Nothing Lasts Forever escrita por Tatá


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Muitos de vocês me pediram pra publicar com mais frequência, e eu sempre respondia que postava um capítulo por semana para que assim eu tenha tempo de alterar uma coisa aqui e ali...
Pois bem.
Pensando em vocês, eu passei a última semana lendo e relendo a fic inteira, e fiz todas as atualizações necessárias. Então queria anunciar que, a partir de hoje, passarei a publicar toda terça e quinta (A não ser que haja algum problema com a minha internet, por exemplo. Nesse caso eu postaria assim que o problema fosse resolvido).
Recado dado. Vamos ao que interessa:
Boa leitura (e forças) a todos.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/739458/chapter/19

— O que?

— Eu quero dar um tempo. Não estou terminando com você. Só estou pedindo um tempo. — Pepper deu uma pausa. — Olha, eu não estou zangada por você estar trabalhando, eu não estou zangada por você ser o Homem de Ferro. Eu te apoio com todas as minhas forças, sabe disso. Mas...

— Então por que está fazendo isso? — foi a vez dele a interromper. Sua voz estava sombria, assim como seu rosto.

— Porque você tem muito trabalho a fazer, e esse trabalho consome o seu tempo. Então você percebe que o tempo passou e fica com a consciência pesada, e então volta para casa com jóias, flores, chocolate e um monte de desculpas...pra depois...

— A gente se acertar.

— Até surgir outra emergência no trabalho... — Pepper completou. — Então você vai embora e o ciclo se reinicia.

A mulher esperou pela resposta de Tony, mas ele apenas a encarava, sem nada dizer. Então ela continuou:

— Olha...nós dois sabemos que, para que esteja comigo, você precisa abandonar o trabalho, nem que seja por pouco tempo. E sabemos que você não quer parar, não pode parar, e que eu jamais pediria que parasse. Mas eu também não quero que continue se sentindo culpado por não estar comigo. Esse peso na consciência te dói, e me dói te ver desse jeito. Então...estou te livrando desse peso. Você pode continuar fazendo o seu trabalho. E quando acabar...nós conversamos. — Pepper fez uma pausa. — Eu realmente não quero que a gente termine, Tony. Eu te amo demais... — sua voz falhou. Então ela olhou para a vista do céu na janela atrás do sofá, tentando se recompor. Até que Tony finalmente conseguiu dizer alguma coisa:

— Eu passei...todos esses anos trabalhando sem parar, tentando te proteger...

— Eu sei...

— Mas sempre soube que a melhor forma de fazer isso era me afastando. Só não quis admitir. — ele completou. — Pode ter sido egoísta da minha parte, mas eu não queria te deixar ir. Ainda não quero. Mas também não quero parar. Não posso parar... — ele curvou o corpo e passou a encarar seus mocassins, exausto.

— Está tudo bem...vai ficar tudo bem... — ela tentou convencer aos dois, acariciando as costas dele. Um tempo depois, Tony levantou a cabeça e olhou para a mulher, com seus olhos lacrimejantes.

— Então é isso? — perguntou sério, sem forças para discutir. Até porque sabia que ela tinha razão.

— É, é isso. — Pepper limpou uma lágrima em seu olho. — Eu vou fazer minhas ma...

— Não. Você fica. Eu vou.

— Eu não vou ficar nesta casa, há lembranças demais nela. Isso não me faz bem.

— E para onde você vai?

— Brentwood. Comprei uma casa lá.

— Então você tem pensado nisso há um tempo. — aquilo não foi uma pergunta.

— Sim... — a mulher confessou com a voz baixa, quase sussurrando. — Mas eu não podia sair sem me despedir. Eu precisava ter essa conversa com você antes. E agora que tivemos... — ela recolheu os presentes e se levantou; então levantou o rosto do homem e o acariciou, enquanto olhava no fundo dos olhos dele uma última vez. — Não é sua culpa, ok? — ela disse. Então o beijou na testa e deu-lhe as costas, caminhando para as escadas. Tony permaneceu paralisado, tentando processar as informações e dizer alguma coisa. Sua boca estava aberta, mas nada saía dela. Até que ele conseguiu gritar as três palavras:

— Eu te amo!

Então Pepper sorriu fraco e sumiu no andar acima.

...

Tony não quis subir as escadas e ir para algum quarto, pois a mulher estava lá e ele não estava preparado para encará-la. Então desceu até a adega e encarou as fileiras e mais fileiras de bebidas, mas não pegou nenhuma. Sabia que, se pegasse a primeira, logo estaria pegando a segunda, a terceira...

Então deu meia volta e subiu para a oficina. E em cima do balcão da pequena cozinha, havia uma garrafa de uísque pela metade. Droga.

 

Tony se encostou no balcão e encarou a bebida. Ele queria bebê-la. Ele precisava bebê-la. Mas não devia.

— Sexta-Feira, isso é real? Ou Wanda se irritou porque eu não elogiei a Borsch e agora resolveu se vingar?

