O Passado Sempre Volta escrita por yElisapl


Capítulo 35
Capítulo 34: Os Efeitos das Mentiras.


Notas iniciais do capítulo

Vocês estão de parabéns! Obrigada! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/736705/chapter/35

 

Três anos atrás 

—Você precisa me imita, Felicity – Hera manda, perdendo a paciência comigo. – Repita o que eu disser: Você é tão bonito e forte – a voz dela se altera, enquanto ela finge estar seduzindo um homem. – Tente agora. O mais sedutor que conseguir.  

—Você é tão bonito e forte – meus olhos estão na direção de Arlequina, que no caso está fazendo o papel do tal cara.  

—Isso com certeza não me seduziria se eu fosse um homem – a loirinha diz, rindo. E isso só me faz perceber o quão ruim estou sendo, pois ela costuma me mimar. 

—Parece que você está com vontade de ir ao banheiro, Felicity. Está tão apertada que a voz sai fina e sua expressão dolorida. Isso não é sedução! – As críticas de Hera são como um tapa no meu rosto (o qual acho que doeria menos) – Estou seriamente pensando em desistir! Não é possível que seja tão ruim assim! Você é mulher, Felicity! E todas as mulheres são naturalmente sedutoras, mas pelo que parece, deve haver exceções, moças iguais a você que não conseguem seduzir.  

—Chega, Hera! – Arlequina intervém, percebendo que as palavras da ruiva me deixaram furiosa. É claro que eu sei que não sou boa na sedução e fora por isso que pedi às duas aulas de como conquistar um homem e deixá-lo na palma da minha mão. – Talvez nós estejamos fazendo errado.  

—Errado? Já tentamos de tudo! Desde o olhar penetrante à mordida no lábio! Nada parece funcionar nela! – Ela revira os olhos, exasperada.  

—Me desculpem – declaro, chamando a atenção das duas. – Eu pensei que fosse fácil aprender, pensei que conseguiria ser igual a vocês duas, mas.... Simplesmente não devo ter este talento – sento-me na cadeira da sala, sentindo-me totalmente inútil por não conseguir fazer algo tão simples.  

Subitamente, um silêncio para entre nós e eu friso o cenho, não entendo o porquê de ficarem quietas do nada. Trato de parar de olhar o chão e encontro o olhar das duas, me encarando como se eu tivesse acabo de fazer algo mágico.  

—Pequenina! – Arlequina exclama atônita. – Você tem talento sim! Só não estávamos percebendo ele! – Ela ri alto e Hera também acompanha na gargalhada.  

—Do que estão falando? – Levanto a sobrancelha, totalmente curiosa.  

—Sua sedução não é agressiva, do gênero intimidante. É ao contrário. Você só seduzira alguém se fingir ser uma mulher abandonada, como se acabara de ter o coração partido. Esqueça tudo que a ensinamos! E vamos retirar todas as cores de roupas chamativas em seu guarda-roupa. Você não será apenas uma noitada para o homem que for seduzir, você na verdade será a mulher dos sonhos dele. Aquela mulher que não importa se o cara é bom ou mau, ele irá desejá-la ter para a vida toda. 

—E esse tipo de mulher existe? Achei que os homens não quisessem isso – comento, inclinando a cabeça para o lado, totalmente concentrada.  

—É porque se passar por este tipo de mulher é quase impossível, poucas servem para este papel. É mais fácil ser a garota de uma noite.  

—E como seduzirei o homem então? 

—Simples. Diga para mim o seguinte: Desculpe-me, acabo de ser demita do emprego e meu noivo terminou comigo nesta noite. E faça a expressão mais tristonha que conseguir - Hera exige, com mais calma.  

—Desculpe-me, acabo de ser demita do emprego e o meu noivo terminou comigo nesta noite – minha voz sai frágil, como se estivesse prestes a chorar. E sinto meus olhos arderem também, como se em algum momento fosse derrubar lágrimas. 

—Isto foi perfeito, pequenina! – Arlequina declara, vindo até mim e me abraçando. – Se eu fosse algum homem, iria querer levá-la para casa, cuidar e amar! Sem contar que tentaria matar o falso noivo que terminou com você!  

