Infinity escrita por Lilly Belmount


Capítulo 7
Capítulo 7




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Lilly não conseguia desviar o seu olhar do palco. Hunter só poderia ter um imã de atração. Ela tentava pensar em outras coisas, por mais simples e sem sentido que fossem, mas se tornava impossível. Com muito esforço ela voltou para a mesa onde Jorge estava. Ele estava conversando animadamente com algumas garotas, mas assim que viram Lilly sentando-se ao seu lado pediram licença e se retiraram. Talvez pensassem que eles tinham algum envolvimento.

Jorge apenas a observou por alguns minutos em silêncio. Sua amiga estava precisando de sua interferência o mais rápido possível.

— Animo Lilly! — exclamou Jorge praticamente gritando por cima da música alta.

— Preciso beber alguma coisa, sei lá. Causar um apagão na minha mente. — desejou ela com força.

Ele a olhou estranhamente e lhe entregou o seu copo com Whisky, mas ela ignorou. Não gostava de nada alcoólico. Levantou-se e foi até o bar. Havia algumas pessoas a serem atendidas, mas ela não se importou em ter que esperar a sua vez chegar. Tentava disfarçar o seu nervosismo enquanto mexia numa mecha de seu cabelo.  Assim que teve a sua vez de ser atendida, Lilly pediu uma soda italiana de maçã verde. Em poucos segundos já estava pronta e bem gelada. Só de olhar ela já começava a sentir sua boca se encher de água. Lilly tomou um pouco da bebida e se preparou para sair dali e retornar para junto de seus amigos. Infelizmente ao se virar ela deu de cara com um rapaz e parte de sua bebida foi embora.

— Olha por onde anda seu babaca — resmungava Lilly pela bebida derramada.

— Não reclama, não. Você é quem deveria olhar onde anda. — murmurou o rapaz.

Em sua voz não havia raiva e sim divertimento. Só poderia ser alguma brincadeira de mau gosto. Tinha que ser Hunter para atrapalhar a sua noite.

— Mas que merda! — esbravejou ela — Não tinha um lugar melhor para fazer o seu pedido? Tipo o inferno?

Ele não entendia nada do que estava acontecendo, mas desde cedo ela estava agindo feito louca. Não olhava em seu rosto, vivia procurando alguma desculpa para não estarem no mesmo ambiente.

— Por que você está nervosa? Eu te fiz algo que te deixou mal? — Hunter queria saber de tudo. Está estranha.

Lilly deu de ombros.

— Por que você vive me perseguindo, me estressando? Desapega, meu filho. — disse ela saindo do bar.

Antes que ela pudesse ir longe Hunter a segurou pelo braço. Ela parou imediatamente com o seu toque. Ela virou-se para melhor observá-lo. O olhar de Hunter para ela era calmo e gentil, mas ressentido. Ele não estava tão bem quanto aparentou no palco.

— Me desculpa, Lilly.  — pediu ele com a voz suave — Eu tenho sido muito chato com você e como prova da minha gentileza irei te pagar outra bebida.

— É o jeito! — exclamou ela levantando a sobrancelha — Não posso ficar sem beber.

— Algum pedido em especial? Ou a mesma bebida verde? — quis saber ele.

Ela riu diante do seu desconhecimento da bebida.

— A bebida verde é uma soda italiana. — murmurou ela divertida.

— Acho que vou experimentar. Tem cara de desafio. — brincou ele.

Lilly balançou a cabeça incrédula. Pelo menos ele a estava ajudando a descontrair um pouco mais. Era bom que a noite continuasse daquele jeito. Não valeria a pena  continuar brigando e ignorando Hunter com tanta frequência. Em algum momento teriam que se entender. Ficaram lado a lado esperando até serem atendidos pelo barman. Ele tamborilava os dedos no balcão freneticamente e Lilly apenas observava.  Não era no ritmo da música que tocava no bar, mas talvez alguma que se passava pela sua cabeça. Uma hora ele teria que parar.

Ela esperou pacientemente, mas nada acontecia. Teria que interferir antes que ficasse louca.

