Blind Date escrita por IsabelaThorntonDarcyMellark


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!

Agradeço aos comentários, favoritos e acompanhamentos...
Sempre fazem toda a diferença para quem escreve!

Vamos ao capítulo!



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Ainda são cinco e quarenta e cinco da tarde. Como estou com tempo, peço para o taxista parar um pouco antes do Bar Mockingjay. Assim, posso apreciar melhor o visual do Píer enquanto o dia declina.

Pago o valor da corrida e, quando saio do veículo, agradeço mentalmente ao amigo do Finnick por me fazer chegar aqui tão cedo e, assim, ter a oportunidade de assistir ao espetáculo que é o pôr do sol visto da praia de Santa Mônica.

O fim de tarde está movimentado no Píer e ver tanta agitação me faz sorrir. Caminho devagar sem me preocupar com o fato de que, possivelmente, o loiro chamado Peter pode já estar em algum lugar por aqui.

Chego ao local combinado com alguns minutos de antecedência. Quando entro, solto um suspiro. Como meu pai descreveu, o lugar tem o charme litorâneo, sem perder o ar de casa noturna.

A iluminação é pouca. Há apenas luz indireta, letreiros luminosos piscando de modo intermitente e alguns holofotes ao redor de um globo espelhado na pista de dança. Em frente, um palco com instrumentos variados espera uma banda. Se não foi feita nenhuma modificação recente no ambiente, era ali que o meu pai tocava e cantava.

Nas caixas de som, tocam aleatoriamente músicas compostas para colocar os hormônios de mulheres incautas em ebulição. Corro os olhos pelas pessoas presentes e, como é de se esperar, não vejo Annie ou Finnick.

Decido ir ao bar pegar uma bebida para manter minhas mãos ocupadas enquanto espero. Isso vai evitar que pareça entediada antes mesmo de encontrar o rapaz.

Quando já estou com o meu Cosmopolitan nas mãos, vejo um loiro de porte atlético saindo da área externa da boate. Ombros largos, alto, queixo quadrado. Ele veste um casaco jeans escuro que marca seus braços fortes. E uma calça marrom que marca... Humm... Uma parte bem formosa de sua anatomia traseira.

Seu rosto me é familiar e traz uma onda de conforto que normalmente não sinto à primeira vista, porém, se eu tivesse conhecido alguém com traços tão perfeitos recentemente, com certeza, ficaria registrado em minha memória.

Ele se senta no balcão diante do bar, num daqueles bancos altos, e olha para seu relógio.

Ai, ai! Com esse aí, o encontro pode ser às cegas, de olhos vendados até... Eu não me importaria.

Mas é lógico que ele não precisa de artifícios como marcar encontros às escuras para sair com alguém.

Mesmo desconfiando de que não é ele quem eu vim encontrar, eu me permito uma tímida troca de olhares. E recebo olhares de volta, acompanhados de um sorriso acanhado!

Fico hipnotizada e não noto um loiro desengonçado que esbarra em mim ao levantar o braço desajeitadamente para chamar o barman, derrubando meu Cosmopolitan.

E lá se vai o drinque que Prim bancou pra mim com as economias dela!

Graças ao meu bom reflexo, dou um pulo para trás e sinto apenas as gotículas salpicando meus pés. Por muito pouco, o líquido vermelho não derrama em meu vestido.

Fito o loiro lindo mais uma vez e percebo que agora ele ri discretamente. O problema é que ele está rindo de mim, e não para mim.

Quando percebe minha expressão zangada, ele sufoca a risada, desviando o olhar para girar o gelo que está mergulhado na bebida em seu copo.

— Oh, mil desculpas! — O loiro aguado à minha frente segura minha taça praticamente vazia. — Você já pagou pelo Cosmopolitan?

— Ia fazer isso agora.

— Então, eu pago — Ele puxa o dinheiro e chama o atendente — Esse é por conta do Peter aqui! — Ele aponta para si próprio.

— Ah! Peter? — Deixo os braços penderem em sinal de desânimo.

Não menciono o sobrenome dele, pois a Annie não sabia se era Montark ou Monnark. Além disso, se ficar me prendendo a tantos detalhes, ele vai pensar que estou desesperada, decorando cada informação a seu respeito como uma mulher carente, desesperada e sedenta para arrastá-lo para as minhas armadilhas de sedução.

Nenhum problema em parecer uma mulher carente, desesperada e sedenta. A única coisa que eu não admito é ele pensando que eu quero que ele chegue perto das minhas armadilhas de sedução, mesmo que estejam enferrujadas por falta de uso.

— Então, você é o famoso Peter?

Ele faz uma expressão confusa ao me ouvir qualificá-lo de famoso, mas acaba concordando.

— Sou eu, sim. Você só pode ser a... a...

— A amiga de Annie e Finnick. Katniss Everdeen.

— Muito prazer, amiga-de-Annie-e-Finnick-Katniss-Everdeen. Quem diria que logo você fosse esbarrar em mim e derrubar o drink? Vou repor, pode deixar! — Ele pega duas cervejas com o atendente.

