Edward Anthony Cullen nasceu no dia vinte de junho de 1987, às onze horas da noite no Hospital Geral de Seattle. Foi um grande dia de comemoração para a família Cullen, seus pais — Carlisle e Esme — estavam exultantes com a chegada de seu filho.

Desde então, a data foi sempre celebrada com muito amor e festa na casa dos Cullen, principalmente pelo fato de Edward ser filho único. Ano após ano, Edward esperava ansiosamente por seu aniversário. E todos os anos ele repetia a clássica frase:

— Foi o melhor aniversário de todos.

Porém, Edward sabia que o aniversário de 2017 seria o melhor de todos, de fato. Ele tinha um anel de noivado em seu bolso, um discurso na mente e uma bela namorada pronta para ser a dona da joia.

***

Eram quinze para sete quando Edward entrou no prédio que sua namorada morava, sustentando um grande sorriso no rosto. Aquele não era apenas o dia do seu aniversário — sua data favorita do ano —, como também se tornaria o dia que Isabella viraria sua noiva, ele mal podia conter sua empolgação sobre isso.

— Boa noite, senhor Harris — cumprimentou o porteiro, que estava distraído com o jornal. Ele sequer se importou com a clara falta de animação do porteiro, seguindo até o elevador.

Odiava elevadores, uma vez quando criança a barra de seu casaco tinha ficado presa entre as portas e se sua mãe não tivesse agido agilmente, ele acabaria se machucando, ainda assim foram segundos desesperadores para ele. Porém, conforme foi crescendo aprendeu que não poderia evitar os elevadores para sempre, principalmente naquele prédio onde a namorada morava, já que o andar de Isabella era um dos mais altos, o de número vinte.

Tudo que ele não precisava era terminar suando por toda sua roupa social por subir vinte lances de escada. A mãe iria reclamar muito se ele chegasse a casa dela, onde a festa de aniversário — que seria também a de noivado — aconteceria, suado como se tivesse corrido uma maratona.

O caminho até o andar da namorada foi rápido, apenas ele sozinho no elevador, checando pela milésima vez se tinha consigo o anel de noivado. Ele mal podia esperar para fazer o pedido, desde que decidiu enfim pedir Isabella em noivado no começo do mês estava contando os segundos para finalmente se tornar um noivo.

Tocou a campainha uma vez, pode ouvir algo caindo dentro do apartamento, então Bella gritar um: já vai!

Depois, ela apareceu a porta, os cabelos castanhos cor de mogno estavam uma confusão como se ela tivesse acabado de tomar um choque, apenas metade do rosto maquiado e sequer usava roupas para sair, ainda vestida em um roupão. Edward não ficou surpreso, enquanto ele conseguia ser incrivelmente rápido para se arrumar, Isabella era capaz de levar horas para simplesmente pentear os cabelos, ele já estava acostumado e sequer insistia em discutir sobre aquilo, não depois de tantas discussões sobre no começo do namoro.

— Você chegou cedo, Edward — Bella resmungou, o puxando para dentro, andando a frente dele no hall de entrada, parecendo mancar.

— O que você tem? — Ele olhou atentamente para o pé dela, buscando um motivo para ela estar mancando.

— Eu dei uma topada nessa mesinha estúpida — Bella reclamou quando chegaram a sala de estar do apartamento, ele viu o vaso que ficava em uma das mesinhas da sala, partido no chão.

— Foi o vaso que minha mãe te trouxe da última viagem dela e do meu pai?

— Foi! — Bella exclamou, seus olhos castanhos voltando-se aterrorizados para Edward. — Esme vai pensar que eu o odiei e quebrei de propósito, isso é tudo que preciso para sua mãe me odiar ainda mais.

Edward não prolongou-se naquele assunto, sua mãe não odiava Bella, elas só não se entendiam muito. Mas, Edward estava feliz que a mãe tinha ficado contente quando ele pediu a ajuda dela para escolher o anel de noivado.

— Bom, antes Isabella do que alguma garota burra como aquelas que você saia antes. Ainda não supero aquela tal de Victoria, ela realmente acreditava que a China ficava na Europa.

Certo, Esme Cullen era bem exigente com suas noras. E o primeiro contato entre ela e Isabella não foi o dos melhores, levando em conta que a mulher tinha passado anos ouvindo o filho reclamar de sua maior rival da faculdade.

— Por que não vai terminar de se arrumar? Eu limpo essa bagunça — Edward sugeriu para Bella, ela concordou, mancando em direção ao corredor que levaria até seu quarto, mas antes que Edward pudesse ir atrás dos equipamentos necessários para limpar o vidro estraçalhado no chão, a namorada voltou apressadamente até ele.

