O abismo em todos nós. escrita por Ninguém


Capítulo 16
Capítulo 16




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“ Se estiver atravessando o inferno, não pare.” – Winston Churchill

 

Alexandre observava o homem sozinho a sua frente segurando uma simples adaga. A parte em que estavam da floresta não havia sido queimada no primeiro incêndio de modo que podia sentir o frescor das sombras e os sons de grilos e cigarras. O garoto pensava agora que para mudar é necessário pagar um preço, infelizmente ninguém diz ou sabe quanto é tal valor.

Para ele o preço por obter o que hoje possui... foi alto demais.

E começou justamente naquela floresta.

***

— Hei garoto... noite difícil, é?

O estranho surgira das trevas da rua deserta assustando Alexandre que a princípio cogitara se tratar de um ladrão, porém estava bem vestido demais para ser um simples mala ou batedor de carteira. O homem em questão vestia uma calça jeans limpa, botinas pretas e uma camisa social negra de mangas cumpridas; seu rosto era jovial e simpático com olhos azuis celestes e cabelos loiros perfeitamente penteados com a medida certa de gel.

— E quem é você?

— Meu nome é Lucérius. – ele balançou a cabeça – é... nestes tempos é melhor eu me chamar de Lucérius porque meu outro nome meio que perturba algumas pessoas.

— Ah é? Que nome seria? Jofrozildo?

Lucérius riu.

— Não. Samael seria mais indicado, mas creio que você me conheceria por Lúcifer.

Alexandre franziu o cenho. Ótimo, não era um ladrão e sim um drogado tendo alucinações sérias. Alexandre o ignorou e voltou a fitar a imensidão escura da floresta da princesa naquela noite terrível. O estranho não foi embora, posicionou-se ao seu flanco e ficou calado observando a vastidão do cenário calmo.

A presença do sujeito estava começando a irritar o rapaz que àquele ponto estava bem triste e muito puto pela rejeição de Suzane – mais precisamente por tudo o que ela disse dele jogando sal em todas suas feridas – de modo que não conseguiu ficar calado, virou-se para o drogado e disse:

— Se não se importa, quer algo de mim? Se for minha carteira, celular... pode levar. Mas quero ficar sozinho.

Lucérius o encara.

— E se eu te dissesse que quero sua ajuda para salvar a humanidade e em troca, te ofereço ajuda para lidar com sua dor.

— Minha dor é escutar sua voz nesse momento.

Lucérius riu.

— Não, garoto, sua dor é muito mais profunda. Posso ver claramente que seu ego está em ruínas, sua autoestima em frangalhos. A escuridão em sua alma está se expandindo de maneira gradativa tomando por seu egoísmo em não ter o que quer. – o homem põe as mãos nos bolsos e balança a cabeça pensando – tipo um bebê que acha que se chorar sempre vai ter atenção da mamãe e de todos à sua volta.

Outra pancada no ego fez Alexandre segurar as lágrimas dar as costas para o estranho e começar a descer a rua deserta. Foi quando ouviu novamente Lucérius dizer:

— Posso fazer essa agonia sumir.

O neto de Gertrudes parou de andar, umedeceu os lábios e conteve a raiva dando meia volta.

— Jura? E como vai fazer isso!? Vai me oferecer um pacto em troca da minha alma? Porque se for você é mesmo um diabo bem manjado.

Lucérius suspirou e lentamente foi caminhando para perto da criança. Parou rente a ele retirando uma das mãos do bolso esticando-a com a palma aberta.

— Eu não quero possuir sua alma, quero ajudá-la. Aperte minha mão.

Alexandre já estava ficando sem paciência com aquele papinho bizarro. Olhou para a mão estendida, engoliu seco, hesitou e por fim desistiu. Dane-se, o que ele tinha a perder em cumprimentar um estranho ruim das ideias? Ao apertar a mão de Lucérius algo aconteceu.

A dor se foi. A pressão pela vergonha que sofreu, o ódio por ser rejeitado por Suzane e por todas as garotas que “chegou”. A tristeza pela traição de seu único “amigo” por causa de um rabo de saia. A agonia de ser isolado pela escola inteira, por ser crucificado e condenado por simples brincadeiras... tudo sumiu. Sua cabeça estava leve, seu corpo estava leve... era incrível!