— Os fatos não foram bem esses. E, a propósito, era um Cosmopolitan...

— Ah, sim, claro! É que o dono do bar liberou a cerveja pra mim, quando me viu escolhendo uma música pra cantar.

— Você deve cantar bem, então.

— Talvez... Só sei que foi a pedido de outros clientes, que imploraram para ele fazer alguma coisa para eu não pisar no palco essa noite.

Conclusão: Peter é desafinado. Ainda bem que o dono do bar me salvou dessa humilhação.

— Acho que eles temem a concorrência — digo, tentando parecer convincente.

Ele assente orgulhoso e se aproxima, segurando meu braço para me guiar até uma mesa, num gesto de excessiva confiança.

Por azar, meu calcanhar vacila quando tento não pisar na poça da bebida caída no chão e preciso me agarrar no outro braço dele, ficando a centímetros do seu rosto. Peter ergue a sobrancelha e aperta os lábios de modo malicioso, certamente interpretando de modo errôneo o que foi um mero acidente.

Eu logo me recomponho e sentamos à mesa. Peter me olha sedutoramente por sobre seu copo. Para fingir que não noto, tomo um gole da cerveja, apesar de detestar a bebida.

— Você é sempre atirada assim ou só ficou impressionada com o material aqui? — Ele pergunta, alisando a ausência de músculos coberta por sua camisa.

Engasgo e suas mãos se esticam para acariciar minhas costas, enquanto engulo rapidamente o conteúdo que permanece na minha boca.

— Que material? — Tusso ainda algumas vezes para me recuperar.

— Humm... Senso de humor — Ele ri, coçando o lado do pescoço, tentando parecer sexy, sem sucesso — E por que você me chamou de famoso?

— "Famoso" — Faço aspas com os dedos. — É modo de dizer. Por causa do Finnick e da Annie. Eles devem ter falado de mim pra você também, não?

— Finnick e... Annie, certo? É claro que falaram! — Ele diz de modo descontraído, mas mantém um semblante que denota confusão — Eles são mesmo muito... Falantes.

Estranho o adjetivo que ele dá aos dois, mas dou continuidade ao papo, para fugir do silêncio.

— Então, Peter, animado por estar de volta à Califórnia?

— Estar de volta... O que significa voltar quando sinto que nunca parti?

Levo um guardanapo à boca para reprimir uma risada. O que foi isso? Poesia? Ou uma maneira bem esquisita de manifestar que quer mudar de assunto? Pode ser isso, mas parece que ele não faz ideia do que estou falando.

— Não vamos falar em idas e voltas — Ele continua. — Hoje vamos apenas celebrar a vida, as conquistas, os drinques derramados...

E Peter começa a desfiar uma conversa sem limites, sobre os mais diversos assuntos, sem me dar tempo nem mesmo de selecionar algo aproveitável do que ele diz. Saí do limbo e entrei numa furada homérica.

Lembro-me das recomendações que Prim e Rue me enviaram por mensagens no celular:

"Converse em um tom amigável."

Até agora não precisei usar tom nenhum, pois ele não me deixa falar.

"Tenha algumas perguntas em mente para evitar silêncios durante o encontro."

Como se ele precisasse de mais assunto!

"Não crie expectativas muito altas."

Minha mais alta expectativa é a de que ele saia correndo daqui com dor de barriga.

Finco meu cotovelo no braço da cadeira e sustento meu rosto com minha mão aberta. Permaneço ali, estática, fingindo prestar atenção enquanto ele debulha sua história sem fim sobre... Nem sei mais sobre o que ele está tratando!

Com a minha visão periférica, vejo Annie entrar no bar, vasculhando o espaço com seus grandes olhos verdes, causando fascínio por onde sua figura longilínea e seus cabelos naturalmente vermelhos passam. Respiro aliviada, esperando-a se aproximar.

No entanto, Annie cruza a pista de dança ainda vazia. Fico na mesma posição. Apenas meus olhos se movem e acompanham o andar gracioso da ruiva, que acena pra mim discretamente e segue em frente, indo se sentar perto do... loiro lindo!

Como assim? Annie vai me deixar aqui sozinha com o amigo do Finnick?

Minha revolta atinge níveis estratosféricos, quando observo o loiro lindo puxar assunto.

Ele conversa com Annie e a faz rir. O globo espelhado é atingido por raios luminosos que desviam na direção dos dois e refletem belos padrões de luzes, ora destacando, ora ocultando suas expressões.

Aperto meus olhos, tentando com todas as minhas forças me comunicar telepaticamente com ele, para avisá-lo de que Annie não está solteira e que o destino dele está traçado comigo, e não com a minha amiga traíra.

É uma pena que Peter não pare de falar para eu me concentrar na tarefa.

