Nem Tão Doce Primevera escrita por inlai


Capítulo 1
Descobertas




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Era uma bela tarde, as folhas das árvores dançavam ao toque do vento e um tapete natural de flores se espalhava pelo parque exaltando a chegada da primavera. A vista era incrivelmente apaixonante exceto para mim.... Afinal hoje, logo hoje após ter criado coragem para me confessar a ela, me deparo com a cena dela junto ao meu irmão com a felicidade estampada em seus rostos. 

"__ Lysandre, eu sei que vocês já se conhecem, mas queria lhe apresentar a Rosalya como minha namorada. "

Aquelas palavras me acertaram em cheio e fui tomado por um mix de primeira paixão frustrada e de felicidade pelo meu irmão, afinal desde que nos mudamos para a cidade não o vira tão animado com algo que não fosse a sua loja. Resolvi sair para colocar as ideias em ordem e acabei chegando até o parque, me sentei à sombra de uma árvore em um lugar um pouco mais afastado dos casais que pareciam surgir do nada naquela tarde e comecei a folhear o meu bloco de notas, com trechos de poemas e rabiscos dedicados a ela, letras que nunca seriam cantadas ou ditas em voz alta, respirei fundo e destaquei aquelas folhas do bloco as amassando e as jogando longe como se aquilo pudesse aliviar a minha frustração e me permitisse ir para longe me perdendo em meus pensamentos.

Inconscientemente me lembrei de quando me mudei para cá um pouco depois do meu irmão, das primeiras semanas no colégio e da primeira fez que a vi entrando na loja seu sorriso suas curvas sua voz o sentimento aflorou de imediato e aparentemente não só em mim, no fim não tive coragem de contar a ela o que sentia e só pude observar a sua aproximação cada vez mais rápida com o meu irmão e agora nem ao menos sei se teria feito alguma diferença me declarar a ela. Como me sentia idiota. 

Fui me perdendo cada vez mais na minha frustração até ser puxado novamente por passos que pareciam se aproximar cada vez mais de mim, torci silenciosamente para que não fosse mais um dos casais que eu não suportaria ver agora e foi então que uma voz rompeu definitivamente os meus pensamentos. 

Sabe, vou parecer um pouco intrometida, mas não acho que seja muito legal ficar jogando papéis assim no parque Lysandre.  Eu olhei para cima em direção a voz que eu conhecia bem 

Analu, o que faz aqui? 

Está foi a única coisa que consegui dizer, quando sem fazer nenhuma cerimônia aquela garota se sentou ao meu lado. Seu corpo era pequeno e usava um vestido solto azul turquesa que parecia brincar com o vento assim como as folhas das árvores, suas bochechas rosadas realçavam seus olhos azuis profundos, seu cabelo estava preso em um coque com vários fios soltos com se tivesse sido feito de forma improvisada. Seu rosto me era familiar.

Cheguei hoje de viagem. - Ela disse. Afinal já são três meses longe e bem eu voltei um pouco antes também queria fazer uma surpresa. 

—  Bem eu estou surpreso e aposto que a Rosalya também ficará. - Sem perceber eu toquei no nome dela. 

— A Rosa? Bem eu fui a sua casa assim que cheguei mais ela não estava lá.

— Isso porque ela está na minha casa... 

— Na sua casa!? Então vocês... Bem vocês...

— Não estamos juntos.  Dizer isso em voz alta soou ainda mais doloroso do que pensei. Ela então pegou uma das folhas amassadas. 

Sabe eu não gostaria de falar sobre ela agora, na verdade não gostaria de falar sobre nada ou com ninguém. 

Só após falar percebi o quão bobo estava sendo eu a olhei esperando uma resposta tão áspera quanto a minha, mas ela apenas ficou ali pensativa como se estivesse lembrando de suas próprias frustrações até que respirou fundo sorriu e me respondeu. 

O.k, eu entendi... Sinto muito por ter sido tão inconveniente, não queria tocar em assuntos delicados, mas sabe ignorar o que está sentindo ou acontecendo não irá resolver nada. - Ela disse enquanto segurava cuidadosamente aquela folha amassada, como se representa-se um bem precioso.

—_ Afinal, às vezes as coisas ficam difíceis e o que sentimos se torna quase insuportável, o que não significa que  jogar fora algo especial e realmente importante vai  fazer com que tudo desapareça. - Ela colocou a folha em minhas  mãos e se levantou. 

— Como sabe, como sabe que não adianta? Você nem ao menos sabe o que eu estou sentindo...

— Acredite eu já tentei, eu tentei sufocar esse sentimento uma vez e não adiantou. Peço desculpas novamente por ter sido tão intrometida, nos vemos por aí Lysandre.

E então assim como ela chegou de repente, ela se foi pelo parque andando distraidamente enquanto observava o local. Ao vê-la se afastar me senti um pouco mal pela forma áspera que a responderá, só que o que mais eu poderia fazer? Eu só precisava por isso para fora, só prometi a mim mesmo que futuramente me desculparia pelo meu comportamento mesquinho. mas não hoje, hoje eu só queria ficar ali.


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