Alexandre se sentia em paz.

Lucérius sorri e afasta a mão, ao se desconectarem todo o pesar voltou numa torrente para a cabeça de Alexandre.

Abobalhado jovem olhava para sua mão não entendendo o que houve, em seguida fitou a expressão risonha do estranho.

— Como...? O que...? Como fez isso?

— Usei minha luz para afastar momentaneamente as trevas que circundavam sua alma.

— Hã?

— Se quer mesmo saber, se quer mesmo encontrar uma cura para sua dor... venha comigo.

O estranho começou a caminhar na direção contrária e Alexandre nem hesitou, foi junto. Ainda atordoado pelo truque inacreditável, o neto da juíza seguiu o sujeito bem arrumado até um conjunto de degraus de pedra que descia da estrada montanhosa para baixo em direção a floresta escura. Enquanto caminhavam, Lucérius foi falando:

— Cada ser humano é composto por uma alma, ela é uma forma energética complexa criada por meu Pai para servir ao propósito de evolução. Quando a alma encarna num mundo habitável, ela cria duas projeções... a mente e o corpo. Mas entenda bem, eles são apenas projeções... meras cascas que refletem sua forma divina.

Alexandre ouvia atentamente enquanto desciam para a escuridão.

— Tais almas foram construídas usando luz e trevas com o propósito de terem liberdade absoluta não importando a situação. Elas são livres, a liberdade absoluta as resume. Isso é uma benção quanto uma maldição.

— Hã... – Alexandre estava boiando – por quê?

— A luz representa elementos potencialmente bons ou em outras palavras, sensações lindas, perfeitas, daquelas que você sente que vale a pena viver. Comer um bolo de chocolate, ser abraçado por alguém que ama, fazer sexo. – Lucérius para de descer e se vira fitando o jovem.

— O que foi?

— No seu caso eu diria que é a sensação de um orgasmo quando se masturba, afinal você é virgem.

Alexandre enrubesceu.

— Não sou não!

Lúcerius suspirou em desanimo, balançou a cabeça na negativa e voltou a descer os degraus.

— Continuando... as almas possuem a luz que pode ser explicada por tais emoções, infelizmente, como eu disse, elas foram criadas por meu Pai com o propósito de evolução. Para evoluir, as sensações boas não servem. A alma precisa da escuridão, das trevas para que possa se aperfeiçoar... afinal, se o cenário fosse sempre perfeito pra quê mudanças, qual a necessidade de ser melhor?

Finalmente eles chegaram à floresta onde Alexandre apressou o passo para não perder o loiro no meio das sombras das árvores.

— Luz e trevas – continuou Lucérius – um sistema perfeito de evolução... só que as almas não possuem manual de instrução. Elas não sabem disso, não saber dosar a quantidade certa de suas duas metades de modo que há sempre falhas.

— Falhas?

— Uma pessoa viva produzem luz e escuridão a todo momento e elas se manifestam por seus pensamentos e ações, será que você já reparou que pensamentos ruins podem ser excruciantes? Um sujeito sozinho pode se torturar apenas por lembranças ou expectativas infundadas que geram frustração. O ódio é um sentimento que nasce de dentro do ser, e ele é extremamente nocivo. Resumindo... uma alma pode causar sua própria dor. Ela cria sua própria agonia.

Alexandre e Lucérius saíram das sombras entrando numa clareira bem iluminada pela lua cheia da noite, o homem parou e se virou fitando Alexandre.

— Exatamente como você está criando a sua. Acha que as mulheres, seus amigos, o pessoal da escola são culpados pela dor que está passando? – o homem ergue o indicador balançando-o – não, Alexandre. Eles não têm qualquer responsabilidade por seus sentimentos. As emoções são suas, como você não as controla, como não entende de onda elas vêm, quem é o verdadeiro criador delas; você culpa os outros. Mas não se preocupe, não é o único. Eu diria que em sete bilhões de humanos neste mundo, poucas dezenas tem o controle ideal de suas almas.  

Ainda boiando sobre tudo, Alexandre só pode dizer:

— Hã... isso é aquela filosofia zen é?

