Recomeçar escrita por Flower


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Como o prometido aqui vai mais um capítulo.

Ah, eu não sei se vocês curtem escutar música enquanto leem, mas nesse capítulo eu indico a vocês que escutem a música Endless Loves do Lionel, seria legal em certa parte desse capítulo.

Até logo. ♥



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And your eyes

Your eyes, your eyes

They tell me how much you care

Oh yes, you will always be

My endless love.

(Endless Love - Lionel)

 

Felicity Smoak

Vulnerável.

É assim que me sinto quando estou nos braços de Oliver Queen.

Esse homem funciona como o álcool, ele tem o poder de me tirar do eixo assim como o melhor e mais caro uísque faz. Como se um de seus objetivos primordiais fosse me fazer andar desequilibrada sobre a linha, perdendo o total controle que eu exerço sobre ela, no caso, essa porcaria de linha é a minha vida.

Não consigo explicar como uma simples discussão ao invés de nos afastar nos aproxima.

Não consigo explicar como o fogo parece queimar todo o meu corpo com um simples toque seu.

Não consigo explicar a forma com que meu corpo grita pelo seu assim que nos aproximamos, como se eu o conhecesse de outras vidas.

Não consigo explicar como eu perco o controle sobre mim quando ele parece querer me controlar.

E por isso que eu não fui mais fundo com ele na noite anterior, por medo de não conseguir mais viver sem o seu toque. Porque eu sei exatamente como homens do tipo de Oliver agem, eles simplesmente nos usam e depois que estão satisfeitos, nos joga fora como se fossemos um de seus brinquedinhos. Eu não suportaria ter que ver Oliver fazendo o mesmo que fez comigo com outras mulheres. Sei que não tenho o direito de sentir ciúmes ou posse sobre ele, mas isso cresce dentro de mim sem que eu possa controlar ou impedir.

Oliver Queen é um idiota, percebi isso assim que sua mão tocou meu corpo pela primeira vez naquele bar, impedindo-me de deixa-lo para trás. Mas ele é o meu idiota e tento negar isso para mim mesma todos os dias pela manhã enquanto estou me preparando para mais um dia de trabalho em que sei que talvez eu possa encontra-lo em algum corredor das Indústrias Queen Consolidated, o que faz com que eu me sinta uma adolescente de dezesseis anos do colegial.

Por mais que eu tente me esconder por trás de uma personagem durona e empoderada que criei para me sentir mais forte, simplesmente ao pensar nas carícias sensuais em que Oliver e eu trocamos, isso faz com que meu corpo peça por mais involuntariamente, à medida que eu luto comigo mesma para me certificar que isso é apenas carnal.

Mas por que eu fico tentando a todo instante negar para mim mesma que estou apaixonada por Oliver? Porque eu sei que estou trilhando um caminho que talvez não tenha volta, um caminho que possa fazer com que eu saia muito mais machucada que ele no final.

Entregar o coração a alguém é entregar a sua vida nas mãos de uma pessoa. É querer dividir todos os momentos, é estar disposta a se jogar de uma ponte para fazer a outra pessoa feliz mesmo que sua felicidade morra por essa loucura. Eu não sei se amar vai mais longe do que isso, porque eu nunca fui capaz de amar alguém. Sim, eu namorei por cerca de quatro anos em Mississipi, mas eu posso dizer que nunca o amei. Eu nunca cheguei a sentir o que eu sinto por Oliver, na verdade, eu não sei explicar o que são essas sensações eu apenas gostaria de torna-las fixas em minha vida, por outro lado, eu não sei se seria forte o bastante para confiar em Oliver.

Por isso que eu quis me afastar dele assim que senti que ele poderia descobrir meus sentimentos por ele e então tudo iria por água a baixo, porque eu não sei se ele estaria preparado para viver algo tão sério, para se doar da mesma forma com que eu estava disposta a me doar na noite anterior mesmo após uma discussão, mesmo eu não concordando que ele me protegesse. Quem iria me garantir que ele estaria dizendo a verdade? O que me faria acreditar que aquilo não passaria de um dos seus jogos para conseguir transar comigo novamente?

Sendo assim eu me vi tendo que reunir todas as minhas forças para afastar Oliver de mim, parar ter que passar daquela porta e ir embora.

Sua chamada está sendo encaminhada para caixa de mensagens e estará sujeita a cobrança após o sinal.

Por favor, eu preciso que a senhora atenda mãe! — disco novamente.

Com quem eu falo?

Tio Gonzalez? Aqui é a Felicity, o número é desconhecido porque ligo das Indústrias Queen Consolidated. — suspiro aliviada.

Minha querida, que saudades!

Estou sentindo muita falta de você e da mamãe. Poderia falar com ela?

Por mais que eu saiba que as chances de ela não querer falar comigo sejam grandes, nesse momento em que sinto um vazio enorme em meu peito justamente em um dia tão importante, eu preciso ouvir a voz de quem sempre me deu forças para seguir em frente. Donna Smoak sempre soube me dizer as palavras certas no momento certo, e se tem algo que eu sinto falta é de seu apoio.

Minha querida, espere um momento. — um silêncio de certos segundos toma conta da linha telefônica até que o Tio Gonzalez volta. — Sua mãe está ocupada demais organizando os preparativos para o café da manhã, no momento ela não está podendo falar. — sinto seu tom de voz se tornar triste.

É claro que minha mãe inventou uma desculpa esfarrapada para não ter que falar comigo, o que faz com que meu coração se aperte ainda mais. Como ela consegue ser tão dura comigo depois de tanto tempo? Eu nunca tive um pai e por toda minha vida a única pessoa que me deu uma direção foi Donna Smoak, e por um simples erro meu que eu já cansei de pedir desculpas sou renegada?

Não sei se conseguirei seguir em frente sozinha, às vezes, eu sou tão forte capaz de ir contra tudo e todos, mas por outro lado me vejo tão fraca que me faltam forças para caminhar em alguma direção. A única pessoa que é o meu porto seguro se nega a simplesmente falar comigo, isso me destrói.

Tudo bem, tio Gonzalez eu ligo em outro momento. — com a voz embargada ainda segurando as lágrimas que insistem querer jorrar pelas maçãs de meu rosto, despeço-me.