—Isso é realmente sério? Por que não consigo imaginar algum homem se sentindo atraído por mim graças a este método – Indago, querendo certeza.  

—Você será a típica mocinha indefesa. É como disse, não importa se o homem for bom ou mau, ele irá querer você. O bom irá querer salvá-la, já o vilão irá querer o seu coração, para provar a si mesmo que alguém pode amá-lo. Em todas as situações, você terá o cara na mão. 

—O fato de você não saber seduzir da maneira que todas as mulheres fazem será o seu diferencial. O homem te achara inocente e presa fácil. Um erro infeliz quando mostrar sua verdadeira garra! – Arlequina brinca, vai até Hera e pula para cima dela, fazendo com que ambas caiam no chão. – E desta forma, o terá na palma de sua mão. Podendo decidir o que fazer com ele.  

—É exatamente isso que acontecera, Felicity – Hera concorda e depois, puxa o rosto de Arlequina para beijá-la. As duas começam a se beijar intensamente. 

Eu tusso, mas elas não param.  

—Acho que uma pausa para nós será boa – digo, saindo da sala e indo em direção ao quarto que estou dormindo. As meninas simplesmente me ignoraram por estarem ocupadas fazendo o que não faço a muito tempo, afinal, não tenho espaço para isto. 

Pego o meu celular e verifico se há mensagens. Apenas duas. Uma de Bruce, perguntando como está o meu dia no trabalho. E a outra é de Selina, dizendo que nós duas precisamos marcar de jantar, pois sente minha falta.  

Já se passaram semanas desde que sai da mansão de Bruce. Claro que não foi nada fácil convencer ele e Sweet Pea a me deixarem morar em uma ‘’república’’ com meninas que trabalham comigo. 

O complicado foi deixar a mentira convincente. Tive que hackear o sistema de uma empresa pequena e fingir que sou uma das contratadas, provando para Bruce e Sweet Pea que realmente havia sido contratada.  

Apesar do início negarem e me impedirem de ficar sozinha, no final, após mostrar diversos motivos bons para viver na república e trabalhar, eles não conseguiram me impedir de ir. Usei todo tipo de argumento, mas o que fora mais impactante, que pesou na decisão foi quando disse que esta era a única maneira de eu seguir em frente. De superar o que aconteceu em relação a Blue Jones.  

Tratei de responder a mensagem de Bruce com um simples: Às vezes acho que o dinheiro que você tem dá pra manter mais de centenas de pessoas confortáveis. Já o que estou recebendo não está servindo nem para me dar um vestido caro. E não, não preciso da sua grana. Posso me contentar com uma roupa de quarenta dólares.  

No caso de Selina, fui mais meiga: Sim, nós precisamos. Que tal hoje? O trabalho me pegou de jeito hoje, estou realmente precisando descansar dos meus chefes – acabo rindo, pois se Hera e Arlequina lessem isso, iriam ficar bravas. - E nada como a companhia de uma boa amiga. Podemos colocar o assunto em dia. Você escolhe o restaurante e nós dividimos a conta.  

—Pequenina! - Ouço Arlequina me gritar e com isso, trato de guardar o celular. - A pausa acabou. Vamos voltar ao nosso treinamento! 

Atualmente:  

Em algum momento que Oliver me levava para Arque, acabei desmaiando. Meus olhos não aguentaram ficar abertos e minha mente estava sobrecarregada. Talvez a perca de bastante sangue também inclua na razão para eu apagar. 

Quando abro meus olhos, percebo que estou no meu quarto da Arque. Observo em volta e vejo que estou só. Paro por um instante para encarar o lírio que ainda está vivo e bem cuidado. Tão belo quanto Oliver.  

Te desafio a me amar. Relembro do significado que Oliver dissera que esta flor tem.  

Como tudo pôde virar de cabeça para baixo tão rápido? 

Eu retiro a coberta que está em cima de mim e levanto da cama. Sinto um dor na barriga, mas é totalmente suportável. E também percebo que o ferimento já está costurado e eu fui totalmente lavada. Toda a sujeira que estava em meu corpo sumiu.  

