Pepper Potts caminhava tranquilamente, ao lado de seu chefe de segurança, pelo estacionamento das Indústrias Stark. Era fim do expediente, e tudo o que ela pensava era em chegar em casa, tirar os saltos e relaxar na banheira… Após ligar para Tony e saber se ele voltaria de Nova York a tempo para o jantar, é claro.

Tudo estava correndo tranquilamente, eles estavam quase chegando à vaga exclusiva do CEO, onde o carro os esperava. Quando então do nada surgiu uma van, que parou perigosamente perto deles, e homens de preto imobilizaram o segurança e jogaram a mulher para dentro, partindo urgentemente em seguida.

— Happy! — ela gritou em pânico, mas àquela altura o veículo já estava bem longe.

— Ele está bem… Não se preocupe, não vamos fazer mal algum. Estamos aqui para ajudar. — uma mulher morena, trajando roupas à prova de balas, a informou. — É melhor vestir isso. — disse a jogando um colete.

— Me desculpe…eu te conheço? — a ruiva perguntou, obedecendo imediatamente.

— Não, e tudo o que precisa saber é que eu trabalho para a S.H.I.E.L.D. — ela ergueu a mão e Pepper hesitou antes de apertá-la. — Estamos te levando a um esconderijo.

— Por que estão me escondendo? Do que estão me escondendo? Cadê o Tony?

— Ele está bem! Assim como você vai ficar.  — a agente tentou tranquilizá-la. — Stark nos pediu para escondê-la caso acontecesse alguma coisa.

— O que aconteceu?

— A S.H.I.E.L.D. caiu. A Hydra estava vivendo em nossas sombras esse tempo todo. Há uma guerra acontecendo em D.C neste exato momento. — a agente a entregou um tablet exibindo mais informações. — Mas Stark está bem.

— Ai meu Deus… — Pepper se horrorizou com as imagens. Aero-porta-aviões caindo do céu, prédios sendo destruídos, pessoas morrendo… Um caos total.

...

Quatro dias depois, a mulher voltou para casa em segurança, mas não encontrou Tony. O homem viajava de um canto a outro, trabalhando arduamente. Eram raros os momentos em que estava em casa, quanto mais fazendo algo além de trabalhar. E assim se passaram semanas...

Nesse tempo, Maria Hill foi contratada pelas Indústrias Stark para se esconder das empresas de inteligência, que adorariam acabar com ela. Mas nem mesmo a maior delas teria forças para enfrentar o exército de advogados de Tony, então a mulher estava segura. Ela agora era assistente pessoal de Pepper. Mas como a Viúva Negra revelou cada segredo da S.H.I.E.L.D. no incidente em Washington, todo mundo agora sabia que Hill era uma agente; e a mulher teve que dar dezenas de explicações:

— Você foi bem? — Pepper perguntou preocupada, assim que Maria atendeu o celular ao sair do Congresso, em Washington D.C. — Bom, pelo menos agora te deixarão em paz...Maria? Você está aí? — ela se preocupou com o súbito silêncio no outro lado da linha. — Como assim ele sumiu? Maria, saia daí! — foi a última coisa que disse antes de Hill desligar, prometendo ligar em 10 minutos.

Ótimo. Como se não bastasse estar o tempo todo preocupada com Tony correndo o risco de ser morto por aí, agora ainda ficaria o tempo todo preocupada com Maria correndo o risco de ser morta por aí.

Ela precisava de amigos normais.

Mas para sua alegria, Hill era mais responsável e pontual que Tony, então 10 minutos depois, como combinado, seu celular tocou e ela recebeu notícias tranquilizadoras:

— Uma parceira minha abateu os Russos. Agora estamos saindo em uma missão da S.H.I.E.L.D.

— Então está tudo bem?

— Sim. Mas talvez não chegue a tempo para a reunião das 8:00 com os Franceses, chefe.

— Não se preocupe com isso. E quando terminar, me ligue e marcamos de sair. Posso te acompanhar na bebida, mas vou recusar a lobotomia.

— Combinado. — Maria riu. — Boa noite, Pepper.

— Boa noite. E bom trabalho. — ela disse e encerrou a ligação. Então fitou a tela de início do seu celular.

O relógio marcava 0:57 e o wallpaper a exibia beijando a bochecha de Tony com os olhos fechados, enquanto o homem olhava para a camera de um jeito sedutor, naquela selfie tirada dias antes da queda da S.H.I.E.L.D.