Felicity, sua mãe ainda está muito machucada... Mas o tempo é capaz de curar tudo, você pode contar comigo. — sua voz é terna tentando me confortar.

Eu sei que sim, obrigada.

Finalizo a ligação.

Sem conseguir mais segurar um choro que parece acumulado, deixo as lágrimas vencerem e então deslizarem pelas superfícies de minhas bochechas coradas. Um choro que parece ser muito mais do que minha briga com minha mãe, é um choro acumulado por estar sozinha em uma cidade tão grande como Starling City. Uma angústia por não saber como agir sobre Oliver Queen, e como se não pudesse piorar, hoje é um dia importantíssimo para minha carreira na QC, eu só queria o apoio de alguém próximo me dizendo que sou capaz. Reforçando o quanto posso ser forte quando quero. Eu só queria ser confortada agora, e eu não consigo pensar em outra pessoa que poderia me acalmar a não ser minha mãe, a pessoa que me ajudou a ser quem eu sou. 

Três toques são dados a minha porta, o que faz com que eu me recomponha de imediato limpando as lágrimas de meu rosto. — Entre!

Oliver põe a cabeça para dentro de minha sala certificando-se que possa entrar. — Podemos trocar algumas palavras?

— Sim.

Observo Oliver encostar a porta ao entrar e aproximar de minha mesa, depositando um pen drive sobre a mesma.

— Aqui está a proposta que desenvolvemos ontem, eu quero me desculpar por ter agido daquela forma com você, eu não tinha o direito.

— Pensando bem, acredito que você estivesse com a razão. Hoje eu não seria a melhor pessoa para apresentar um projeto de tamanha importância. 

— Você só pode estar brincando comigo. — Oliver dá a volta em minha mesa, aproximando-se da poltrona em que estou sentada, involuntariamente abaixo minha cabeça tentando não deixar que ele perceba o quanto estou vulnerável. — Você estava chorando?

— Não, está tudo bem comigo. Eu só não vou conseguir! — ele puxa a outra poltrona podendo ficar sentado bem de frente para mim.

O dedo indicador de Oliver encosta na base de meu queixo, levantando meu rosto. — Eu espero que minhas ações sem pensar de ontem à noite não sejam o motivo de tê-la deixado assim. Felicity você é maravilhosa em tudo o que faz! O seu brilho é capaz de se manifestar por onde que quer que você esteja.

O ambiente é mal iluminado, os raios solares ainda não invadiram minha sala através das persianas, fazendo com que o azul dos olhos de Oliver fiquem mais escuros e profundos, mas que ainda assim conseguem me fazer ficar presa neles. Suas mãos quentes e suaves encontram as minhas, entrelaçando nossos dedos de uma forma tão íntima que chega a me deixar perturbada. E nesse momento o meu coração está batendo tão alto e rítmico que sinto meu rosto corar de vergonha por apenas pensar que seu som possa estar tão audível para Oliver como está para mim.

— Desculpa, mas não posso. — desisto de reunir forças para entrar em uma personagem que criei para me sentir mais forte, o que faz com que minha vulnerabilidade seja exposta a Oliver.

— Você vai conseguir! Porque eu não conheço outra pessoa que possa fazer o que você é capaz. — Oliver torna a apertar nossas mãos. — Há um tempo conheci uma pessoa que mudou minha vida, ela era tão brilhante quanto você. Mas ela não tinha o carisma e a força que você tem! E mesmo não te conhecendo como eu gostaria de conhecer, eu posso sentir o quanto você é grande. E se você não está acreditando em si agora, eu acredito por você e eu quero vê-la entrar naquela sala de conferências e por Adrian Chase de baixo dos seus saltos altos. Porque só você irá conseguir fazer isso hoje, mais ninguém.

— Oliver...

Meu coração continua a bater tão rápido, que posso sentir minha jugular pulsar freneticamente. E para reforçar o quanto estou indefesa, não consigo mais impedir que meu orifício lacrimal segure as lágrimas que insistem cair pelo meu rosto e de imediato posso sentir uma das mãos de Oliver soltar as minhas e com o polegar, limpar as lágrimas com uma delicadeza que eu nunca poderia esperar. Talvez Oliver também tenha criado um personagem pelo qual esconde o homem maravilho que é, ou talvez meus hormônios estejam se manifestando me fazendo acreditar em um conto de fadas que eu tenha criado em minha cabeça nesse exato momento.

Que seja, não importa, eu apenas quero acreditar em tudo o que ele diz. Eu quero isso, e quero agora. Porque tudo o que eu precisava escutar mais cedo assim que tentei ligar para minha mãe, estou ouvido de Oliver Queen, a pessoa mais improvável que eu poderia imaginar. E sim, eu estou me sentindo melhor e a força que eu precisava acaba de crescer eloquentemente dentro de mim, ninguém vai conseguir fazer com que eu abaixe a cabeça novamente, porque parece que agora eu encontrei a resposta que procurava possivelmente eu possa confiar em Oliver, pois ele já confia em mim.

Ele se aproxima das superfícies de minhas bochechas um pouco úmidas pelas lágrimas salgadas que deslizaram por ali e deposita seus lábios em um beijo puro em cada uma delas, o que termina de desmontar todas as linhas de defesa que um dia construí contra Oliver. — Felicity, estamos te esperando. Faça o que você veio fazer aqui nessa empresa, que é ser a melhor!

Antes que eu fale algo, Oliver sorri para mim e caminha até a porta, retirando-se.

Então eu decido reunir todas as forças que nutri por meio das lindas palavras que saíram da boca de Oliver e opto por não deixar que o vazio que estava tomando posse de mim possa voltar a me sabotar, e assim que Oliver se retira da sala, recomponho-me e, desta vez, decido entrar na sala de conferências sem nenhuma personagem, porque eu não preciso mais dela para sentir que eu sou forte, pois as forças que eu preciso para chegar aonde eu quero eu as tiro de mim mesma, de um interior que eu havia esquecido que existia.

E entrando na sala meus olhos percorrem por todo o local a procura de uma só pessoa, Oliver Queen, que faz um sinal positivo com a cabeça reforçando em mostrar que acredita em mim. Involuntariamente meus olhos caem em Robert Queen que está ao seu lado e assim que alguns funcionários organizam uma série de equipamentos que usarei para a apresentação, Adrian Chase adentra pela porta dando de cara comigo, o que faz com que seu olhar desça por todo o meu corpo e então um sorriso cafajeste sai pelo canto de seus lábios.

