por Nathy_Migliori


Capítulo 3
Capítulo 1 - Antes


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos..

Um capítulo por semana sem dia certo tá bem.?

Mais um capítulo mas dessa vez com conteúdo.


Até lá embaixo.



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Segunda feira. Todas eram iguais na verdade, muito trânsito, muita encherão de saco, muito trabalho e nada de descanso por pelo menos três dias. Estava na mesma empresa a três anos e mudado de cargo a um ano e meio. O comentário que ainda rodava em algumas mesas - principalmente das moças - e que o tão famoso teste do sofá tinha entrado em ação.  Mas ela não faria isso, tinha princípios. E mesmo que não os  tivesse, não se submeteria a isso pra subir de cargo. Não com ele.

          Ethan era um rapaz de seus vinte e tantos anos, dono de si, com ar arrogante, porém, competente. Não tinha muita coisa contra o rapaz além de seu senso de sempre estar certo e ser o senhor da razão do mundo. Não era feio. Muito pelo contrário. Ethan  era dono de olhos negros insondáveis e apaixonantes, tinha uma postura forte e pouco atlética - provavelmente o porte era mais por causa da idade e herança hereditária, do que academia propriamente dita - pele alva e carregava em seu rosto uma barba rala sempre bem aparada. Não muito alto e nem muito baixo, arrancava suspiros por onde passava e todas da Louvetre L.A fariam de tudo para ter a atenção daquele homem. Todas menos Luíse.  Ela o achava arrogante demais e já se martirizava por ter de passar quatro horas inteiras duas vezes na semana com ele. Eram reuniões intermináveis essas na opinião de Luíse e quanto mais rápido pudessem resolver seus problemas mais rápido saia da presença daquele homem.

        Ela não sabia explicar mais algo na postura dele a irritava, a incomodava. Quando conversavam era sempre muito direta e não gostava quando ele começava com rodeios e deixava isso bem claro. O que provavelmente instigava ainda mais o chefe a alongar as discussões. Não podia negar que quando se tratava de debates ele era incrivelmente sensato e nunca havia imposto algo absurdo para se levar a equipe que agora ela coordenava.

     Para Luíse trabalhavam sete pessoas que cuidavam de toda a parte de marketing e planilhas de gastos dos demais setores. Se chamaram de RHM  - relações humanas e marketing.  O apelido era tão usado que acabou chegando ao ouvido do chefe que também passou a utilizar o nome pro setor.

     Aquela segunda era para apresentar uma nova propaganda interna para  incentivar os colaboradores a ir atrás de resultados. Quanto maiores os resultados da empresa maior eram os bônus paras os mesmos. Mesmo assim, Luíse sempre achava bom dar a eles uma dose de entusiasmo e motivação.

      Encontrou com Ethan  na porta do elevador pois naquele dia a reunião seria no último andar do edifício.  No mesmo lugar tinham sede mais duas empresas grandes também.  Cada uma ocupava sete andares do edifício e quando necessário poderiam utilizar a cobertura que era aberta as três empresas.

     - Bom Dia senhorita Liss. Pronta para a reunião de hoje. ? - saudou ele assim que a viu.
    - Bom Dia, Sr. Louvetre. Sim, tenho sempre que estar não é mesmo.?
    - Ah sim, minha cara. Realmente tem sempre que estar preparada. Mas acredito que para hoje será necessário muito mais do seu .. empenho.
 

      Luíse o olhou sem entender o que havia ouvido, porém,  preferiu prosseguir calada.  Subiram os andares restantes até o último em silêncio, mas a moça não pode deixar de notar o sorriso que teimava em dançar no lábio do chefe. Sabia que aquilo não significa coisa boa e se preparou mentalmente para o que viria.

        Quando desceram no andar selecionado e as portas se abriram Luíse sentiu o sangue sumir do rosto e mesmo foi trocado por um ódio mortal do homem ao seu lado.  A frente estavam cerca de quinze empresários de sua mesma empresa e mais alguns das outras duas que estavam instaladas no prédio. Luíse sentiu suas mãos suarem e tentou falar algo mas fechou a boca logo em seguida, ficou insegura sobre o que sairia de sua boca - se seriam palavras ou o seu café da manhã.
 

       - Eu esperava um questionamento, mas como não veio eu explico mesmo assim. Marcaram essa reunião de última hora e eu não sabia ao certo quem seria a pessoa indicada para vir e me acompanhar.
  
