I Still Believe escrita por Lily Duncan


Capítulo 8
Mal que vem para o bem


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi, oi, oi! Quasse nunca sei o que dizer nessas notas. Mas como vocês estão? Prometo respondê-los logo. Eu fico fazendo mil e uma coisas, por isso gosto de esperar finalizar tudo para dar prioridade na hora de responder. De qualquer forma, vou respondê-los. Eu leio tudinho u.u
Se liguem nos acontecimentos. Tem pistas muito importantes para o desenvolvimento da trama. O próximo capítulo, aliás, ainda é bem quente (rs). Só um pequeno spoiler.
Tenham uma boa leitura!



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ATUALMENTE

Emma tinha finalmente decido que era mais seguro se manter próxima de Regina. Elas seriam imbatíveis se ficassem juntas e nenhum inimigo teria coragem de enfrentá-las. Na realidade era aquilo que elas pensavam, após uma longa discussão a noite sobre o que deveriam fazer a respeito dos encapuzados. Tinham chegado nessa conclusão, pois não queria ver ninguém sofrendo. Aliás: elas ainda não sabiam com quem estavam lidando.

Tinham aparecido três criaturas de magia negra em Storybrooke, o que significava três mortes, e ela sentia tanto por não ter conseguido evitar. Ainda queria descobrir o causador disso, mesmo que sua mente trabalhasse incessantemente para tirá-la dessa missão. Era muito perigoso naquela altura.

Levantou-se da cama logo antes do amanhecer e tentou refazer os passos da entidade. Regina e Henry dormiam tranquilamente e ela não queria tirá-los do conforto apenas porque sua cabeça estava uma bagunça. Falhou miseravelmente em todas ideias, principalmente quando tentava chegar em uma conclusão, e decidiu que procuraria Sr. Gold pela tarde.

O homem, por mais que ela não gostasse, era o único que estava mais próximo de suas respostas. Segundo o pai e os amigos, ninguém ainda tinha ido conversar com ele, sendo que precisavam agir urgentemente.

Tomou café e saiu cedinho de casa para dar uma caminhada e espairecida. Ela não conseguiria fazer nada correto se continuasse tão eufórica e ansiosa. Precisava se manter no controle, senão tudo desandaria. Ela tinha conseguido se manter viva por dias dolorosos naquela caverna e sabia que podia passar por isso naquele momento.

Emma virou uma rua deserta por conta do horário e sentiu uma pontada doentia subindo o tórax. Ela precisou encostar em uma das paredes e recuperar o fôlego, mas a cada expiração lhe doía as costas. Preocupada com a situação, ela sentou em um banquinho de madeira próximo e esperou a sensação ruim passar.

Mas piorou. Ela respirava e tossia freneticamente, a cabeça doendo tanto que fazia sua visão embaçar. Tentou se levantar, mas as pernas estavam moles demais. Antes que pudesse gritar por ajuda, uma imagem tomou conta de sua cabeça, como uma visão muito realística.

Ela estava na rua principal que dava para a saída de Storybrooke. O céu estava mais escuro, salpicado por um tapete de estrelas, sem nenhuma nuvem aparente. Ela estava diante de três pessoas, mas ninguém mostrava a face, cobertas por capuzes escuros. Logo à direita os pais estavam atirados no chão, desacordados. Virando um pouco mais para o lado também dava para ver sua esposa caída e coberta de sangue, mas tentando se arrastar para longe.

Sentiu um aperto enorme no mesmo instante, misturado com uma raiva desconhecida. Percebeu que estava empunhado uma espada, enquanto a primeira figura ameaçadora segurava um cajado. Avançou sem pensar na direção dele, sendo apunhalada no estômago. Gritou de dor e tentou acertá-lo no rosto, mas o inimigo era habilidoso e desviou.

Na segunda investida, porém, no lugar de apenas desviar e continuar a batalha de longe, o sujeito segurou alto o cajado e ela caiu de joelhos. Emma sentiu as forças se dissipando do corpo, uma molécula atrás de molécula. Todo o seu organismo sendo puxado pela magia dele. O desconhecido se aproximou, vitorioso, enfiando a mão no seu peito e arrancando-lhe o coração ainda pulsante e vermelho vivo.

E ela caiu pela última vez, morta.

Emma voltou a realidade, o corpo trêmulo demais para ser controlado tão cedo. Lágrimas escaparam sem permissão de seus olhos e ela sentiu que desabaria a qualquer momento. Tinha acabado de ter visto a sua morte.

Ela não podia ficar parada esperando que a visão se concretizasse. Levantou-se do assento e olhou no relógio do celular, percebendo que tinha se passado uma hora. Ela tinha ficado todo esse tempo presa no seu transe. Mandou uma mensagem rápida para Regina, avisando-a que visitaria o Sr. Gold atrás de respostas.