Lucérius sorriu e começou a desabotoar a camisa, ao retirá-la, os ossos de suas omoplatas começaram a se contorcer e a pele rasgou explodindo em sangue revelando de lá duas grande asas negras com adornos em ouro.

Alexandre assistiu o espetáculo completamente imóvel. Primeiro cogitou se tratar de um sonho, depois achou ser uma pegadinha, finalmente quando aceitou a realidade ele soltou um grito fino de mulher e desatou a correr na direção oposta entrando na mata densa e escura. Não foi muito longe. Lucérius pousou a sua frente o empurrando com força para trás de volta a clareira.

— Tenha calma criança – disse ele – não sou seu inimigo. Nem pretendo lhe fazer mal.

Tremendo, Alexandre se pôs de joelhos apontando para as asas.

— QUE PORRA É ESSA? Você por acaso é filho de uma mulher com uma águia? Droga! Thanagarianos são de verdade?! PUTA QUE PARIU!!!!

Lucérius suspirou.

— Sou um anjo, Alexandre. Creio que já tenha visto muitas histórias sobre os anjos, sobre Lúcifer e sua rebelião.

Batendo os dentes, o garoto tentou se acalmar. Sua avó era católica praticante... ele já foi a igreja muitas vezes, mas nunca prestou atenção na bíblia porque era um texto longo e chato. Foi quando sua mente deu um estalo.

— Ah! Você o anjão mal que aparece na quinta temporada de Supernatural! O que quer tomar o corpo do Sam e iniciar o apocalipse! Caralho! Você é de verdade! Droga! Droga! Droga!

Lucérius cruza os braços e olha com descrença para o novo candidato. Era o primeiro que Amélia escolhia, então ele deu um voto de confiança quando na verdade talvez Aegon fosse uma escolha mais sensata.

— Sim. Muitas histórias deturpam minha imagem. Há muito para explicar, logo se ficar quieto, vou sanar suas dúvidas.

Como uma criança a qual a mãe prometeu dar um doce se ficasse quieta, Alexandre calou-se na hora cruzando as pernas ao se sentar no chão de folhas secas totalmente atento a figura extraordinária.

Lúcifer começou a explicar que Deus e os anjos eram reais, e sim, ele fora expulso – não do paraíso, mas do seu mundo – por Miguel e seus irmãos por causa de uma divergência de opiniões.

— Teve uma briga com seus brothers e ele te deram um pé na bunda para outro planeta? – perguntou Alexandre embasbacado – puta que pariu!

— Não interrompa.

— Mil perdões. – ele voltou a se calar.

Lúcifer explicou o preceito básico: Deus não mais estava presente no mundo dos anjos nem no mundo dos humanos por que naqueles mundos seu trabalho estava concluído. O Altíssimo passou muito tempo aperfeiçoando seu trabalho para criar os alados e o homem, além do universo necessário para que ambas as raças pudessem viver e se aperfeiçoar. Quando seu trabalho chegou ao fim ele desapareceu.

— Simplesmente sumiu? – perguntou Alexandre.

— Não exatamente. Imagine que meu Pai é um engenheiro e esteve trabalhando num determinado projeto, com o fim deste projeto ele partiu para o próximo em um lugar totalmente desconhecido para nós.

O anjo caído prosseguiu: Para tornar o sistema perfeito para a evolução da humanidade, Deus criou as árvores da ascensão. O alado explicou de um modo simples para que a mente limitada do rapaz pudesse assimilar. Era duas árvores, uma feita de luz que habitava na superfície do planeta dos anjos, bem no topo da colina da redenção. A segunda era totalmente feita de sombras que ficava no abismo das Quatro Mortes; um lugar profundo bem abaixo de uma cortina de vulcões ativos.

— Deus as criou com o propósito de ser o eixo para a manutenção das almas até sua evolução final. Para ser mais direto: elas são conectadas e gerem todas as almas existentes através da reencarnação.

— Como assim?

— Quando uma pessoa morre sua mente e corpo se desligam da alma e ela retorna ao plano etéreo, para o mundo dos anjos. Porém... quando isso acontece entra o mecanismo do sistema de purificação.

