É Hoje! escrita por MiSwan


Capítulo 1
Capítulo 1




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Toda a gente me conhecia por ser a filha do Chefe Swan e da professora Renné. Mas não era só isso... eu também era uma "durona". Se caísse, e caía muitas vezes, mesmo que cortasse a perna ou assim, não chorava. Literalmente torcia o nariz e mordia o lábio. Ninguém precisava de me ver a chorar. Desde pequena que sou assim, tanto que a minha mãe ralhava porque eu sou, palavras dela, "geneticamente independente". Isso é bom, vamos lá ver: não tinha que andar sempre a chamar por eles, consegui arrancar os dentes de leite sozinha... coisas dessas. Eu achava que era maravilhoso. 

Mas, ao ser assim, também me sentia sozinha. Tenho amigos, sempre tive, certo, mas somos tão diferentes uns dos outros que, quando se fez um último jantar, antes de todos irem para a faculdade, percebi que haviam arranjos. Esta e aquela iam juntas e até já tinham um apartamento. Aqueles ali iam para outro lado... planos que foram construindo ao longo do último ano e, por muito que eu conversasse com todos (nunca fui esquisita, nem de grupos), deixaram-me de fora. Apenas uma colega, a Lauren, tinha ideia de ir para a mesma Universidade que eu. No dia em que saíram as colocações, vendo que ela também estava colocada, perguntei-lhe se queria ver apartamentos e dividíamos as despesas "desculpa, Swan, já tenho lá família, não posso ir contigo". Senti-me sozinha, claro está. Chorei, sozinha no meu quarto, o mais silenciosamente possível para que os meus pais, já zangados comigo por eu ser assim, não me ouvissem. 

Lá fui eu, sozinha para a cidade grande, sem perspetivas de conseguir um apartamento, fui para uma residência. O que me interessava era o curso, tinha que fazer o curso e ser tão bem ou melhor sucedida do que no ensino secundário. Queria que os meus pais se orgulhassem. E, com 23 anos, consegui o título de mestre em Literatura Inglesa, com uma tese sobre a obra de Jane Austen. Custou-me imenso, mas consegui. 

E, mesmo sendo durona, consegui encontrar um grupo de amigas igualmente loucas como eu: a Tânia, a loira que pára de andar se vir gatos; a Victoria, sempre pronta a ajudar; a Alice, o porta-chaves que galga todas as lojas; e a Rose, a mais madura de todas, a mãezinha, casada com o irmão da Alice, Emmett Cullen. Conhecemo-nos na primeira semana e foi quase amor à primeira vista. Completavamo-nos de uma forma não melosa, falávamos sobre tudo, tudo mesmo, esquecendo esse código louco de que as damas têm que ter um certo sei lá o quê. A Victoria, por exemplo, foi a última a juntar-se ao gang, coitada! Quando nos viu a fora de aulas, num ambiente totalmente relaxado, ficou assustadíssima! As histórias que teve que ouvir... 

 

****Sala de Estar, casa da Rose****

— Meu Deus! - Começa a Rose, mal entra em casa. - Estava a guardar este o caminho inteiro! Maldita francesinha! 

Depois daquele som, a Victoria nunca mais foi a mesma. O pum foi sonoro, mal cheiroso e arrancou gargalhadas a todas. Menos à pessoa chocada à entrada. 

— Olá, Victória! Estas somos nós, a uma luz real, sem filtros nem nada. Não te assustes, não mordemos, mas a Alice já se peidou na cara da Rose, eu arroto mais alto que grande parte dos rapazes que conhecemos e a Tânia adora largar uma bombinha de mau cheiro em elevadores. 

*******

Nenhuma negou e a pobre Victoria lá se acostumou com o nosso estilo... bem, seja lá que estilo for. 

Quando acabámos os estudos, decidimos ficar na mesma cidade, sempre seria mais fácil arranjar emprego num lugar grande que numa cidadezinha pequena, certo? Então, num fim de semana de Agosto, como todas tinham coisas combinadas com os namorados / maridos, peguei no carro e fui a uma feira do livro (segundo os meus pais, sou capaz de gastar mais dinheiro em livros que em comida). Mal cheguei encontrei logo lugar para estacionar (graças a Deus!), toda contente da vida lá estacionei, peguei nas minhas coisas, saí e tranquei o carro ao mesmo tempo que o homem que estava estacionado à minha frente saiu. 

— Quase que me riscavas o carro. 

Parei, inclinei a cabeça e sorri. "A sério?", pensei, "deve ter apanhado muito sol".