Edward teve apenas tempo de segurar na cintura dela, então sentiu os lábios de Bella cobrindo os seus, em um beijo intenso. Por um segundo ele desejou levá-la para o quarto, mas sabia que se tivessem sexo não conseguiriam sair a tempo para a festa e ele não podia correr o risco de deixar o pedido de casamento para outro dia, tinha de ser naquela data tão especial.

— Feliz aniversário, amor — Bella desejou quando eles se afastaram, ela limpou a boca dele que tinha ficado manchada por seu batom.

— Obrigado. — Piscou para ela. — Qual seu presente para mim esse ano? — perguntou, sorrindo maliciosamente, mal Bella sabia que quem teria o presente maior seria ela quando ganhasse seu anel de noivado.

— Seu presente? — Ela começou a desamarrar o roupão. — O que acha disso? — Bella mostrou a Edward a provocativa lingerie vermelha que usava, o que o fez repensar a ideia de levá-la para a cama.

— Vá se arrumar, Bella — ele pediu, quase tirando a lingerie do corpo dela ali mesmo.

— Eu vou, você pode desembrulhar o seu presente mais tarde. — Com um sorrisinho travesso Bella apontou para si mesma, Edward sorriu largamente, aquela mulher seria a esposa dele em breve, ele mal conseguia conter sua animação sobre aquilo. — Agora, limpe isso! — Gesticulou para o vidro quebrado, antes de ir para seu quarto.

Edward bufou, nem estavam casados ainda e ela já estava dando ordens. Mas, que se dane, ele queria o casamento mesmo assim.

Pois é, quem diria que ele acabaria perdidamente apaixonado pela sua maior rival da faculdade.

***

Quando Bella — finalmente — ficou pronta, já eram sete e meia da noite. A maquiagem foi finalizada, o cabelo penteado e preso em um coque elegante e se vestiu em um caro vestido vermelho e saltos altos.

— Vermelho é sua cor — Edward falou quando viu a namorada voltar a sala, terminando de colocar seus brincos, ele já tinha limpado toda a bagunça do vaso quebrado.

— Pensei que azul fosse minha cor, foi a cantada barata que você usou para cima de mim quando transamos pela primeira vez.

Edward riu, pensando naquele dia anos atrás. Ele e Bella estavam numa festa de um amigo em comum — Jacob —, quando alguém derramou um copo com cerveja nela, a obrigando a ir para o banheiro tentar reparar o estrago.

Ela estava lá, tentando dar um jeito em sua blusa, quando Edward entrou no banheiro pensando que o local estava vazio, se deparando com Bella usando apenas um short curto e um sutiã azul. Eles já se conheciam — e se detestavam — naquela época, mas o Cullen se pegou dizendo.

— Azul é sua cor.

Terminaram a noite transando, naquele mesmo banheiro. Bella sequer se importou com dar um jeito em sua blusa, estava ocupada demais em dar um jeito na ereção de Edward.

— Okay, você fica bem em todas as cores — Edward falou, estendendo a mão para ela. — Vamos? Quero chegar a festa logo.

— Deus, Edward, você deve ser a pessoa que mais ama aniversários no mundo. — Bella entrelaçou sua mão a do namorado.

— Como não amar? Foi o dia que o mundo ganhou Edward Cullen!

Bella não pode deixar de rir, ele era incrivelmente convencido, mas o amava mesmo assim. Certo, ela primeiro o detestou por bons anos, desde que eles se conheceram no primeiro ano da faculdade, mas acabou apaixonada por ele e depois o amando loucamente.

— Eu te amo — Bella falou, fazendo com que o namorado parasse de andar para olhá-la.

— Amo você também. — Ele se permitiu beijá-la, mas apenas um rápido selinho.

— O quê? Só isso? — perguntou frustrada.

— Só, eu estou me convencendo a não ir pro quarto com você, ou perderíamos a festa.

Edward voltou a andar, a conduzindo para fora do apartamento.

— Eu adoraria transar antes da festa, vamos transar! — Bella praticamente implorou por aquilo, enquanto Edward chamava pelo elevador.

— Quando voltarmos, eu prometo — Edward disse, entrando com Bella no elevador.

— Que tal sexo no elevador? — Bella perguntou travessamente. — Nunca fiz, deve ser incrível!

— É, incrível sendo que eles tem câmeras de segurança. — Edward apontou para uma no canto do elevador. — Seria demais ter pessoas com acesso a uma gravação nossa transando.

— Nosso próprio filme pornô — Bella brincou, fazendo Edward gargalhar.

— Se eu protagonizasse um filme pornô teria de ser um ménage — Edward brincou, ganhando um olhar furioso de Isabella. — É brincadeira, não leve a sério tudo que eu falo, amor — pediu a médica, mas ela continuava irritada.

— Se quiser um ménage vá pra rua e ache duas putas para transar com você, não me inclua nisso.

— Bella...