Chegou na loja de penhores do homem e abriu a portinha com muita ansiedade. Encontrou-o do outro lado do balcão, parecendo ajeitar e limpar os seus pertences.

— Emma! – ele disse alto, parecendo animado por vê-la tão cedo em sua loja. – O que eu devo o prazer?

Ela se aproximou dele, o corpo suando frio de repente. Mordeu os lábios, muito tensa com a situação.

— Eu gostaria de saber se conseguiu recuperar o que perdeu?

— O que foi roubado— ele corrigiu sem perder a pose. – Infelizmente quem me roubou fez um trabalho bem-feito, porque eu não consegui recuperá-lo. E eu acho que essa pessoa tem muita magia para conseguir escapar com tanta facilidade.

Ela temia essa resposta. Hesitou antes de prosseguir com a conversa.

— Você não tem noção de quem seja?

— Por que está com tanta curiosidade? – ele parou um instante.

— Porque essa mesma pessoa pode ter enviado aquelas criaturas para atacar a Regina! – ela disse em um tom elevado e irritado demais para a circunstância. – Eu não posso ficar parada sem saber o que está acontecendo.

— Certo. Mas você não pode agir com essa emoção tomando conta – ele lembrou, virando-se. – Roubaram um colar. Ele continha cinco pérolas. Acho que, nesse momento, você já deve saber o que eles causam.

Emma resfolegou.

— O quê? Cinco? Como você pôde deixar algo tão perigoso assim no fácil?

— Eu não deixei, querida – ele parecia ofendido por ter sido acusado. – Estava dentro do cofre e essa pessoa o roubou. Como eu disse: ela tem muita magia.

— E você realmente não sabe quem é? – ela ficou furiosa.

— Você acha que eu estaria aqui se soubesse? – Sr. Gold bufou. – Melhor você se preocupar em se defender das criaturas e eliminá-las, porque, enquanto elas estiverem perambulando pela cidade, vai ser uma ameaça para você.

— Para mim?

— Todas criaturas estão indo atrás de você e sua família. Parece coincidência? Não – ele falou lentamente. – Não parece óbvio? Eu diria que a família da Salvadora precisaria ser excluída da cidade se eu quisesse fazer algum plano maligno para eliminar ou escravizar o resto. Vocês são os heróis e são a maior ameaça para os vilões.

— E como você também não está na mira? Pode não ser um herói, mas também parece ser alvo.

— Bom, eles só vão conseguir controlar o Senhor das Trevas se tiverem a adaga, algo que não têm – ele disse, simplesmente. – E eu consigo me defender. Vocês são a primeira opção deles.

Ela não sabia como reagir diante daquelas palavras, mas não estava contente em ouvi-las. Tinha voltado para casa e, mesmo assim, todos os pesadelos vieram junto com ela. Parecia que sua dor nunca tinha fim. Ela só queria descansar daquela miséria por um tempo.

E ainda tinha a maldita visão. Será que devia levar em consideração? Tinha sido muito real e ela sentiu todas dores e agonias, mas não sabia se era algo projetado propositalmente ou seria algo que aconteceria muito em breve. Ela temia de todos os jeitos, principalmente por ter a possibilidade de ficar louca com aquilo.

Pior: podia morrer. Dessa vez de verdade.

 

•✚•

 

Regina caminhava em direção ao consultório de Dr. Hopper, a fim de terminar de uma vez a consulta daquela manhã. Embora tivesse marcado no dia anterior, ainda não conseguia se liberar totalmente e ser ajudada, por isso pensava em cancelar de última hora. Era óbvio que ela precisava de ajuda com todos os acontecimentos pesados de sua vida, mas ela achava egoísmo de sua parte não estar presente para ajudar a esposa com mais afinco.

Entrou no consultório pequeno, passando por uma escadinha de quatro degraus. Archie a aguardava na porta e a cumprimentou animado assim que a viu. Ele fez questão de abraçá-la e, por mais receosa que ela estivesse, retribuiu o ato com carinho. Ela precisava disso.

— Sente-se – Archie pediu, caminhando para um sofá no outro lado da sala.

O local era confortável e ajeitado, embora pequeno comparado aos outros ambientes da cidade. Uma enorme janela cobria uma das paredes, próxima de uma estante amarrotada de livros. Ela pisava sobre um tapete aveludado e observou duas pequenas poltronas próximas do único sofá do cômodo, o qual estava ocupada pelo doutor. Sentou em uma delas, as mãos pousadas sobre o joelho.

Archie percebeu que ela estava um pouco receosa com o rumo da consulta, por isso resolveu quebrar o gelo primeiro:

— Podemos ir devagar. Você me chamou urgentemente e eu acho que é importante, mas não precisamos ter pressa se você ainda não souber como pode se abrir.

