Recomeçar escrita por Flower


Capítulo 18
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

VAI MALANDRA HÃ HÃ! VOLTEEEEEEI MINHAS FLORES!

Bom, os últimos capítulos foram um misto de aprovações e reprovações e peço mil desculpas por isso, mas a história ela tem seus altos e baixos e nem tudo é um mar de rosas principalmente quando se está escrevendo sobre fatos da vida.

Espero que esse capítulo possa esclarecer mais sobre o que virá pela frente, confiem em mim!

Bom, a história está caminhando para o fim, mas não começarei a me despedir de vocês agora porque odeio despedidas. Porém deixo claro que teremos apenas mais três capítulos pela frente (se tudo correr como o previsto) + Epílogo. Certo?

Sem mais delongas, boa leitura. ♥



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Oliver Queen

Em toda minha vida eu nunca senti uma dor tão intensa em meu peito, é algo que parece perfurar meu coração até que chegue ao fundo de minha alma sombria. Não consigo pensar em como cheguei ao ponto de quase acabar com a vida de alguém por meio de minhas próprias mãos. Meus pais sempre me ensinaram ser contra qualquer tipo de violência e eu guardei isso comigo com certo cuidado durante minha vida, visto que várias foram às vezes que extrapolei meus limites, fazia tempo que não me envolvia em confusões como essas, a última vez de que me lembro ter pregado meu punho em alguém foi no nariz de Adrian Chase, mas em minha defesa o maldito merecia muito mais do que um simples soco em sua cara de pau.

Novamente ela estava por trás de minha fúria incontrolável, meu instinto em defendê-la me obriga a partir para cima de qualquer pessoa como se eu fosse um leão que tenta proteger sua linhada. Mas eu fui além do que poderia ir, Felicity tem razão no que disse, eu não bati em Ray Palmer apenas para protegê-la ou para mantê-lo longe, eu ataquei esse babaca por vontade própria porque eu estava gostando de dirigir cada golpe em seu corpo, essa sede de vê-lo vulnerável a mim me engradecia de alguma forma.

Possivelmente eu seja um monstro.

Talvez eu seja um cretino.

Vocês mulheres têm toda a razão de odiar nós homens, pois somos uns imbecis. Sempre damos um jeito de ferrar com suas vidas. Vocês sim são a prova viva de que se Deus existe Ele fez algo certo, as criou perfeitamente e as deu como melhor qualidade a força que nós homens não temos. Às vezes, o que é mais exigido de nós é fidelidade, confiança e para tornar as coisas um poucochinho mais difícil, não deixar toalhas molhadas sobre a cama. E na maioria das vezes, não conseguimos cumprir nem metade dessas exigências que não passam de nossas obrigações. Se as mulheres são o sexo frágil? Não, não companheiros, nós é quem somos.

Eu desconfiei de Felicity quando ela mais precisou de mim, dei as costas a ela e ignorei o que ela estava sentindo, fui um egoísta fodido. Coloquei minha dor em primeiro lugar sem dar chances a se quer uma explicação. Um filho de Felicity sempre foi um sonho meu que deixava guardado somente para mim, eu tinha medo de assustá-la com um assunto tão importante como esses, eu não sabia se estava preparado e soube muito menos quando William apareceu doente, estava inseguro se era um bom pai e se conseguiria manter tudo sobre controle. Mas a verdade é que eu queria mais do que nunca um filho com Felicity, ficava imaginando o quanto isso nos deixaria mais firmes e felizes enquanto velava seu sono profundo e acariciava seus cabelos macios com o tão conhecido cheiro floral.

Mas eu fugi quando deveria ter ficado, corri com medo de me certificar das barbaridades que havia cometido.

Fui um covarde.

— Mais um triplo cowboy, por favor!

Eu já bebi duas garrafas inteiras de Jack Daniels, mas seu teor alcóolico não está mais fazendo nem cosquinhas em mim. O gosto amargo desce pela minha garganta sem ao menos me afetar com o aquecimento que faz em meu peito já despedaçado.

Estou bêbado como um gambá, mas quem se importa?

— Senhor Queen, acredito que seja melhor ligar para alguém de confiança vir busca-lo! — o Barman me aconselha preocupado.

— Você virou minha babá? Sirva-me!

O rapaz engole a seco após ouvir minha voz gritante ordenando para me servir um triplo cowboy.

A música está em som ambiente, as luzes vermelhas deixam o local um pouco infernal repleto de luxúria. As mulheres se esfregam em seus clientes que colocam dinheiro em suas calcinhas molhadas, nada me tira da cabeça que elas não estão aqui por necessidade e sim porque se divertem tanto quanto esses homens desesperados por um sexo casual.

— Ora ora... Oliver Jonas Queen de volta ao meu estabelecimento!

Madame Baelmont se aproxima de mim, seu cheiro almiscarado e concentrado encobre minhas narinas me deixando um pouco tonto.

— Madame Baelmont sempre tão elegante... — minha visão está praticamente dupla, mas sou capaz de enxergar a linda senhora com várias joias em suas mãos.

— O que o traz aqui depois de tanto tempo? — ela se senta ao meu lado próxima ao balcão.

— Um uísque da melhor qualidade.

Viro o copo de cristal com a dose tripla fazendo uma cara feia ao final.

— Cadê seu amigo? O bonitinho que sempre o acompanhava. — ela começa a fazer carícias em minha nuca arrancando-me arrepios.

— Não faço a mínima ideia e não me importo com isso no momento, madame! — dirijo-me para ao barman. — Outro triplo!