Ele se calou, quando viu uma adolescente em um rosa e espalhafatoso vestido de baile entrar no elevador. A garota devia ter entre dezesseis e dezoito anos, mesmo sendo muito baixinha, os cabelos negros eram cortados em um estilo Chanel, os olhos dela eram azul acinzentados. Não parecia feliz, nada feliz.

Edward queria falar com Bella, tudo que não precisava era dela revoltada com ele naquele dia, mesmo pelo motivo mais tolo de todos. Ele sabia onde estava se metendo quando se envolveu com a morena, Bella era a pessoa mais temperamental da face da Terra.

No andar seguinte ao que a garota entrou no elevador, um casal entrou. O cara parecia uma montanha para Edward, ele considerou a hipótese do homem ser um fisiculturista, ou algo assim. Junto ao cara, uma mulher loira bem grávida, ela parecia estar em trabalho de parto, na verdade.

— É o grande dia, ele vai nascer! — O homem exclamou empolgado para Bella, uma vez que ela estava parada próxima a porta, a Swan apenas forçou um sorriso para ele, ainda irritada com o namorado.

— Não engravide, as contrações são horripilantes — a mulher grávida falou para a garota, que concordou, parecendo assustada com a hipótese.

— Po-Pode deixar — a garota gaguejou em concordância.

O elevador parou novamente no quarto andar, Edward mal via a hora de chegarem ao seu Volvo para que ele pudesse se entender com Bella. Depois disso era só dirigir até a casa dos seus pais, se reunir aos amigos e familiares e festejar, não só seu aniversário, mas seu noivado.

— Olá, boa noite, gente! — Um garoto de cachos loiros, usando smoking e carregando um violão, entrou no elevador quando esse parou no quarto andar. Edward viu a adolescente revirar os olhos, como desviar o olhar dele.

— Boa noite — os outros responderam em um coro educado. — Ai, dor filha da puta! — a grávida emendou ao sentir uma contração.

— Calma, Ursinha, só mais um pouco e logo conheceremos nosso garotão. — O pai babão disse para a loira, ela lhe lançou um olhar furioso, que fez até Edward se encolher de medo.

— Ei, Alice, eu pensei que você não estava indo ao baile... — O adolescente teve sua fala dirigida a garota quando ouviram um solavanco, seguido pelo elevador parando no segundo andar.

Isabella bufou, apertando o botão do elevador para abrir as portas, mas não aconteceu. Ela franziu o cenho, apertando o botão do primeiro andar, mas a caixa de metal continuou parada.

— Estamos presos? — a grávida indagou apavorada.

— Não, deve ter sido só...

— Não, não, não! — Edward começou a gritar ao se dar conta que o elevador realmente tinha enguiçado.

— Edward, acalme-se, homem! — Bella pediu envergonhada pelos gritos dele.

— É só chamar a portaria, moço — a adolescente falou para Edward.

— É, Edward, se acalme, isso não é nada — Bella falou, apertando o botão da portaria.

— Oi? — O senhor Harris falou com eles, claramente entediado e desinteressado.

— Olá, nós estamos presos no elevador. — Edward choramingou ao ouvir a fala da namorada. — No segundo andar, pode ver o que está acontecendo?

— Tá, vou cuidar disso — o homem resmungou de volta.

— Pronto, em alguns minutos deveremos estar fora daqui — Bella disse para os outros com tranquilidade na voz.

— Espero que sim, ou eu vou parir esse bebê aqui mesmo! — A grávida falou contra uma nova contração.

— Por isso eu detesto essas porcarias! — Edward exclamou furioso, batendo contra a parede do elevador, Bella bufou.

— Supere, Edward. Seu casaco ficou preso e você nem se feriu, não é nada demais. Logo o elevador volta e caímos fora daqui, não surte.

— Ouviram a história de um cara que ficou preso no elevador por dois dias? Acho que foi na Rússia, ou algo assim. Seria legal se acontecesse com a gente, né? — o adolescente contou, ganhando olhares revoltados de todos.

— Não brinca com essa droga, eu me mato antes de passar um dia sequer preso aqui dentro. — Edward contornou os outros, indo forçar as portas do elevador a se abrirem.

— Cara, você não é um pouquinho magro demais para tentar fazer isso? — O homem junto a grávida perguntou, Bella não pode esconder uma risada, enquanto Edward a olhava ultrajado antes de se voltar para o homem.

— Eu malho, de vez em quando — Edward se justificou, mesmo sem saber porque estava se justificando para um desconhecido. — Sou muito ocupado para ficar perdendo horas e horas na academia, sabe?  Alfinetou o outro cara. — Eu sou um médico.

— Ótimo, pelo menos se meu bebê nascer aqui terá alguém para fazer o parto — a grávida choramingou, apoiando-se na parede atrás de si.