— Quer parar? Esse troço é irritante demais. — resmungava ele segurando as mãos dele.

Hunter a olhava estranhamente.

— Tem certeza de que está tudo bem? Você não é assim, Lilly.

— Tenho, meu filho. Oxi! — ela encarava a pista de dança empolgada — Quer saber? Fica aqui, curta a solidão. Irei me juntar a Estella e a Joanna na pista de dança.

Lilly deixou a sua taça no balcão e logo se juntou as suas amigas. Aquela noite seria apenas dela e nada nem ninguém tiraria o sorriso de seu rosto. A música começou levemente envolvendo Lilly e as garotas num só ritmo. O sorriso delas ia além daquele momento, do espaço em que se encontravam. Não tinham medo de ser quem elas eram de verdade. Moviam-se com graça e beleza, mas elas não percebiam o quão bom eram quando estavam juntas.

Mesmo de longe Hunter as observava, talvez mais do que imaginava. A forma como as luzes refletiam sobre elas as deixavam ainda mais encantadoras. Havia uma mistura de sensações e sentimentos que as dominavam por completo. Ele não sabia dizer ao certo o que era, mas as observava com outros olhos naquele momento. Tentou desviar o olhar, pois não queria deixá-las desconfortáveis.

Poucos minutos se passaram desde que as garotas estavam na pista de dança. Quanto mais dançavam, mais leve se sentiam, pois se sentiam livres para fazerem o que quisessem. Não levou muito tempo para que elas decidissem fazer uma pausa, precisavam recuperar as energias. Joanna ainda cantarolava algumas músicas junto com Estella. Seu rosto estava vermelho de tanto gritar a plenos pulmões. Não perdia o sorriso maroto.

Mesmo com um sorriso nos lábios foi Jorge quem percebeu o quão distante Lilly estava. Ela se deixava levar pelos pensamentos e se desconectava daquele momento, das pessoas que estavam ao seu redor. Vagava por um lado desconhecido e sozinha.

— Xuxu, está tudo bem? — perguntou ele aflito.

— Sim. Por quê?

— Estou te achando tão distante. Quer desabafar? É assunto do coração? Sei quando as minhas amigas estão apaixonadas e com o coração partido. — insistia ele com a voz afetada.

Ela colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha.

— Não é nada demais, meu querido. — mentiu ela — Só estou pensando demais. Infelizmente são coisas da faculdade, juro que tento não pensar, mas não posso ter o controle de tudo o que acontece. Não é verdade?

— Você está certíssima. Agora muda essa expressão e aproveite essa noite maravilhosa ao lado dos seus amigos.

As horas iam avançando de acordo com o divertimento do grupo. Desde que Lilly foi dançar com as amigas, Hunter decidiu não importuná-la. Talvez ela se sentisse melhor na companhia dos amigos.

As conversas começaram a tomar outro rumo e cada vez mais a mesa ficava cheia de garrafas de cerveja. Lilly pedia para que fossem cautelosos, mas ninguém estava se importando com o resultado final. Joanna e Estella já estavam falando enrolado e com o corpo todo mole. Jorge não sabia mais como parar. Um dos garçons se aproximava com mais uma garrafa, mas ela pediu que fosse devolvida e que lhe trouxesse a conta o quanto antes. Depois de pagar a conta ela se levantou da mesa e começou a conduzi-los para fora daquele lugar.

Com muito esforço os amigos foram para fora do bar. Estavam trôpegos demais e isso estava deixando Lilly cada vez mais assustada. Não sabia o que faria para levá-los para casa. Afinal, ela não sabia dirigir. Como foi que eles perderam o juízo e se permitiram ir tão longe daquele jeito? Os murmúrios de um grupo se aproximando a deixou alarmada. Quem sabe poderia encontrar uma saída. Mesmo que lutasse contra, ela sorria aliviada por ver que era Hunter e a banda que estavam caminhando para o estacionamento.

Ao notá-la ele pediu licença aos amigos e se aproximou lentamente da jovem. Ela falava consigo mesma.

— Como foi que beberam tanto? Gente do céu. — disse ela chocada.