— Vejo que está um homem de poucas palavras na noite de hoje, deixarei a sós com uma de nossas melhores mulheres! — ela desvia sua atenção chamando uma moça que também se aproxima.

— Não estou... — estou com dificuldade de articular as palavras certas. — Aqui por mulheres, madame Baelmont.

Amusez-vous chéri ! — ela sussurra em meu ouvido.  

A linda mulher com um cheiro até mesmo enjoativo surge por de trás de mim envolvendo-me em seus braços. Ela consegue me arrancar de cima do banco que estou, me dirigindo para um pequeno sofá em frente a um palco.

Meu corpo está tão pesado que não consigo impedir que minhas pernas me deixem ser levado pela linda mulher. Ela então me dá uma garrafa aberta de uísque em uma de minhas mãos me induzindo a bebê-la no gargalo.

— Pode me chamar de Deborah Foster...

A morena com cabelos longos ondulados sussurra ao pé de meu ouvido lambendo o lóbulo de minha orelha.

— Senhorita Foster, você é...

Seus seios são bem fartos e escapam de sua lingerie negra que combina com a meia arrastão rasgada que está vestindo. A cinta liga que está usando roça minha coxa propositalmente a fim de me deixar duro como uma pedra.

A cintura é apertada como a de um violão pelo espartilho que está trajando, dando um ar de sofisticação, qualquer homem desejaria uma mulher dessas a sua frente.

Exceto eu.

— Mocinho, você não precisa falar nada. Apenas beba!

A música se torna mais alta ao meu redor enquanto sinto o corpo suave da mulher a minha frente sentar-se sobre minhas pernas rígidas e formigantes pelo álcool. Suas mãos passeiam pelo meu peitoral jogando para o lado meu blazer pouco manchado com o sangue do babaca. Ela está dançando sobre mim sensualmente enquanto abre minha camisa social também um pouco manchada, mas ela pouco se importa com isso.

Meu pau está começando a vencer o efeito do álcool pelo simples fato de sentir a mulher sobre mim iniciando uma cavalgada lenta e mortal.

Literalmente mortal.

Felicity... — as palavras estão saindo como alucinações.

— Você pode me chamar do que quiser bebê...

Estou duro como uma muralha.

Inferno, estaria eu sendo traído até mesmo pelo meu próprio pau?

Isso se caracteriza uma traição minha?

Não, isso é apenas uma distorção em meus sentidos.

Sou um idiota, preciso falar com a minha mulher...

— Você vai ficar paradinho aqui comigo, Senhor Queen!

Ela segura em meu maxilar com domínio dirigindo meu rosto em sua direção. Primeiramente deposita seus lábios molhados de gloss em meu pescoço onde dá um leve riscar com seus dentes à medida que suas mãos com unhas perfeitamente alongadas arranham meus mamilos endurecidos.

Eu a não quero. Não quero isso, saia de cima de mim!

Meus braços estão tão cansados que não consigo arrancar a mulher que rebola sobre meu pau traidor dentro de minhas calças. Estou envergonhado, com medo do que pensaria Felicity se me visse refém de uma prostituta, ela sim teria motivos reais de colocar suas mãos novamente em meu rosto, com toda a certeza eu a daria minha outra face novamente para um tapa seu.

Estou merecendo.

Deborah Foster sussurra novamente ao pé de meu ouvido. — Não é o que seu amigo diz aqui embaixo... — ela se encaixa ainda sobre sua lingerie provocante bem encima de meu pau que está apontando para as estrelas, forçando ele contra sua entrada aparentemente molhada.

Puta que pariu.

Eu sou mesmo um cretino.

Felicity é a mulher que amo, que está esperando um filho meu. O maldito de meu pau é um traidor...

— Bebê, sabe o que nos diferencia das mulheres recatadas que esperam seus maridos voltarem para casa à noite? É que não temos ciúmes e sabemos dividir!

Sua língua quente percorre toda a extensão de meu pescoço destinando um intenso chupão que me faz nutrir forças para empurrá-la. À medida que a afasto de mim suas mãos que agora seguravam em minha nuca, terminam de deixar suas marcas no mesmo local.

Você não é nada, aliás, eu não sei o que estou fazendo aqui...

Segurando ainda a garrafa em uma de minhas mãos deixo com que a mulher encima de mim caia para o lado assim que me levanto. Sou capaz de ouvir algumas reclamações vindo de sua boca, mas isso pouco importa agora. Com passos cambaleantes me guio até a saída da boate que dá em um beco escuro e molhado, parece que choveu muito por aqui.

O frio passa pelo meu corpo deixando-me com calafrios intensos, porém eu preciso me afastar desse lugar que me faz sentir tão sujo. Minha visão está turva dando-me uma direção falsa, sigo andando enquanto dou alguns goles ainda em minha bebida com o intuito de esquentar meu corpo do frio que está fazendo aqui fora. As luzes parecem estarem baixas até que tropeço em algumas garrafas de vidro que fazem certo barulho, alarmando casais que parecem transarem atrás de um poste.

Meu estômago está revirando pelo ataque que o álcool faz assim que entram em contato, a vontade que tenho é colocar tudo para fora. Andando como um verdadeiro zumbi embriagado pelo álcool esbarro em um corpo forte que me faz parar de imediato.

 — Olha o bacana... Está perdido pelo Glades, riquinho?

As vozes parecem ecos em minha cabeça, estou tão tonto que não consigo discernir as palavras corretamente, e então, uma vontade súbita me faz comprimir a boca de meu estômago e o gosto azedo rapidamente sobe até minha garganta deixando com que eu coloque o pouco que comi para fora, despejando vômito sobre pessoas que parecem estar em uma rodinha a minha frente.