Lucérius olha para cima em direção a lua cheia, inspira profundamente tentando encontrar as palavras certas que façam Alexandre entender. Quando pareceu encontrar , o encarou e disse:

— Você conhece a fábula que os humanos criaram sobre céu e inferno? Que uma pessoa de fé e boa vai para o reino do Pai enquanto a maléfica deverá arder no fogo eterno do inferno?

— Sim, sim... vi várias jogos sobre isso.

O anjo franziu o cenho.

— Ok. Essa teoria do céu e do inferno não é totalmente errada, mas está longe da verdade. Todas as almas são puras à sua maneira, ainda que a mente e o corpo se maculem, ela é um polo de energia positiva. Mas eu como eu disse antes, a alma é capaz de gerar trevas e elas são... o inferno.

— Hã?

— Consciência, criança. Consciência. Se um ser humano morrer em paz, morrer acreditando ter feito tudo o que deveria, aceitando as falhas, abraçando as experiências durante sua vida ele vai direto para a árvore de luz. Nela, a alma é envolta em um êxtase de sentimentos bons inimagináveis. Depois de um tempo, quando a alma se cansar da perfeição, e acredite em mim, cansa mesmo, a árvore divina a expele de volta para os caminhos invisíveis onde a alma reencarna em um dos muitos mundos habitáveis por humanos para uma nova jornada de aventuras. Ainda que haja dor e sofrimento, a vida é uma aventura incrível.   

O cérebro de Alexandre começava a entender um pouco do que o homem com asas dizia, assim sua pergunta foi obvia:

— E o que acontece com a alma se ela não morrer em paz?

Lúcerius voltou a cruzar os braços.

— Alexandre, preciso que entenda uma coisa: a alma é livre. O livre arbítrio dela é absoluto. A “paz” de alguém é algo determinado por ela mesma, não importando a situação. Um assassino em série que seguiu sua compulsão de matar porque se sentia bem foi direto para o céu ou para a árvore de luz porque ao ser morto, ele sabia que fez o que queria fazer apesar de ser considerado errado. Hitler por exemplo, era um homem perturbado com uma mente distorcida, mas ele fez o que fez acreditando na supremacia da raça ariana. Ele acreditava tanto em seu povo que os massacres que ocorreram por sua ideologia não perturbaram sua paz em momento algum, de modo que sim, ele foi direto para a luz. Agora, se pegarmos o exemplo de uma pessoa comum que nunca infringiu uma lei, que tem pais amoroso, uma vida financeira estável, mas está sendo atormentada por seus próprios pensamentos do tipo: “ não sou amada” “ onde está o significado da minha existência?” “por que a vida é tão dura?” “ porque não consigo o que quero apesar de fazer o que posso?”.

O anjo descruza os braços.

— Um ser assim acumula trevas e ao morrer, sua alma estará impregnada de escuridão. Se você acha difícil acreditar, observe este mundo: as maiores taxas de suicídio vêm de países onde o IDH é maior. O suicídio é o clímax do desespero, é onde a alma acumulou tanta escuridão que não consegue mais ver nada além do vazio. E para isso, é necessário que ela seja purificada... no inferno.

Alexandre sentiu um frio descer por sua espinha.

— Uma alma cheia de trevas é levada diretamente para o abismo onde reside a árvore das sombras, esta planta divina então libera esporos, que chamamos de sementes do inferno, e imediatamente se ligam a alma para se alimentar da escuridão dela. Quando toda a dor, agonia, pensamentos ruins e ódio daquela pequena alma são devorados, ela se liberta e vai para a árvore de luz.

Alexandre percebeu que o anjo falava daquilo com certo tom de raiva contida.

— Ela se torna limpa – disse o garoto – me parece bom.

— Não, criança, não é. Quando o esporo se liga a alma ele começa a comer a escuridão, mas para a alma isso é um processo extremamente doloroso por que durante o processo ela é forçada a reviver todos os traumas que gerou na vida carnal. Será tipo você repetir várias e várias vezes os eventos mais tristes, dolorosos e agonizantes por décadas... as vezes séculos.

— Ok. Já não me parece tão bom.

— Meu Pai acreditou que somente através do reconhecimento dos próprios erros a alma ira transcender e evoluir. Crescer é um processo doloroso... eu não pude aceitar.

— Como assim?

