Dias depois…

— Não posso, estou presa em Nova York no momento! — Pepper falava ao telefone ao sair do helicóptero. — Eu acabei de sair do meu almoço de negócios na capital, e agora tenho assuntos a resolver no complexo. Só vou voltar à Los Angeles no fim do dia, você vai ter que ir à essa reunião no meu lugar! Me ponha em uma chamada de voz quando chegar lá. Chamada de voz, e não de vídeo. Não quero que as pessoas saibam desse lugar. Em quanto tempo consegue fazer isso? Ótimo. Estarei esperando por sua ligação. Obrigada, Bambi. — ela desligou, passando pelas portas de entrada do bloco principal do complexo.

— Boa tarde, chefe. Cadê o Happy? Aconteceu alguma coisa? — Maria Hill a recebeu no saguão, então as duas começaram a caminhar pelo local.

— Ele está levando minha mãe para casa. Está tudo bem. — Pepper respondeu, pegando o starkpad que a agente a entregava. — Por outro lado, nas Indústrias Stark, há um Senador exigindo uma reunião de emergência comigo e representantes da Fundação Stark, para falarmos de Lagos.

— E o que mais há para se falar?

— Bom, muitas pessoas morreram. Isso não é algo do qual as pessoas vão parar de falar tão cedo, e elas têm toda razão.

— Falando nisso, como foi o almoço com o Rei de Wakanda?

— Foi excelente. Ele é um bom homem. Tem um grande coração e uma mente brilhante. Tivemos uma ótima conversa. E ele me disse que está em Nova York para uma reunião da ONU...

— Espera, ONU? Algo está acontecendo. Vou manter meus olhos abertos.

— Por favor, faça isso. — elas desviaram de operários carregando uma enorme caixa em um carrinho. — E como estão as coisas por aqui?

— Todos estão abalados, depois de Lagos. Mas nenhum está fisicamente ferido. Tony está trabalhando desde que chegou...

— Ele comeu alguma coisa?

— Visão e Wanda levam algo para ele de vez em quando. Eles gostam de cozinhar juntos.

— É uma boa distração.  

— Melhor que se isolar em um porão e construir um exército de robôs. — Hill foi sincera, e Pepper suspirou. — E a obra está cerca de 98% concluída! Finalmente... — ela respirou fundo. — Essa foi uma das grandes.

— Bom, teria demorado menos se todos tivessem saído daqui e voltado a trabalhar na torre por um tempo...

— Manhattan é muito caótica.

— O caos sempre nos segue, não importa onde estejamos. — Pepper entregou o starkpad, após terminar de ler o mais recente relatório sobre o andamento do trabalho que a Fundação Stark estava fazendo na capital da Nigéria.

— É, você tem razão. — Hill bloqueou a tela do aparelho. — As instalações das novas câmeras de segurança começaram agora há pouco.

— Ótimo! Vamos ver se isso vai impedir que casos misteriosos, como o do verão passado, aconteçam novamente.

— Falando nisso... — Hill murmurou; e então Pepper olhou para a assistente e viu o Vingador caminhando à pouca distância.

— Hum... Sam? — ela o chamou, e ele se virou em sua direção. — Posso falar com você um instante?

— Claro... — o homem observou de cima a baixo a mulher que caminhava em sua direção. — O Stark está na caverna dele, caso esteja o procurando.

— Oh, eu não vim aqui para isso... — ela o lançou um olhar solidário. — Sinto muito pelo o que aconteceu em Lagos.

— Merdas acontecem. Nem sempre podemos salvar todos, faz parte do trabalho. Wanda é quem mais está sofrendo com isso, mas o Visão está com ela.

— É, a Hill me disse... — Pepper disse triste, então se recompôs, antes de mudar o assunto. — Eu soube do desempenho do seu drone em Lagos. Redwing, estou correta?

— Sim.

— Certo. Então, eu consegui algo para você... — ela abriu a pasta que estava em sua mão desde que saiu do helicóptero e pegou um cartão. — É um passe livre para Fukijuana, uma de nossas subsidiárias. Eles são experts em HUD's, são responsáveis por todos do Homem de Ferro. Então se quiser dar uma olhada na tecnologia deles e ver se há algo que possa ajudá-lo a aprimorar o seu trabalho...

— Obrigado. — ele aceitou o cartão.

— Não há de quê. — ela sorriu, então seu celular começou a vibrar. Era Bambi. — Desculpe, eu vou ter que atender.

— Oh, ok. — o homem ergueu a mão. — Obrigado novamente.