— Qual foi cara, você está louco? Sujou minha garota!

Desta vez, a voz é diferente da primeira.

Vocês são uns idiotas... — deixo com que a garrafa escape de minhas mãos, levando-as até meu abdômen que está doendo consideravelmente.

— Olha isso aqui Joe, o cara deve ser cheio da grana! — o rapaz pega a garrafa de Jack Daniels caída sobre o chão, dando um gole demorado.

Me devolve a bebida, seus lixos!

Limpo minha boca que está com um forte gosto ácido dando um impulso para frente tentando agarrar um dos homens, mas minha visão está tão turva que não dou conta de meus movimentos, sendo contido por um dos caras que segura minhas mãos para trás.

— Se somos lixos, você é um bêbado burro. — o homem com hálito de cigarro me empurra contra a parede. — Minha garota está com o cheiro de seu vômito, acho que você merece um castigo!

Seu punho é cravado em meu rosto acertando em cheio meu maxilar.

Me soltem, por favor. — minha voz sai em um sopro após o urro de dor que dou.

— Você xinga a gente como um riquinho superior e acha que vai sair livre? A gente manda no Glades, seu bosta! — sinto novamente um soco em meu abdômen tão forte que me faz escorregar pela parede até o chão.

Vocês querem um pedido de desculpas?

Coloco minhas mãos na altura de meu abdômen contorcendo de dor.

Dizem que o álcool nos deixa anestesiado, mas isso é uma grande mentira. Estou sentindo minhas vísceras serem esmagadas de tanta dor, o gosto de ferro em minha boca causado pelo sangue me faz querer vomitar de novo.

— Não, nós queremos te dar uma liçãozinha básica, e claro, esse seu relógio foda.

Um dos caras agarra meu pulso puxando com brutalidade o relógio que foi de meu bisavô, com aversão tento impedir sua retirada ganhando em troca outro murro em meu olho sentindo o supercílio se abrir no mesmo instante.

O alvoroço se inicia quando o barulho de uma sirene é dado próximo de onde estamos, os caras me soltam com rapidez arremessando meu corpo em uma lixeira próxima.

Minha visão está ficando negra e meu corpo está sem os sentidos, as vozes ao meu redor agora estão longe como se estivessem a quilômetros de distância.

Assim, de vagar, vou perdendo a noção de espaço.

