Carta ao Subterrâneo escrita por cecifrazier
Notas iniciais do capítulo
Terminei de assistir a SnK recentemente, então decidi partir pras OVAs.
Quando eu vi a do Levi quase chorei.
QUASE
QUAAAASE
(mentira, chorei sim, que nem uma criança)
ENFIM
Fiquei com vontade de escrever issae
Boa leitura! ♥
25 de março de 845.
Parece que estamos no verão, a julgar pelo céu límpido e o clima quente, mas ainda assim, agradável. Não posso me dar ao luxo de ficar admirando a paisagem ao sair para as expedições, já que como Cabo do exército, nunca poderia abaixar a guarda. Na verdade, desde minha primeira expedição para fora dessas malditas muralhas quando ainda era um mero soldado, nunca pude.
Durante os cinco anos que estou aqui, passei por coisas que jamais imaginei que passaria. Vi meus companheiros sendo despedaçados por aqueles monstros infernais, vi famílias chorarem, desoladas, ao saberem que seus amados filhos jamais retornariam. Aquilo me gerava um tremendo desconforto todas as vezes que daria alguma notícia assim, porém, tudo me parecia a mesma cena. Era quase como se tudo não passasse de algo monótono, tudo tão igual que até mesmo questionava-me se não estava sendo frio além da conta. Uma vez, cheguei a me perguntar se não estava ficando louco em meio a um mundo onde, aparentemente, as esperanças já me eram nulas.
Hoje faz exatamente cinco anos desde o dia em que saímos do subterrâneo. Fomos acolhidos por um homem estranho, com uma proposta estranha. Eu não queria matar alguém, porém, não tinha outra alternativa. Eu prezava pelo bem de vocês, as duas únicas pessoas com quem realmente me importava. A Polícia Militar ou o Esquadrão de Exploração poderiam fazer o que quisessem comigo: me bater, me torturar ou até mesmo me matar. Desde que vocês estivessem seguros.
Mas talvez essa minha superproteção tenha causado o fim de suas vidas. A última coisa que eu queria na vida. Talvez se eu não tivesse aceitado aquela maldita proposta, ainda estaríamos enfiados naquele buraco imundo, confinados. Porém, ainda estaríamos juntos, fazendo o que quiséssemos. Sei que teríamos escapado facilmente da Polícia Militar, já que sempre fazíamos isso.
Se eu pudesse voltar atrás... Certamente faria. Vocês sabem, nunca fui de retroceder em minhas decisões, mas esta... Esta é a mais infeliz decisão que já tomei em toda a minha maldita existência. Não sei o que poderia ter sido diferente, não quero nem ao menos imaginar. Tudo o que eu queria, era ter vocês ao meu lado novamente.
Se eu não tivesse me afastado, me distraído, colocando toda a minha atenção a um objetivo sujo e imoral, talvez vocês ainda estivessem vivos. Eu teria enfrentado qualquer titã que se aproximasse, qualquer um, até mesmo um colossal, mas não deixaria vocês à mercê naquele lugar desconhecido.
Minha pior decisão... droga, eu penso nisso todos os dias. Por que eu tive que confiar em vocês? Nunca deveria tê—los deixado ir comigo. Não tive ao menos o luxo de me despedir...
Infelizmente, não posso fazer mais nada além de me lamentar, mesmo praticamente não tendo tempo para isso.
Desde então, tenho evitado me aproximar muito de alguém, porém, era impossível. Quando me dei conta, alguns de meus colegas de trabalho já haviam virado companheiros leais. Arrisco-me até de chamá-los de amigos, pois poderia sempre contar com eles. Senti-me acolhido de uma forma que há tempos não me sentia. Era uma sensação semelhante a de quando estava com vocês.
Talvez esta seja minha ruína.
Para Isabel e Farlan, que sempre estiveram ao meu lado, independente da situação. Obrigado por me apoiarem e serem os melhores amigos que alguém poderia ter.
—Levi Ackerman
Levi suspirou, fitando o céu azul sobre sua cabeça. Observou alguns pássaros voarem e permitiu-se sorrir, mínimo, enquanto seus olhos marejavam sutilmente. Logo, desviou o olhar para o grande buraco no chão, que certamente levava ao subterrâneo. Aquela passagem era secreta, apenas ele e seus dois amigos a conheciam, já que sempre estavam a explorar aquele inferno.
O Cabo encarou a carta em suas mãos uma última vez. Era quase como se estivesse prestes a jogar uma rosa na cova ainda aberta de um falecido. Porém, decidiu que não havia mais porquê hesitar, apenas deixou com que o papel deslizasse entre seus dedos e caísse como uma pena para dentro do buraco.
Em seu peito estava o coração batendo forte. O vento fazia suas madeixas pretas balançarem levemente, sentindo um pequeno arrepio com a brisa entrando em contato com sua pele. Deixou um suspiro escapar e virou-se de costas, caminhando para longe daquele lugar.
Se fosse para lutar contra os monstros, que seja. Ao menos faria isso com tudo o que tinha, assim como Farlan e Isabel fizeram naquele dia fatídico.
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É isso
Bye~~