Não deixo que seu jeito imponente exerça algum poder sobre mim, e à medida que todos se sentam em seus aposentos inicio minha apresentação. Uma apresentação que eu estava treinando desde que recebi o cargo de chefia de todo o setor da Tecnologia da informação, e a todo instante meus olhos caem sobre os de Oliver que parece encantado com cada palavra que sai de minha boca. Em alguns momentos ele desvia sua atenção para seu pai que parece bastante contente com o andar da carruagem. Depois de algumas horas exaustivas de troca de farpas que Chase faz questão de proferir a mim, a reunião chega ao fim com o que todos esperavam ansiosamente que é a assinatura do contrato por ninguém mais ninguém menos que Adrian Chase.

Sendo assim, logo que o contrato é assinado e carimbado Robert Queen inicia uma salva de palmas para todos os envolvidos nessa conquista. E como o esperado, libera a sede da empresa para uma pequena comemoração regada a petiscos e drinks e antes que eu possa ir até ele e Oliver agradecer pela confiança, sou impedida pela presença de Chase.

— Quando a vi assim que entrei naquela sala de conferências não pude acreditar que conseguiria me fazer assinar aqueles papéis.

O sorriso cafajeste volta a brotar em seus lábios, o que faz com que eu tenha que me segurar para não revirar meus olhos e dizer algo que ponha tudo a perder.

— Fico feliz por ter conseguido mudar a sua opinião.

— Na verdade, tenho que confessar que aceitei me unir as Indústrias Queen Consolidated mais pela sua desenvoltura do que o que vocês prometem me proporcionar.

Ele ingere um gole de seu drink sem que tire sua atenção de mim.

— Garanto que você não vai se arrepender.

— Eu não vou me arrepender se você aceitar me deixar conhecer mais sobre você. — ele retira um cartão de seu paletó. — Essa noite, o que me diz?

O que esse cara está pensando que eu sou? Uma prostituta? — Não estou entendendo onde está querendo chegar, senhor Chase.

 Minha vontade é apertar suas bolas com toda minha força e fazer com que ele aprenda como tratar uma mulher, porque nesse momento estou me sentindo uma prostituta.

— Vamos lá Felicity você é inteligente o bastante para entender que assinei aqueles papéis com o interesse de saber se você é tão boas com as palavras como na cama.

Sua mão agarra meu pulso com certa força o que me faz dar um passo para trás. E agora a minha vontade e cuspir no rosto desse homem tão sem escrúpulos que Oliver tentou me alertar.

— Tudo bem por aqui? — a voz reconhecida de Oliver surge atrás de mim, aliviando-me por tê-lo por perto.

A mão de Chase solta meu pulso assim que Oliver aparece. — Meu amigo, quanto tempo. Estava aqui dando os devidos parabéns a essa senhorita.

— Acredito que ela já tenha sido parabenizada o bastante.

Sinto sua mão tocar minha cintura discretamente, deixando-me mais calma.

— Você está errado, ela será totalmente parabenizada hoje à noite em um dos melhores hotéis de Starling City. Essa mocinha deve ser tão boa com a boca.

As palavras de Chase me deixam totalmente enojada e antes que eu possa me esforçar em ser cortês com o inescrupuloso, Oliver me impede e eu sou capaz de ouvir o ranger de seus dentes.

Oliver larga minha cintura, dando dois passos à frente crescendo para cima de Chase, que parece não se importar. — É melhor que você peça desculpas a Felicity, ou eu vou ter que quebrar a sua cara, e eu me lembro de perfeitamente bem da ultima vez que o fiz.

— Oliver, não precisamos chegar a esse ponto! — levo minhas mãos até seu peitoral o afastando um pouco do corpo de Chase.

— Isso é inacreditável. — Adrian solta uma enorme gargalhada enquanto toma o restante de sua bebida. — Oliver Queen está fodendo com uma de suas funcionárias? Parece que você quebrou uma das regras sobre comê-las.

— Eu não vou repetir... Peça desculpas a Felicity ou eu não vou me importar em por tudo por água a baixo acabando com a sua raça.

Oliver se livra de meus braços sem ao menos olhar para mim, e pela primeira vez estou com medo do que ele seja capaz para me proteger.

— Senhores, eu repito... Existe algo muito grande acima de nós. Não podemos quebrar uma aliança que alavancará nossas empresas. Vamos nos acalmar, por favor.

Eu sei que estou sendo uma hipócrita em tentar ignorar todas as palavras esdruxulas que saem da boca nojenta de Adrian Chase, mas no momento eu preciso pensar no campo profissional e um passo fora de nossa linha é capaz de ferrar com todo um projeto que construí para as Indústrias Queen Consolidated.

— Cala a boca loirinha, isso será resolvido entre homens! Mais tarde eu resolvo o que tenho que resolver com você na minha cama, é somente o que eu quero desde que entrei naquela sala de conferências e sua bunda me fez querer aceitar aquela proposta!

Antes que eu possa raciocinar todas as banalidades que saíram da boca de Adrian Chase, sinto uma das mãos de Oliver me afastando para longe enquanto que a outra mão em punho acerta com toda a força o nariz de Chase que cai no chão pelo impacto já com o jato de sangue escorrendo para sua boca.

Logo posso observar todos ao nosso redor surpresos ao verem Adrian Chase sobre o chão ensanguentado enquanto que Oliver monta sobre ele o segurando pelo colarinho de sua camisa social.

— Me largue seu filho de uma puta! Dividíamos mulheres, isso não é de hoje.

Adrian Chase cospe o sangue que escorre em sua boca no rosto de Oliver que ameaça soca-lo novamente até que seu corpo é segurado por Tommy e Ray Palmer, enquanto que Robert Queen ordena através de vozes gritantes para que chamem os seguranças.

— Me soltem! — Oliver como um animal enfurecido tentar escapar dos braços de Tommy e Ray que preocupados tentam acalma-lo.

Chase levanta com certa dificuldade e limpa o sangue de seu nariz. — Esse aqui é por todas as vezes que me pegou desprevenido.