Apagando de vez.

~~~

Bip.

Bip.

Bip.

O som estridente é conhecido, ainda consigo reconhecer o som de meu antigo despertador depois de tantos anos.

Minha cabeça está doendo um pouco como se estivesse a batido com força em algum lugar que não me recordo. Meu corpo permanece pesado, mas sou capaz de levar minha mão até o botão ‘desligar’ do despertador infernal. Assim que consigo abrir meus olhos com dificuldade avisto a imagem de uma mulher até então desconhecida parada a minha frente com um copo de água em uma de suas mãos.

— Senhor Queen, sou a enfermeira Beatrice do Hospital de Starling e estou aqui para seus cuidados. — sua voz é suave.

— Há quanto tempo estou aqui?

— Irão completar exatos três dias.

Então isso significa que estive dormindo nessa cama há praticamente três dias?

Não sei se quer como vim parar aqui, a única coisa de que me lembro é de uma mulher encima de mim com um cheiro doce enjoativo e uma música alta ao meu redor.

Ouço o abrir da porta. — Cheguei a pensar que esse seu jeito irresponsável havia ficado no passado.

— Pai, minha cabeça parece querer explodir, não vamos começar com esse discurso hipócrita!

— Hipócrita? Eu deveria levar minha mão a sua cara. — Robert Queen se exalta aumentando seu tom de voz.

— Desculpa. É isso que vocês tanto querem? Um pedido de desculpas? — retiro o edredom sobre mim em uma tentativa falha de me levantar.

— Ray Palmer poderia abrir uma queixa contra você, tem noção do quanto isso é grave? Você quase o matou Oliver, isso é homicídio!

Merda.

O idiota já deve ter corrido para de baixo das asas de meu pai com suas reclamações.

E por incrível que pareça desta vez eu perdi toda a razão.

— Eu sei que errei ok? Fui violento e não medi as consequências, mas quando o vi beijando Felicity perdi a noção.

— Há um tempo pensei que finalmente havia crescido, a chegada de William e o seu relacionamento com Felicity tinha o amadurecido, mas você não mudou nada!

— Não vou ficar aqui escutando o quão o senhor não acredita que mudei.

Levanto da cama que estou, passando por meu pai que está parado rigidamente, ele segura em meu antebraço impedindo que eu o deixe falando sozinho.

— Antes de sair como uma criança mimada não gostaria de uma lista das merdas que fez nas noites passadas?

Durante minha adolescência meu pai sempre foi o responsável por colocar juízo em minha cabeça e minha mãe, Moira Queen, me acobertava. Era como o inferno e o céu de baixo do mesmo teto.

Robert Queen nunca passou a mão sobre minha cabeça como minha mãe fazia, ele era rígido e impassível, seus olhares eram transparentes e eu já sabia o que significavam, um era a repreensão, outro era a vergonha e, agora, o olhar de decepção.

Meu pai nunca havia me olhado dessa maneira.

— Onde está William?

— Seu filho está no Hospital de Starling se recuperando.

Se recuperando?

Eu não poderia ter ficado três dias desacordado com William nesse estado, talvez meu pai tenha razão, sou um completo irresponsável.

— O que aconteceu a William? Pelo que me lembro ele teve alta e estava se recuperando aqui na mansão.

— No dia seguinte, mesmo depois das besteiras que você fez, Felicity se submeteu ao procedimento de doação de medula óssea.

Eu sou um otário.

Felicity deve ter achado o envelope que caiu de minha mão enquanto eu esmurrava a cara de Ray Palmer.

Ela conseguiu fazer o bem depois de tudo que falei, são essas atitudes que a fazem ser superior a qualquer outro ser humano.

— Eu não acredito...

— Felicity salvou a vida de meu neto.

— Preciso ir até William.

— Não, você não irá até William porque ele está sendo bem assistido! Você vai agora atrás de Felicity resolver as merdas que cometeu.

— Nada me impedirá de ver o meu filho neste momento!

Puxo com certa força meu antebraço que ainda está preso a meu pai, preparando-me para ir em direção a porta. Mas surpreendo-me com o impacto que Robert Queen faz à medida que me encosta à parede.

— Depois de tantos anos irei ter que medir forças com você novamente? — a voz de meu pai é assustadoramente gritante.

— Me solta!

— Um Queen não foge de suas obrigações, Felicity está grávida de um filho seu e você irá até ela mostrar que ainda resta um pouco de caráter nessa sua cara!

— Eu não consigo...

A realidade é que no fundo sei o tamanho da besteira que cometi no momento em que coloquei meus pés por aquela porta, porque era o meu orgulho agindo por conta própria. Assistir a cena de Ray Palmer com os lábios em Felicity feriu não só minha alma, mas também meu orgulho de homem. Desde que consegui o cargo de Diretor Executivo nas Indústrias Queen tive que suportar a inveja desse cara atrás de mim como um fantasma, em seus olhos eu podia ver que não deixaria isso tão barato assim.

Ray Palmer apenas com olhares me mostrava que o que poderia fazer para me atacar, ele faria. Eu, como homem, notei desde o princípio seu interesse a Felicity, não estava em meus planos tê-la para mim uma vez que eu a odiava. Ela antes mesmo de colocar seus pés no meu ambiente de trabalho já havia virado minha vida de cabeça para baixo e assim que descobri que seríamos colegas de trabalho minha vida se transformou em um completo inferno.

Como eu imaginaria que essa mulherzinha prepotente e com seu nariz tão empinado se tornaria a mulher de minha vida?

Eu não a roubaria para mim se não soubesse que ela seria capaz de mudar a minha vida, de me tornar uma pessoa melhor. No entanto, Ray deve ter achado que me envolvi com Felicity somente de implicância... Coitado, como se o mundo girasse ao redor de seu umbigo.

Vê-lo encostar suas mãos em Felicity me machucou sim, mas eu não poderia ter agido da forma como Ray Palmer queria, ele acertou meu calcanhar de Aquiles e ganhou a batalha como sempre desejou, simplesmente porque mirou no meu maior bem.

— E por que não consegue?

Robert Queen força meu corpo dolorido ainda mais contra a dura parede.