— Não me encostei assim tanto e, ora vê, consigo passar entre o meu carro e o teu na boa. - Disse enquanto passava entre os dois carros. - Talvez devesses ir a um oculista, só para prevenir. 

Ele seguiu-me, a rir. Raio que o homem era alto! Tenho 1,65, mas ele é, sem problema nenhum, uns bons 20 cm, se não mais, mais alto que eu. 

— Vais à feira do livro? - Com dois passos, estava muito à minha frente, a andar de costas, falando cara a cara comigo. - Sou o Edward Cullen. 

Parei. "Cullen"? Tipo os meus Cullen: Alice e Emmett?! Eles nunca me falaram de outro ser saído da vagina da dona Esme... Raio de amigos... 

— És parente da Alice e do Emmett Cullen?

— Quem?

— Uns amigos meus... és?!

— Nunca os conheci, mas também podemos tratar disso.

— Isso costuma correr bem? - Olhou-me, com a cabeça inclinada para o lado direito e a sorrir de lado. Levantou as sobrancelhas. - Isso de esperar que as gajas saiam de dentro do carro e meter conversa como se isso não fosse minimamente esquisito?

— Nunca tentei. Achas que está a correr bem, pessoa que conduz um carro preto? Um Mitsubishi, certo?

— Isabella Swan, mas chama-me Bella. O que és da Alice?

— Nada, não sei quem é essa, Isabella Swan só Bella. É normal haver repetição de apelidos, sabes?

— Engraçadinho... 

 

*******

Depois daquele dia, seguiu-se outra feira do livro, e mais outra e, em todas essas saídas à procura de banda desenhada e livros de economia para ele e, no fundo, todo e qualquer livro para mim, começou uma coisa boa. Gostava quando ele me abraçava, me dava beijos no topo da cabeça. Quando me roubou um beijo, fiquei corada. Ele sorriu e roubou-me mais outro. Começámos a namorar, era um movimento natural. Mas mal eu sabia onde me estava a meter.... 

*******

Estávamos juntos há um mês e, depois de um jantar com amigos, acabei por ficar a dormir (ah, e mais algumas coisas) no apartamento do Edward. Acordei sem saber onde estava, não sabia do meu telemóvel, dos óculos, nem sequer sabia do Edward. Só conseguia ouvir os trovões lá fora. Os estores estavam fechados, isto de ser tudo elétrico! Como é que eu ia abrir aquilo?

— Edward?! 

Que merda! Nunca tive medo de trovões, tempestades, nada! Mas aquele não era o meu ambiente, não me sei mover aqui, no escuro! 

— Edward?! - Chamei mais alto, sentada na cama. - Cullen! Anda cá, eu juro que te encontro aquele livro que queres!

Silêncio cortado pelos trovões. Vou matar o meu namorado! Cheia de medo, levantei-me. Não se via nada, mas sabia que a porta era em frente à cama, mais para o lado esquerdo... só tinha que seguir o contorno da cama, era isso! Parecia um potro acabado de nascer... Fiz o meu lado da cama, por assim dizer, e já estava a acabar de dar a volta aos pés da cama quando uma mão me agarra o tornozelo. Gritei tanto! Ainda me mijei um bocadinho, caí no chão e começo a ouvir a égua do meu namorado a rir como um perdido, deitado no meio do chão com o controlo da luz e do som ao lado dele. Aí, meus senhores, começou o reino de terror de Edward Cullen. 

**********

Meses depois, já todos os Cullen não relacionados se davam bem, o Emmett liga-me a pedir para lá ir almoçar, que todos estavam lá. Anda vai ser giro, o Edward vai trazer gelado. Lá fui. 

A piada da noite escura em que me mostrei uma cagarolas foi contada a todos. O meu pai perguntava, sempre que eu dormia lá em casa, se queria que ele visse se haviam monstros debaixo da cama. Virei piada. O Jasper, namorado da Alice, chegou ao cúmulo de, junto com o bando, mandar estampar uma camisola com a cara do Edward num corpo de monstro. 