Aproveitando que Oliver está sendo contigo pelos amigos, o inescrupuloso crava com um dos seus punhos na boca do estômago de Oliver que urra em dor e na mesma velocidade, crava o outro punho em seu nariz, que também torna a jorrar sangue, e nesse momento os seguranças aparecem para segurar Chase.

— Meu Deus, você está sangrando! Tente se acalmar. — meu coração parece ainda mais descompensado à medida que me dou a perceber a camisa branca de botões de Oliver sendo ocupada por um vermelho vivo de sangue.

— Felicity eu só preciso fazer com que esse desgraçado se desculpe com você. — seus olhos são pura fúria. — Me larguem! — ele volta a fazer força para se soltar de Ray e Tommy.

— Parceiro você precisa ouvir a loirinha, acalme-se! — Tommy sussurra no ouvido de Oliver, que parece ignorá-lo.

— Vai se foder, meu amigo. — Adrian solta uma gargalhada. — Eu só não quebro o contrato porque não estou a fim de pagar a rescisão de contrato, e claro eu tenho muito a ganhar ao lado de vocês. 

— Retire-o daqui! — Robert Queen ordena os seguranças que logo leva Chase para outro lugar.

— Eu juro que quebrarei a sua cara de novo caso você ponha seus pés aqui novamente. Escutou? — diz Oliver antes que Chase saia daqui por completo.

— Oliver, você precisa sair daqui comigo! Agora. — assim que aumento meu tom de voz levado pelo meu nervosismo que parece fazer com que eu exploda, Oliver desce seu olhar para mim e por incrível que parece ele me obedece.

— Me soltem, eu não farei mais nada.

— Queen você precisa canalizar essa sua raiva ou sempre colocará tudo a perder. — Ray diz enquanto o solta.

— Cala a boca você também.

Pego a mão de Oliver o levando para minha sala no andar de baixo. Peço Curtis tão assustado quanto às outras pessoas que assistiram uma versão prévia de MMA para buscar a caixa de primeiros socorros.

— Você enlouqueceu?

Pergunto enquanto ajudo Oliver retirar seu paletó.

— Enlouqueci sim! Você viu a forma com que ele te tratou? Como se você fosse uma prostituta, Felicity.

— Agradeço por ter me defendido, mas eu sou totalmente contra a violência. E ele te machucou!

Coloco uma de minhas mãos em seu rosto, podendo ver o estrago que Chase fez em seu nariz.

— Isso não é nada, não quebrou.

— Mas poderia ter quebrado.

— O que me quebrou foi ver a forma como ele se referiu a você. Isso fez com que o sangue subisse a minha cabeça! Eu não sei explicar, mas quando eu vi já o tinha acertado em cheio.

Um pigarreio de Curtis nos interrompe, entregando-nos a caixa de primeiros socorros. — Aqui está tudo que consegui! 

— Obrigada, Curtis.

Meus olhos voltam a se dirigir novamente até Oliver e eu não consigo retirar o maldito sorriso que insiste permanecer em meu rosto.

— Por que está sorrindo? — Oliver pega uma das gases e enfia em um dos buracos do nariz. — Eu não fico atraente com um bolo de gases no nariz?

— Não há uma forma que você não fique atraente.

Sim eu quero me matar por ter dito isso de forma audível.

— Essa é a hora que eu agradeço o elogio ou concordo plenamente com você? — ele sorri como um garoto.

— É a hora em que você fica quieto para que eu possa fazer os curativos. — rio à medida que limpo o sangue ao redor de seu nariz.

— Antes que você inicie um discurso de agradecimento por eu ter quebrado a cara de Adrian Chase, quero que você saiba que eu faria isso quantas vezes fossem necessárias. E que você poderia agradecer aceitando jantar comigo essa noite! Algo simples e despojado.

— Eu não sei o que dizer.

— Diga apenas sim.

Por mais que eu queira tentar dizer que precisamos ir mais de vagar, meus lábios parecem não concordarem com minha razão e sem que eu consiga travá-los, respondo involuntariamente.

— Sim.

— Então eu te espero em minha casa às nove horas da noite.

Um sorriso que nasceu para ser dado pelos lábios de Oliver Queen surge novamente, o que me faz ter a certeza que fiz a escolha certa.

            Oliver Queen

— Isso está quente! — grito comigo mesmo ao retirar o filé mignon do forno sem as luvas. À medida que apoio a travessa sobre a pia de aço inoxidável, corro para a torneira, assim que a água fria cai sobre minha pele, alivio-me. — Eu espero que ela goste de carne... Ou seria um problema! — após secar as mãos estico uma delas e alcanço a terceira taça de vinho da noite.

O que está acontecendo comigo? Primeiro, estou falando sozinho como um louco e segundo, estou indo para a quarta taça de vinho da noite, sendo que ela ainda nem começou. Por incrível que pareça eu confesso que estou uma pilha de nervos, minhas mãos chegam até mesmo tremerem em certos momentos.

Tudo isso porque eu decidi me permitir, deixar para trás lembranças que não voltam mais, tentar cultivar uma nova semente dentro do meu peito de solo árido e ainda sem vida, talvez transformá-lo em um jardim. Eu sei que isso pareceu um pouco homossexual, e longe de mim, não tenho nada contra... Mas desde que tive minha última conversa com John, percebi que o problema sempre partiu de mim, eu quem resolvi me fechar para novas possibilidades, eu quem decidi viver em meu próprio mundo. Um mundo em que eu não precisaria me preocupar em gostar realmente de outra pessoa a não ser de mim mesmo.

Egoísta.

Eu fui todo esse tempo um grande egoísta comigo mesmo, é estranho ter que me autocriticar, porque eu nunca precisei disso. A partir do momento que Samantha morreu, eu perdi a concepção de empatia, na minha cabeça ela havia levado junto dela para onde quer que ela tenha ido, como se estivesse também me levando. Porém, essa conversa abriu meus olhos fazendo com que clareasse minha mente para o lugar que eu estava levando a minha vida, que era lugar nenhum. Sabem aqueles cachorros que ficam rodando em torno de si mesmo tentando pegar seu rabo? Sim, exatamente desta forma que eu vejo como eu estava vivendo.

Então chamar Felicity para um jantar é um grande passo, me faz mesmo que sob pressão sair do meu próprio mundinho egoísta que criei.  Faz com que eu me ponha sob desafio, e eu odeio ser desafiado. Acima de tudo, faz com que eu seja novamente o que sempre fui e tentei esconder através de uma carcaça. E eu estou nervoso como naqueles filmes clichês de romance em que o mocinho chama a linda mocinha para um encontro a luz de velas, um primeiro encontro.

