Próximo à fogueira, tentando em vão satisfazer-se com o calor reconfortante que irradiava da mesma, Bilbo estava congelando.

Deitado, encolhido, abraçando suas pernas contra o tórax enquanto quase encostava o queixo em seus joelhos dobrados, o hobbit estremecia miseravelmente sob um cobertor fino que era a única coisa que o impedia de congelar. Era uma noite de outono e fazia muito frio naquela floresta.

Os anões, já habituados a estas temperaturas rigorosas e que, inclusive, trajavam casacos grossos para manterem-se aquecidos, dormiam feito bebês.

Batendo os dentes no escuro, os olhos brilhantes e um tanto amedrontados do hobbit focavam o vazio enquanto sua mente, envolvida pela exaustão, se perdia no cansaço, dor e desconforto de seu corpo. Uma boa noite de repouso depois de um longo dia de viagem a pé lhe cairia muito bem se ele não estivesse, literalmente, morrendo de frio.

Os pensamentos de Bilbo, no entanto, foram quebrados conforme uma grande figura caiu sentada ao seu lado. Assustado, a pequena criatura virou a cabeça rapidamente, dando de cara com ninguém menos do que Thorin.

— Thorin? – Bilbo perguntou, arregalando os olhos – O que você está fazendo...?

Thorin não respondeu. Em silêncio, ele puxou o hobbit ainda enrolado em seu cobertor para um abraço, envolvendo-o apertadamente em torno de seus braços fortes. Surpreso, Bilbo soltou um resmungo abafado e confuso assim que seu rosto se afundou contra o volumoso tórax do anão. Apoiou suas pequenas mãos no peito de Thorin, esforçando-se um pouco para emergir e virar sua face para o lado.

O anão recostou-se na enorme raiz de árvore situada em suas costas.

— Aquecendo-o – ele finalmente respondeu, soltando o ar pelo nariz conforme arrastou as mãos gentilmente pela curva da cintura do hobbit, que estremeceu suavemente com o toque.