Hunter estava ao lado de Lilly. Ele sentia vontade de rir, mas se esforçava para não deixa-la irritada.

— Está com sérios problemas. — observou ele irônico.

— Você acha? Como é que vou levar esses três embriagados para casa?

— Dirigindo? Você foi a única que não bebeu feito uma louca.

— Ah... e eu tenho cara de quem sabe dirigir? Vou enfiá-los num ônibus e quem sabe até que um deles tomem consciência do que fizeram é errado.

Ele gargalhou.

— O pessoal da banda pode dar uma carona se quiser, Lilly. Pode confiar neles. — sugeriu Hunter.

Era melhor do que nada. Ela tinha que admitir, talvez apenas para si mesma.

Aos poucos os amigos de Hunter foram se organizando para levá-los para casa. Lilly esperou pacientemente até que ela pudesse ocupar o seu lugar na mini van. Antes mesmo que ela pudesse entrar foi puxada para longe daquele carro.

— Você vem comigo! O carro dos rapazes ficou cheio demais.

Ela levantou a sobrancelha.

— Eu prefiro ir espremida no meio de todos eles. — resmungou ela cruzando os braços.

— Nem fodendo. Eles não podem levar multa por excesso de pessoas. — alertou ele — Entra logo no meu carro. Eu não vou te morder.

Lilly caminhou até o carro de Hunter por contragosto. Não estava gostando anda de como aquela noite iria acabar. Não demorou para que estivessem em seus lugares e o carro começasse a deixar o estabelecimento.

— Você é um chato, sabia? Dava pra ir com o pessoal. — murmurava ela olhando para os comércios que iam ficando para trás.

Ele riu.

— Eu sou chato, Lilly? — ele fingiu estar ofendido — Não acredito que você disse uma coisa dessas. Como a nossa viagem será longa até eu te deixar na sua casa, podemos fazer perguntas um par o outro e se conhecer melhor. O que acha?

Lilly revirou os olhos incrédula.

— E o que te fez acreditar que eu quero te conhecer?

Não seria fácil ter uma conversa com Lilly. Era por isso que ele sempre a importunava, sempre um desafio a ser encarado. Notou que ela olhava em sua direção esperando por uma resposta.

— Sei que lhe dou motivos para querer se afastar de mim, mas é que esse é o meu jeito, Lilly. Gosto de brincar com as pessoas, de tentar mudar um pouco mais a sua rotina, de ver o quanto elas são especiais quando sorriem. — explicava ele — Com você não é diferente, apesar de você conversar com os alimentos e fazer muitas expressões.

Ela levantou a sobrancelha desafiadora.

— Por que você cismou que eu converso com os alimentos? — ela estava curiosa.

— Eu não sei. Foi você quem passou essa ideia e achei inovadora.

Deu de ombros.

— Pode falar que eu sou louca, fora dos padrões e que os meus amigos são uns babacas. Eu não ligo.

— Também não é assim, Lilly. — ele ia se rendendo — Você não é louca e nem nada disso. Tudo o que eu falo é na brincadeira. Nunca tive a intenção de magoá-la.

Um silêncio interminável nasceu entre eles. Não que estivesse com raiva, mas Lilly preferia não dizer mais nada para Hunter. Não seria justo com ele. Não era sua culpa o fato de seus amigos terem bebido tanto a ponto de não lhe acompanharem de volta para casa. A noite estava ficando mais gélida e ela passava as mãos pelo braço na tentativa de diminuir o frio que se alastrava pelo seu corpo. Hunter esticou o braço e pegou a sua jaqueta vermelha que estava nos bancos de trás. Ao sentir o tecido ele puxou e deu para Lilly. Sem hesitar ela aceitou e a vestiu com urgência. Rapidamente ele olhou para ela admirado.

— Vermelho combina com o seu tom de pele!

Ela o olhou estranhamente, mas não disse uma única palavra que fosse.

Não demorou para que ele estivesse diminuindo a velocidade do carro. Já estavam bem próximos da casa da jovem. Hunter estacionou na frente da casa da garota. Saiu do carro e correu para abrir a porta para ela. A noite estava ficando ainda mais gelada. Se ele não tivesse lhe dado a jaqueta, provavelmente ela estaria congelando.