— PORQUE EU SOU UM FRACO!

Grito com todas as minhas forças olhando no profundo dos olhos de meu pai que se assusta deixando com que sua boca entreabra.

Após liberar algo que estava apertando minha garganta como um nó, as lágrimas vêm logo em seguida e meu corpo que antes relutava contra a força que meu pai impunha à parede, agora, está fraco e derrotado.

Um tempo após a morte de Samantha prometi a mim mesmo que não choraria mais na frente de ninguém, pois as lágrimas eram para os fracos. A vulnerabilidade só poderia ser vista por você mesmo, porque seus inimigos poderiam usá-la contra você. Então eu guardava toda vontade de desabar para quando estivesse sozinho, para ter a certeza de que ninguém a usaria contra mim.

Mas quando conheci Felicity e a vi vulnerável pela primeira vez a minha frente senti que aquilo era normal, que expor suas fraquezas não te diminuía e sim era um sinal de o quanto forte você é. Essa mulher me abriu portas que pensei que havia fechado para sempre, com ela aprendi que deixar as lágrimas escaparem pelos olhos te fortifica, e neste momento, eu só a queria por perto para confortar a dor que estou sentindo.

A dor que eu mesmo causei.

— Quando eu era mais novo descobri que sua mãe partiria de Starling City, seus pais não aceitavam o nosso namoro. Moira esperava que eu fosse até eles e rosnasse como um cão raivoso protegendo o que sentíamos um pelo outro. Na última noite de estadia em Starling City ela mandou um rapaz me entregar uma carta, dizendo que estava disposta a fugir comigo para onde eu quisesse, que me esperaria na porta de sua casa assim que o sol anunciasse sua chegada! — meu pai solta seus braços de meu corpo se afastando um pouco. — Mas eu não fui ao seu encontro, porque me achava um fraco e sem expectativas de vida para nós.

— E o que aconteceu? — o pergunto entre soluços.

— Moira ficou decepcionada.

— Mas vocês estão juntos, não estão?

Meu pai suspira. — Nessa época não havia riquezas, o sobrenome Queen não significava nada. Então pedi dinheiro emprestado a um conhecido e viajei para onde estava sua mãe. — ele sorri timidamente. — Moira não queria me ver pintado de outro em sua frente! Eu a ignorei e a tomei em meus braços a mostrando o quanto nosso amor era único. Tomei coragem para pedir sua mão em casamento, mesmo não tendo nada.

— Felicity tem um gênio tão forte que acertaria minhas bolas assim que tentasse toma-la em meus braços!

Arranco uma risada de meu pai. — Suas bolas merecem.

— Não sou mais digno do amor de Felicity, entende?

— Não dê a guerra como perdida se ainda tem algumas armas a seu favor e um cavalo!

A expressão de meu pai parece um enigma para mim que no estado em que estou não consigo desvendar.

— Não entendi.

— Suas armas e cavalo é o que mantem você em pé para lutar, seu amor e o filho que ela espera é o que te impulsionará! — meu pai segura meu rosto para si direcionando meus olhos apenas para os seus. — Eu não sei os motivos que o fez não acreditar que essa criança seja fruto do seu amor com Felicity, mas meu filho... Confie em seu amor e não no que o mal diz, mesmo que ele pareça tão real e assustador.

Respiro fundo trazendo comigo o gosto salgado de minhas lágrimas, meus olhos ardem um pouco pelo ressecamento de minhas pálpebras.

Meu pai tem razão, fui cego e me deixei levar pelas palavras de Ray Palmer, palavras que pareciam tão reais que conseguiram sobressair sobre o que sentia sobre Felicity, não porque não confiei em seu amor, mas sim porque não confio em mim mesmo.

Confiança.

Nunca confiei no que eu sou de verdade, e se não confio em mim como confiarei em outra pessoa?

— Por que eu deveria confiar em mim mesmo se nem meu pai é capaz de acreditar em mim?

Minhas palavras fazem com que Robert Queen comprima seus olhos por breves segundos, sua cabeça desta vez está abaixada como se o que falei tenha ido muito além do que imaginava.

— Oliver Jonas Queen, meu primogênito e herdeiro de todos os meus bens... Lembro-me da primeira vez que o vi, tão pequenininho aconchegado nos braços de sua mãe. Eu tinha medo de pegar você em meus braços, nunca havia feito isso na vida! Mas de forma desengonçada, ao embalar você em meus largos braços assim que seus olhinhos azuis cruzaram os meus eu soube que você seria a minha maior criação. Minha vida não seria a mesma se não houvesse a sua chegada! — uma lágrima distinta escorre pelas peras rosadas da bochecha de meu pai que a limpa rapidamente. Ele suspira, e então, continua. — As palavras saem de nossa boca e nem todas têm seu sentido real, a dor momentânea age por nós. Eu acredito em você mais do que a mim mesmo, desculpe-me se sou durão, mas eu sou pai, o seu pai.

Encosto a superfície de minha testa na de meu pai deixando com que suas belas palavras sejam regadas por nossas lágrimas em sincronia. Robert Queen deixa com que seus lábios percorram meu rosto em um gesto carinhoso.

Não lembrava a última vez que meu pai foi tão sincero em tudo que disse, tirando de minhas costas um peso que sempre achei carregar. Suas palavras conseguem me dar a direção que precisava, eu não posso deixar que meus erros sobressaiam a pessoa que sou, o pai que me tornei para William, o pai que serei para meu filho com Felicity e muito menos o homem que farei questão de estar a seu lado até os últimos segundos de minha vida.

— Eu te amo. — sussurro para que meu pai ouça.

— Eu o amo antes mesmo de olhar o azul dos seus olhos pela primeira vez que esteve em meus braços.

Meu pai sorri orgulhosamente.

— Felicity... Preciso encontra-la!

— Vá.

Afasto-me de meu pai ignorando a forte dor que estou sentindo em meu abdômen. Pego rapidamente as chaves que estão sobre um criado mudo e com passos largos alcanço a porta, mas antes de partir paro somente para observar meu pai por alguns segundos.

— Obrigado por tudo.

— Apenas traga a nossa menina de volta!

