Nem Tão Doce Primevera escrita por inlai


Capítulo 7
Então é um adeus




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/737517/chapter/7

 

 

*POV. ANALU*

Não estava com a menor vontade de ir ao colégio naquela manhã não queria que meus colegas e amigos me vissem daquele jeito, não queria que ele me visse. Encarava desmotivada o reflexo de olhos vermelhos e ainda um pouco inchados, minha expressão era vazia, distante e assustada. Passará a noite quase toda em claro entre soluços abafados no travesseiro e um turbilhão de pensamentos que não me levaram a lugar nenhum, eu simplesmente não conseguia decidir se me sentia aliviada por enfim ter dito a verdade a ele ou se me sentia arrasada diante da rejeição.

Eu estava repleta de dúvidas: como o encararia agora? Ele ainda falaria normalmente comigo? Será que ele falou sobre o que aconteceu para alguém? No momento a única certeza que tinha é que eu precisava falar com alguém, peguei o meu celular e inconscientemente digitei o número da Rosalya, mas não consegui completar a ligação, afinal o que falaria? Só de pensar nisso me sentia ainda mais boba. — Pare com isso não seja tão deprimente Analu.

Ah... Se eu soubesse que isso aconteceria, se sequer pudesse imaginar que me apaixonaria dessa forma por meu gentil e reservado colega de classe que sempre me perguntava se estava tudo bem quando me encontrava agitada pelos corredores e que preferia se distanciar e fazer suas anotações em segredo ao invés de tumultuar os corredores como o seu melhor amigo.... A se eu soubesse que isso aconteceria teria mudado alguma coisa? Bem provavelmente não. Eu não tenho dúvidas que me apaixonaria de novo e de novo por ele.

Lembro da primeira vez que o vi, antes mesmo de sua chegada ao colégio, lembro daquela manhã amena de outono, das árvores com suas folhas avermelhadas e do rapaz que vi a sua sombra na companhia de tímidas Gérberas¹, completamente imerso em seus pensamentos com aquela expressão serena e olhar penetrante. Ele era incomum, e eu gostei disso logo de cara. Fiquei animada quando a diretora o apresentou para nos na classe eu já não era mais a única novata e ainda havíamos ganhado um colega no mínimo interessante.

No entanto depois disso as coisas aconteceram rápido demais, eu não conseguia sequer me aproximar dele, nossas conversas pareciam não passar de diálogos banais entre dois colegiais e logo eu comecei a notar os seus olhares tímidos a Rosalya, o modo como a presença dela o desconcertava e descobri um lado não muito bonito em mim, via- me entre dois polos com uma paixão não correspondida por um amigo recente e um ciúmes desenfreado pela garota que me acolheu assim que cheguei.

Achei que me afastar fosse a melhor solução acreditando que romper qualquer contato por algum tempo seria suficiente, ledo engano.Tão logo cheguei e a primeira pessoa que encontro é ele, recostado novamente a sombra de uma árvore, acompanhado agora de flores que não mais se mostravam tímidas e enchiam a atmosfera do lugar, mas a sua expressão não era serena como de costume ele estava arrasado e ali eu soube que algo mudara em minha ausência.

 Ah, o amor pode nos dilacerar pouco a pouco se deixarmos e só cabe a nós decidir se isso nos manterá no chão ou nos fará mais forte. E bem eu já havia decidido. Encarei novamente aquele reflexo de uma garota destroçada no espelho tentado me encorajar:  — Você decidiu seguir, então siga, apenas seja forte garota estúpida... Parte de mim acreditava que se eu repetisse aqui várias vezes talvez se tornasse verdade e por esse motivo a outra parte de mim resolveu acreditar. Quem sabe isso não tornaria a tênue realidade menos amarga.

Me arrumei depressa para o colégio, decidida a sair de casa antes que minha coragem me deixasse. Peguei o trajeto do parque, ainda era cedo e poucas pessoas passavam por ali a essa hora e eu particularmente gostava disso, dessa calmaria regada ao som do vento na copa das árvores e do aroma do tapete de flores que cobria parte do parque nessa primavera, a sensação de paz que isso me transmitia tornará o parque o meu lugar preferido desde que me mudei para cá, era mais fácil por as ideias no lugar... Ou simplesmente esquecer de tudo em um ambiente como esse.  

Aproveitei o trajeto para enumerar mentalmente o que faria hoje, parecia bobagem mais ensaiava ali sozinha comigo mesmo o que deveria falar com o Lysandre em casos extremos, já que estava decidida a evita-lo ao menos pelo restante da semana, infelizmente, sabia que teríamos que trocar algumas palavras afinal durante as próximas três semanas éramos uma dupla de trabalho, não poderia ter escolhido pior momento para abrir a minha boca, no entanto não aguentava vai ser mentir para mim mesma.

A tranquilidade do parque logo foi rompida pela agitação da chegada dos alunos no colégio os mesmos grupos de amigos inquietos se formavam entre o tumulto corriqueiro dos estudantes. Eu estava parada ao lado do portão, não sabia bem o que faria em relação ao Lysandre mais tinha certeza de uma coisa: me desculparia com meus amigos, não podia continuar a culpar Rosalya pelo que estava acontecendo ou pelo que eu sentia isso seria imprudente de minha parte e extremamente infantil. Nesse momento eu só precisava do amparo deles.

Rosalya chegou primeiro e pareceu constrangida quando me viu caminhando em sua direção.

— Oi... Será que poderíamos conversar?

— Claro que sim...

— Ah droga, eu sinto muito pelo modo que falei com vocês.... E- eu não tinha o direito de te culpar por nada.... Me sinto meio idiota agora sabe... E sinto falta de vocês.

Ela apenas sorriu em respostas e por uma fração de segundos tudo pareceu quieto a nossa volta. _ Analu não precisa se desculpar é verdade que ficamos surpresos, mas sua reação foi compreensível. Pensando bem eu teria feito igual... Ou até pior.

— Rosa... 

— Eu sempre perco a "deixa" dos momentos importantes.

— Alexy... Sabe que isso não é verdade né? E eu também lhe devo desculpas. Não fui uma boa amiga com vocês... Nem a melhor pessoa do mundo.

— Isso é verdade, mas até você perde a cabeça as vezes. Vamos apenas deixar o incidente para lá, mas é claro que da próxima vez eu vou lhe dar uns cascudos e colocar bom senso nessa cabeça nem que seja a força. 

Não pude conter o riso. — É justo.  

Me sentia aliviada de falar com eles assim, como se tudo estivesse bem fazia as coisas parecerem mais leves dentro de meu peito. Mas a sensação não durou muito, logo vi entre a massa de estudantes uma silhueta que se destacava entre as demais, com aquele sobretudo e cabelos platinados senti o ar fugir lentamente de mim quando os nossos olhos se encontram entre a multidão e senti meu chão se desfazer de uma só vez quando ele abaixou a cabeça e passou por nós sem dizer uma só palavra. E nesse momento eu soube, eu enfim tive a certeza de que nada mais seria igual.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Nem Tão Doce Primevera" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.