Antes de sair do quarto, respiro profundamente. Não sei o que acontecerá comigo. Apenas sei que preciso enfrentar isto. Porque a única coisa que importa é que Blue Jones saiu vivo. Novamente. E se eu tiver que ir atrás dele sozinha, eu irei. Não há mais nada me segurando.  

Blue tirou tudo de mim. E é por isto que eu irei tirar sua vida. Ele ficará igual a estou: destruída e morta por dentro.  

Ao sair do quarto, caminho para a sala central. A sala que fica meus computadores. Observo e não há ninguém. Acabo soltando um suspiro e decido me sentar na minha cadeira por uma última vez.  

Começo a mexer em meus computadores e acabo sorrindo. Vou sentir falta deles. Por mais que eu possa conseguir algo de tecnologia boa, não chegara aos pés do que Oliver montou para mim. Ele montara uma parte apenas minha, porque achava que eu merecia, porque eu fazia parte do time. Mas, infelizmente, não farei mais.  

—Acho que vai querer isto de volta, Felicity - Ouço a voz de Oliver e sinto meu corpo arrepiar. - Ou devo começá-la chamar de Babydoll? - Ele joga na minha frente a roupa que eu havia deixado em baixo do colchão de meu quarto.  

—Me chame do que quiser – respondo, decidindo não me encolher mais diante desta situação. - Se isto for fazê-lo se sentir melhor.  

—Melhor? - Ele cruza seus braços e ri, secamente. - Nada me fara melhor agora, Babydoll – vê-lo me chamar pelo codinome sem minha máscara me causa estranheza.  

—Se está tão furioso comigo, por que não foi atrás de Blue? - Inquiro, me levantando da cadeira e ficando de frente com Oliver. - Por que foi tão estúpido em deixá-lo escapar? Poderia ao menos ter atirado uma flecha nele! 

—Um dos capangas de Blue quebrou meu arco. E sim, eu agi estupidamente. Eu poderia ter pego UMA arma que estava no chão que pertencia a um dos homens dele, mas em vez disso, eu corri para livrá-la. Eu agi como um estúpido por sua causa, Felicity! Porque não importa o que aconteça, eu sempre ajo errado quando a situação envolve você! - Ele explode, furiosamente.  

—Não venha colocar a culpa em mim! - Aponto meu dedo em seu rosto e já noto que estou brava. - O fato de você não saber separar sua raiva de mim é problema seu!  

—Raiva de você? - Outra risada sem graça alguma. - Por que eu estaria com raiva de você? Por que mentiu para mim? Por que me enganou este ano inteiro que nos conhecemos? Por que simplesmente me traiu? Sim, eu poderia estar com raiva por causas desses motivos. Mas não estou, Felicity! Eu não consigo odiá-la por tudo que me fez porque EU AMO VOCÊ! - Suas últimas palavras saem desesperadas, fazendo-me arregalar os olhos.  

Oliver simplesmente desaba no chão e suas mãos vão para o seu rosto.  

—EU ME ODEIO, FELICITY! - Ele declara, ainda mais furioso. - ME ODEIO POR TER SIDO TÃO CEGO. POR TENTAR TE PROTEGER E NO FINAL, SER EU QUEM MAIS A MACHUCOU! - Ele tira as mãos de seu rosto e começa a encará-las - Eu machuquei você. Eu pensava que Babydoll era uma completa estranha e inimiga, então, não havia motivos para me segurar. Fiz questão de protegê-la, mas no final, fui eu quem te machuquei. E eu me odeio por isto.  

Agora consigo enxergar a verdade. A raiva que via em seus olhos não era direcionada para mim. Era direcionada a si mesmo. E eu sou apenas um lembrete do que fizera.  

—Oliver... - murmuro, me abaixando e, hesitante, toco em sua mão, mas ele recua bruscamente. - Oliver.  

—Não. Você não pode tocar em mim. Eu irei machucá-la ainda mais – com suas palavras, sinto uma dor profunda em meu peito. Os olhos de Oliver estão vermelhos e lágrimas começam a cair. - Por favor, Felicity. Me perdoe. Eu nunca quis feri-la. Nunca quis ser o monstro desta história.  