— É eu estou aqui por qual motivo.?
         - Tem se saído muito bem em todas as reuniões que tivemos. Não estive te forçando a toa, Luíse.  Sei que tem potencial e quero que mostre a esses homens o porquê tenho como líder de um setor importante em minha empresa, uma mulher. Você dá de mil em muitos deles.
         - Você poderia ter pelo menos ter me avisado. Me dado um sinal, Sr. Louvetre. O que eu vou falar aqui céus. ?
         - Hoje, por favor, peço que me chame somente de Ethan . Infelizmente esses abutres esperam que eu tenha mais contato um pouco mais  pessoal  com alguém de confiança.  Pode fazer isso.?
       - Claro Sr.. Desculpe. Claro Ethan .
       - Bom, temos um tempo antes da reunião começar.  Separei uma sala mais afastada para que possamos avaliar o que dizer para ser coerente e  ..
       - Uníssono. ? - completou ela sorrindo
       - Sabia que estava certo sobre você.

        Ethan sorriu leve para Luíse e ambos caminharam em direção a sala que estava reservada a eles. Luíse até aquele momento não tinha se aventurado até os últimos andares do prédio e mesmo com discrição observava a área em que estava.  Assim que desceu do elevador pode reparar no Hall em que desembarcaram : o chão aparentava ser de um mármore marrom, com enormes vitrais do teto ao chão. Conjuntos de sofás de couro preto estavam espalhados em conjuntos de quatro ou cinco peças em alguns cantos das salas. Ao lado das portas dos elevados e da enorme sala de reuniões estavam pequenos vasos de plantas - o único sinal de vida além deles. Caminhando um pouco mais pode notar que além da sala de vidro de reuniões - que ela descobriu chamarem de aquário - haviam pelo menos mais sete salas menores, seguindo o mesmo padrão da maior. Entraram na última sala do corredor e Ricardo fechou a porta e o som de vozes foi abafado.

        - Então, o que iremos apresentar. ?
        - Esse é um assunto delicado. Estaremos apresentando nossa empresa hoje. As outras duas estão aqui para que possamos chegar a um acordo e virarmos apenas uma.
         - Espera, acho que não entendi. Eu estou numa reunião de fusão é isso.?
        - Você está numa reunião secreta de fusão - ele deixou bem claro a palavra secreta.
         - Aí meu Deus..! Eu não deveria estar aqui. Alguém com mais experiência. Sim, você deveria ter trago alguém  mais experiente. .!
         - Luíse, não creio que seja uma boa hora para surtos. Você está aqui porque deveria estar e também porque foi selecionada entre outros pelo Conselho da empresa. Está aqui porque merece estar. Entendeu?

        Luíse precisou de alguns minutos para digerir aquela informação. Estava ali porque foi escolhida pelo Conselho da empresa que é formado basicamente por homens velhos e machistas e que queriam a todo custo tirá - lá dali.?  Algo não estava certo, mas aquele não era o momento para se pensar nesse assunto. Precisava mostrar que estava pronta para mais aquele desafio em sua vida. Respirou fundo e seguiu :

      - Onde estão os papéis que eu preciso para poder mostrar o quão importante nossa empresa será para esses abutres?
     - Muito bem. Assim que se fala. -disse Ricardo lhe entregando uma pasta com a documentação.

       Luíse passou exatos trinta minutos estudando um pouco sobre o que precisaria falar. Para alívio dela não seria nada muito além de apresentar a empresa ao futuros sócios.  Aumentava algo aqui e ali além do que ela mesma já sabia e o que tinha dúvida ela as tirava com Ethan. Estava tão concentrada que se assustou quando bateram de leve na porta informando que começaria a reunião.

    - Luíse, mais uma coisa.  Gostaria que soubesse que nada que vá acontecer lá dentro e pessoal. E pura e simplesmente trabalho,  infelizmente. Estou mudando isso aos poucos, mas sabe como são velharias.
      - Não sei se compreendi.
      - A maioria das pessoas que estão dentro daquela sala são da época do meu avó e pai. Ou seja, são machistas. Infelizmente terei que ser um tanto. .
      - Arrogante? Machista? Babaca?
     - Eu não teria tanto adjetivos tão fáceis, mas esse serviram muito bem.
     - Já sou acostumada com sua arrogância. Cheguei aqui passando por cima de orgulho de homens machistas eles querendo ou não. Se me trouxe aqui porque confia em meu potencial, então passarei por eles também.

      Luíse completou sua frase deixando um Ethan um tanto surpreso e confuso para trás.  Ele era arrogante com ela.? Sempre achou que estava sendo justamente o contrário, não era exatamente por isso que ela estava ali.? Ou ele havia armado um circo por causa dela a toa.? Ponderou essas questões por alguns segundos e logo  seguiu a moça esguia a sua frente para a sala de reuniões. Podia confiar em Luíse e sabia muito bem disso.  Não só sua mente sabia na verdade.