Possivelmente um dos motivos para tal nervosismo seja porque eu não faço isso a muito tempo, desde que resolvi me afundar em mulheres sem compromisso, uma vida desejada por muitos homes mas que me cansou. Tornou-me um homem sem afeto, e até um pouco machista. Mas a forma que Chase tratou Felicity hoje mais cedo me fez abrir os olhos para o homem estava me tornado, afinal de contas cheguei a trata-la da mesma forma e isso deveria ter um fim.

Din-don.

Din-don.

Din-don.

— Eis que é chegada a hora... — retiro rapidamente o avental e corro para a porta, ao abri-la dou de cara com Felicity que inacreditavelmente sorri a me ver.

— Você não estava brincando quando disse que seria algo totalmente despojado.

Ela deve está se referindo a mim, pois no momento eu visto uma camisa de mangas branca, uma calça de moletom e chinelos. E sim, eu não estava brincando quando a chamei para algo despojado, isso porque eu queria que fosse algo mais leve e que não nos remetesse a negócios, que é o que estamos acostumados a enfrentar quase todo santo dia.

— Posso dizer o mesmo sobre você! — Felicity está ainda mais linda sem todas àquelas roupas sociais. Não que eu esteja levando para o lado sexual, mas sua jaqueta e calça jeans tornam as coisas mais interessantes.

— Eu trouxe um vinho e você vai mesmo ficar parado feito um poste sem me convidar para entrar? — ela ergue o vinho enquanto que solta uma gargalhada divertida.

— Verdade! — sorrio me deliciando de sua risada. — Você gostaria de entrar?

— Seria bom, está frio aqui fora.

Pego o vinho de sua mão e o coloco sobre a mesa de centro na sala de estar após fechar a porta.

— Você está bem? O dia de hoje foi um pouco conturbado.

— Eu quem deveria perguntar como você está você quase perdeu o nariz nessa manhã.

— Estou bem, marquei um otorrinolaringologista para ver se realmente está tudo certo e a dor no abdômen passará com o tempo.

— Adrian Chase é um completo covarde! — Felicity revira os olhos.

Não consigo deixar de soltar uma risada. — É divertido como passamos a concordar um com o outro! Geralmente estamos sempre discutindo e dispostos a travar uma guerra.

— Você tem razão, nós temos facilidade quando o assunto é discussão... Mas eu queria agradecer mais uma vez pelo que fez por mim hoje.

Sua mão alcança meu ombro e aperta o lugar como forma de agradecimento e seu sorriso continua maravilhosamente lindo em seus lábios. 

— Eu faria quantas vezes fosse necessário. Mesmo que eu precise quebrar o meu nariz por isso!

Ainda sorrindo toco em meu nariz ainda dolorido.

— Sinto muito pelo nariz... — ela ergue uma de suas mãos e o toca com verdadeira calma. — E novamente, violência não nos leva a lugar nenhum, então mesmo muito agradecida, peço que não chegue mais a esse ponto, certo? Agora podemos comer? Estou morrendo de fome! — ela passa a mão sobre a barriga e volta a rir, eu estou hipnotizado por essa risada.

— Uma pergunta, e por favor, diga que sim. Você gosta de carne, não é?

— Não.

— Puta merda.

Um silêncio ressoa por todos os cômodos da casa quando é cortado novamente por uma gargalhada. — Sim Oliver, não vejo problema em comer carne. Você tinha que ter visto sua reação.

— Você está me testando? — solto todo o ar do meu peito de uma vez só. — Venha, vamos comer! — involuntariamente a puxo pelo braço a levando até a mesa.

Puxo uma das cadeiras para que Felicity se sente, que admirada não perde a oportunidade de implicar. — O murro em seu nariz colocou alguns parafusos no lugar em sua cabeça?

Ela brinca por eu ter puxado a cadeira para que ela possa sentar.

— Sabia que você não perderia a oportunidade de caçoar de mim. — me sento na outra cadeira, podendo ficar de frente a ela.

— Você está fazendo o mesmo curso de cavalheirismo que o Ray fez?

Por que ela não tira esse maldito sorriso de seu rosto? Eu estou encrencado, porque não consigo parar de admirar essa mulher mesmo quando ela toca no nome do Babaca Palmer.

— Não, Ray Palmer é um babaca... Ele mija sentado e passa talquinho de bebê na bunda. Apenas não me compare a ele.

— Você é ridículo.

— E você sempre soube disso. — levanto indo até a cozinha e pego os pratos quentes sobre o forno enquanto que Felicity nos serve o vinho. — Aqui está filé mignon com amêndoas ao molho de geleia de framboesa.

Uau. Você pediu isso a algum restaurante? — ela toma um gole de seu vinho enquanto observa o prato maravilhada.

Hey! Claro que não, foi eu mesmo quem cozinhou. — pego o guardanapo e o coloco sobre meu colo.

— Desculpa, é que eu não conhecia esse lado masterchef de Oliver Queen. — sinto uma ironia em seu tom de voz, mas o sorriso não sai de sua boca.

— Existem muitas outras coisas que você ainda não conhece sobre mim. — assim que termino de dizer, um silêncio volta a dominar todo o lugar, até que Felicity o quebra.

— Ah é? E o que, por exemplo? Além de cozinhar perfeitamente bem. — diz após provar o prato.

— As pessoas me veem como um idiota, e talvez eu seja mesmo. Mas eu não sou um total idiota, apenas...

Sou interrompido.

— 80 de 100%? — ela me dá um soco de leve em um de meus braços.

É incrível como aos poucos eu vou descobrindo o quanto eu quero estar por perto desta mulher. Eu não sei como ela consegue resgatar uma empatia que não sentia há muito tempo. Felicity não deixa seu empoderamento feminino de lado um só momento, mas é maravilhoso como ainda não entramos em alguma discussão, é gostoso demais ter um diálogo leve com ela. Ela consegue ser doce ainda mesmo quando é irritante, o que me faz querer agarrá-la aqui e agora, toma-la para mim de uma vez só e ter mais uma vez o que eu posso classificar como melhor sexo que tive. Mas isso com toda a certeza arruinaria tudo, então é melhor que meu amigo continue sem se manifestar dentro das minhas calças.