Annie interrompe a pseudopaquera por alguns míseros segundos, apenas para fazer sinal de positivo com o polegar em minha direção. Eu queria mesmo mostrar outro dedo pra ela, mas opto por começar a operação-salvação, com o sinal que combinamos em minha casa que seria o meu pedido de socorro.

Agarro o lóbulo da minha orelha, como se fosse uma boia salva-vidas. No entanto, ela parece não ver. Seguro o lóbulo da outra orelha. Annie apenas franze o cenho e, depois, balança a cabeça, sacudindo a mão no ar e rindo, como se eu estivesse fazendo uma piada.
Como assim? Esse é o gesto que indica a necessidade de um resgate e ela não levou a sério!

Já estou a ponto de pinçar minhas duas orelhas, quando vejo Annie se afastar para ir ao banheiro.

— Preciso ir ao toalete — informo a Peter, já de pé.

— Ah, sim, claro... Quando você voltar, termino de contar como foi difícil encontrar o...

— Mal posso esperar para ouvir o final dessa aventura! — Eu corto Peter sem cerimônias.

No banheiro, Annie está retocando o batom à frente do espelho. Eu me posiciono ao lado dela para encarar sua imagem refletida.

— Quase arranquei minhas orelhas e você não fez nada!

— Você parecia tão envolvida na conversa e o rapaz tem bastante assunto. Achei que, em algum momento, você fosse se juntar a nós...

— Saiba que o Sr. Wikipedia lá fora parece inofensivo, mas engoliu uma biblioteca com todas as informações sobre todas as coisas que você ousar mencionar. Ele responde às próprias perguntas, ri das próprias piadas sem graça e ainda explica! — Ergo as mãos para o céu em busca da piedade dela.

— Então, o que você está fazendo lá com ele? — Annie pergunta, como se não fosse óbvio que fiquei todo esse tempo sufocada na verborragia entediante daquele sujeito por causa do convite que ela me fez. Não satisfeita, ela se dá ao trabalho de explicar o inexplicável. — Eu só não queria atrapalhar seu bate papo com seu amigo.

— Meu amigo? O loiro que você disse que é lindo, simpático e comunicativo é seu amigo. Ou é amigo do Finnick! Sei lá... Aliás, o adjetivo lindo é por sua conta! Quer saber? Você não é minha amiga favorita no momento. Vou lá fora tomar um ar.

Saio sem querer ouvir mais de suas desculpas. Por sorte, a sacada externa do bar está vazia. Apoio minhas mãos no corrimão e admiro o céu do início da noite, quando o horizonte assume tons de azul escuro que aos poucos vão sendo substituídos por matizes negros.

A vista do Pacific Park faz deste bar um local perfeito para encontros. A roda-gigante colorida e reluzente, o reflexo cintilante e verde-azulado do mar e a iluminação característica do local me fazem sentir como a protagonista de uma comédia adolescente. É pena que o roteiro não tenha graça.

Nem a paisagem é capaz de aplacar o meu aborrecimento. Se Finnick cogitou que eu gostaria de sair com alguém como esse Peter, deve achar que estou no fundo do poço.

Meu celular vibra em minha bolsa. Quando eu a abro, vejo piscar a luz que indica o recebimento de uma mensagem.

Abro o aplicativo e vejo que há mensagens de Prim e de Annie. Minha irmã está perguntando como está sendo o encontro.

EU: "Estou seguindo seus conselhos, Prim."

Uma meia verdade inocente.

A mensagem de Annie tem a resposta à pergunta que eu havia feito há séculos.

ANNIE: "O nome dele é Preta."

PRETA? Esse não é o nome dele. Maldito corretor ortográfico!

— Olá — Meus pensamentos são interrompidos por um timbre masculino suave, mas que, ao mesmo tempo, evoca sensualidade.

— Oi — cumprimento, guardando o celular na bolsa, sem me virar na direção do meu interlocutor, embora esteja curiosa para conhecer o dono da voz.

— Annie está inconsolável. Ela me disse que não é sua amiga favorita no momento e isso parece ser algo grave entre vocês.

— E é mesmo! — Ao ouvir o nome de Annie, ponho meus cotovelos na grade da sacada e continuo olhando pra frente, voltando a me sentir aviltada pelo que ela aprontou comigo.

— Você deve estar bem chateada com Annie por arrastá-la até aqui, não é? Eu sei que a ideia de um encontro às cegas pode ser horrível, mas o Finnick me garantiu que você estava lidando numa boa...

— Você já falou da Annie e do Finnick e eu ainda não faço ideia de quem seja você... Espera... Eu vim encontrar você? E não aquela criatura ali? — Indico o interior do bar, ainda de costas para ele.

— Pelo menos, foi o que Annie me garantiu.

A indignação ainda nublava o que já devia estar claro pra mim há muito tempo e, por isso, mal posso me conter quando dou uma volta de cento e oitenta graus, ficando frente a frente com ninguém mais, ninguém menos que o loiro lindo.

Sou saudada pelo par de olhos azuis mais desconcertantes que já vi. Noto que não sou a única a ficar desconcertada, pois ele está me encarando como se eu fosse uma aparição.