—Oliver! - Exclamo, indignada. - Você? Monstro? Se há alguém para culpar, culpe a mim. Fora eu quem mentira, quem o engará durante este tempo todo! Se eu tivesse contado a verdade desde o início, você nunca iria me ferir. Nunca. Me ouviu? - Avanço para cima dele e pego suas duas mãos, ele tenta tirá-las de mim, mas eu as seguro ainda mais firme. - E você não me feriu, Oliver. Você estava tentando me proteger. Então, por favor, se for odiar alguém, odeie a mim. 

—Eu não posso, Felicity – seus olhos me fitam, com intensidade. - Eu nunca poderei odiá-la, pois eu amo você. Amo tanto que chega a doer por saber que tudo que tivemos fora mentira – desta vez, ele consegue soltar suas mãos das minha, pois não estou as segurando, porque suas palavras me atingiram, me deixando atordoada. - Saber que neste tempo todo eu fui enganado achando que você poderia me amar.  

—Oliver... 

—Fui um cego e idiota. Sei que deveria ter percebido que nunca haveria chances para nós dois. Desde o princípio você se afastava, mas mesmo assim, eu a forcei. E você, com pena por eu ser tão insistente, me aceitou. Eu deveria saber que você nunca iria querer alguém como eu, tão quebrado.... e tão problemático.  

—Oliver, pare! - Peço, sentindo as lágrimas surgirem em meus olhos. - Você pode ser quebrado e problemático, mas isso nunca seria motivos para mim NÃO O AMAR! - Acabo gritando as últimas palavras e começo a chorar – A VERDADE É QUE EU SOU COMPLETAMENTE APAIXONADA POR VOCÊ! E EU AMO VOCÊ COM TODO O MEU CORAÇÃO, mesmo ele estando tão destruído. Eu apenas tinha medo de você nunca me amar, de você me odiar pelo que escondia. Como alguém se apaixonaria por uma pessoa tão destruída quanto eu? E também eu via o ódio que sentia de mim quando era Babydoll e então, pensei que quando soubesse o meu segredo, me odiaria. E isso eu não poderia suportar, por isto mantive escondido o máximo que pude. Eu realmente sinto muito por tudo.  

—Você me ama? - Oliver pergunta, com os olhos surpresos. - Está realmente dizendo a verdade? Não está apenas dizendo para diminuir minha culpa?  

—Eu estou cansada de máscaras e mentiras, Oliver – falo, limpando minhas lágrimas e em seguida pegando em sua mão. - Eu amo você, Oliver Queen. Amo do jeito que é, um cara quebrado e problemático. Apenas espero que algum dia possa me perdoar por magoá-lo. E que consiga amar todas as minhas partes.  

—Felicity... - ele tenta dizer, mas o intervenho.  

—Agora é minha vez de falar – declaro, apertando sua mão ainda mais. - Você acredita que me ama, mas só conhece uma metade minha. Provavelmente, quando me conhecer inteiramente, irá me achar horrível e não conseguira me amar. E está tudo bem se isto acontecer. Porque em minha cabeça, eu nunca acreditei que conseguiria amar um homem. E você me provou o contrário. Ao menos, eu tive a sorte em conhecer o amor. De me apaixonar. E eu agradeço por isto - abro um sorriso sincero.  

‘’No entanto, Oliver, não posso simplesmente te contar o que houve comigo tudo de uma vez. Precisaria de tempo e infelizmente, isto nós não temos, não agora, pois preciso encontrar Blue e colocar um fim nele. Devo isto para as vidas das mulheres que não consegui salvar. Devo isto para... - minha garganta seca e meus olhos simplesmente enchem de lágrimas. - Para Sweet Pea e Laurel.’’ 

—Felicity – Oliver chama meu nome, mas não lhe dou atenção.  

—Se eu pudesse... Se eu conseguisse, te diria tudo pelo que passei, para que não exista segredos entre nós. Mas, eu não consigo. Apenas peço que acredite em mim, pois os meus segredos guardados são difíceis de serem ditos sem ter que revivê-los. É demais para mim – solto sua mão e me levanto, começando a me distanciar dele. - Eu preciso partir. Tenho que encontrar Blue Jones. Depois que acabar com ele, quem sabe volto e nós possamos se resolver de alguma forma e... - Oliver segura o meu braço, fazendo-me olhar em seus olhos.  