— Você é má! — sorrio. — Mas é que o tempo me tornou assim, Caitlin diz que no fundo eu ainda tenho salvação.

— Todos nós temos, Oliver! — seus olhos percorrem até os meus, fixando-os. O que é esse olhar? Eu não consigo parar de venerá-los.

As peras de sua bochecha coram imediatamente assim que ela percebe que estamos nos olhando por longos segundos e rapidamente desvia seus olhos dos meus, mordiscando seu lábio inferior. Céus, algo está criando vida um pouco abaixo com uma simples mordida nos lábios, isso é insano. Felicity precisa parar ou então eu não vou poder responder por mim.

— Estou começando a perceber que sim. — involuntariamente uma de minhas mãos alcança a dela, segurando-a com delicadeza. No mesmo instante, os olhos de Felicity descem até nossas mãos e depois correm até os meus olhos. Nós ficamos assim por certo tempo, até que sem que eu perceba ela retira a mão já se levantando.

— Não esperava que sua casa fosse assim! — ela diz enquanto passa os olhos pelos cômodos até que chega próximo a uma prateleira com alguns porta-retratos.

— Ninguém espera. Meus pais julgaram um pouco a escolha, Robert Queen é um amante do luxo, ele não esperava menos do que uma mansão com cinco quartos.            

Sorrio enquanto vou até ela.

— Exatamente o que eu tinha em mente. — ela devolve o sorriso até que pega um dos porta-retratos. — Me deixe adivinhar... Esse é o pequeno William?

— Isso! É o meu garoto. — o orgulho grita ao pronunciar com propriedade.

— Ele é um mini Oliver! Espero que seja menos idiota que o pai. — ela aperta meu antebraço indicando uma provocação.

— Eu também espero. — correspondo-a com uma risada.

— E essa aqui... — ela coloca o porta-retrato com a foto de William novamente sobre a prateleira e pega o que está com a foto de Samantha. — Suponha que seja a mãe de William. Vocês são separados? Oh, ou ela vai aparecer aqui e nos pegar no flagra? Preciso correr? — suas perguntas repletas de humor me fazem soltar um sorriso desta vez um pouco triste.

— Samantha é o nome dela, e não vai ser preciso fugir. Ela faleceu há alguns anos!

Minha respiração fica levemente mais pesada ao simplesmente pronunciar o nome de minha esposa, é inexplicável como isso ainda me afeta.

À medida que termino a frase, Felicity esboça um grande ‘O’ com os lábios, surpresa, e agora seu olhar para mim é diferente, é um olhar que parece querer me confortar da mesma forma que a confortei mais cedo, como se ela tenha percebido certa vulnerabilidade de minha parte assim que toquei no nome de Samantha. É um olhar que vai muito além de pena, é apenas como se ela esteja tentando entender a dor que senti.

— Oliver... Eu sinto muito. — ela desvia seus olhos dos meus e coloca novamente o porta-retrato sobre a prateleira.

— Eu a perdi durante o parto. Samantha passou por complicações sérias ao longo da gestação e deu à luz prematuramente ao William... Mas ao decorrer da cesariana ela não conseguiu. — minha voz embarga e sinto uma das mãos de Felicity procurarem pela minha, segurando-a forte. — Os médicos tentaram reanima-la de todas as maneiras possíveis, mas ela já havia ido embora.

— Eu realmente sinto muito.  — ela dá um passo, ficando desta vez ainda mais próxima de mim. Que inferno, Felicity tem vários dons e um deles é confortar as pessoas. Todas as vezes que falo sobre o que aconteceu com Samantha um vazio parecer ocupar todo o meu peito, exceto agora. Por mais que eu esteja sofrendo por ter que tocar nesse assunto, eu consigo ser forte e não deixo que esse vazio me puxe para dentro dele e incrivelmente quem está me dando essa força é ela, como se fosse uma verdadeira troca.

— Está tudo bem. — aperto minha mão a sua, tranquilizando-a.

— Eu quase passei pela mesma situação... Minha mãe também teve uma complicação durante o parto. Donna Smoak teve que ser forte! — sinto que sua voz fraqueja ao tocar no nome de sua mãe, o que me deixa intrigado.

— Posso ver de onde vem toda essa sua força, é genético! — sorrio singelamente. — Então sua mãe se chama Donna?

Bruscamente, Felicity muda de assunto ignorando totalmente minha pergunta. O que me deixa ainda mais intrigado. — Não me diga que você tem um toca-discos! — seu tom de voz parece mais animado ao trocar o assunto.

Opto por não fazer mais perguntas e a sigo até o toca-discos. — Sim! Meu pai diz que todo homem deve ter um toca-discos, ele diz que é sofisticado.

Ela passa as mãos pelos discos enfileirados em uma estante ao lado até que para em um deles. — Lionel Richie! Eu sou completamente apaixonada por ele, precisamos escutar Endless love, é um dos seus maiores sucessos.

— Precisamos?

Essa é a hora que eu fujo para as colinas caso ela invente de dançar.

Ela coloca o disco na faixa em que está a musica e assim que a mesma começa tocar sua cabeça começa a mexer de um lado para o outro em sintonia. Seus olhos se fecham assim que as vozes começam a desenrolar a canção. Seu corpo inicia um balançar e eu estou hipnotizado. Estou completamente concentrado em cada movimento que Felicity dá, inferno, essa garota consegue ficar ainda mais linda do que eu achei que ela poderia ficar.

Chega a ser inexplicável como todo o meu corpo neste exato momento está paralisado somente pelo fato de não querer perder nenhum gesto que Felicity faz. Ela consegue ser doce e sexy ao mesmo tempo, meus pensamentos conseguem ir do céu ao inferno em questão de segundos e todos os músculos de meu corpo estão respondendo de uma forma involuntária, estou perdendo o controle sobre mim. Minha linha de raciocínio também está totalmente conturbada e eu não consigo organiza-la, e talvez eu não esteja me importando com isso nesse exato momento.

Até que ela para de repente abrindo os olhos e os dirigindo até mim. — Você não vai ficar parado aí... Vai? — ela se aproxima de mim, puxando meus braços até então ainda rígidos, tirando-me dos meus pensamentos aonde quer que eles estejam.