     Por mais que a maior parte do quadro gerenciaal das empresas fossem compostas por homens, haviam mais algumas mulheres na sala todas com a mesma expressão de Luíse : competência e poder. Elas exalavam esse segundo sem precisar fazer esforço.  E eram reconhecidas por isso. A única que tecnicamente estaria se expondo a júri era Luíse, mas assim que começou a falar a moça mostrou que tinha tudo sobre  seu rígido controle :

    -Boa tarde, senhoras e senhores.  Me chamo Luíse Liss e estou aqui hoje como representante da empresa Louvetre - começou se levantando.

    Assim que a moça se pôs completamente de pé as atenções se voltaram para si. Não dá forma como Luíse gostaria - como sempre acontecia de começo - mas sabia que estava prestes a mudar mais essa. Ethan só reparou na moça quando os demais o fizeram. Só aí notou o quão clara a pele de Luíse era e o quão lindo seus cabelos castanhos claros e lisos caiam delicados sobre seus ombros. Pode notar o quão firme eram os olhos castanhos claros que faíscavam enquanto a moça dava a introdução à grande empresa que herdará de seu pai e esse de seu avó. Notou também que seu conjunto social preto realçava cada curva de seu corpo e resolveu não prosseguir com a avaliação. Temia não conseguir se concentrar no que sua assistente - pelo menos naquele momento - estava dizendo. Sua mente estava viajando e retornou assim que ouviu seu nome :

        - Luís Louvetre e enfim, seu filho, Ethan Louvetre. A Louvetre L.A. está no ramo de vendas, comunicações e transações internacionais a mais de cinquenta anos. Podem procurar, não vão procurar antiguidade, qualidade e sofisticação em outro lugar como nós  temos - continuou Luíse arrancando risadinhas dos presentes - vocês procuram agilidade ? Competência? Garantia de que seu negócio vai prosperar? Nós temos os meios de realizar as suas vontades.

   Ethan estava com a boca escondida pela mão que apoiava o queixo e ficou feliz de estar dessa forma. Podia sorrir de canto sem ser notado enquanto prestava atenção em todos os presentes e em suas caras embasbacadas com o discurso de Luíse.  Ela soube entornar nas palavras certas e quando empregou o tom certo tomou as atenções para o que falava e não para seu corpo. Estava muito orgulhoso não só da moça que havia tomado para si todos os pares de olhos presentes, mas de si por ter investido tão forte em sua opinião sobre a moça.
 
   A reunião durou mais vinte minutos sem contar o tempo em que Luíse falou e saíram de lá com os contratos prontos para serem assinados.  Os sócios só precisavam de alguém que não fossem os donos reafirmando o que eles mesmos já sabiam.  Se levantaram todos e saíram da sala deixando apenas os dois lá. Assim que se viu somente com seu chefe Luíse se jogou na cadeira mais próxima é enfim respirou. Ainda estava de cabeça baixa quando começou a ouvir as palmas.
 
       - Se saiu muito bem, senhorita Liss.
       - Obrigado, Sr. Louvetre.
       - Se eu não fosse dono da Louvetre L.A, depois dessa apresentação com certeza entraria para o grupo.  Você expor a empresa de uma forma que somente competentes funcionários, sócios ou donos fariam.  Estou contente de ter sido você a escolhida.
       - Agradeço a confiança, a oportunidade  e os elogios. Agora, se o senhor não se importar, gostaria de voltar a minha sala e me trancar nela até o fim do meu expediente. - Luíse sorria de leve e mais aquele gesto mexeu com a imaginação já bagunçada de Ethan.
       - Claro. Vamos. Estava apenas aguardando aquele fluxo de pessoas descer. Acredito que não iria querer passar mais um minuto que fosse na presença de toda a aquela gente.
        - Tem toda razão.  Obrigado.

      Ambos se levantaram e caminharam em silêncio de volta ao elevador. Cada um pensando em seus próprios interesses. Luíse em como tinha se saído bem na frente de tantos investidores - que diga - se de passagem só fecharam negócio pela boa recomendação da moça - e Ethan em como tentar tirar Luíse de sua cabeça para que ela parasse de mexer com outras partes de seu corpo.

    Entraram no elevador e selecionaram o andar desejado. Ainda estavam em silêncio mas esse não estava sendo ruim. Na verdade estava sendo até bom , para pensar, observar o interior. As luzes começaram a piscar do nada e um tranco fez Luíse soltar um gritinho agudo. As luzes se apagaram completamente e o elevador parou com mais um tranco. Os dois se olharam já desconfiando o que viria a seguir. Ethan pegou o telefone ao lado do painel de andares e discou para segurança. Luíse não sabia o que tinham falado para o chefe, mas sabia que não havia sido coisa boa.
 