— Isso está errado. A alma não sabe viver, então vem para um mundo o qual a força a trevas para sofrer e evoluir. Parece bonito, mas quando se observa de perto... milhões, bilhões sofrem e fazem seus semelhantes sofrerem sem se aprender nada, depois vão para o inferno e são envoltos em mais e mais tristeza e agonia para poderem se elevar.

Lúcifer falava com uma raiva contida.

— Não posso tolerar. Humanos são criaturas magníficas, são nossos irmãos mais novos. – ele fita Alexandre bem nos olhos – todos no meu mundo amam e observam vocês, e quando sofrem... nós também ficamos tristes. Eu mais do que todos por isso quis mudar o sistema.

Alexandre se levanta.

— Como?

O anjo suspira e diz com toda convicção:

— Eu vou destruir o inferno. Se as almas são envoltas em trevas porque não conhecem a verdade deste mundo, a verdade delas mesmas então nós anjos podemos explicar. Podemos guiá-los! Ensiná-los.  

Ele põe a mão no ombro de Alexandre.

— Mas eu preciso de ajuda. Vou levar a guerra ao meu mundo para cortar a árvore das sombras, vou salvar as almas que estão sendo atormentadas, depois irei ensinar os humanos escolhidos a lidar com a escuridão de seus semelhantes para salvá-los ainda em vida, para que vivam neste mundo e nos outros em sua plenitude de felicidade e paz. Eu juro, Alexandre, eu farei isso!

As palavras o tinham atingido. O jovem não negava as intenções do anjo, sentia uma estranha empolgação fluir de dentro de seu corpo.  

— Mas eu preciso de soldados. Estou selecionando um exército a dedo para me ajudar, para que eles sejam os apóstolos da nova era, para que iluminem e salvem. Não vou mais tolerar o descaso de Miguel e dos outros arcanjos.

***

Alexandre ergueu a mão olhando os dedos, os flexionou e depois começou a estalá-los sozinho achando alguma coisa interessante neste simples ato.

— Perdoe-me – disse ele ainda fitando o membro – não posso morrer ainda.

Leon travou a mandíbula.

— Não é você quem decide isso, abominação!

Com uma vontade férrea o homem de jaqueta de couro enfia a lâmina da adaga na mão livre abrindo um talo, aguentou a dor, se livrou da arma e a fechou em punho para que o sangue saísse em boa quantidade. Com o olhar totalmente direcionado ao inimigo que os anjos haviam-lhe alertado, o milionário dobrou o joelho socando o chão com força usando a mão ensanguentada.

Poucos centímetros a sua frente um círculo de luz foi acionado e uma forma humanoide foi materializada aos poucos, quase como se o brilho fosse sendo moldado como barro. Quando a claridade cessou, havia uma mulher usando uma armadura completa de metal e neon nas cores dourado e vermelho, sua mão direita segurava a haste de uma lança prateada com a ponta em seta de ouro. A mulher era linda, deveria ter vinte cinco anos ou menos, uma face delicada e longos cabelos platinados que desciam pela armadura como uma cascata de neve. Seus olhos talvez fossem o mais chamativo, o direito era azul e o esquerdo verde; ambos emitiam um fraco brilho entalecendo sua beleza.

E das costas, por uma abertura especial no traje de batalha, duas grandes asas brancas com adornos prata sustentavam-se.

A anja fitou Alexandre com uma expressão de nojo depois virou a cabeça na direção do homem.

— Bom trabalho Leon. Daqui pra frente eu assumo. Afaste-se o bastante e fique seguro.

— Como ordenar, minha senhora.

Alexandre observou surpreso, mas não tanto. Suas memórias haviam voltado e ele sabia da existência dos alados.

Assim como sabia que eles queriam sua cabeça separada de seu corpo.

— Se possível – disse ele com o mesmo tom tedioso – gostaria que me deixasse passar.

A anja aponta a lança na direção do rapaz.

— Minha missão e dever é expurgar as criações malignas de Lúcifer. No entanto, em respeito a você ter sido humano eu lhe digo: entregue-se pacificamente e garantirei uma morte indolor.

Alexandre arfou em desânimo.

— Repito: não posso morrer ainda. Se palavras não irão convencê-la então... – ele estrala o pescoço – vamos começar.

A alada abriu as asas esse posicionou para o combate.


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