—Felicity, elas não morreram – ele declara, cortando-me e fazendo com que eu não insista em continuar a falar. - Sweet Pea e Laurel não morreram.  

—O quê? - Inquiro, virando o corpo completamente em sua direção, ficando de frente. - Como assim? Oliver, eu as vi morrer. Blue sacou a arma e atirou na cabeça delas!  

—Não. Ele pode apenas ter mirado na cabeça delas para enganar a você, mas no final, atirou no estomago delas. Quando a encontramos, ambas estavam desmaiadas e sangrando demais. Provavelmente Blue queria que elas morressem lentamente. Não esperava que nós conseguiríamos passar pelos seus capangas, chegando a tempo de a levarmos para o hospital e salvá-las. As duas estão vivas.  

Desta vez, eu desabo no chão. Choro e respiro com dificuldade. É difícil acreditar que elas estão vivas. É difícil acreditar que não morreram por minha culpa.  

—Eu... eu... não consegui - gaguejo, procurando falar algo com sentido. - Blue... Ele me fez escolher entre Sweet Pea e Laurel... Eu não pude... Não tinha como escolher uma das duas... Por minha culpa quase morreram!  

—Shiiu... - Oliver simplesmente me abraça, passando suas mãos por minhas costas. - Elas estão vivas, Felicity. Elas estão bem. Não há razão para se culpar – ele para de acariciar minhas costas e puxa o meu rosto para cima, para nossos olhos se encontrarem. - Você não pode ir, Felicity. Sweet Pea... - ele pausa por um momento. - No caso, Selina, ela me contou que você passou por coisas horríveis e por isto nunca contou para ninguém. E eu nunca a forçarei dizer. Do mesmo jeito que pede para mim acreditar em você, eu peço que acredite em mim quando digo que nós vamos encontrar Blue. Vamos encontrá-lo juntos, Felicity. Seu lugar é aqui. Seu lar é aqui. 

‘’Você não pode nem imaginar o quão difícil foi vê-la caminhar em direção a Blue e se entregar. Não tem ideia do quão inútil me senti ao entrar na empresa e vasculhar cada pedaço e perceber que não estava lá. Eu me senti tão perdido, pois tentei procurá-la por diversos lugares e não a encontrar, porque não sabia aonde ficava o lugar que acontecia a prostituição. Mas o pior foi pensar em Blue te machucando.  

Com este sentimento, fui ao seu quarto e comecei a destruir tudo. Fiquei furioso por você não estar nele e por eu ter permitido te sequestrarem. Por falhar em protegê-la. Foi desta forma que encontrei o uniforme de Babydoll e me enfureci ainda mais. Como pude ser tão cego em relação a você? Se eu tivesse percebido as semelhanças, juntado as coisas que você dizia para mim quando nos enfrentávamos. Eu teria descoberto e impedido que a situação chegasse naquele ponto. 

 E então eu vi que havia quebrado o vaso do lírio e com ele decide parar de lamentar. Decidi recomeçar e não perder as esperanças. Primeira coisa que fiz foi arrumar o seu quarto e quando acabei, tive a certeza de que a encontraria, não importasse quanto tempo levasse. E para o fim de minha tortura, Eiggam apareceu em minha porta, dizendo aonde você estava. Eu nunca senti tanta felicidade com poucas palavras e nunca vesti tão rápido o meu uniforme. 

Todos fomos rápidos ao orfanato abandonado e eu deixei o time salvando as mulheres enquanto eu procurava por você. E então eu ouvi o som de um carro saindo e tive que correr para alcançá-la. Mas infelizmente, não pude salvá-la naquele momento, precisei retirar Blue do carro para garantir que ele não a machucasse e depois enfrentei os homens dele. Quando dei conta, ele havia a levado de novo. 

O desespero e raiva por eu ter sido tão estúpido tomaram conta de mim, por isto não pensei direito, por isso quando cheguei a você, eu apenas a salvei e deixei Blue escapar. Se eu tivesse parado para raciocinar, teria pego uma arma e atirado nele, fazendo-o parar e com isto, conseguiria salvá-la e prendê-lo. No entanto, não pude fazer isto. E isto me deixou ainda mais furioso. 