— Está vendo Lilly, a minha companhia não foi tão ruim assim — gabava-se Hunter encostado na lateral do carro.

Ela deu de ombros.

— Como você é convencido! — exclamou ela cruzando os braços — Eu dormi uma parte do trajeto, você não parava de falar. Acha mesmo que eu estaria me sentindo bem na sua companhia?

Hunter não esperava que Lilly pudesse agir dessa forma, pois haviam conversado tanto sobre coisas aleatórias e sobre o porquê de brigarem tanto, parecia que algumas diferenças finalmente haviam ficado de lado. Não era fácil convencê-la a mudar a realidade entre eles.

— O que eu tenho que fazer te convencer que sou uma boa pessoa e que vale a pena me dar essa chance? — perguntou ele decidido.

De repente ela ficou sem palavras. Era a oportunidade que ela precisava para enfim colocar um ponto final em tudo.

— Eu não sei Hunter. Infelizmente eu não sei. — murmurou ela baixando a cabeça.

Hunter pegou em sua mão e a trouxe para mais perto de si. Tocou o seu rosto fazendo com que ela olhasse em seu rosto.

— Do que você tem medo? Acha que eu seria capaz de te machucar? Me conte, por favor!

Tenho medo do que eu possa sentir quando estou com você! Pensou ela.

— Desde quando eu tenho medo? — ironizou ela — Isso só pode ser coisa da sua cabeça — disse ela passando a mão pelos cabelos nervosa — Preciso entrar, está ficando tarde.

— Tudo bem! Nos vemos então.

Eles se despediram com um aceno desajeitado. Ela por sua vez se sentia estranha pela companhia que tivera até aquele momento. Era coisa de sua cabeça, já passara outras noites ao lado de Hunter e sempre acabava do mesmo jeito. Era o cansaço que começava a dominá-la por completo. Só precisava de alguns minutos para se desfazer de toda aquela produção e assim ficaria melhor.

As luzes da casa se encontravam completamente apagadas. Não havia um único foco que servisse como guia, mas não seria necessário ligá-las. Tateando uma coisa ou outra Lilly foi diretamente para o seu quarto. Logo ela tirou os sapatos e foi até o guarda roupa escolher algo para dormir do jeito que gostava. Lilly trocou de roupa e colocou algo mais confortável. Seu corpo pedia incansavelmente pela sua cama. Tinha que ler pelo menos algumas páginas de algum livro para ter um sono mais tranquilo, gostava de ter com o que imaginar até que finalmente adormecesse.

Uma hora se passou desde que ela começou a leitura. Seus olhos eram ligeiros pelas páginas que passavam. Havia momentos em que era necessário que ela se ajustasse na cama para melhor compreender o momento cheio de ação que encontrava, mas depois vinha o seu momento mais calmo e ela quase sentia vontade de fechar os olhos e mergulhar mais a fundo naquela história. A leitura de seu livro a estava deixando sonolenta. Era hora de dar uma pausa e finalmente descansar como deveria, mas ela insistia em ler alguns parágrafos a mais. Seus olhos lutavam contra a vontade de permanecerem fechados por bastante tempo. Lutar contra o cansaço não seria a melhor saída. Ela fechou o livro e o colocou na mesa ao seu lado. Verificou se o celular estava conectado no carregador como sempre fazia todas as noites.

Depois de alguns minutos, Lilly já estava completamente largada em sua cama, sua respiração ia se acalmando, o corpo relaxando e os olhos fechando lentamente. Sua mente se esvaziava em direção ao mundo dos sonhos, mas antes que ela pudesse mergulhar fundo o celular começou a vibrar. Tinha que ser alguém muito importante para lhe encher o saco a uma hora daquela.

Ela bufou antes de se esticar para pegar o maldito aparelho. Ficou furiosa ao ver a foto de Hunter. Ela iria matá-lo quando o visse no dia seguinte.

Hunter diz: Acho que esqueci a minha jaqueta com você hahaha

Lilly diz: Eu já estava cochilando seu desgraçado! Esperasse até amanhecer para me mandar mensagem.