Eu sou muito esquisita a comer. Escolho as coisas a dedo, se não gostar, nem sequer chega perto dos meus lábios. O Emmett é chef de cozinha, então, às vezes, toda a gente se tinha que sacrificar e provar as receitas malucas. Naquele dia, era só uma sobremesa e, caso não gostasse, havia sempre gelado. O almoço foi só risos, era o costume, os casais todos a contar piadas e o pessoal a babar no filho do Emm e da Rose, o pequeno John. Chegada a hora da sobremesa, o Emmett lá bem com pratos cobertos. Era surpresa até ele se sentar, contar até três e cada um de nós desvendar a sobremesa mistério. Segundo o nosso chef, cada um tinha um sabor diferente. Quando nos deixaram levantar as taças, vi uma coisa quadrada, avermelhada, com um cheiro forte. Torci logo o nariz. Lá nos foi explicado que eram sobremesas à base de fruta, com petitas de chocolate pelo meio. Todos começaram a comer e, a medo, lá tirei um pouco para a colher e comi. Testei o sabor (péssimo! Desde quando é que o Emmett cozinha mal? Nem o pobre John ia comer isto!), tentei disfarçar a careta e engoli. 

Novamente, oiço a égua do meu namorado a rir. Égua, sim! Aquele riso, eu adoro-o, percebem?, mas quando o Edward fez porcaria, o riso dele parece uma égua. As restantes sobremesas eram realmente à base de fruta com chocolate. A minha, sugestão do chef Edward-um-mês-sem-sexo-Cullen, era paté para gato. "És a minha gatinha, amor!". Égua!

*********

Um ano e meio de namoro e eu já tinha um anel no dedo. O casamento estava marcado para Outubro, numa quinta, com todas as pessoas que queríamos ao nosso lado. Era uma quarta-feira, estávamos no meu apartamento, tínhamos que escolher toalhas de mesa por um catálogo - isto é uma tortura, mas ai de nós se não o fizéssemos ou Alice Cullen certificava-se que éramos esfolados. O Edward andava estranho, calado. Jantámos e, como haviam 4 catálogos, 4!, com toalhas, cada um de nós ficou com dois, usávamos post-its para marcar os nossos favoritos e depois, com um grupo mais pequeno, seria mais fácil. Eu fiquei na mesa e o Edward no sofá, de costas para mim. Mal chegou deixou ali um saco "é roupa para amanhã". 

— Sabes?, acho que me enganei - parei o que estava a fazer e olhei-o, ele não parou de falar -, isto pode não ser bem o que quero. É branca demais, feia...

— Edward...

— ... anéis, quem raio quer usar um anel como se fosse uma coleira pela vida inteira?

Não me conseguia levantar, estava a tremer e já com lágrimas nos olhos. Que conversa era aquela?

— Vou à tua casa, depois à minha, temos que ir aos vizinhos, ao médico... Trabalheira da vida. Mais vale andar sozinho e não ter problemas com documentos. É datas de nascimentos, vacinas, isto aquilo e mais não sei quê. E a outra era muito mais bonita, não achas? Mais simples, mais morena, mais magra... Talvez desse uma boa esposa, senhora Cullen, magnífico! Um maravilhoso número inteiro, até confirmado pela numerologia do nascimento e do nome... E eu ia ficar mais favorecido com ela ao colo. É mais alta, tem um porte quase egípcio, sei lá. Exótico. 

— Tu não queres casar, é isso? 

— É... Não gosto de andar de fato, o vestido deve ser um horror. Ninguém quer isso, não achas? E as coleiras?! Aquilo é que é uma merda... 

Tirei o anel de noivado do meu dedo e, através da cortina de lágrimas, mirei na cabeça daquele idiota. Bem que me diziam que eu devia namorar mais e não assentar logo com o primeiro namorado. Agora olha, chora bebé!

Mas... esperem. O que é que aconteceu quando o anel acertou na cabeça de Edward Cullen? Sugestões? Alguém?!

AQUELA ÉGUA COMEÇOU A RIR! Teve uma crise de risos enquanto eu chorava como uma Maria Madalena na mesa. O que era? Edward Cullen estava a ter uma conversa filosófica com o gato que ele adotou para nós, sem eu saber, sobre o porquê de não ter trazido uma gata que andava a roçar-se nas pernas dele no abrigo. O gato, Riscas, dormiu comigo. Edward Cullen, dormiu no sofá. 

************

É hoje! 

Há já alguns dias que venho a preparar esta partida. Eu e o Edward já estamos casados há quase um ano e descobri que estou grávida. Ele ainda não sabe, mas a preparação desta partida está a ser o máximo. 