Mas eu pude salvá-la, trazê-la de volta para casa, para mim. Então, por favor, Felicity, não me deixe. Eu não quero ficar longe de você. Eu preciso de você. E você prometeu a mim que nunca me abandonaria.’’ - Sua voz sai embargada de emoções e seu rosto demonstra dor e medo. Dor ao pensar em me perder outra vez e medo por eu tentar abandoná-lo.  

—Oliver...  - eu o encaro profundamente. Seus olhos azuis me fazem perder a razão e com isso, o beijo intensamente. Beijo como nunca o beijei. Beijo sem a preocupação que tinha em ser descoberta. Beijo, tentando transmitir todo o amor que sinto por ele. 

E ele faz o mesmo. Me beija com desespero, urgência e amor. Me beija sem hesitação, sem temor de demonstrar o que realmente sente por mim. Por causa disso, no meio do beijo eu acabo sorrindo. Ele estava este tempo todo se segurando. Temendo que eu descobrisse o tamanho dos seu sentimentos em relação a mim. De eu descobrir que Oliver Queen estava apaixonado.  

Nós nos afastamos centímetros, apenas para respirarmos, mas não conseguíamos deixar de olhar um para o outro. Sem máscaras. A única coisa que está entre nós é o meu passado sombrio. O passado que tanto tentei afastá-lo, mas não tem como mantê-lo longe, afinal, o passado sempre volta para me assombrar. 

—Felicity, eu não queria dizer isto, mas é minha obrigação... O time, bem, eles não confiam mais em você. Eles se sentem traídos, principalmente Sara, por ter se mantido escondida enquanto ela sofria pela irmã - Oliver diz, com pesar. - Mas se contar a eles a mesma coisa que disse a mim, eles a perdoarão -  eu nego com a cabeça. - Não precisa dizer tudo, apenas explicar o porquê de manter tudo em segredo. Falar como seu passado fora horrível.  

—Isso não explica nada, Oliver. A situação de Sara é diferente. Ela poderia ter perdido a irmã porque eu não queria me revelar. Dizer que fiz isto apenas para esconder meus segredos será pior do que não dizer nada. Sara também sofreu no passado, mas isso não a impediu de confiar em nós. Eu sou a errada desta história. Não importa o quanto eu sofri, o que importa é o fato de que eu quase matei a Laurel.  

—Felici... – eu coloco um dedo em seus lábios, fazendo-o parar de falar. 

—Eu não irei dizer nada, não até estar preparada. Se o time me quiser fora, eu sairei. Não há nada que justifique minha traição. Eles confiaram em mim seus problemas e eu não pude fazer o mesmo. Prometa-me que não irá falar nada. Prometa-me que eles saberão as coisas apenas por mim. 

Eu o vejo suspirar, se rendendo a mim.  

—Eu prometo que não direi nada. - ele puxa minha mão e a beija. - Agora preciso chamá-los – declara, nos levantando do chão e em seguida, indo em direção ao outro cômodo.  

De repente, sinto-me nervosa. E ansiosa. Sempre me preocupei com o que Oliver acharia se descobrisse a verdade, mas nunca pensei em relação ao resto do time. Ao que parece, a pessoa mais furiosa é Sara. Os outros estão apenas magoados.  

—Felicity! - Diggle chama meu nome e o procuro pelo olhar, no entanto, não preciso encontrá-lo, pois ele caminha rápido para minha direção e me abraça, apertadamente.  - Não sabe o quão preocupado fiquei com você. 

—Eu estou bem – digo, o abraçando com a mesma intensidade. - E sinto muito por mentir para você.  

—Não, isso é o de menos, Felicity. O que importa é que está bem e viva! - Ele se afasta do abraço e sorri. - E eu acredito que haja uma razão por não ter nos contado a verdade. Com isto, estarei sempre disponível quando estiver pronta para falar. 

—Você é o melhor, Digg – abro um grande sorriso que se mantem por um segundo, porque no outro, meus olhos se encontram com o de Sara. E a culpa volta a consumir o meu corpo e mente por inteiro. - Sara, eu... 

