Domínio dos Pesadelos escrita por Carlos Coelho


Capítulo 4
A Sombra do Abismo




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20 de julho de 1997
Anos se passaram desde o incidente na Mansão Orston. E mesmo com toda a perícia de nosso laboratório e especialistas, nenhuma conclusão foi possível de se tomar. No lugar, apenas uma série de misteriosas menções, dos habitantes locais, de eventos estranhos, e algumas vezes, inesplicáveis, ou incompreensíveis, sondando a proximidade do local. Porém, nada decisivo, que pudesse permitir uma incriminação, foi encontrado.

Até mesmo os policiais que fizeram a investigação, e um rapaz chamado William, que foi quem avisou a polícia local, foram investigados, em uma tentativa de encontrar algum suspeito, ou prova. Porém, por mais que se investigasse, nada se encontrava.

Os sonhos, de maneira confusa e errática, continuaram por algum tempo, porém como a carga de trabalho logo ficou mais intensa, com uma série de casos e investigações a serem realizadas, e com os resultados inconclusivos da última, logo a única coisa que sondava minha mente era a preocupação com coisas relacionadas ao trabalho, e os sonhos, eventualmente, acabaram. Não que eu tivesse tanto tempo assim para dormir também, porém, foi reconfortante ter algumas noites de sono tranquilas.

Queria que permacesse assim. Porém, a noite passada...

Novamente, me encontrava em um ambiente escuro, sufocante, em presença de algo que me vigiava. Medo, irritação, frustração, impotência. Meu corpo estava paralizado, e meus nervos a flor da pele, enquanto aquela penumbra cercava todo o ambiente, e sentia quase como se entrasse dentro do meu próprio ser. Logo, a sensação de asfixia. Não conseguia respirar. Sentia como se o ar que entrasse dentro dos meus pulmões fosse muito mais denso, e que não tinha forças. Enquanto me esforçava, puxando com todas as forças aquele ar para dentro de mim, meus olhos começavam a se acostumar com a escuridão. De pé, me encontrava sobre rochedos lapidados, formando algo que parecia uma rua. Mas ao meu redor não haviam casas, mas sim grandes paredes, disformes. Delas, diversas formas irregulares se mostravam, porém não era possível enxergar o que eram.

Mesmo se sentindo sufocado, ainda era possível sentir que era vigiado. Porém, ao invés de sentir como se apenas alguém estivesse me observando, senti como se estivesse no meio de um palco. E ao que, aos poucos, os meus olhos se acostumavam mais com a escuridão, eu pude confirmar que esse sentimento era justificado. Pois das paredes irregulares, se revelaram que algumas das formas irregulares, estavam se mexendo. E me olhavam. Porém, é difícil dizer se elas realmente estavam olhando, pois mais pareciam um amalgamento disforme, uma massa amorfa e viscosa, do que algo vivo. Mas eu sentia que me olhavam. Diversas delas. Logo, meus sensos me permitiram também ouvir o que diziam. Mas as palavras não tomavam uma forma conhecida. Entoavam como algo entre um lamúrio, um balbúcio, e gemidos de dor.

Foi então, que eu observei os olhos... Aqueles olhos... como naquela casa... de uma das fendas obscurecidas, que a visão não chegava... senti algo que olhava diretamente para mim. Para a minha alma. Aquilo começou a vir em minha direção. Não era apenas dois olhos, mas centenas deles. Como se cada um fizesse parte de um único ser. Eles começaram a se alastrar pelo espaço, cercando ao meu ambiente. O ar, que já era denso, começou a ficar insuportável, e sentia uma pressão em meu corpo, como se estivesse sendo esmagado. Nesse ponto, eu já estava em pânico. Eu tinha que acordar, mas aquela criatura não me permitia sair do sonho. Estava preso. Queria gritar por ajuda. Mas minha voz não saía.

Foi então que eu despertei em minha cama. Meu corpo estava suado. Mas, longe de me sentir aliviado, um frio subiu pela minha espinha, ao reparar que em minha mão se encontrava uma estranha marca. Não apenas isso, mesmo estando acordado, o ar parecia pesado. E a sensação de estar sendo vigiado, continuava.

Na sombra daquele lugar estranho, algo tinha me encontrado. E o meu pesadelo começou a transparecer para a minha realidade.


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Notas finais do capítulo

Peço desculpas pela demora a postar este capítulo, mas é que tenho passado por algumas situações em minha vida pessoal... que tem precisado da minha atenção.

Espero que apreciem a leitura.



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