Ou, talvez, como se eu fosse uma completa decepção... Com esse último pensamento na cabeça, pergunto:

— Se a ideia de um encontro às cegas é horrível, por que aceitou vir? — pergunto sem disfarçar minha irritação.

— Porque eu tinha esperanças de encontrar alguém como você.

O galanteio me desestabiliza, mas recobro meus sentidos.

— Já sei. Finnick Odair trapaceou e mostrou uma foto minha? Ou pior... Ele postou alguma foto comigo nas redes sociopatas dele? — vocifero e ele arregala os olhos, mas não há nenhum julgamento neles, apenas divertimento. — Desculpe-me se você é adepto, mas abomino redes sociais e o tráfico de informações pessoais!

Ele ri das palavras que despejo desenfreadamente. Não sei se fico grata ou mais chateada ainda. Só sei que sua risada é tão gostosa que meu aborrecimento vai desvanecendo aos poucos.

— Pode ficar tranquila. O Odair não me mostrou nenhuma foto sua, nem desrespeitou sua antipatia pelas redes sociais. Eu vim pra cá sem saber quem eu iria encontrar, nem como seria sua aparência atual.

— Atual? — pergunto, notando que ele faz uma expressão de quem deixou escapar algo que não devia.

— Eu disse atual? — O loiro afasta os olhos para um ponto à minha direita, direção para a qual me movo lateralmente, bloqueando sua visão, para que seja inevitável olhar para mim novamente.

— Ouvi perfeitamente — Eu o confronto de modo atrevido e ele me encara de volta.

— Você quer mesmo uma explicação? — Ele adia um pouco mais a resposta.

— Por favor.

— Promete que não vai se assustar com o que vou dizer?

— Prometo — balbucio sem muita firmeza, tentando imaginar o tamanho da desgraça que ele está prestes a me dizer.

Será que ele vai inventar uma cantada barata, dizendo que eu sou a mulher misteriosa e sem rosto que aparece em seus sonhos, correndo em câmera lenta à beira-mar para os seus braços?
Ou vai se declarar um vidente com o dom de ver a aura das pessoas que estão perto de deixar este plano espiritual?

Antes que eu possa pensar em outras possibilidades absurdas, ele volta a falar.

— Faz muito tempo que me mudei da cidade, mas, assim que você se virou, eu me lembrei de você e... Eu me lembro de tudo a seu respeito. É que você nunca prestou atenção.

— Agora estou prestando.

Ele sorri de lado, evidenciando a covinha do seu queixo, e minha última declaração passa a ser a maior das verdades. O loiro lindo tem toda a minha atenção.

Em seguida, ele me oferece uma das mãos e eu a seguro com hesitação. Seu aperto firme e quente envia uma corrente elétrica que percorre meu braço e se espalha pelo meu corpo.

— Então, é hora de me apresentar. Meu nome é Peeta — Ele diz e eu estremeço. — Peeta Mellark.

Peeta Mellark? Fico desnorteada. Não pode ser!

Depois que começo a encaixar as peças, percebo que pode ser sim. Peeta saiu da escola e foi morar em outro país logo depois que meu pai morreu, há cerca de onze anos.

Meu coração bate desenfreadamente no peito. O loiro lindo é o garoto com o pão!

Não esperava que ele se lembrasse da menina pobre da Costura para quem deu alguns pães uma vez.

O estranho é que nem mesmo minha confusão mental é capaz de me impedir de perceber o que o contato da sua pele na minha me faz sentir.

E aqueles olhos azuis que, de tão ternos, parecem enxergar através de mim? Definitivamente, não fico imune àquele olhar ao mesmo tempo doce e intenso.

— Meu nome é Katniss... — começo.

— Everdeen — Ele completa junto comigo.

Percebo que preciso soltar sua mão, mas ele não cede tão facilmente e seus dedos se arrastam suavemente pelos meus antes de perderem o contato.

— Nós nunca conversamos antes. Por que você se lembraria de mim? — questiono.

— Você não faz ideia do efeito que causa — Ele declara com sua voz aveludada, mantendo seus olhos nos meus.

Ajeito a alça do vestido, que escorregou pelo meu ombro, sem tirar meus olhos dele também. Finalmente, sou a primeira a dizer algo.

— Só houve aquela vez... Foi logo depois do acidente com meu pai. Fui à padaria sem levar dinheiro suficiente e você foi até a calçada me entregar alguns pães, escondido da sua mãe. E aquele gesto fez toda a diferença — Luto para evitar as lágrimas de brotarem. — Você não falou comigo, mesmo depois daquele dia. Foi a nossa única interação.

Aquele menino acendeu em mim um último fio de esperança, num momento em que eu mal sabia quando seria minha próxima refeição.

— Isso foi pouco antes da mudança para a Inglaterra com minha família. Você se lembra de mim também?