— Nós dois somos médicos — Bella se pronunciou. — Mas, residentes em neurologia, então vamos esperar que esse elevador volte a funcionar logo para você ter um parto com um obstetra.

Edward voltou choramingar, Bella chamou a portaria novamente, antes que o namorado tivesse uma crise de pânico ali dentro.

— Algum parecer sobre nosso caso, senhor Harris?

— Ah, até me esqueci de vocês! — o homem teve a cara de pau de admitir. — Espera ai, vou ver o que faço.

— Onde mais nós esperaríamos? Estamos presos! — a adolescente soltou em um gritinho furioso para o porteiro, mas ele já estava fora da linha.

— Que abusado! — Bella completou. — Alguém ai tem celular para chamarmos os bombeiros? Amor? — perguntou para Edward.

— O meu está no Volvo — ele disse com uma careta no rosto.

— Eu perdi o meu celular — o adolescente respondeu confuso. — Não lembro onde, sabe? Acho que fui assaltado, na verdade, será que foi isso? — Edward e Bella desconfiaram que o garoto estava chapado, isso explicaria muita coisa.

— Espera, o meu está aqui — a adolescente remexeu em sua bolsa de mão, sacando o aparelho lá de dentro. — Ah, droga — gemeu. — A bateria morreu, olha que o carreguei antes de sair, eu disse pra minha mãe que essa droga de celular ia me deixar na mão a qualquer hora, é tão antigo!

Os quatro se voltaram para a grávida e o cara, tendo eles como últimas opções.

— Não olhem para mim, eu só peguei meu plano de parto. Emmett, cadê seu celular? Ligue logo para os bombeiros virem resgatar a gente — a grávida exigiu, o cara desviou o olhar para seus pés, parecendo culpado. — Emmett você não trouxe a porcaria do seu celular? — ela indagou com fúria.

— Não — ele respondeu em um sussurro. — Eu me distrai pegando as bolsas. — Apontou para as sacolas que carregava. — Ai passei na cozinha, então me distrai com comida, você sabe que eu não jantei, ai fiz um lanchinho e você começou a gritar...

— Seu idiota, como você sai de casa com sua esposa grávida e não leva um celular?

— Desculpe, Ursinha, eu estava com fome e você me apressando — Emmett se justificou.

— Ótimo, estamos então dependendo da boa vontade do senhor Harris — Bella reclamou, se culpando por não ter saído de casa com celular, mas não achou que seria necessário já que estava de folga do hospital aquela noite.

— Ei, senhor Harris, alguma noticia boa para a gente? — Edward perguntou ao apertar o botão da portaria, com desespero em sua voz.

— Ah? A cara, de novo, eu juro que me esqueci de vocês.

— Sério? Ele só pode estar de sacanagem com a nossa cara! — a adolescente exclamou revoltada.

— Calma, gente, vamos curtir esse momento bom que está acontecendo aqui — o adolescente falou, com uma voz arrastada, soando como um hippie.

Chapado, com certeza chapado, Bella e Edward pensaram em sincronia.

— O que diabos de bom está acontecendo aqui? — Bella o questionou. — Nós seis presos em um elevador? Com uma grávida em trabalho de parto?

— É, no dia do meu aniversário! — Edward praticamente gritou.

— Ei, cara, é seu aniversário? — o garoto perguntou sorridente, puxou seu violão das costas, começando a dedilhar a música do Parabéns. — Parabéns pra você, nessa data querida — o adolescente começou a cantar.

— Só o que me faltava. — Edward revirou os olhos.

— Jasper, não, por favor. — A adolescente colocou suas mãos sobre as cordas, abafando com o som.

— Ma-Mas, é aniversário dele, ele merece uma canção de parabéns — Jasper falou chateado.

— Não, eu só preciso cair fora daqui, o mais rápido possível.

— Edward, ainda temos tempo, calma. Além do mais, você já teve outras vinte e nove festas de aniversário, se perder essa é o de menos — Bella falou, afagando o braço dele.

Ele gemeu em contestação, ela não entendia como aquele era o aniversário mais importante de todos.

— Quais os nomes de vocês, mesmo? — Bella perguntou aos outros.

— Eu sou Emmett, a Ursinha é a Rosalie — o acompanhante da grávida, ou ursinha como ele a chamava, os apresentou.

— Sou Alice — a adolescente respondeu simplesmente.

— Sou o Jasper, mas vocês podem me chamar de Jazzyyy. Com dois z's e três y's, é meu nome artístico, já tinha um cara em Vancouver se chamando de Jazzyy com dois y's — o garoto contou empolgado. — Ai eu pensei, se colocar mais um y vou ser melhor do que ele, todo mundo respeita alguém com nome grande.

— Deus, o que eu fiz para merecer isso? — Edward indagou, olhando para o teto do elevador. — Eu sou uma boa pessoa, nunca fiz mal a ninguém, só queria estar na minha festa de aniversário agora.