— Receio que seja real, chefe. Mas se fosse uma ilusão causada pelos poderes da Srta. Maximoff, eu provavelmente responderia o mesmo.

— Você tem razão. — ele disse, abrindo a garrafa e se servindo uma dose dupla. — Dum-E? — chamou pelo velho robô que construiu na faculdade, e o mesmo estava ao seu lado segundos depois. — Não me deixe beber além disso, ok? — pediu e ele concordou. Então Tony virou todo o conteúdo do copo de uma vez e se debruçou no balcão, a testa em contato com o metal frio. Fechou os olhos com força e assim ficou; até que Dum-E o cutucou, verificando se estava vivo.

— Eu estou bem, eu estou bem... — disse exausto, erguendo a cabeça. Então pegou a garrafa, e estava prestes a encher o copo novamente, quando o robô a empurrou, fazendo com que ela se quebrasse no chão e espalhasse uísque e pedaços de vidro por toda parte.

— OLHA SÓ O QUE VOCÊ FEZ, SEU... — então ele lembrou do que havia falado minutos antes e sorriu fraco. — Bom garoto. Obrigado. — fez carinho no topo do que seria a cabeça dele. — Agora limpa isso. — ordenou, e se afastou para que Dum-E pudesse trabalhar. E ao dar meia volta, viu as peças da representação da sala da casa de seus pais envoltos por plástico bolha e encostados em um canto.

Tony tirou o paletó e a gravata, e então caminhou até os objetos, enquanto puxava as mangas da camisa. Então imediatamente começou a desembrulhar cada peça e montá-la no centro da garagem, em suas exatas posições.

— Perfeito. — disse ao terminar, examinando a obra. — Onde estão meus óculos? — perguntou olhando ao seu redor, e U levou o objeto até ele. Então Tony o pôs e assistiu sua memória alterada novamente, mas caminhando no meio da cena desta vez.

Ele ficou diante dos pais, sentou no sofá em que seu antigo eu havia se deitado, até passou os dedos nas teclas do piano, mas não saiu nenhum som, é claro. E quando tentou acariciar o rosto de sua mãe, sua mão a atravessou; afinal, por mais realista que fosse, não era real.

Quando deu por si, já havia amanhecido e ele ainda não havia dormido. Pra variar.

Ela já foi embora?

Há 5 horas. Sexta-Feira respondeu apenas. Então Tony desligou os óculos e saiu da oficina, deixando o holograma de sua versão mais jovem encarando o nada e desaparecendo aos poucos.

 

Ele passou direto pelo escritório e subiu as escadas. E ao chegar na sala, a primeira coisa que sentiu foi o rastro de shampoo e perfume que Pepper deixou. Então foi até a cozinha para preparar um sanduíche. Estava morrendo de fome.

Chegando lá, na bancada havia um sanduíche feito. E ao lado, um recado escrito em um guardanapo:

"Não se esqueça de comer."

 

Na porta da geladeira haviam listas de compras e compromissos pendurados; e Tony os observou enquanto comia. E como estava distraído, acabou deixando cair molho em sua camisa.

— Merda... — ele disse; e tentou limpar com a língua, não obtendo sucesso. E cogitou continuar com a roupa suja, evitando o que teria que fazer a seguir:

 

Ele subiu as escadas, ainda hesitando, e caminhou pelos corredores como se um monstro o esperasse no fim da linha.

Até que parou em frente a última porta que queria atravessar no momento. Se preparou para o que vinha e a abriu devagar, entrando no lugar da casa em que o cheiro da mulher era mais forte. Cheiro esse que imediatamente penetrou em suas narinas e encheu seus pulmões, causando muita dor no peito.

Tony só queria pegar a primeira camisa que visse e sair daquele quarto o quanto antes; mas por onde olhava, só pensava em Pepper: Na poltrona em que ela se sentava para calçar os sapatos; no quadro atrás da cama, que ela escolheu pessoalmente; nas paredes em que ela o prensou ou foi prensada enquanto trocavam carícias nas noites em que chegavam em casa desesperadamente excitados; na cama em que eles fizeram sexo, amor, conversaram ou assistiram tv; no closet, onde inúmeras vezes ela tentou se vestir e ele a atrapalhou, tentando impedi-la de ir trabalhar; nas roupas dela que ficaram por lá; nas roupas dele que ela vestia e o deixava doido...

 

Por que ele estava sendo tão nostálgico? Pepper. Ela fez aquilo com ele. O transformou em um homem completamente diferente, o que não era ruim. Mas naquele momento, ser nostálgico não estava o fazendo bem.

 

Ele pegou uma camisa e um paletó que ainda estavam com etiqueta, o que significava que provavelmente a mulher nunca havia os vestido, e saiu às pressas do quarto.

— Sexta-Feira, prepare o helicóptero. — ordenou enquanto se vestia no elevador, tentando não pensar nas vezes em que ele e Pepper se agarraram naquele cubículo. Então desceu na sala e foi correndo mesmo até o heliporto. Ele não aguentaria ficar nem mais um minuto naquela casa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

:(