— Como poderia esquecer? Não se esquece do rosto da pessoa que representou sua última esperança... Porém guardei na memória suas feições de menino — Passeio meus olhos por seu rosto. — Reparando bem, você não mudou muito, mas nunca poderia imaginar revê-lo depois de tanto tempo.

— Você também não mudou nada, tirando o fato de que era uma menina também na última vez em que a vi. E se tornou uma mulher... Linda.

Ele, então, abaixa o olhar. Só assim as borboletas no estômago sossegam um pouco e sou capaz de formular uma frase coerente.

— Então, você sabia quem eu era e que estava ali conversando com a pessoa errada? Foi bom se divertir às minhas custas? — zombo de mim mesma.

— Calma! — Ele ri e seu sorriso estonteante me distrai. — Não havia reconhecido você ainda. Tive a impressão de que aquele rapaz era seu amigo de longa data e que vocês se reencontraram depois de muito tempo. Annie também se convenceu disso depois que contei que ele derrubou sua bebida e você continuou sendo agradável com ele.

— Quem tem uma amiga como a Annie não precisa de inimigos — murmuro entre dentes e, no mesmo instante, torço para que ele não tenha ouvido meu desabafo, mas... É claro que ouviu.

— Eu só fiz um comentário sobre o que vi — Ele ergue os braços em sinal de rendição — E Annie achou que poderia ser isso mesmo.

Peeta enfia as mãos nos bolsos da calça e examina minha face até seus olhos rolarem para baixo e se fixarem em minha boca. Ele quebra o silêncio, que já começa a ficar constrangedor.

— Você quer entrar? Annie está sozinha lá dentro.

Assinto e ele espera eu me deslocar para vir logo atrás. Novamente no interior do bar, encontramos também com Finnick, que acabara de chegar. Annie conversa com ele com uma carinha triste, mas sua face se ilumina quando me vê.

— Fico feliz que esteja aqui, Katniss! — Finnick se inclina para um beijo no topo da minha cabeça.

— Annie e sua insistência... Ou melhor, seu poder de persuasão — digo rindo.

— Mal entendido desfeito — Peeta anuncia satisfeito antes de eu e Annie nos abraçarmos.

— Ann, você não vai acreditar. Ele é o filho do padeiro — sussurro no ouvido dela.

— Não creio! — Ela exclama em alta voz, escapando do nosso abraço num salto pra trás, e depois põe a mão sobre os lábios, quando faço sinal para que fale baixo. — Este é o melhor encontro às cegas de todos os tempos!

— Eu só o reconheci quando ele se apresentou. Eu não o via desde que era um garoto! — pontuo.

— Agora é um homem feito. E muito bem feito. — Annie me cutuca. — Já vi que vou perder meu pôster autografado do Josh Hutcherson...

— Quem mandou apostar? — provoco.

— E, pelo visto, ele já é seu, Katniss!

— Jura? — Eu me admiro que Annie esteja sendo tão desprendida ao se referir à foto do nosso ator preferido, que ela guarda a sete chaves.

— Estou falando do Peeta! — Annie me acotovela levemente e olha de mim para Peeta, sem disfarçar, fazendo-me ficar ruborizada.

— O que vocês tanto cochicham aí? — Finnick segura a mão de Annie e nos leva até uma mesa.

Peeta se adianta e puxa uma cadeira para mim. Finnick faz o mesmo por Annie e toma a palavra.

— Preciso ter uma conversa séria com vocês — Ele faz suspense. — Cinna, o dono do bar, disse que hoje, além das competições individuais, haverá um desafio de equipes de karaokê, com direito à presença das maiores figuras do show business: Caesar Flickerman como apresentador e Plutarch Heavensbee como jurado! Isso significa que temos que formar um time para cantar. Vocês topam?

— Estou dentro! — Peeta se manifesta e Finnick comemora.

— Sou um desastre cantando, Finn, você sabe — Annie recusa.

— Você tinha que ter um defeito, não é, linda? — Finnick beija a mão de Annie unida à sua. — Katniss, você tem fama de boa cantora e...

— Hoje não, Finn. Desculpa.

Ele faz menção de insistir, mas observo Annie dissuadi-lo com um movimento de cabeça quase imperceptível.

— A equipe deve ter, pelo menos, três pessoas — Finnick murcha.

— Katniss, vamos fazer o seguinte: Finnick inscreve seu nome para entrarmos na competição e, depois, podemos substituí-la por algum dos meus amigos que devem chegar mais tarde. Pode ser? — Peeta propõe e recupera o ânimo de Finnick, ao mesmo tempo em que faz meu peito afundar com a perspectiva de rever alguns colegas de classe que me rejeitavam.

— Pode — respondo num fio de voz, enquanto os dois amigos se congratulam efusivamente, com tapas nas costas.

— Bem-vindos à 76ª edição dos Jogos Musicais! — Finnick brada.

Muitas pessoas já ocupam a pista de dança, aguardando as primeiras apresentações. Como Annie disse, os frequentadores levam a brincadeira de karaokê a sério.