~~~

Mercedes-Benz C180.

Um ponto seis de turbo.

156 cavalos.

O seu acelerador já deve estar calejado devido às vezes que o forço a me levar o mais rápido possível aos lugares que preciso chegar. Os sinais vermelhos que insistem me atrasar por alguns segundos não me importam mais, mesmo que eu esteja colocando minha carteira de habilitação à prova.

Como um raio consigo chegar ao térreo das Indústrias Queen, estou focado em procurar por Felicity e expor meus sentimentos, minhas verdades, e principalmente, as minhas desculpas. Eu olharei em seus olhos e tirarei toda a nebulosidade que vi na noite em que cometi o maior erro de minha vida, eu fui o culpado por tirar a esperança que Felicity mantinha em sua essência, e agora, serei eu o responsável por trazê-la de volta.

Ao esperar angustiosamente o elevador me levar até o andar de sua sala sou surpreendido por um vazio. Nada de Felicity se encontra pelo grande espaço a minha frente, seus porta-retratos com fotos de sua mãe e até mesmo um de William que pegou em minha prateleira não estão mais sobre sua mesa central, os livros de computação alinhados em uma estante à direita também não estão mais ali. Está tudo apagado deixado às moscas.

Onde está Felicity?

Pelas explicações de Cisco Ramon, a doação de medula óssea dura pouco mais de duas horas, Felicity não estaria no Hospital de Starling, e se estivesse, meu pai me diria.

Sei o quão está chateada, mas sua dedicação nunca a deixaria longe de suas obrigações, contudo era para ela estar aqui em seu escritório.

— Senhor Queen? — uma voz masculina chama minha atenção.

— Sim. — ao me virar reconheço a presença de Curtis.

— Sou Curtis, ex-secretário pessoal de Felicity.

— Felicity se mudou para outro andar? — pergunto ansiosamente.

— Ela pediu demissão ontem à noite, mandarei a carta para que o Senhor Palmer possa assiná-la.

O rapaz murmura ao término da frase.

— Demissão? Mas esse sempre foi o sonho dela.