—Não! Nem tente, Felicity. Eu só estou aqui para conferir que não está morta, não que eu me importe tanto, visto que não deu a mínima para a vida de Laurel – ela esbraveja na mesma hora. - Por mim, Felicity, nenhum de nós deveríamos confiar em você novamente, porque o que parece importa para você é apenas a si mesma e seus ‘’segredinhos’’ - seus dedos imitam aspas. - Todo mundo que está no time sofreu de alguma forma, mas nenhum de nós escondemos e colocamos em risco a vida de alguém. Então, não venha com desculpas esfarrapadas. 

—Sara, não seja ruim – Oliver intervém. - Não é culpa de Felicity. 

—Obrigada, Oliver, mas não preciso de suas defesas – olho rapidamente para ele e o vejo anuir. Lembrou de sua promessa. - Sara, o mais importa para mim é que sua irmã esteja salva e viva. E como agora sei que ela está, o meu foco é encontrar Blue Jones. Para trazer justiça ao que fez a Laurel – a vejo crispar o cenho, mas continua quieta. - Se não quer trabalhar comigo, eu entenderei. Se querer que eu saia do time, eu saio. Tudo que eu puder fazer por você, eu farei.  

—De nada vale suas palavras para mim, Felicity – Sara declara, cruzando seus braços. - Você teve diversas oportunidades para dizer a verdade, mas escolheu mentir. Eu nunca poderei confiar em você novamente – ela começa a sair do cômodo, mas para subitamente. - Eu não a quero no time, mas Oliver e Diggle a quer. Então, que se dane minha vontade. A única coisa que exijo de você é que fique longe de Laurel. Você já a machucou muito – com sua finalização, a vejo ir para longe de mim. 

Por algum motivo, a sua última frase me faz questionar se Sara estava se referindo apenas a quase morte que causei em sua irmã ou se havia algo a mais além disto. Como o fato de Laurel ter sido uma vez apaixonada por Oliver e ele apenas focar em mim. Novamente, sinto a culpa consumir meu corpo e minha mente. 

—Acredito que Felicity queira ficar sozinha, Oliver – Diggle diz, puxando Oliver pelo braço. Não entendo a razão e olho para o lugar que Digg está olhando.  

E então, vejo Sweet Pea, com um sorriso no rosto e com uma mão apoiada em Bruce e a outra em Rocket. Os três estão sem máscaras, vivos e dentro da arque. Isto só pode ser um sonho. Talvez os choques que levei na cabeça me fizeram alucinar. Ou apagar. 

—Eu estou sonhando? - Inquiro, sentindo os meus olhos encherem de lágrimas mais uma vez. Mas não choro ainda, pois estou atordoada.  

—Não está, garota – Bruce diz, caminhando até mim e trazendo consigo Sweet Pea e Rocket. Ao se aproximarem o suficiente, as duas me abraçam tão apertado que consigo ter certeza de que não é sonho e nem alucinação.  

—Babydoll! - Ambas dizem, com as vozes emotivas. - Nós ficamos preocupadas! 

—Preocupadas? - Eu acabo rindo. - Eu achei que você tinha morrido – falo para Selina – E temi que você fosse pega – direciono a Rocket.  

—Estamos vivas e seguras, Babydoll – Sweet Pea garante, abrindo um sorriso entre suas lágrimas. 

—E infelizmente, Blue Jones também está - digo, desfazendo o abraço.  

—As coisas mudaram, garota – Bruce declara, confiante. - Blue não conseguira escapar de todos nós. Se o time do Batman não o encontrar, o time do Arqueiro-Verde irá. 

—Espera... - peço, raciocinando o que está acontecendo. Olho para o lado e vejo que Diggle e Oliver já não estão mais aqui. - Você contou o seu segredo? 

—Não tive escolha. Eu não conseguiria entrar na empresa a tempo de salvar Selina sozinho. Me juntei a Oliver e apenas por isso conseguimos derrotar todos aqueles homens. E após isso, decidimos nos aliar para encontrar você - ele explica, me fazendo sentir um orgulho em ver os maiores heróis que conheço se unirem. 

—E pode ter certeza que nós vamos encontrar Blue e o fazer pagar por tudo! - Rocket sorri, limpando minhas lágrimas e passando-me uma certeza que não há como duvidar. 

Os dias de Blue estão contados. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Passado Sempre Volta" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.