— Vocês bebem alguma coisa, meninas? — Peeta indaga — Posso pedir dois Cosmopolitans? — Ele olha para mim pelo canto do olho.

Ponto pra ele! Observador e atencioso.

— É o preferido da Katniss! — Annie entrega — Pra mim, um Sex on the Beach!

— Você pede isso a ele assim? Na minha frente? — Finnick faz graça do trocadilho com o nome sugestivo do coquetel e Peeta fica encantadoramente corado.

— Você não se ofereceu para buscar, Finn! — Annie reclama.

— É que quero conversar um pouco com a Katniss.

— Vou indo lá — Peeta se afasta, sem dúvidas desconfiando de que o assunto será ele próprio.

Finnick abre o açucareiro que está numa pequena bandeja no centro da mesa e me oferece:

— Aceita um cubo de açúcar em troca dos seus segredos?

Nego com a cabeça, sorrindo de lado, e ele prossegue.

— Então, Katniss, você e Peeta já descobriram tudo um sobre o outro? Espero que não o suficiente — Ele pisca pra mim. — Sabe por que armei esse encontro às cegas?

— Não, mas acho que você está louco pra contar! — constato.

— Num dia chuvoso em Londres, estava almoçando com Peeta e recebi uma ligação da Annie. Durante a conversa, mencionei o seu nome e, nessa hora, vi aquele discreto rapaz simplesmente congelar no lugar... Ele ficou como uma estátua mesmo, sem exagero! Então, fiquei curioso e cruzei algumas informações. Ambos moravam em bairros próximos, frequentaram a mesma escola, têm a mesma idade... Por fim, deduzi que havia alguma ligação entre vocês.

— Você deduziu certo! — Annie revela — Segundo Prim, eles se gostavam na época da escola elementar.

— Annie! — Afundo na cadeira e levo minhas mãos ao rosto.

— Já fiz a boa ação do dia, então... Agora é com vocês! — Ele se levanta para ajudar Peeta, que já está de volta com as bebidas.

— Aqui está seu Cosmopolitan, Katniss — Peeta me entrega a taça e nossos dedos se roçam levemente, quando agradeço a ele com um sorriso.

Sex on the beach pra você, baby — Finnick deposita o copo à frente de Annie.

— Obrigada! — Ela passa os lábios pelo canudo e seus olhos se arregalam quando um homem de sorriso largo e com roupas de cores vibrantes sobe ao palco. — Caesar chegou! Vai começar!

O apresentador cumprimenta os presentes e chama a representante da primeira equipe de cantores, entrevistando-a rapidamente.

— Droga. A Cashmere está na equipe adversária. Ela canta bem — Finnick lamenta.

De fato, a mulher fatal de cabelos platinados arranca aplausos já nas primeiras notas de "A Thousand Years".

Heart beats fast
Colors and promises
How to be brave
How can I love when I'm afraid to fall
But watching you stand alone
All of my doubt suddenly goes away somehow
One step closer

(O coração acelerado
Cores e promessas
Como ser corajoso
Como posso amar quando eu estou com medo de cair
Mas vendo você sozinho
Todas as minhas dúvidas de repente vão embora de alguma forma
Um passo mais perto)

 

— Finn, a nossa música! — Annie não parece se importar com a rivalidade e faz Finnick se erguer.

Ele envolve seus braços ao redor da cintura dela, levando-a para dançar. Annie balança os dedos em nossa direção e ambos desaparecem entre outros casais. Ficamos por uns instantes apreciando a música.

I have died everyday waiting for you
Darling, don't be afraid
I have loved you
For a thousand years
I'll love you for a thousand more

(Eu tenho morrido todos os dias esperando por você
Querida, não tenha medo
eu tenho te amado
Por mil anos
Eu vou te amar por mais mil)

 

Noto o olhar de Peeta sobre mim, ainda que ele o desvie quando olho de volta.

Peeta limpa a garganta e pergunta:

— Por que não quer cantar, Katniss?

— Não faço isso desde que meu pai morreu.

— Oh, que pena! Bem, quero dizer... — Ele atropela a fala. — Não estou criticando seu luto. É que... Sua voz é uma das mais lindas que já ouvi.

— Obrigada — Fito o chão ante a afirmação dele, certamente com uns tons de vermelho colorindo minhas bochechas, e me pergunto como ele pode se lembrar de me ouvir cantar. — Finnick está tão empolgado. Espero que seus amigos queiram participar do karaokê.

— Delly não canta tão bem quanto a Cashmere, ou quanto você, mas ela adora!

Respiro aliviada quando ouço o nome de Delly Cartwright. Ela é filha de comerciantes, mas nunca foi maldosa como os demais e até está noiva do Thom, um rapaz da Costura, amigo de Gale.

— Então, Peeta, Annie disse que você vai assumir os negócios da família. — Formulo a pior frase possível. Afinal, posso ser confundida com uma pessoa interesseira. Felizmente, a questão não parece incomodá-lo.