Entrei no papel no sábado passado. Recusei-me a ter sexo com ele. "Não me apetece", "dói-me a cabeça", nunca mais houve festa, se é que me entendem. A questão? Isto nunca aconteceu. No domingo fugia do toque dele, mesmo em frente à nossa família e amigos, a cara de assustados de todos! Na segunda, dei uma desculpa esfarrapada para não almoçar com o Edward e cheguei tarde a casa, muito corada (nos filmes de época é tão mais bonito ver as mulheres a apertar as bochechas para ficarem coradas). Na terça, feita com uma colega de trabalho, troquei mensagens o tempo todo em que estive em casa, sem nunca deixar de sorrir ou deixar que o Edward visse (chegou a um ponto em que eram só smiles). 

O terror espalhou-se na quarta, quando, assim sem querer (sem querer o carago) encontrei o James, marido da Vic na rua e perguntei sobre divórcios, se era fácil e tal, já que ele é advogado. À noite, quando cheguei a casa, o Edward tinha um jantar romântico preparado. Comi com um suposto pouco apetite quando queria encher a barriga com aquela lasanha, o que incomodou o Edward ainda mais. Tinha o telemóvel cheio de mensagens a perguntar o que se estava a passar - vivo rodeada de coscuvilheiros! Na quinta acordei com enjoos, vomitei tudo o que tinha e o que não tinha. A cara de culpado do Edward metia dó, mas era a minha vingança. 

— Estás bem?

Tinha-me trancado na casa de banho, nunca tinha vomitado à frente dele. Não costumava ficar doente, mas a médica, quando celebrei por não ter enjoos (só descobri a gravidez porque estava atrasada), ela avisou que esse quadro poderia alterar-se rapidamente. 

— Deve ter sido a lasanha, não me caiu bem... 

Arranjei-me, toda jeitosa, sem perfume porque me estava a dar voltas ao estômago e torci o nariz quando o Edward colocou perfume (eu adoro o perfume dele, bebé, vais ter que me recompensar!). Estava a entrar no carro quando ele me perguntou se não me tinha esquecido de nada. 

— Não. Tenho as chaves do carro, as chaves de casa. O telemóvel. O carregador. O almoço, o lanche, água. Os manuscritos. O computador. A... 

— Pronto!

Entrou no carro dele e lá foi trabalhar. Sem um beijo. 

Adorei a sexta! Acordei animada (sem enjoos!), prendi o cabelo num coque, arranjei a franja, passei batom vermelho. Uma saia travada, uns saltos altos, camisa, blazer. Ele adora ver-me assim!

— Vamos sair logo à noite, gatinha?

— Desculpa, Edward, tenho um jantar com um possível autor. Ele é tão... hm... fui eu que li o manuscrito, ele trata as palavras de uma forma tão quente... fala de amor e de sexo e sexo com amor. Preciso mesmo de o ter! Vai ser excelente para a editora!

O pobre coitado do meu marido saiu pela porta fora a resmungar enquanto eu me ria e fazia festinhas ao gato. 

— Mal ele sabe o que o espera, Riscas! - Dei um beijinho ao gato e corri para fora. Acenei ao Edward, que já estava a tirar o carro. - Não esperes por mim!

Tive pena dos pneus do carro. 

Entrei em casa já depois das três. Deitei-me sem lhe dizer nada (ele estava a fazer que estava a dormir). No sábado, convoquei toda a gente a nossa casa, para o jantar. Praticamente a mesma forma que usei para informar o Edward. 

Às 20 horas já estava tudo aqui. Jantámos e depois fomos para a sala beber café. O Edward, entre receoso e bajulador, trouxe-me café. 

— Não quero. 

A desolação. A dor. A cara dele disse tudo. Na cabeça dele era só "divórcio". E eu a sofrer porque adoro café! Todos pararam. Eu bebo café diariamente desde os meus 16 anos. Praticamente 10 anos de café. 

— Bem, já que tenho a vossa atenção, gostava de vos contar o porquê desta reunião... Nós fomos os últimos a casar... Todos vocês nos avisaram sobre ir muito depressa e essas coisas... - As pausas, todos a suar e eu à procura de formas ambíguas para falar. - Isto de casamento é mais difícil do que aquilo que eu pensava, sabem? - Ri-me. - São as partidas, o lado em que eu durmo, o meu sofá, o meu cobertor, o lado da cama dele, o sofá dele, o cobertor dele.... saber sempre do outro... - fiz uma careta - é muito... muito contacto... muitas palavras. Não sei! Cansa! E somos tão diferentes! - Olhei diretamente para o Edward. Ele não aguentou o meu olhar, abanou a cabeça e baixou-a. Estava ali um homem derrotado. - Nestes anos, todos notaram como eu fiquei mais "mole", mais doce... as partidas, o ficar vulnerável em relação a ele... hm... 