      - Sr . Louvetre o que houve.?
      - Queda de energia.

   Respondeu curto e grosso. " Ótimo.  Presa no elevador e o babaca resolve aparecer" pensou Luíse antes de prosseguir com seu interrogatório.
 
      - Tudo bem.  Vamos ficar aqui por quantos minutos?
      - Se tiver contato com a empresa de energia elétrica e alguém que possa lhe responder eu agradeceria.  Porque o que os meus funcionário me passaram e que não há previsão pra voltar - continuou seco
      - Aí meu Deus. Estamos presos?
     - A senhorita e esperta o suficiente para responder essa sua pergunta ordinária.
      - Que ótimo..! Presa num elevador sem previsão para voltar com um babaca.
      - O babaca e quem paga o seu salário.
      - Não seja por isso.  Quando sairmos daqui pode me pagar as horas e vou embora. Me demito. Não sou obrigada a trabalhar com alguém tão arrogante e prepotente e ridículo e babaca como você é.  Já conheci homens ridículos mas você tem ultrapassado todo os limites aceitáveis desse maldito defeito.

     Luíse continuava a falar e gesticulava olhando para a parede oposta de onde Ethan estava encostado, e não percebeu quando o chefe começou a afrouxar a gravata de sua camiseta e escorregar lentamente para o chão perdendo gradativamente a pouca cor que já tinha. Ethan tinha vontade de mandar a mulher calar a boca, mas até respirar parecia uma missão difícil naquele momento. Sentia que o pouco ar do ambiente não preenchiam seus pulmões, sentiu sua visão embaçar e foi quando viu que Luíse percebeu que não estava bem. Podia ver mesmo com os olhos meio cerrados o desespero estampado na expressão da moça.

      - Ethan, eu sei que é difícil, mas por favor fique acordado.
      - Estou tentando - respondeu com dificuldade
       - Aí meu Deus. Além de me dar um chefe babaca, tinha que ser claustrofóbico. ?

    Ethan ouviu e ao invés de ficar irritado como normalmente ficaria, sentiu algo diferente nas palavras : diversão, zombaria e algo mas. Mesmo sendo quase uma missão impossível, tentou manter um diálogo com Luíse :

     -Não... Não.. Está. .. desesperada. ?
   - Me desespero por muitas coisas, mas essa não é uma delas.  Passei por várias crises assim.  Ainda faço acompanhamento médico. Mas melhorei muito.  E bem .. Vou ficar calada. Você precisa de ar..
    - Tudo... Tudo. .Bem.  Eu. . Eu.. Não. .Não. . Ligo.
   - Calado. Tente respirar e fique calado.

   Luíse se sentou em frente a Ethan e começou a respirar calmamente. Ele tentava manter sua fobia sob controle para conseguir se acalmar e a presença de Luíse estava ajudando um bocado.  Ela pegou sua mão e colocou encima de seu peito e ao sentir a respiração calma dela, a sua própria foi se tornando mais compassada. Sentiu a cor voltando a seu rosto e parou de suar frio.  Ambos pediram a noção de quanto tempo ficaram presos dentro do elevador e naquela posição que até o momento não estava sendo desconfortável para nenhum dos dois.

     O interfone tocou e Luíse de adiantou para atender. Alguns minutos depois a luz voltou e logo após o elevador voltou a descer. Luíse ajudou Ethan a se levantar e o mesmo ajeitou suas roupas e colocou a máscara que Luíse sempre conheceu. Antes da porta se abrir ela se adiantou dizendo:
  

     - Espero que melhore Sr. Louvetre.  E não se preocupe.  Ninguém saberá o que houve com o senhor. E passo depois para pegar minha demissão.

      Ele demorou um pouco para assimilar a última parte e quando entendeu, sorriu de lado discretamente e respondeu :

     - Não dessa vez, senhorita Liss. Terá que aturar o babaca um pouco mais.

    Logo após a porta se abriu e ambos a saíram sem trocar sequer um olhar. Ela seguiu para a direita até o fim do corredor,  entrou em sua sala e se trancou como disse que faria e ele seguiu para para a esquerda.  Estou em sua sala e pediu para não ser incomodado. Passou o restante da tarde relembrando a procuração que Luíse deixava estampada em sua face e pensou como faria para se livrar de mais esse pensamento.  Não precisa disso para si. Nunca mais precisaria. Mas sabia que bem no fundo estava enganado sobre isso.


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Notas finais do capítulo

E aí meus queridos.?

O que estão achando.?

Comentem pra eu saber. .

Beijos e até semana que vem



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