— Eu queria voltar e a padaria é um bom lugar para recomeçar.

— Minha irmã sempre me pedia para ir com ela ver os bolos confeitados de lá.

— Era eu quem decorava os bolos naquela época — Peeta acrescenta graciosamente encabulado.

E, assim, iniciamos um papo que flui naturalmente. Peeta e eu falamos sobre nossas famílias, a vida dele fora do país, a padaria, nossos irmãos e nossos trabalhos.

Quanto mais converso com Peeta, mais interessante ele fica. Quando ele ri, eu rio também. Seu sorriso me cativa a cada vez que surge em seu rosto.

Realmente, Peeta se lembra de muita coisa a meu respeito e menciona os tempos da escola com uma alegria verdadeira, que faz seus olhos brilharem. É diferente e instigante ouvir sobre alguns fatos do passado sob o ponto de vista dele.

Os ponteiros do relógio parecem girar rápido demais. Quero que o tempo interrompa seu curso normal. Geralmente, o que sinto em situações semelhantes é o contrário.

Tudo parece tão perfeito: os olhares, os sorrisos, os braços se esbarrando sem querer... Ou por querer. Mas não posso me iludir com apenas algumas horas ao lado dele.

— Quer algo para comer? — Ele indaga.

— Ainda não vi o cardápio... Será que eles têm pão de queijo?

— Você gosta? Modéstia à parte, os pães de queijo que faço são muito bons.

— Então, mal posso esperar pela reinauguração da padaria — Eu me inclino para frente.

Não estou me reconhecendo! Eu, Katniss Everdeen, estou realmente flertando?

— Você não precisa esperar tanto — Peeta se aproxima também, seu rosto ficando sorrateiramente mais perto do meu.

— O que você quer dizer com isso?

Meu coração começa a martelar no meu peito, esperando a resposta. Peeta sorri para mim e eu, naturalmente, correspondo. Nós ficamos assim, debruçados na mesa por uns segundos, indo na direção um do outro, olhos nos olhos, as bocas ligeiramente abertas, querendo se comunicar de alguma forma, não necessariamente usando palavras.

Nesse momento, Delly rodeia a mesa e Peeta levanta o rosto para encontrar o sorriso radiante dela. Thom surge logo depois.

momento passa e eu me recosto novamente na cadeira, frustrada. 
O que está acontecendo comigo?
Respiro fundo, tentando encobrir minha decepção.

É inegável a surpresa de Delly ao pousar os olhos em mim e me reconhecer. E ela não esconde sua curiosidade a respeito da minha presença ali, tentando se comunicar com Peeta sem chamar minha atenção, mas falhando terrivelmente ao abrir um sorriso maior ainda quando ele discretamente faz um movimento afirmativo com a cabeça. Percebendo que não estou alheia ao comportamento deles, Peeta muda o foco da situação.

— Chegou sua substituta no karaokê — Ele se levanta para cumprimentá-los e eu me ergo para fazer o mesmo. — Você se lembra da Katniss, Delly?

— Sim — Ela fala baixinho, com certa dificuldade — Da escola e por causa do Gale também. Ele é muito amigo do Thom.

— Ah, claro. O Gale. Eu me lembro dele da época do colégio — Peeta diz com ar desapontado.

Thom lança um olhar de repreensão para Delly e acho que ela se dá conta da gafe.

— Desculpe-me, Katniss. Não devia ter falado no...

Thom beija rapidamente os lábios dela, antes que conclua a frase.

— Você continua falando, Dell — Ele brinca. — O médico recomendou poupar a garganta.

— Poupar a garganta? Você não vai cantar hoje, Delly? — Peeta indaga.

— Estou completamente rouca — A voz de Delly vai sumindo conforme ela fala.

— Ela está ficando sem voz desde ontem — Thom explica — Nada de karaokê hoje.

— E você, Thom? Não canta? — Arrisco perguntar, pois já estou com receio de não me livrar de ter que completar a equipe do Finnick.

— É mais fácil Delly cantar sem voz do que eu subir no palco.

— Tímido! — Leio a palavra nos lábios de Delly, enquanto ela acaricia a face do noivo.

— Peço desculpas pela interrupção, mas já vamos procurar outra mesa pra nós dois e deixá-los à vontade — Thom avisa e Delly troca olhares cúmplices com Peeta enquanto se distancia.

— Onde nós paramos? — Ele pergunta ao se sentar, dissimulando inocência.

Não tenho oportunidade de responder, pois Annie e Finnick tropeçam até suas cadeiras, rindo e ofegantes.

— Finnick, a Delly já chegou, mas não pode cantar — Peeta comunica e Finnick coça a nuca.

— Katniss, canta, vai? Diz que sim... — Ele implora com as mãos postas.

Torço o nariz, mas não consigo negar o pedido.

— Tudo bem.

— É assim que se fala! — Annie batuca no tampo da mesa com as mãos abertas e, em seguida, aponta para o palco, onde Caesar convoca seu namorado para subir.