Ela digitou rapidamente com os olhos quase fechando de tanto cansaço.

Hunter diz: Foi um presente dos meus padrinhos, por isso é especial. Poderia ter sido roubado.

Ela lutava contra a vontade de não responder mais as mensagens, mas não aguentou e logo enviou a resposta.

Lilly diz: Fique feliz por eu ser uma pessoa maravilhosa e não ter tacado fogo nela. Você não usa perfume, toma banho. Muito forte por sinal.

Hunter diz: HAHAHA Adoro causar essa reação nas pessoas. Aposto que deve estar dormindo agarrada com essa jaqueta, me imaginando ao seu lado te abraçando hahahaha

Lilly diz: Que horror! Você não faz o meu tipo, já disse. E não faço essas coisas, sua jaqueta está pendurada na porta do meu guarda roupa. BOA NOITE, HUNTER.

Hunter diz: Espera, conversa comigo mais um pouco. Estou sem sono.

Ela teve que se controlar para não rir alto.

Lilly diz: Você bebeu muito, não foi? Preciso descansar ou ficarei ainda mais chata do que já sou.

Hunter diz: E é possível você ser mais chata?

Lilly diz: Não viu nada ainda! Tudo isso é possível, sim.

Hunter diz: O gosto daquela bebida ainda está na minha boca. Você tem um bom gosto. Será que vicia?

Lilly diz: A soda italiana é maravilhosa e vicia. Será que eu posso dormir um pouco Hunter?

Hunter diz: Ah não! Está tão legal a nossa conversa. HAHAHA.

Lilly diz: Você é um idiota. Para de ficar rindo, nada disso tem graça.

Hunter diz: É tão doce e azedo ao mesmo tempo. Imagina receber o beijo de alguém com o gosto de maçã verde, deve ser maravilhoso.

Lilly diz: TCHAU, HUNTER.

Ela não iria aguentar conversar com ele durante mais tempo, pois foi como se o visse ali diante de si com alguma garota.

Lilly, você está ferrada. Esse garoto veio para mudar a sua vida por completo. O resultado não vai ser o que você espera. Pensou ela consigo.

*****

Passava das dez horas da manhã quando o quarto de Lilly foi invadido pela presença de Estella. Seu agito logo cedo era de deixar qualquer um maluco. Ela conhecia muito bem a rotina da família para estar tão à vontade. Estella observou a amiga dormir um sono tranquilo. Era uma pena que a sua vida não fosse daquele jeito.

— Acorda Lilly! — exclamou ela cutucando Lilly de todas as formas possíveis — Está um dia lindo e maravilhoso.

A jovem cobria ainda mais o rosto.

— Só mais cinco minutos — resmungou Lilly grogue.

Estella resolveu dar esses cinco minutos de vantagem para a amiga. Ela poderia estar sonhando com algo muito bom. Não seria legal interromper esse momento mágico. Olhou algumas vezes em seu celular e nada parecia acontece, pois os minutos não mudavam. Até nisso Lilly estava dando sorte, mas Estella não esperaria tanto tempo assim, ela não tinha paciência.

— Hora de levantar princesa! — chamava Estella carinhosamente — Preciso de você linda e maravilhosa.

— Me ame menos, Estella. O que faz aqui tão cedo? — perguntou Lilly se ajeitando na cama.

— Amiga... eu queria te pedir desculpas por ontem à noite. Estava tão feliz que acabei pegando pesado na bebida, mas ao contrário de você estou me sentindo muito bem.

— Está tudo bem. — Lilly cedeu — Dessa vez você não foi longe assim. Até que se comportou.

— Você veio embora com o Hunter. Como foi? — quis saber ela empolgada.

Já deveria desconfiar que o assunto seria aquele. Não era tão importante quanto aparentava ser.

— Nada demais. Ficamos em silêncio até chegarmos na porta da minha casa. Só isso. Ele foi educado em trazer uma desconhecida. — murmurou Lilly.

Estella colocou a mão na boca surpresa.

— Você está afim dele — apontou a amiga.

Lilly a olhou com indiferença.