— Queres o divórcio? 

Olhei para o Edward. Ele tinha lágrimas nos olhos. Eu sabia a verdade, só eu. E sorri. A careta de dor dele fez-me suavizar o olhar. 

— Quero um quarto novo, uma casa nova, um gato novo e levar o Riscas. Quero um cão. O teu carro. 

Ninguém respirava. A minha mãe e a minha sogra choravam. Os outros estavam perdidos demais para alguma coisa.

— É esse tal novo autor?

— Bem... não. Nem sei se é um homem ou uma mulher, mas estou apaixonada, Edward. Já não sei viver sem ele. É mais forte que eu, que tu, que nós. 

O Edward levantou-se. Foi para a cozinha. Voltou atrás. Olhou diretamente para mim, e eu sorri, enquanto ele chorava. 

— Conheceste alguém pela net? Mas tu tens algum juízo?! Vais deitar isto tudo a perder por quem não conheces? Eu mudo! Mudo tudo! Dá-me tempo... 

— Não foi na net, Edward. - Mexi no cabelo e endireitei-me no sofá, a sorrir enquanto mordia o lábio. - Foi aqui em casa, percebes?

— Bella, querida.. 

— Não, pai! Eu sei o que quero, o que preciso! Esta casa já não dá! As partidas, o dormir na mesma cama que um gato... eu preciso de mais.

— Eu dou-te mais, só diz o que queres, gatinha! Eu dou-te tudo! 

Levantei-me e fui ao quarto. Do fundo da gaveta da roupa interior tirei uma capa de documentos. Levei até ao Edward. Entreguei-o e sentei-me o mais longe possível dele. Ele olhou-me, tanta dor por nada, amor!

O primeiro documento que ele ia ver era uma balela qualquer a falar de divórcios, parece real e eu até assinei, só mesmo para parecer mais real. Ele tremia ao pegar nos documentos, umas 10 páginas. Na última página existia uma indicação para abrir o envelope que estava por baixo. Um exame de sangue, sem a explicação de que estava grávida. Por fim, num envelope igual ao anterior, estava um fatinho de bebé. Branco, afinal, como disse, ainda não sabia se era homem ou mulher. Mandei estampar "prega partidas à mamã e ela faz pior". 

Ele demorou tanto tempo a ler aquilo tudo... Deus me livre! Que seca! E ninguém diz nada! Claro que precisamos de uma casa maior, esta só tem dois quartos e já estávamos com ideia de trocar precisamente por causa de bebés. Eu estava a sorrir, tanto tempo, Cullen! Devia ter feito isto em banda desenhada... 

Quando, finalmente!, o vi a abrir com cuidado o último envelope e ele levou logo com o estampado, coloquei a minha melhor cara de póker. Era só esperar. Parecia um gato a ver um jogo de ping pong: fatinho - eu - fatinho - eu - fatinho - eu. 

— Não abres? - Desafiei. 

Ele levantou o fatinho. É tão pequeno! Só se ouviam exclamações, barulhos estranhos. Queria era a reação do Edward... 

— Eu vou ser pai? - Acenei. - Isto tudo foi uma vingança pelas partidas? Não queres o divórcio?

— Dãh!

— EU VOU SER PAI! - Fez uma dancinha da vitória com o Emmett (que raio de coisa é esta?). Parou abruptamente. Ainda ninguém me tinha abraçado nem nada. Ele olhou-me. - A mãe faz pior? Eu juro que te mato, Swan! Quase me matas do coração!

Ri-me. Ri-me tanto. A minha vingança estava concluída. Ele beijou-me, eu respondi. Todos nos deram os parabéns e foram embora a pedir que da próxima que houvessem assim partidas, os deixássemos de fora. Agora, sozinhos, mal fechámos a porta, ele prensou-me contra a parede: 

— Vais ver o que te espera, gatinha!

 

 


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Notas finais do capítulo

Penso que a única coisa a explicar, no fundo, é a francesinha. Eu sou portuguesa, bem do Norte do país, onde há um senhor prato! A dita cuja da francesinha é uma delícia calórica (https://www.google.pt/search?q=francesinha&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwiN0c-_mtXUAhVImBoKHQGRAykQ_AUICigB&biw=1366&bih=638#imgrc=GgngIKJhFfVMvM:) típica do Porto! Segundo americanos, é uma sanduiche. Na realidade, é o jantar, ou almoço. Mas é booooommmmm!

Espero que tenham gostado!
Beijos