Finnick se põe de pé com agilidade e disposição.

— Este ainda não será o ponto alto da noite. O que vocês vão ver agora é apenas um aquecimento — ele anuncia e corre até as escadas laterais, não sem antes pegar um punhado de torrões de açúcar.

No palco, Caesar o apresenta e diz:

— A canção que você escolheu não é para alguém modesto.

— Eu sou modesto, Caesar. E sou também tudo o que há na letra da música!

— Quero muito saber se você tem mesmo todo esse talento, rapaz! — A luz neon evidencia os dentes exageradamente brancos do apresentador, quando ele sorri ao fim da sua frase, ao mesmo tempo em que a canção se inicia.

Então, assisto boquiaberta ao meu amigo numa performance hilária da música "I'm too sexy", distribuindo cubos de açúcar para várias meninas à frente do palco, que vão ao delírio com seus passos de dança acompanhados de caras e bocas.

I'm too sexy for your party
Too sexy for your party
No way I'm disco dancing
I'm a model, ya know what I mean
And I do my little turn on the catwalk
Yeah on the catwalk
On the catwalk, yeah, I do my little turn on the catwalk

(Sou muito sexy pra sua festa...
Muito sexy para sua festa
Sem essa... estou numa discoteca
Sou modelo, sabe o quero dizer...
E dou minha irresistível virada na passarela
Sim, na passarela,
Na passarela, sim, e dou minha irresistível virada na passarela)

 

A energia de Finnick é mesmo contagiante e até eu já estou de pé, balançando ao ritmo da música com movimentos comedidos.

— Eu vou até lá! — Annie grita acima do som alto.

— Vamos também? — Peeta pergunta e estou a ponto de recusar, quando vejo Peter me fitando e fazendo uma dança supostamente sensual em minha direção.

— Vamos! — concordo depressa.

Dançar não é o meu ponto forte, mas os riscos são mínimos. A música é animada e não exige muitas habilidades de dançarina.

Peeta pega a minha mão. A sensação do toque firme e constante é ainda mais acalentadora que o nosso aperto de mãos. Enquanto ele tece um caminho pela multidão, preciso me apoiar em seu ombro para me equilibrar. Peeta volta a cabeça para olhar onde minha mão está e dá um sorriso de aprovação.

Quando estamos ao lado de Annie, diante do palco, Peeta me coloca à frente dele, enquanto guarda protetoramente minhas costas. É minha sorte, pois alguém, no auge da empolgação, impulsiona o corpo para onde estamos.

Com o movimento abrupto do empurrão, somos jogados um contra o outro. Uma fagulha inegável surge com os nossos corpos tão próximos, como duas peças que se encaixam com perfeição e, mesmo nesse curto instante, essa conexão parece fazer sentido.

Peeta se desvencilha de mim com cuidado e até um pouco relutante. Minha pele explode em sensações indescritíveis quando ele afasta meus cabelos para o lado e sinto seu hálito quente perto da minha orelha:

— Está tudo bem?

Penso que está tudo mais que perfeito, mas não me expresso por palavras. Apenas balanço a cabeça para tranquilizá-lo e me viro para encontrar seus olhos. Aqueles olhos novamente...

Peeta me transmite segurança e me faz sentir que estou no lugar certo, que estou onde pertenço. Ao mesmo tempo, faz surgir um calafrio na espinha, que parece que fui colocada numa cadeira de montanha-russa, inclinada na beira da descida íngreme que precede o loopingSem barra de segurança.

Ele volta a me deixar arrepiada ao tocar em meus ombros para me garantir que estará ali. Peeta mantém certa distância, mas ao mesmo tempo está perto o suficiente para que eu possa sentir o calor do seu corpo.

— Ei, você não é o Mellark? — O rapaz que esbarrou nele segundos antes indaga.

— É o Peeta, sim! — Uma voz feminina irritante confirma.

Peeta se vira para trás, mantendo uma das mãos em meu ombro. No entanto, ele é puxado para longe e, conforme se afasta de mim para interagir com as figuras que o reconheceram, meu coração vira do avesso.

Já sinto falta dele próximo a mim. Aliás, não só sinto falta, como fico reproduzindo mentalmente a sensação inédita, imaginando estar envolvida nos braços de Peeta de verdade, e não por acidente. Um sorriso bobo aparece nos meus lábios.

No entanto, ele se dissolve, quando giro a cabeça para saber quem são as pessoas que o encontraram por acaso: os primos Marvel e Glimmer.

Meus piores pesadelos na época da escola secundária.


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Notas finais do capítulo

Oi de novo!

Minha vida deu uma reviravolta tão grande nas últimas semanas, que levei dez dias só para revisar esse capítulo e acrescentar algumas coisas!⏳⌛

Conto com as orações e o pensamento positivo de todos para que tudo se encaminhe bem daqui pra frente...

Estas são as músicas mencionadas no texto:
— A thousand years — Christina Perri 
— I'm too sexy — Right Said Fred

Beijos!

Isabela



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