— Não tem chances. Eu não danço! — sou guiado por ela até aonde a música é mais alta.

Eu não estou mentindo, tenho verdadeiros dois pés esquerdos. Eu só dancei duas vezes em minha vida. A primeira vez foi no baile de formatura no colegial, e eu só me esforcei ao máximo para não pisar nos pés da moça, porque naquela noite eu estava fadado a beijar uma garota pela primeira vez. A segunda vez foi no meu casamento com Samantha, se eu não me submetesse a sua ordem, os papéis do divorcio seriam assinados no mesmo dia que os do matrimônio.

— Todos dançam, Oliver! Você só precisa relaxar os ombros e deixar a música te guiar.

Ela pega minhas mãos e as coloca em sua cintura, as prendendo por ali. Enquanto que seus braços se encaixam ao redor de me pescoço. Nesse momento, seus olhos voltam a se fechar, e com passos lentos ela começa a me guiar de um lado para o outro, com toda a calma do mundo. E eu gostaria que o mundo parasse de girar nesse exato momento, porque eu não consigo tirar os olhos de cada detalhe do corpo de Felicity enquanto eu a tenho em meus braços. Chega a ser mágica a forma como ela prende a minha atenção, e eu não consigo pensar em nada mais, tudo que eu consigo perceber ao meu redor é a música que nos embala e o corpo de Felicity me levando pelo pequeno espaço em que estamos.

Seu cheiro floral sobressai assim que ela fica nas pontas dos pés para se acomodar melhor ao meu corpo á medida que dançamos. E eu não consigo impedir que meu rosto se aproxime da curvatura de seu pescoço. Assim que propositalmente encosto minha barba por fazer em seu maxilar, posso sentir todas as extremidades do corpo de Felicity se arrepiarem, como se seu corpo já reconhecesse meu toque de imediato. Logo, Felicity leva suas duas mãos em meu rosto o levantando e o movimento faz com que seus olhos se abram e venham a percorrer até os meus. Nós ficamos nos olhando por alguns segundos ao mesmo tempo em que eu suplico para que essa música não tenha fim. Sinto seu olhar desviar dos meus para a minha boca com verdadeira rapidez, me dando a abertura para o que eu tanto estava esperando. Deixo meu rosto cair até o dela com lentidão para não assustá-la, passando a friccionar meus lábios na linha de seu maxilar com delicadeza.

Felicity involuntariamente deixa que sua cabeça caia para um dos lados, dando-me mais acesso. Seus braços voltam a entrelaçar meu pescoço com todo um carinho que o momento nos proporciona. No momento em que sua cabeça se levanta novamente, solto uma de minhas mãos de sua cintura e a deixo em seu rosto, acariciando-o com a base de meu polegar e inacreditavelmente recebo o melhor sorriso da noite, seus dentes são os mais lindos que eu tenha visto na vida. Seus olhos voltam a se fechar, e então encosto meus lábios na ponta de seu nariz, depositando um beijo rápido por ali. Meus lábios voltam a escorregar até sua boca que entreabre para receber a minha. Mas tudo o que eu não quero nesse momento é pressa, eu quero desfrutar cada sensação que meu corpo está gritando para fora. Quero dar tudo que essa garota merece, quero mostra-la mais de mim, muito mais do que ela conhece.

Então meus lábios ficam brincando com os dela, numa carícia sensual. E nós sorrimos entre o início de um beijo que mesmo não sendo voraz, é capaz de mensurar todos os sentimentos, quais eles sejam, que estejam acontecendo. Ela encosta a língua em meu lábio inferior e o lambe de tal forma que meu pau emergencialmente começa a querer apitar como uma ambulância em serviço. A aperto contra meu corpo deixando-a sentir a resposta de meu corpo a um simples toque dela e ela solta uma risada gostosa que me faz querer andar sobre as nuvens por ser tão fascinante.

Seus lábios carnudos e avermelhados voltam a se entreabrir esperando pelos meus novamente quando somos interrompidos por uma voz sonolenta. — Papai, não estou conseguindo mais dormir!

Inferno!

Sinto o corpo de Felicity se afastar de mim bruscamente, desligando o toca-discos. — Então o meu garoto preferido não está conseguindo dormir? — ando até William que segura seu bicho de pelúcia enquanto boceja. Ao pegá-lo no colo sinto sua temperatura arder. — Amigão você está ardendo em febre! Preciso fazer alguma coisa. — franzo o cenho sentindo meu corpo tencionar em sinal de preocupação.

— Oliver, vamos manter a calma... Crianças são mais vulneráveis, isso acontecer é o esperado. — ela se aproxima de nós, colocando uma de suas mãos nas bochechas de William que sorri.

— Eu acho melhor leva-lo a pediatra dele! — ao pegar o telefone sobre uma das mesas ao lado, sou impedido.

— Por que você é tão cabeça dura? — ela pega o telefone de minha mão e o coloca novamente na torre. — Você tem alguma caixa de remédios e um termômetro por aqui?

— Por que você é tão insuportável? — imito sua voz com ironia. — Tenho, vou buscar. — vou até o quarto de William e pego uma caixinha de primeiros socorros.

Dou a caixinha para Felicity enquanto sentamos no sofá.

— Oi, meu nome é William Queen. E o seu? — a voz de William ainda é sonolenta, mas ele não perde a oportunidade de exibir seu melhor sorriso.

— Olá! Eu sou Felicity Smoak. — ela devolve o enorme sorriso a William, enquanto que acomoda o termômetro digital embaixo de sua axila. — Esse é seu amigo? — pergunta ao observar o bicho de pelúcia nos braços de William.

— Esse é o Pedro, papai falou que ele realiza desejos. — ele ergue o grande pato amarelo para Felicity.

— Mas só podem fazer três desejos, e você os gastou todos de uma vez só na ultima vez em que fomos à sorveteria. — sorrio e me assusto ao ouvir o termômetro apitar.

— O Pedro deveria realizar mais desejos. — Felicity olha para mim como se estivesse me provocando à medida que retira o termômetro. — Prontinho... William está com 37,5° o que ainda é considerado estado febril. Acredito que não deva ser nada grave.

— Você tem certeza que não preciso o levar para a pediatra? Eu sei que está tarde, mas... — olho para William que parece inquieto.