— Qual a fascinação dele com aniversários? — Alice perguntou para Bella.

— É só o dia mais importante do ano para ele, é filho único, foi totalmente mimado pelos pais — ela sussurrou em resposta, mas obviamente Edward ouviu.

— Hey!

— Sou Bella, ele é o Edward — Bella o ignorou, os apresentando formalmente.

— Ah, isso dói demais! — Rosalie gritou com uma nova contração.

— Calma, Ursinha, logo estaremos fora daqui — Emmett prometeu.

— É melhor sentá-la, vai ficar mais confortável assim — Edward falou passando por Bella para ir até Emmett e Rosalie.

— Vocês não são mesmo obstetras? — Rosalie perguntou, enquanto com a ajuda de Edward, Emmett a sentava no chão.

— Não mesmo! — Bella cantou. — Eu não teria paciência com grávidas, sem ofensas. — Rosalie apenas assentiu. — Edward queria ser ginecologista, no entanto, mas pelos motivos errados.

— Ei, eu disse que aquilo era brincadeira. Sabe que eu sempre quis ser um neurocirurgião, Isabella.

— Cara, já pensou ver vaginas o dia inteiro? Trabalhão bom, em?  Emmett assobiou, ganhando um tapa de Rosalie no braço. — Ai Ursinha, estava brincando.

— Homens, sempre sendo idiotas em suas brincadeiras — Alice disse em um suspiro, lançando um olhar de soslaio para Jasper.

— É o baile de formatura de vocês? — Bella perguntou, ela já tinha visto Jasper e Alice outras vezes pelo prédio, assim como Emmett e Rosalie também, mas nunca parou para conversar com vizinhos, não fazia o estilo dela.

— É, fim do colegial, demais! — Alice exclamou com falsa animação.

— O meu baile foi ótimo, eu fui coroada a rainha do baile — Rosalie contou.

— Ei, eu também fui coroado o rei do baile! — Edward contou empolgado, enquanto checava a pulsação de Rosalie.

— Populares — Alice resmungou.

— Nerd também? — Bella perguntou a ela, a adolescente assentiu.

— Eu participava da equipe de matemática — Alice disse. — Agora que acabou vou sentir saudades.

— Ei, eu também! — Emmett exclamou animado. — Ganhei o campeonato estadual na Califórnia por três anos seguidos.

— É da Califórnia? — Bella se empolgou. — Los Angeles? São Francisco?

— São Francisco detona! — Jasper exclamou.

— Eu preciso concordar com isso! — Bella exclamou também. — Se lembra da nossa viagem para lá no último verão, amor? — perguntou em um suspiro apaixonado para Edward. — Foi um máximo.

— Santa Cruz, ali pertinho de São Francisco — Emmett respondeu a pergunta anterior de Bella.

— Foi mesmo uma boa viagem — Edward falou saudoso. — Alguma complicação durante a gravidez, Rosalie? — perguntou a ela.

— Não, tudo normal, tirando o fato de eu ter engordado como uma porca sendo preparada para o abate — choramingou.

— Nah, você perderá rápido, minha mãe ficou super magra depois que meu irmãozinho nasceu, a amamentação ajuda e muito nisso — Alice respondeu sabiamente.

— É, não vai demorar muito a perder peso — Bella acrescentou. — Vocês são casados há quanto tempo? — perguntou de Rosalie para Emmett, que limpava a testa suada da grávida.

— Dois anos — Emmett respondeu. — E vocês dois?

— Não, não somos casados! — Edward respondeu prontamente, um pouco alto demais, ele só não queria dar margem para que Bella pensasse em casamento, noivado e afins, queria pegá-la de surpresa com o pedido.

Isso é, se eles estivessem fora daquele lugar na hora que o pedido deveria acontecer.

— Namorados — Bella respondeu, confusa como a forma que Edward tinha negado o casamento tão rapidamente, parecendo ter medo daquilo. — Por quatro anos, fizemos aniversário de namoro no mês passado.

— Quatro anos e ainda não casaram? — Emmett perguntou surpreso. — Por que está cozinhando ela cara?

— Emmett, não seja indiscreto! — Rosalie chamou a atenção dele. — Mas, sim, por que está cozinhando ela? — perguntou em tom de fofoca para Edward.

— Acho melhor checarmos o senhor Harris novamente — Edward falou, mudando de assunto bruscamente.

— É, tem razão — Alice concordou, acionando o botão. — Senhor Harris, alguma novidade?

— Olha, eu juro que não esqueci vocês dessa vez — ele disse aquilo com irritação. — Já chamei o pessoal que cuida dessas joças desses elevadores, esperem um pouco mais, deixem de serem tão apressados.

— Tem uma mulher grávida aqui, senhor Harris! — Bella gritou para ele.

