Hell and Silence escrita por Artur


Capítulo 1
Capítulo Único: Hell and Silence, I Can Fight It


Notas iniciais do capítulo

Heey pessoal, tudo bem com vocês? Que tal mudar um pouco dos ares da categoria aqui do Nyah e mostrar um pouquinho de desenvolvimento puxado mais pro lado dramático de personagens? É uma ideia boa? Então, estou fazendo uma coletânea simples de oneshots baseadas na série, lógico, em que será focado em um único personagem, mostrando como a situação atual (Negan e aguerra em si) está o afetando, tanto o passado como o futuro.

E a primeira da vez é minha querida Carol! Muitos criticaram a mudança radical da personagem nas últimas temporadas (inclusive eu), mas aqui em Hell and Silence, eu trago um pouco do que me levou a crer que Carol não suportava mais tudo que fez no apocalipse, então... boa leitura!



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Hell and Silence

Vinte e nove. Esses dois dígitos demonstravam o inferno que foram as últimas semanas de Carol, responsáveis pelas longas noites de insônia, quase intermináveis e sufocantes para Peletier. Seu caderno empoeirado sempre estava ao lado do criado mudo, pronto para mais uma nova adição à sua infindável lista. Aquilo lhe remoía aos poucos, consumindo-a no silêncio como uma chama desconstrói um papel qualquer. Apesar disso, Carol não se arrependia de nada que havia feito até o presente momento, mesmo com tantas consequências para si mesma.

Sobreviver em um mundo desolado parecia uma tarefa difícil e, de fato, fora. Mas Carol foi deixando de lado seus trejeitos antigos, reconhecendo que precisava vestir o semblante de outra mulher, de uma nova Carol. No entanto, talvez o significado de sobrevivência esteja intrinsecamente ligado à necessidade incessante de matar para, literalmente, viver.

Nem as pessoas mais frias e sádicas podem conviver com o simples fato de tirar a vida de alguém para manter a própria a salvo. A selvageria logo tomara conta daqueles que tentam de alguma forma permanecerem vivos, e isso inclui a fragilizada Carol Peletier. Após a morte do marido e de sua filha, Sophia, Carol passou a adotar medidas e ações questionáveis para alguém como Rick, por exemplo. Era matar para viver, e o início da autodestruição de Carol havia começando a partir do momento em que decidiu fazer o que fosse preciso para ter ao seu lado quem ama.

Por um momento, pensou que pudesse conviver com o fardo que carregava em seus próprios ombros, mas, aos poucos, as incontáveis vidas que tirou à esmos pareciam  afundá-la em um poço de remorso cada vez mais profundo e perene. No instante em que decidiu contar suas vítimas, Carol percebeu o quão bárbaros seus atos soavam, não para os outros, mas para si; aquele não era o tipo de pessoa que Carol desejava ser, não se isso significasse sobreviver.

Por isso, a dona dos cabeços grisalhos fugiu de Alexandria. Queria manter-se distante daqueles que ama justamente pelo desejo incessante de protegê-los das ameaças do mundo afora, mas, para isso, era preciso matar, e Carol não aguentaria ter que escrever mais um número em seu caderno macabro.

Tentou de todas as formas se matar aos poucos, seja com cigarros, seja com ferimentos expostos sem preocupação. Estava ferindo a si mesma como forma de punição de todas as vidas que tirou. Carol era forte de mais para cometer suicídio.

Jamais poderia imaginar que uma dona de casa, espancada diariamente pelo marido e voltada estritamente ao bem estar da filha, poderia um dia se tornar uma assassina. Isso é algo que nunca poderá digerir.  Todo sangue derramado, mesmo que por um motivo, estavam fixados na pele e no corpo de Carol.

A guerra entre Alexandria, Hilltop e o Reino contra Negan apenas piorou as coisas. Foi durante tais batalhas que Carol viu sua lista aumentar de forma descontrolável, mas a Peletier não tinha escolha, não depois de tudo que fizeram a Glenn, Sasha e tantos outros.

 Naquele instante em questão, estava sentada na varada de sua residência em Alexandria. A guerra contra os Salvadores já havia chegado ao fim, com muitas mortes em ambos os lados. Não aguentava mais cavar tantas covas, enterrar tantos companheiros. Carol sabia que o fim da guerra não significaria o fim das mortes.

Negan foi derrotado por Rick. Isso seria motivo de comemoração, mas, ali, encostada no banco envelhecido de madeira, Carol questionava os resultados pós-guerra.

As ruas de Alexandria estavam mais vazias naquela hora da noite. Muitos descansavam dos fatídicos dias que antecederam tais tempos de calmaria. Mas algo incomodava Carol; uma atitude tomada por Rick que a deixara insatisfeita, irritadiça e desconfortável. A mulher esperou a movimentação diminuir um pouco mais para, enfim, andejar pelas ruas da comunidade.

— Boa noite, Carol! — Uma das sobreviventes da guerra passou ao lado da calçada em que a Peletier caminhava, não obtendo uma resposta. Carol permanecia convicta no que estava prestes a fazer, aquilo era tudo que mais importava naquele momento.

Carol caminhou em direção a uma casa especialmente isolada, descendo pelas escadas que davam acesso ao porão. Era ali onde Rick detinha o maior dos inimigos, Negan. Não matar aquele que matou Glenn deixou Carol completamente consternada, furiosa com a decisão de Rick. Mesmo concordando que não mataria nunca mais, Negan merecia morrer.

Andejando lentamente, Carol logo adentra no local, provocando um ruído que fizera o prisioneiro acordar no mesmo instante. Negan tinha um corte superficial no pescoço, estava sentando em um banco, enjaulado em uma cela construída por Morgan.

— Ora se não é minha querida idosa assassina — Seu tom de voz irônico ecoou pelo âmbito pequeno de forma gradativa — A que devo a honra da sua visita na minha humilde e nova propriedade?

Carol permanecera em silencio, abrindo a cela que mantinha Negan preso com uma das chaves que Rick guardara no arsenal. As rugas nos olhos de Carol cerraram-se, fitando Negan com um olhar atravessador. Nada, absolutamente nada, poderia parar Carol naquele instante.

— O que? Você veio me soltar, é isso? — Negan brincou com a situação.

— Você será o último — Carol abre o caderno que levara consigo por debaixo do braço direito, anotando com uma caneta o nome de Negan e o número trinta ao seu lado — O último.

E, em um piscar de olhos para Negan, Carol lança o caderno para o canto da cela, pondo-se por detrás de Negan, enquanto perfurava o pescoço do algoz de seus amigos, na mesma região do corte supérfluo que Rick fizera. Mas, dessa vez, Carol estava disposta a matar mais uma última pessoa, vingar-se de Glenn e de todos os outros. Matar para se sentir completa.

O sangue jorra do pescoço de Negan, respingando na mão enrugada de Carol. Negan nem ao menos tivera tempo de dizer algo, aquela era Carol, inescrupulosa, rápida e sagaz. Não se importava em adicionar mais um nome em sua lista, não se este nome for o de Negan.

Trinta.


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Notas finais do capítulo

Titulo da fic e do capitulo único são inspirados em um álbum lindo da banda Imagine Dragons (um dos primeiros deles), vale a pena conferi!



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