A mulher suspirou e bloqueou a tela. Bebeu o resto de seu vinho e deixou a taça no balcão da cozinha. E então foi até a oficina para mais uma batalha diária, na tentativa de tirar o namorado de lá.

Tony trabalhava arduamente, desde que soube da queda da S.H.I.E.L.D. Não dormia ou tomava banho há dias, não se lembrava quando foi a última vez que teve uma refeição decente, e estava tão em alerta que quase atacou a mulher, quando essa passou pela porta.

— Ah…é você. — disse cansado e abaixou o braço, antes de se voltar para os monitores. As luzes dos propulsores em suas mãos oscilavam, provando seu alto nível de estresse.

— J.A.R.V.I.S. informou minha chegada.

— É? Eu não ouvi. — ele suspirou ao sentir o doce aroma de morangos entrar em suas narinas e delicadas mãos começarem a massagear seus ombros.

— Você dormiu na última semana?

— Não tenho tempo para isso. — ele soltou um gemido de alívio, graças a massagem.

— Você devia descansar…tomar um banho, comer alguma coisa...dormir um pouco...

— Ainda tenho muito trabalho à fazer.

— Por favor… — ela pediu docemente, descansando a cabeça em seu ombro e deslizando as mãos até seu peitoral, onde o reator arc costumava ficar. Então Tony suspirou, antes de ceder.

Naquele dia ele fez o que ela pediu, mas raramente aquilo se repetiria. Pepper perdeu a conta das vezes que praticamente o implorou que subisse para o jantar, tomasse um banho, passasse um tempo com ela, ou que se juntasse a ela na cama. Com o tempo os pedidos viraram brigas, e foram poucas as noites em que dormiu sem estar triste ou zangada com ele.

Os momentos descontraídos se tornaram cada vez mais raros. E quando enfim aconteciam, sempre havia algo para interrompê-los:

Pepper estava na sala da Torre dos Vingadores, sentada no sofá e digitando sem parar no notebook em seu colo, quando as portas do elevador se abriram e Tony saiu de dentro.

— Oi amor. — ele disse ao chegar perto dela.

— Oi. — ela sentiu um beijo gelado na bochecha, então tirou os olhos da tela e conferiu se ele estava com algum pote de sorvete em mãos. — O que tem aí?

— Pistache, cenoura, creme com biscoitos e calda de kiwi, zero açúcar, glúten e lactose.

— Exótico... — ela tomou o pote da mão dele e experimentou, antes de Tony pegá-lo de volta.

— O que está fazendo? — ele perguntou se sentando ao seu lado.

— Verificando o andamento da Torre em Abu Dhabi.

— Quando for revistar pessoalmente, eu vou junto. Estamos precisando de uma escapadinha. — ele levou um pouco de sorvete à boca. — Imagina: Você. Eu. Abu Dhabi. Nenhuma roupa... — ele inclinou o corpo e começou a beijar e morder o pescoço dela. — Tentador hum?

— Eu vou estar viajando a trabalho e você não vai atrapalhar isso, Sr. Stark...

— E desde quando isso é atrapalhar alguma coisa? — o homem fechou o notebook e o jogou para o canto do sofá.

— Está me atrapalhando agora! — ela sabia que o certo era se afastar, mas no fundo não queria nem um pouco.

— Estou, é? — ele alcançou os lábios dela, mas a mulher continuou falando em meio aos beijos.

— ...Está! Eu estava...trabalhando...até que você chegou com esse seu jeito...

— Stark! — Steve Rogers chegou à sala, fazendo os dois se afastarem. — Desculpe.

— Tudo bem...

— O que voce quer? — eles disseram ao mesmo tempo. Tony de forma bem arrogante.

— A agente Hill descobriu o paradeiro do Strucker. Partiremos imediatamente.

— Eu encontro vocês no caminho.

— Agora. — o Capitão foi autoritário e se despediu da mulher educadamente, antes de dar meia volta.

— J.A.R.V.I.S., prepare o jato. Vou voltar para Los Angeles. — Pepper pegou o notebook e se levantou.

— O jato já está pronto.

— Fica… — Tony pediu, segurando-a pela cintura com a mão livre.

— Você tem trabalho a fazer. E além do mais, eu tenho alguns compromissos na empresa… — ela tirou o sorvete de sua mão. — Tome cuidado, ok? — pediu e o beijou.

— Eu te amo.

— Eu também te amo.