— Se precisar de algo, me avise. — ela apertou a mão dele, antes de se afastar, já atendendo o telefone. — Boa tarde, senador. Aqui é Pepper Potts, CEO das Indústrias Stark. Como posso ajudá-lo?

...

— Stark! — Sam gritou ao chegar à oficina.

— O que!? — ele largou as ferramentas e olhou para o parceiro de trabalho em total alerta.

— Você é mesmo um idiota, não é?

— Só agora que você descobriu? — Natasha perguntou, em meio a um gole de seu shake.

— Já chega de me ofender, não é? — Tony reclamou. — O que eu fiz agora?

— Como você tem uma mulher daquela em Los Angeles e passa dias no outro lado do país, com um cara vermelho e computadores? Qual é o seu problema?

— Por que todos me perguntam isso depois que vêem a Pepper? Espere, ela está aqui?

— Sim! E eu tenho que dizer de novo, ela é ainda mais bonita pessoalmente do que na tv ou nessas revistas que as moças do escritório gostam de ler.

— Por que ela está aqui?

— Eu não sei, nós não conversamos muito. Ela estava falando com um Senador no telefone.

— Sexta-Feira?

— Ela está aqui para resolver questões contratuais e toda a burocracia que o senhor nunca resolve, chefe. — ela respondeu; então Stark fez um rápido movimento com a cabeça, dizendo "touché" mentalmente.

— Tony, Sam tem razão. — disse Natasha. — Pepper é uma das melhores coisas que aconteceram na sua vida, e você está sempre há um país de distância dela, no mínimo. Já

parou para pensar que ela pode não aguentar isso por muito mais tempo?

— Você deveria aproveitá-la mais. Ninguém sabe o que o amanhã nos guarda. — Steve pensou em si mesmo e Peggy Carter ao dizer.

— Ok, alguém mais quer fazer alguma declaração sobre o meu relacionamento com a Pepper? — Stark perdeu a paciência, e todos se calaram. — Ótimo. — ele pegou as ferramentas e voltou a trabalhar.

…

— E então ele explodiu, aquele filho da...

— Olha a língua. — Pepper e Steve disseram ao mesmo tempo.

— ...Mãe. — Natasha completou e sorriu para os dois.

— Esqueceu de contar a parte em que eu mato todas aquelas pessoas. — Wanda disse sombria e com olhar vago, pensando sem parar nos terríveis acontecimentos.

— Você não teve culpa. — Visão pôs a mão em seu ombro ao dizer.

— Se aquela bomba tivesse explodido no térreo, teria matado muito mais pessoas, além do Rogers. — Natasha acrescentou.

— Nem sempre podemos salvar todos. — o próprio Steve disse.

— São os males do nosso trabalho... — Sam suspirou exausto, descansando a cabeça no encosto do sofá.  

— E então, Pepper, você ainda vai voltar para Los Angeles? — Wanda mudou o assunto, já que por mais que seus parceiros a defendessem, sua opinião não iria mudar. Ela era culpada.

— Sim. Só estou esperando a Maria. — Pepper respondeu com um pequeno sorriso, enquanto arquivava um último documento em sua pasta. Então pegou sua xícara de café na mesa de centro e bebeu um gole. — Oh, aí está ela! — ela disse ao engolir a bebida, após ver a agente nas escadas.

— O carro está pronto. Happy vai encontrar com você no aeroporto. — Hill informou ao chegar à sala.

— Trouxe o que eu pedi? — Pepper perguntou, enquanto deixava a xícara vazia na mesa de centro e se levantava da poltrona.

— Sim. — ela ergueu a sacola de papel que estava segurando, e sua chefe a trocou pela pasta cheia de documentos revisados e assinados.

— Obrigada. Eu te encontro em alguns minutos.

...

Tony estava isolado no laboratório há sabe-se lá quantas horas, trabalhando na adaptação de seus óculos, que serviriam como ferramenta para o funcionamento do BAFO. Ele manipulava as delicadas peças do objeto com tanta concentração que não notou a porta ser aberta, ou simplesmente ignorou, não se permitindo ser distraído.

— Estamos voltando para LA, você vem?

— Hmm...

— Foi o que pensei. — Pepper olhava séria para o homem, mas então desviou sua atenção para o que ele estava fazendo. — Isso faz parte do BAFO?

— Hmm...

— Você sabe dizer algo diferente de "Hmm..."?

— Hmm... — ele repetiu, e ela suspirou.

— Ok... Aqui está o seu jantar. — ela deixou o saco de papel na mesa. E quando Tony finalmente olhou ao seu redor, a mulher já não estava mais lá.