— Aff, é melhor que não sujem de sangue esse elevador, ou vai ser uma grande bagunça. — Ele parou de falar com eles ali.

— Acho que esse homem precisa ser demitido — Alice disse incrédula.

— Eu tenho certeza — Bella afirmou.

— Senhor Harris, por que você é assim? — Jasper cantarolou, soando bem desafinado, enquanto tocava uma melodia qualquer no violão. — Sua esposa te deixou? Ou seu gato teve um fim?

— Isso não faz sentido algum — Edward sussurrou para Rosalie e Emmett, já sentado ao chão do elevador com o casal.

— Ele deve estar muito chapado, eu também fiquei chapado antes de ir pro meu baile, acabei dormindo na limusine no caminho pra festa — Emmett sussurrou de volta, fazendo a esposa e Edward rirem.

— Oh, senhor Harris — Jasper continuava cantando, Bella considerava a ideia de bater no adolescente para calar a boca dele, mas ficou com medo de ser enquadrada na policia por isso, mesmo com um belo motivo.

— Jasper, não, chega! — Alice exigiu, segurando o braço do violão novamente.

— Vocês são namorados? — Bella perguntou a eles.

— Não. — Alice corou violentamente a ouvir a pergunta. — Somos amigos, nós moramos aqui nesse prédio desde que tínhamos oito anos de idade, nos conhecemos a maior parte das nossas vidas.

— É, amigos, amigos, amigos, amigos. — Jasper aproveitou que Alice tinha soltado o braço do violão para voltar a tocar.

— Bom, Deus, quais são as chances de eu matá-lo e não ir presa? — Rosalie indagou a ninguém em especial.

— Também estou considerando isso — Bella disse, cruzando o curto espaço do corredor até Jasper, arrancando o violão das mãos dele. — Lamento muito Jazzyyy com dois z's e três y's, temos uma grávida aqui e paciência nenhuma, você não vai mais tocar.

— Ma-Mas, você é cruel, moça!

— Há, você ainda não viu nada — Edward falou rindo. — Ela já me jogou nu para fora do antigo apartamento dela — contou, Bella abafou uma risada ao lembrar daquilo, mas todos os outros riram.

— O que você fez? — Emmett indagou curioso.

— Eu não posso contar, é intimo demais, fora que tem crianças aqui. — Apontou para Jasper e Alice.

— Eu já tenho dezessete, não sou uma criança — Alice reclamou, sentando no chão também, seus pés já doloridos por tanto tempo em pé na mesma posição sobre saltos. — Cara, seus olhos são mesmo verdes, ou isso são lentes? — Olhou atentamente para Edward.

— Reais, boa genética — ele se gabou.

— Uou, isso que é genética, ruivo de olhos verdes! — Alice aprovou. — Vocês farão bebês bonitos, Bella.

— Não, não façam bebês, uma hora eles vão querer passar por sua vagina! — Rosalie gritou em outra contração, agarrando as mãos de Edward e Emmett, fazendo os dois ganharem caretas de dor no rosto pela pressão que ela exercia ali.

— Ai, ai, ai! — os dois gritaram junto a grávida, Jasper tentou aproveitar o momento para recuperar seu violão, mas Bella era mais esperta.

— Nem tente, Jazzyyy, não precisamos de música de elevador.

— Ai, você tem muita força, Rosalie! — Edward se queixou no fim da contração, massageando sua mão que ela tinha apertado.

— Experimente levar um tapa dessa mulher, ela é assustadoramente forte — Emmett emendou.

— Como se conheceram? — Bella sentou no chão também, indo para o lado do namorado, que sorriu para ela, mesmo com a mão doendo.

— Emmett estava se divorciando, eu era a assistente da advogada que o representou, foi amor à primeira vista — Rosalie contou apaixonadamente.

— Você se casou duas vezes? Que coragem! — Bella falou chocada. — O quê? — perguntou ao notar o olhar de Edward sobre ela.

— Nada não — ele mentiu, mas estava atordoado, temendo que ela não quisesse se tornar uma noiva.

— Foi um casamento em Vegas no meio da faculdade, eu sequer sabia que era mesmo real — Emmett contou. — Ai, a garota com quem me casei ia casar com outro, foi quando descobrimos a validade do casamento de Vegas e precisamos correr com nosso divorcio. Foi ótimo, já que isso me levou a minha Ursinha. — Beijou a bochecha de Rosalie, que deu um pequeno sorriso para ele.

— E vocês? Como se conheceram? — Rosalie perguntou para Bella.

— Edward e eu frequentamos a Universidade de Washington juntos, um dia fomos para a mesma festa de fraternidade. Era para ficarmos aquela noite, meu melhor amigo de infância, Jacob, tinha falado para Edward que ele conhecia de uma das suas aulas, sobre essa garota. Mas, ai eu perdi Jacob no meio da festa e esbarrei em Edward sem saber quem ele era.