— Tenho, vou dar esse remedinho a ele e se não passar, levamos a pediatra. — ela sorri enquanto prepara o remédio para William, e a forma com que ela se inclui ao me referir a levar William ao médico, deixa ainda mais claro o quanto a quero em minha vida.

— Felicity, você é a namorada do papai? — ao realizar uma simples pergunta quase que eu e Felicity respondemos no mesmo instante.

— Não.

— Não.

— É que o vovô diz que o papai tem muitas namoradas.

— Que vovô pau no cu! — digo com certa indignação.

— Oliver! — Felicity me dá um leve apertão em um de meus braços após me fuzilar com os olhos.

— Papai o que é pau no cu? — pergunta William intrigado.

Mais um palavrão que vai para a minha conta, eu realmente tenho a boca mais suja que os becos dos Glades.

— É quando... — procuro palavras em minha cabeça, mas elas parecem fugir enquanto observo Felicity tentando segurar a risada. — É quando a gente não gosta de algo... Como você não gosta de brócolis.

— William, não escute nada que seu pai acabou de falar, certo? — o rapazinho faz um sinal positivo com a cabeça enquanto ingere o remédio sabor morango que Felicity o dá.

— É não escute nada o que eu disser! — continuo sorrindo enquanto admiro meu garoto.

— Papai, canta para eu dormir? — ele levanta a mãozinha enquanto massageia minha barba, o que me faz deslizar e dar um beijo nela.

— Papai não sabe cantar.

— Sabe sim! Aquela de Toy Story. — ele franze os cenho enquanto faz biquinho.

— Ok... Você venceu, você venceu! — olho para Felicity que parece mais animada que William por ter conseguido uma trilha sonora para seu sono.

Amigo estou aqui

Amigo estou aqui

Se a fase é ruim e são tantos problemas que não tem fim

Não se esqueça que ouviu de mim

Amigo estou aqui

Após alguns minutos William pega no sono e lentamente me levanto ainda cantando e o levo até seu quarto, o colocando sobre a cama. Deposito um beijo em sua testa ainda quente e me afasto. Ao me virar, dou de cara com Felicity apoiada à porta do quarto.

— Você é um grande pai! — ela encosta a cabeça também à porta do quarto.

— É o que eu sei fazer de melhor, ser pai. — olho para William que agarra seu bicho de pelúcia. Volto a olhar para Felicity, desta vez com um sorriso sensual no rosto. — Quero dizer, eu sei fazer outras coisas muito bem também, você sabe disso!

— Como você consegue levar tudo para o lado sexual? — ela revira os olhos enquanto solta uma gargalhada. — Preciso ir embora, Oliver... O taxi que chamei está me esperando.

Hey! — corro até ela a segurando pelo braço. — Você não quer ficar? Está tarde... E não me importaria de dormir no sofá.

— Sofá? Você não conseguiria. — ela continua sorrindo enquanto pega sua bolsa. — Eu realmente preciso ir.

— É eu não conseguiria. — levanto minha outra mão, como estivesse me rendendo. — Não vou insistir... Obrigado pelo jantar. — dou mais um passo, podendo acabar com o espaço que nos separa.

O olhar de Felicity procura pelos meus e depois desce até a minha boca. Ao ficar na ponta dos pés, seu corpo se esfrega no meu, enquanto sua mão toca meu maxilar o puxando para si, depositando seus lábios até minha bochecha e prontamente se afasta de mim ao finalizar o beijo.

— Boa noite, Oliver! — ela sorri e então caminha até a porta.

A minha vontade nesse exato momento é agarra-la e prende-la sedentamente em meu quarto não a dando opção de ir embora até que ela não tenha mais forças, mas eu tenho que deixa-la ir, preciso ir de vagar desta vez. E eu não estou disposto a por tudo a perder por conta de meu amigo aqui embaixo. Verdadeiramente, hoje é um dos dias que um banho frio é a única saída.

Corro até a porta, colocando minha mão sobre a maçaneta. — Felicity?

— Diga.

— Sobre a festa de comemoração por nós termos ganhado a proposta com a empresa do idiota do Chase, gostaria de ir comigo?

Oh Oliver... Eu gostaria, mas Ray me chamou para ser sua acompanhante assim que eu me preparava para ir embora, não tive como negar!

— O Babaca Palmer? — ranjo meu dentes assim que ouço. Eu não consigo acreditar que esse cara consegue ser a minha sombra. Mesmo não estando presente ele consegue ainda ser um empata foda.

— Não fala assim dele, certo? — Felicity é dura ao me reprimir.

— Vocês realmente não tem nada? — paro em frente a porta, enquanto cruzo meus braços. — Esse cara é um idiota Felicity.

— Como você? — ela também cruza os braços. — Oliver, saia da frente da porta, senão eu vou perder o taxi que está me esperando.

— Eu não vou sair da frente dessa porta enquanto você não me responder!

Posso sentir toda a tensão que estou acostumado a lidar com Felicity voltando, e a mesma sensação de que ela quer me enforcar até que eu perca todo o meu ar, também está de volta.

— Para o alivio dos seus hormônios masculinos eu vou repetir, não eu não tenho absolutamente nada com o Ray. Na verdade, isso não é da sua conta! Agora sai da minha frente. — ela desvia de meu corpo e consegue chegar até a porta, colocando sua mão sobre a maçaneta.

— É um favor que você faz a si mesma, Ray é um babaca. E parece que ele escolheu você para perder a virgindade.

Rio ironicamente.

— Você realmente é um grosso! — ela abre a porta.

— E você não gosta nenhum pouco, não é? — seguro a porta, impedindo que ela saia.

— Tchau, Oliver! — seu olhar é fuzilador, quase que uma máquina mortífera.

E antes que eu possa respondê-la, ela se retira.

Não, eu não vou atrás dessa mulher que está colocando fogo pelos ventas, porque mesmo que indiretamente, a falta de uma resposta plausível de Felicity a minha pergunta e tudo o que mostramos sentir um pelo outro no dia de hoje, consegue tirar um sorriso de meu rosto, porque eu sei exatamente o que isso significa.


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Notas finais do capítulo

Peço perdão pelo capítulo muito extenso, mas é que eu me empolguei. AHSUHAUHS As aguardo nos comentários, espero que tenham gostado. ♥



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