Em toda minha vida assisti estagiários entrando e saindo de minha sala por não conseguirem alcançar as demandas das Indústrias Queen Consolidated que é considerada uma potência mundial. Poucos eram os que conseguiam permanecer e dar conta de todas as exigências da empresa, mas eles não duravam muito tempo, pois deixavam o poder subir suas cabeças, e então, fraquejavam em seu primeiro contrato milionário.

Mas Felicity, pelo contrário, foi diferente de todos os outros contratados. Ela entrou e rapidamente fez seu espaço nas Indústrias Queen, largou a sua vida pessoal em Mississipi para trilhar um sonho que tinha desde garotinha. Brigou com sua mãe, a única família que tinha, para alçar asas até Starling City e mostrar que uma mulher do interior e com baixas condições de vida poderiam sim ocupar um cargo de Diretora Executiva. Foi ela quem fechou uma de nossas maiores fusões, não deixando que o poder subisse sua cabeça.

Agora a vejo jogando tudo para cima por causa de mim, por contas das besteiras que ouviu de minha boca, do homem que achou que confiava. Era eu quem estava a seu lado sempre que precisava, mas falhei no momento mais crucial.

— Eu tentei fazê-la ficar, mas ela disse que não conseguiria mais.

Curtis franze o cenho desapontado.

— Sabe me dizer se ela foi para seu apartamento ou outro flat qualquer?

— Ontem à noite Felicity embarcou para Mississipi, deve estar em casa há algum tempo.

Era de se esperar, ela não ficaria aqui em Starling City sozinha após tudo o que aconteceu.

E tudo por minha causa.

Olho em meu relógio contabilizando as horas. — Curtis, posso lhe pedir um favor?

— Claro.

— Peça a Caitlin para avisar ao piloto do jato da empresa para prepara-lo. Irei a Mississipi buscar Felicity!

Um sorriso surge dos lábios de Curtis e logo vem a dúvida. — Senhor Queen, a senhorita Snow tirou uns dias de licença.

Caitlin se afastando por alguns dias?

Há quanto tempo dormi?

— Então eu peço que você faça isso. No arquivo geral existe o contato de todos os funcionários, busque o nome de Rene Ramirez e diga que estarei no aeroporto para irmos a Mississipi, tudo bem?

— Certo.

Correspondo-o com um sinal positivo partindo em direção a porta, desço novamente ao térreo e ao me aproximar da Mercedes-Benz avisto a presença de Ray Palmer saindo de seu carro com dois brutamontes vestidos de preto ao seu lado.

— Você conseguiu tudo o que queria, não é?

Em uma tentativa de aproximação a Ray Palmer, os dois brutamontes reagem empurrando meu corpo para trás.

— Deixem ele. — ordena Ray.

— O novo Diretor Executivo está com babás agora?

Pergunto ironicamente.

— Seus punhos me fizeram certo estrago há algumas noites passadas, apenas estou garantindo que se mantenha longe.

Dou passos longos deixando com que nossos rostos se aproximem, podendo sentir sua respiração quente e tranquila.

— Você acha que venceu?

— Eu venci. Na verdade, eu usei suas armas contra você mesmo! Podemos considerar isso um suicídio talvez.

— Por que usar Felicity para me derrubar? Por que ser tão sujo?

— Porque ela era a sua fortaleza e para chegar a você eu deveria passar por cima dela!

— Já a amou algum dia?

 — Amá-la? Claro que não. — ele ri diabolicamente. — Felicity nunca me deu abertura para algo, ela sempre se manteve distante de qualquer galanteio meu, jamais existiu algo além do trabalho entre nós e muito menos ela esteve em minha cama algum dia.

— Você...

— Aproveitei da vulnerabilidade de Felicity para conseguir um beijo. Não imaginaria que você pudesse surgir por aquela porta, acredito que tenha sido um presente do Papai Noel antecipado por eu ter sido um bom garoto.

— Cretino!

O sangue está subindo pelas minhas veias.

Mas isso está incluído nos joguinhos de Ray Palmer para me tirar novamente de meu eixo e agredi-lo, não posso deixar que consiga mexer comigo de novo.

— Oliver Queen, meu caro, foi você quem acreditou em um beijo forçado ao invés de ouvir as belas explicações de sua amada. Foi você quem a afastou e renegou um filho que ela espera seu... Você quem é o cretino aqui.

— O amor de meu pai, o respeito dos funcionários, o maior cargo das Indústrias Queen, tudo você roubou de mim.

Sou interrompido.

— Eu mereci tudo isso, desde o principio.

— Que seja isso pouco me importa. — meus olhos estão pura fúria novamente e minha voz gritante. — Mas o amor de filho que tenho de meu pai, os meus filhos e minha garota você nunca terá!

— Sua garota? Seu filho? Oras Queen, isso não o pertence mais.

— É o que iremos ver.

Respiro fundo me afastando de Ray Palmer que gargalha após minha retirada.

— Você deu um tiro em seu próprio pé.

Sua gargalhada sarcástica serve como uma pólvora me fazendo voltar até seu corpo com rapidez e então sou contido pelos seguranças que me seguram com força pelos braços atrás de minhas costas.

— Eu tenho pena de você, pode ter o poder que quiser, mas nunca será um Queen!

— Seu gênio não mudará? Permanecerá deixando com que a violência fale por você quando não tiver mais argumentos? Pena eu tenho de você.

O sorriso intragável não sai de seus lábios.

— Me larguem. — forço os braços me soltando dos seguranças.

— O deixem ir rapazes.