— Não, você não esbarrou em mim, você vomitou em meu cabelo enquanto eu estava sentado no sofá, Isabella — Edward a corrigiu.

— Eu estava tão bêbada — Bella falou rindo, aconchegando-se em Edward. — Desde dai nós viramos inimigos. — Revirou os olhos. — Principalmente quando descobrimos que ambos queríamos ser médicos, ainda mais na mesma especialização, disputávamos as melhores notas e tudo mais. Ai um dia, numa festa oferecida pelo Jacob, Edward e eu transamos, aqui estamos.

— No banheiro — Edward contou triunfante.

— Boa cara! — Emmett aplaudiu, mas não por muito tempo, pois ouviram um chorinho baixo, percebendo que vinha de Jasper.

— Cara, que história linda! — ele falou, limpando as lágrimas que escorriam de seus olhos cor de mel. — Vocês são tão fofos juntos, tão iluminados.

— Jasper, você fumou a maconha medicinal do seu avô de novo, né? — Alice se levantou, fazendo o amigo se sentar junto dela.

— Ele que ofereceu — Jasper explicou.

— Os pares de vocês devem estar loucos com a ausência — Bella falou para os adolescentes.

— Ah não, ninguém me convidou, não — Alice negou envergonhada. — Eu ia sozinha, nem queria ir, ia só porque minha mãe me obrigou.

— Maria deve estar bem puta comigo — Jasper falou, mas deu de ombros. — Eu componho uma música para ela, sobre como ela fica tão linda...

— Ai, cala a boca, Jasper, não aguento mais você falando na patricinha da Maria! — Alice gritou, pegando não só o amigo, mas como todos ali de surpresa pela sua explosão. — Hum, desculpa, gente.

Bella e Rosalie rapidamente se tocaram do que estava havendo com Alice, mas os garotos eram bem lerdos e não perceberam.

— Ei, eu trouxe meu baralho, vamos jogar? — Emmett tirou sua caixinha de baralho da bolsa do bebê, ganhando um olhar mortal da esposa.

— Você trouxe o baralho, mas não trouxe o celular?

— Ah, Rose, já passou, né? Vamos seguir em frente.

— Não se casem! — ela exclamou, no calor do momento para Alice e Bella, mas Edward teimou que a namorada levasse aquilo a sério e tratou de mudar de assunto novamente.

— Vamos jogar, Emmett!

— Você, não encoste nesse violão, ou vai sair daqui direto pro necrotério! — Bella ameaçou Jasper que tentou pegar o instrumento de novo. — Agora, vamos jogar, Edward e eu somos ótimos jogadores, vocês irão perder.

— Emmett e eu também somos — Rosalie se gabou.

— Eu sou uma excelente jogadora, não tentem competir comigo — Alice disse.

— Não disputem, se amem — Jasper cantarolou.

— Cala a boca, Jazzyyy! — Os cinco gritaram em conjunto.

***

Já era quase nove da noite quando o socorro finalmente chegou para o grupo preso no elevador, eles passaram todo aquele tempo ali jogando, se conhecendo melhor, tendo de lidar com as contrações de Rosalie e ouvindo Jasper cantar e tocar. Uma vez que, o adolescente tinha reconquistado o direito por seu violão quando ganhou no jogo.

Nem Rose e Emm, nem Bella e Edward, muito menos Alice, o melhor jogador era Jazzyyy com dois z's e três y's.

— Nós temos de sair daqui direto para o hospital — Bella falou, ajudando Emmett a colocar Rosalie de pé, enquanto esperavam os momentos finais do trabalho da equipe responsável pelos elevadores.

— E minha festa? — Edward choramingou ao ouvir a fala da namorada.

— Amor, nós precisamos ir com eles! — Bella disse séria. — Eu quero ter certeza de que essa criança vai nascer bem. Nós comemoramos seu aniversário outro dia.

— Tudo bem.

Edward já estava desistindo, não teria como fazer o pedido aquele dia, tinha ficado tudo tão estressante com todo aquele tempo presos no elevador. Talvez ele devesse pedir Bella em casamento no quatro de julho, seria uma boa data, mesmo que ele sempre fosse chorar por não ter feito aquele aniversário o melhor da sua vida.

— Nós podemos ir com vocês? — Alice perguntou gesticulando de si para Jasper, soando muito mais animada do que quando tinha entrado naquele elevador para ir ao baile. — Também quero conhecer o bebê.

— Claro, claro que podem. Com a minha família na Califórnia e a da Rose em Boston, quanto mais amigos por perto melhor — Emmett respondeu empolgado.

— Oh cara, nós somos amigos? — Jasper choramingou.

— Ah Deus, esse menino precisa se curar dessa maconha! — Bella gritou.

