Boas Meninas, Péssimas Atitudes. escrita por Natfrança
Já fazia um mês que ano letivo tinha se iniciado, as mesmas pessoas idiotas, os mesmos professores convencidos, e a mesma Thayline com a animação doentia logo pela manha, a menina magra e alta entrou na sala de aula, gritando um bom dia para todos como de costume, sentou-se na fileira ao lado da minha, e abriu um daqueles sorrisos irritantes, eu já sabia o que ela queria, deliguei o celular e tirei os fones, ela queria ser ouvida.
— Oiii kaa.
— Oi.
— Acho que ele me pede em namoro hoje.
— O Paulo?
— Sim, estou feliz. - A olhei, seu sorriso enorme, já me preocupei, Paulo não era esse tipo de cara, eu o conhecia, mas do que deveria, mas não iria comentar isso com uma das poucas amizades que eu tinha, mas eu deveria ter feito uma careta, pois seu sorriso se desmanchou.
— Você não torce por mim?
—Claro que torço, mas se ele não te pedir, não quero te ver decepcionada.
— Ma ele vai.
— Mas não crie tantas expectativas com o Paulo.
— Você nem o conhece, ele é um dos universitários mais lindos que já vi, vocês precisam se conhecer. - "eu o conheço mais do que deveria" Pensei, há semanas eu vinha me esquivando de convites da Thay para conhecer seu novo "boy", ainda não sabia qual seria a reação dele ao me ver, se fingiria que somos estranhos ou não.
— Eu já ouvi essa história de como ele te ajudou quando você estava com a professora Magda. - ela sorriu, estava com toda certeza se lembrando do momento, professor Gustavo entrou na sala, e os alunos começaram a entrar e se arrumar, a aula de geografia começou, e os risos também, ele com toda certeza era um dos melhores professores que tínhamos, não escrevia quase nada no quadro, e era super divertido e mesmo assim nos fazia entender a matéria, bem no meu caso quase, era péssima em geografia e história, mas nada do que estudar não resolvesse.
Quando o professor sentou-se para realizar a chamada peguei meu celular e depositei um dos fones em meu ouvido deixando o outro pendurado, para que assim pudesse ouvir a chamada, olhei para o lado e via a menina de cabelos pretos me olhando novamente, a menina nova, era de são paulo mas morava em Porto Alegre antes, ela abriu um sorriso e olhou para Thayline, depois desviou o olhar e voltou a conversar com uma das suas novas amigas, minha respiração parou por alguns segundos, lembrei-me daquela tarde.
Estava andando pelo corredor principal do primeiro andar mas parou assim que viu próximo a entrada da escola o casal se beijando, não soube o que fazer, ficou ali parada, Thayline entrou e abraçou a amiga e disse algo como "é ele, me diz se ele vai ficar olhando quando eu for embora, vejo você na sala" e saiu andando, dobrou no corredor, mas não era pra ele que ele estava olhando, ela andou até ele.
— Oi, como você está. - O menino moreno perguntou.
— Não magoe ela. - Falei ignorando seu cumprimento, ele sorriu.
—Está com ciumes da sua amiga?
— Ela não sabe que nós já ficamos, não conte. - Eu disse sem querer entrar em seus joguinhos.
— Você não sabe o que eu sinto por ela. - Ele falou se desarmando da ironia, mas ainda era seu jogo.
— Gosta dela? - Perguntei.
— Gosto, eu nunca gostei de você. - Ele disse em tom de desafio, cheguei alguns passos mais perto, e o olhei nos olhos.
— Tem certeza? - ele me olhou, seu olhar foi para meu lábios, cheguei mais perto, e ele me beijou, um beijo voraz, não calmo, não terno como nos livros, mas senti o desejo, me separei dele.
— Não fui eu que te agarrei, se manda daqui Paulo. - Falei, vendo seu olhar humilhado, colocou as mãos no bolço e saiu, fiquei o olhando até ele estar distante, me virei para voltar para a sala, mas lá estava ela, a meninas nova, sem nenhuma reação.
— Olha não é o que você está pensando. - Falei.
— Eu estou pensando que você acabou de beijar o namorado da sua melhor amiga. - ela disse com ironia, alguma coisa naquela menina me irritava,continuei andando, e parei ao seu lado.
— Você não viu nada.- ela me olhou, a vi abrir um sorriso silencioso, senti sua respiração.
— Sim senhora. - ela me respondeu e continuou o seu caminho até o bebedor.
Subi o lance de escadas ainda tremula por ter sido pega, entrei na sala e me sentei em minha mesa, Thayline me olhou, esperando que eu dissesse alguma coisa, forcei meu sorriso.
— Ele olhou. - Falei vendo seu sorriso se abrir.
Por causa disso, eu não conseguia olhar para Heloá sem pensar, que ela conhece um de meus segredos, eu estava vulnerável, e não gostava disso.
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