— Não vou continuar permitindo que você mexa com minha mente dessa forma maquiavélica, eu tenho que ir atrás do que você em tempo algum saberá o que é. O amor.

Dou as costas a Ray Palmer preparando-me para entrar em meu carro quando ouço seu ultimato.

— Queen! Rene Ramirez entrou em contato comigo há alguns minutos pedindo a permissão para decolagem esta tarde, e como CEO tenho o poder de negá-lo.

— Isso não me impedirá de chegar até ela.

— Boa sorte. — ele acena.

— Vá se ferrar.

Após lhe mostrar meu dedo do meio.

Parto com meu carro para longe.

O jato me levaria a Mississipi em apenas uma hora se o clima colaborasse, fazendo com que chegasse ainda no cair da tarde. Eu não contava com a artimanha de Ray Palmer, mas é claro que ele usaria de seu poder para dificultar as coisas para mim. Alugar um jato confiável não é tão fácil assim, exige tempo e conhecimentos mais abrangentes, tudo o que não tenho nesse momento.

Porém não posso deixar que o babaca consiga novamente me deixar dois passos atrás dele, não dessa vez. Já viajei de baixo de uma tempestade até Mississipi de carro e a viagem não durou mais que algumas horas, mesmo que meu corpo esteja dolorido para ficar sobre o volante certo tempo, nada me fará ficar longe de Felicity novamente.

~~~

Mississipi – Região Sudeste dos Estados Unidos da América (EUA)

20h00min horas – Horário Local

Minhas costas ardem.

Minhas pernas estão dormentes.

Se não fosse a cafeína que comprei em um dos postos pela estrada talvez eu tivesse dormido sobre o volante, as horas até finalmente chegar ao estado de Mississipi foram duras e regadas de pensamentos sobre as palavras que poderiam ser usadas assim que visse Felicity depois de tudo que fiz.

A cidade está bem iluminada e turistas bebem suas cervejas geladas nos barzinhos aproveitando o bom tempo que faz o início da noite. A essa hora o bar do senhor Gonzalez deve estar repleto de pessoas que procuram uma boa música e um lugar mais familiar, então em passos rasos me aproximo do local em que fica o bar, mas surpreendentemente tudo está apagado e quieto.

Observo o lugar com mais cautela até alcançar o portão que se encontra com um grande cadeado. A casa do senhor Gonzalez e de Donna ficam acima do grande bar, e diferente da parte de baixo, acima o local parece bem iluminado e as janelas estão abertas com pequenos jarros de flores apoiados sobre ela. A única chance que tenho é chamar por Felicity, mesmo que ela me jogue um grande balde de água fria como àquelas novelas clichês em que o rapaz decide fazer uma serenata mesmo não tendo o mínimo dom de cantar.

Respiro fundo tomando a coragem que não tenho. — Felicity!

Após alguns minutos ninguém aparece pela janela e muito menos me dá um sinal de vida, fazendo com que eu volte a chamar por seu nome.

Grito por seu nome pela segunda vez.

Nada acontece.

Grito pela terceira vez.

Quarta vez.

Quinta vez.

Sexta vez.

Até que na sétima vez uma voz conhecida, mas não a de Felicity surge pela janela.

— Eu não estou acreditando que teve a pachorra de vir nos procurar aqui em Mississipi depois de tudo que aprontou!

Diz Donna Smoak.

— Preciso falar com Felicity, por favor.

— Ela não está aqui.

Abaixo minha cabeça por rápidos segundos tentando reestabelecer as batidas frenéticas de meu coração devido a minha ansiedade.

— Eu sei que errei, o que fiz não tem perdão. Mas me deixe ao menos pedir desculpas a sua filha, devo isso a ela.

Ouço o barulho do cadeado se abrindo ao meu lado desviando minha atenção.

— O rapaz não está ouvindo? Felicity não está aqui! — o senhor Gonzalez aparece segurando em suas mãos uma espingarda mirando seu cano de ferro diretamente para mim.

— Senhor Gonzalez eu peço apenas que me dê alguns minutos com sua filha, se ela me disser que não quer escutar o que tenho a dizer eu vou respeitá-la.

Levanto meus braços em sinal de rendição dando passos rasteiros para trás. As mãos de Gonzalez estão segurando firmemente o corpo pesado de sua arma de fogo em minha direção, e um de seus dedos está fixo ao gatilho.

— Você machucou a minha garotinha como eu nunca havia visto. Felicity iluminava onde tocava seus pés, o sorriso em seu rosto era tão encantador que encantava qualquer pessoa. Agora tudo o que temos é uma tristeza profunda e por sua causa quase perdemos nosso netinho!

Suas últimas palavras me levam ao choque.

Minha respiração paralisa até que retorna descompensada, a dor que estou sentindo em cada extensão de meu corpo é transferida para o meu peito como se eu estivesse entrando em uma isquemia.

— Aconteceu algo com o nosso bebê?

— Depois que Donna teve alta do Hospital de Starling após descobrirmos que o novo sócio de Felicity era quem havia a deixado para trás com um serzinho ainda em seu ventre, voltamos a Mississipi. Mas Felicity decidiu ficar mais um tempo na cidade.

Interrompo-o calmamente.

— Agora tudo parece fazer sentido... Por isso que a festa acabou tão cedo, por que Felicity descobriu sobre seu pai?

Eu não podia ter me afastado de Felicity em um momento tão delicado, por uma vida toda não soube quem era o homem que havia deixado sua mãe para trás ainda consigo dentro de seu ventre. Imagino a dor que deve ter sentido no momento, como se quebrou a descobrir Malcolm Merlyn como seu pai, logo o homem que ele é. Praticamente toda minha infância, as muitas ocasiões que passei ao lado de Tommy, meu melhor amigo, percebia a forma como ele era tratado, uma indiferença tão fria que doía até mesmo em mim.

Felicity deveria estar desolada com tudo o que aconteceu, foi assim que Ray Palmer conseguiu se aproveitar, usando a vulnerabilidade frustrada dela a seu favor.

Aquele crápula consegue me deixar ainda mais puto agora.

— Nossa menina não consegue aceitar que Malcolm Merlyn seja seu pai, ela se nega a ter qualquer outro contato com ele por enquanto, mas isso é um assunto que só diz respeito a nós!

— E por que disse que Felicity quase perdeu o nosso bebê?

— Porque foi o que aconteceu. Assim que desembarcou no aeroporto do Mississipi foi tomada por um mal estar intenso que nos fez leva-la rapidamente ao hospital local. Ela realizou exames rápidos pelo obstetra e ele identificou um quadro de eclampsia.

— Eclampsia? — pergunto confuso.

— Sim. Nossa menina precisa de repouso, portanto Oliver, sua presença aqui não a fará bem!

Nunca pensei que fosse sentir tanto medo novamente.

A última vez que tive esse sentimento me sufocando de tal forma foi quando descobri a doença de William, em contrapartida eu tinha o apoio de Felicity que não soltou de minha mão um só segundo. Foi ela quem me ergueu e me mostrou que juntos poderíamos ser a solução, ela chegou até mesmo a me prometer que seria a saída.

E ela tinha razão o tempo inteiro.

Agora eu sou uma ameaça a ela?

Quando eu poderia imaginar que chegaríamos a esse ponto?

Não importa.

Não aguentarei ficar longe de Felicity se quer mais um dia e só irei embora se ouvir de sua boca que me quer longe.

— Eu cansei de ser fraco... Não sairei daqui enquanto não ver Felicity e saber por ela como está o nosso filho!

— Rapaz, estou o alertando que é melhor que saia daqui agora se quiser ter mais algum tempo de vida!  — ele destrava a espingarda apontando para meu peito.

Dou passos lentos até encostar o cano de diâmetro largo da espingarda em meu peito a queima roupa, forçando-o contra meu corpo.

— Senhor Gonzalez, Felicity salvou a vida de meu filho. Eu não me importarei em dar a minha vida para senti-la por perto pela última vez.

— Tem certeza do que está dizendo? — Gonzalez empurra a espingarda contra meu peito.

— Gonzalez! — a voz de Donna é estridente, em passos rápidos ela surge em minha frente abaixando o cano da espingarda. — O deixe ir.

— Querida é a nossa menina que está em risco! — responde Gonzalez não concordando com o ultimato de sua senhora.

— Para quem estamos mentindo? Eles precisam conversar. — ela destina seu olhar para mim. — Mesmo que seja para por um fim em tudo que um dia pensaram ser para sempre.

— Eu só preciso ter uma chance.

Respiro aliviado.

— Felicity está em uma pracinha a duas quadras daqui.

Deixo com que um sorriso esperançoso escape de meus lábios.

— Obrigado!

— Não estou fazendo isso por você.

Correspondo-a com um sinal positivo com a cabeça e com passos largos inicio uma corrida até a pracinha em que está Felicity. Meus olhos estão pregados as placas de localização pregadas a cada poste que passo indicando que cruzei pela primeira quadra. Os carros estão passando por mim com velocidade, mas consigo desviá-los de meu caminho ganhando em resposta um série de buzinas desesperadas.

Minha respiração está intercalando entre a expiração e inspiração que saem em lufadas profundas. A placa a seguir me indica a direção correta que se encontra praça, a lua está praticamente sobre nós, iluminando cada passo em velocidade que dou, e então, consigo me aproximar da pracinha, encontrando-a vazia. Existem alguns escorregos espalhados pelo campo de areia, não há uma única criança por conta do horário, porém em um dos balanços consigo avistar Felicity com sua cabeça baixa e braços que entrelaçam seu próprio corpo o protegendo do vento frio que passa por nós.

Pulo com certa facilidade a cerca que nos separa, correndo com mais pressa em sua direção, aproximando-me de seu corpo que não nota minha presença.

Ela está tão quieta, seus pensamentos parecem estarem em lugares que não sou capaz de alcançar, mas o cheiro floral que nunca sairá de minhas entranhas consegue percorrer por todo o local em que estamos, e posso chegar a conclusão de como sou doente sem seu cheiro único, sem o toque de sua pele suave.

Não sou nada sem essa mulher.

Ao dar mais um passo tropeço em pedrinhas que tocam o objeto de metal que sustenta o balanço também de metal em que Felicity está quebrando o silêncio.

— Felicity!

Ela se vira rapidamente para mim, levantando-se do balanço em que estava sentada. Seu olhar ainda está repleto de nebulosidade como havia visto pela ultima vez, e então, sua voz balbucia e seus olhos fraquejam ao encontrarem os meus.

— Oliver?


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo foi um pouco difícil de escrever porque tentei esclarecer algumas coisas que faziam a relação do Oliver com o pai um pouco fria, então eu gostei muito da forma que um deu a força que o outro precisava.

MANAS O QUE FOI O OLIVER ARRISCANDO A VIDA DELE COM UMA ARMA EM SEU PEITO?

MENINAS JÁ ESTOU SENTINDO SAUDADE DE VOCÊS.

O QUE EU VOU FAZER?

Espero vocês nos comentários. ♥.♥



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