— Claro que não! — exclamou ela alto — Até mesmo porque a namoradinha dele é a Laura.

Estella ficou boquiaberta.

— Perai... a Laura. A mesma que vive te infernizando? Tem certeza?

Lilly assentiu revirando os olhos.

— Pelo menos foi o que deu a entender ontem enquanto eu coletava algumas informações para o projeto. — explicou ela sem graça.

Estella estava com uma expressão engraçada. Até parecia que queria vomitar.

— Que horror! — exclamou ela chocada — Tanta pessoa boa para ele se envolver, mas a... Laura? Isso é demais para a minha existência humana.

Ela deu de ombros.

— Deixa ele ser feliz... ou não.

Elas caíram na gargalhada. O clima entre elas era a de diversão. Com Estella a seu lado nunca havia dias cinzas e complicados. Uma amizade que sempre as manteve unidas e fortes. Davam o apoio que precisavam para que nunca desanimassem e desistissem de seus sonhos e projetos. Eram como verdadeiras irmãs, mas de mães diferentes, pois Louise não aguentaria ter criado as duas.

*****

Com a chegada do amigo, Hunter se sentia mais leve e confiante. Se conheciam desde crianças e sempre estavam juntos fosse na brincadeira ou em algum momento mais sério. O dia estava maravilhoso para colocar assuntos em dia enquanto corriam ao redor Lago Negro. O ritmo era tranquilo, não havia nada de pressa ou algo do tipo. Oliver estava gostando de conhecer ainda mais Rio Grande do Sul. Passara tantos anos longe que agora diante do seu retorno até parecia que ele era um verdadeiro turista.

— Como foi que você conheceu a filha da funcionária dos seus pais? — quis saber Oliver curioso.

— Por incrível que pareça foi no restaurante. Ela estava substituindo a mãe que estava doente. Não sei, mas tem algo que faz com que ela não goste de mim e nem queira ser a minha amiga.

Oliver ficou surpreso com a revelação do amigo e então resolveu brincar.

— Como assim? Ela só pode ser louca em não querer ser a sua amiga, cara! — exclamou Oliver com a voz afetada — Hunter, você é todo lindão e todas as garotas te amam e te adoram.

— Talvez não sou tudo isso para ela. — murmurou ele cabisbaixo.

Oliver já havia começado a notar os sinais que Hunter estava lhe dando. Ele não poderia estar se apegando a uma garota que mal lhe dava a chance de conversar, de se tratarem com cordialidade que mereciam. Sentiu que Lilly era mais do que um desafio para Hunter, mas ele saberia como dar a volta e fazer tudo diferente.

— Percebi no jantar que ela é bem diferente do que parece. É mais reservada e quando está magoada consegue ignorar de maneira fria e rude. Ela tem medo de algo.

Hunter olhou estranhamente para o amigo.

— Chegou a essa conclusão a vendo em apenas uma noite?

— Um pouco.

— Depois dessa, preciso de um longo dia aproveitando o mundo dos games. Vamos pra sala de jogos. — exclamou ele esbugalhando os olhos azuis de maneira divertida.

Dito isso os dois rapazes se encaminharam para a sala de jogos. Oliver continuava animado e fazia muitas brincadeiras com Hunter. Infelizmente ele estava com a mente em outro lugar, em outra pessoa na verdade. Queria acreditar que nada daquilo estava acontecendo, que fosse apenas um simples engano e que não haveria sentimentos por nada e nem ninguém, mas se tornava complicado e impossível de ter uma conclusão definitiva.

O lado bom de se ter uma amizade com Oliver era a que ele não invadia a privacidade alheia. Respeitava as vontades e limites do amigo. Com ele nunca era necessárias muitas explicações ou desculpas para tudo o que viviam. Bastava uma olhada discreta para que tudo se encaixasse e fizesse sentido para as suas travessuras. A vida simplesmente se encarregava de trazer as melhores pessoas para a sua vida. Esse sempre era um dos verdadeiros motivos para que Hunter nunca fosse negativo ou sequer deixasse de sorrir em algum momento. Aprendera a ser assim e era grato.


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