— Emma voltou para casa – Regina abriu um sorriso tímido, os olhos de repente marejados de emoção. – Mas ela está tão preocupada. Eu sinto isso. Ela quase não consegue dormir e eu preciso segurá-la nos meus braços para mostrar que tudo está bem. Mas depois da aparição… – Ela desviou o olhar.

— Qual aparição? – Archie preocupou-se.

— Magia negra – ela limpou as lágrimas. – Alguém nessa cidade está mexendo com magia negra e não sabemos quem. Só queríamos ficar em paz dessa vez, mas a pessoa está tentando nos atingir.

— Se vocês ficarem juntas, a probabilidade disso acontecer é quase nula. Toda vez que vocês se juntam, incluindo com os pais da Emma, nenhum vilão consegue atingi-los – Archie afirmou, baixo.

O doutor tinha cabelos ruivos bem ralos no topo de uma cabeça quase calva. Usava um suéter marrom, acompanhado de uma gravata de nó perfeito no pescoço. Ele possuía bochechas rechonchudas e altas, acompanhadas de um sorrisinho pequeno e sincero. Ambos olhos eram brilhantes, um óculos oval os cobrindo.

Na Floresta Encantada tinha sido o Grilo Falante, mas na cidade tinha adotado outra identidade, considerando que ter o nome de um animal não era elegante. Mas continuava com a mesma racionalidade de uma consciência.

— Mas ela está ainda mais isolada e eu não consigo entendê-la – ela reclamou.

— Você precisa dar tempo para ela. Ela acabou de voltar e a realidade que ela encontrou é outra. Ela está tentando se acostumar e os ataques só pioraram a adaptação, mas você precisa ficar do lado dela.

Regina assentiu.

— Eu prometi que a ajudaria, sim, mas eu também sofro com isso.

— Eu sei que você sofre. Mas ela está com você, por mais que não veja isso agora. Ela descobriu sobre o Robin e, mesmo assim, voltou para os seus braços. Ambas se escolheram mutuamente e ninguém vai separá-las, ao menos que vocês escolham isso.

Ela hesitou, absorvendo as palavras ouvidas. Ele tinha completa razão, embora fosse difícil arcar com os problemas. Mas ela estava disposta a consertar aquilo e tirar o medo do corpo para enfrentar o mais novo vilão de Storybrooke, o qual ainda era uma incógnita.

— Eu posso te dizer uma coisa? – Archie continuou, jogando o corpo para frente. – Uma vez eu ouvi que, independente que não consiga ver o futuro, você pode moldar o seu destino. Escolhê-lo. Dessa forma você o estará prevendo, porque fez a escolha.

Regina sorriu abertamente. Soltar seus monstros naquela sala era a melhor forma de detê-los. Ela sentia-se ainda mais aliviada por ter feito essa escolha e realmente ido desabafar. Agora o corpo estava mais leve, mais firme, por mais que tivessem passado pouco tempo naquele diálogo tranquilizador.

Após a consulta, meia hora mais tarde, ela seguiu em direção ao seu escritório. Precisava terminar de organizar algumas papeladas, pedir para consertar o estrago do ataque e depois seguiria para casa. Emma tinha dito que visitaria o homem mais rico da cidade, Sr. Gold, na tentativa de achar respostas. Embora pensasse que a situação já era caótica demais para colocar o Senhor das Trevas dentro da jogada, achava que talvez o sujeito realmente pudesse ajudar.

Chegou no escritório um tanto amedrontada, lembrando-se do evento do dia anterior. Talvez, se não fosse por Emma, o seu fim teria sido pior. Ajeitou alguns objetos, posicionou a mesa no lugar anterior e colocou os quadros em ordem: era a mesma decoração que a esposa, naquela época apenas melhor amiga, tinha arrumado para ela.

No meio da arrumação, percebeu que o jogo de porcelanas dado pela sua mãe tinha desaparecido. Irritou-se com a falta de cuidado e saiu a procura dos objetos, ansiosa para encontrá-los, considerando que eles eram muito importantes para ela. Procurou nas gavetas, atrás dos móveis, em cima da outra mesa e perto das prateleiras, mas não encontrou nada.

Regina colocou uma mão na testa, sentindo-se desesperada. Quem a tinha roubado logo naquele momento tão importuno? Então se lembrou da criatura encapuzada que tinha conseguido fugir antes de Emma chegar. Pegou o celular imediatamente e mandou uma mensagem para a esposa, acionando-a ali o mais rápido possível.

Talvez o roubo fosse uma coisa boa. Talvez pudesse usar o Feitiço Localizador usando algum outro objeto de sua mãe e seguir a pista das porcelanas desaparecidas, dando de cara com o culpado.

 


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