— Finalmente, finalmente, finalmente! — Edward gritou, soando como uma criança na sua loja preferida de brinquedos quando o elevador deu um novo solavanco e voltou a funcionar. — Nós estamos vivos! — Ele foi o primeiro a sair do elevador quando este chegou ao térreo, atirando-se no chão e beijando o piso ali.

— Edward, mexa-se! — Bella ordenou. — Temos de levar Rose para o hospital agora!

— Ei, vocês não vão me agradecer por chamar o socorro? — Ouviram o senhor Harris gritar para eles, mas não deram bola para o porteiro, quer dizer, Jasper gritou algo como: Nós amamos você, senhor Harris.

Eles eram seis pessoas para um Volvo esportivo, sendo assim tiveram de se espremerem lá dentro porque ninguém queria ir atrás em um táxi. Edward foi no banco do motorista, Rosalie no do carona, Emmett sentado com Jasper em seu colo e Alice e Bella confortavelmente em seus lugares, dando sugestões de nomes para o bebê, uma vez que Rose e Emmett ainda não tinham escolhido.

Edward dirigiu rapidamente pelas ruas de Seattle, enquanto deixava os outros usarem seu celular para informes. Emmett ligou para seus pais e os de Rose, contando a eles sobre o quase nascimento do neto, Jasper ligou para Maria dizendo que não poderia se encontrar com ela no baile — todos puderam ouvir a garota o xingando e mandando ele nunca mais aparecer na frente dela por conta do bolo —, Alice ligou para sua mãe dizendo para onde estava indo e Bella informou aos sogros sobre a ausência dela e do filho deles, o aniversariante.

Assim que chegaram ao hospital, Rosalie e Emmett seguiram para a sala de parto, enquanto os outros quatro ficavam na sala de espera aguardando o nascimento do bebê do casal. Os pares sequer se conheciam até aquela noite, mas pareciam ter criado uma proximidade intensa pelo tempo que ficaram presos no elevador, tinha sido uma experiência e tanto para todos eles.

— Então, desde quando você gosta do Jasper? — Bella perguntou para Alice, enquanto seu namorado arrastava o adolescente até a lanchonete do hospital, para que ele pudesse comer algo e tentar diminuir o efeito da droga em seu corpo.

— O quê? — Alice se espantou com a pergunta. — Não, eu não gosto dele, somos só amigos, juro.

— Qual é, Alice? — Bella riu. — Eu tenho quase trinta anos, não me enrola, está óbvio que gosta dele.

A adolescente corou mais uma vez aquela noite.

— Acho que tem uns dois anos, mais ou menos — Alice confessou. — Ele é bem legal.

— Jazzyyy, sério?

— É, quando não está chapado é bem legal. — Alice riu baixinho. — Nós somos amigos por anos, mas ele não parece me ver como nada além disso, só uma amiga.

— Você já tentou algo?

— Eu? Não, claro que não! Ele me acharia uma atirada.

Bella rolou os olhos.

— Lembra a história de Edward e eu transando no banheiro? Ele pode ter entrado lá, mas quem o atacou primeiro fui eu, ele estava malditamente irresistível aquela noite, fora que passei anos com desejo reprimido pelo Cullen. Se fui atirada? É, talvez tenha sido, mas se eu não tivesse o atacado, nós dois nem teríamos ficado juntos e olha onde estamos agora, namorando por anos e eu espero que um dia ele me peça em casamento — sussurrou o final.

— Você acha que ele não vai pedir?

— Sei lá, ele negou tão rápido quando perguntaram se éramos casados, talvez tenha enjoado de mim.

— Ele não parece enjoado, vocês são muito fofos juntos — Alice comentou, olhando para Jasper e Edward voltando da cafeteria.

— É, mas agora estou com medo de que ele nunca me peça em casamento — Bella murmurou, olhando para sua mão livre de anéis.

As garotas mudaram de assunto rapidamente quando o médico e Jazzyyy com dois z's e três y's se aproximaram delas. Meia hora depois, às dez e meia da noite, foram informados por uma enfermeira que o filho de Emmett e Rosalie tinha nascido.

Bella e Alice desceram até a loja de conveniência do hospital, indo comprar balões para enfeitar o quarto e a namorada de Edward aproveitou para comprar um cupcake de aniversário para ele não passar seu aniversário sem um bolinho que fosse. Quando voltaram ao andar da maternidade receberam permissão para irem ver Rose e seu bebê, entraram em comitiva no quarto, mesmo que as enfermeiras não tivessem gostado daquilo, mas Edward e Bella que conheciam algumas delas, já que trabalhavam ali no Hospital Geral de Seattle, as convenceram a permitir a invasão.

— Olha só, garoto, os novos amigos dos seus pais estão aqui — Emmett anunciou para o bebezinho no colo da esposa, vendo todos entrando ali.

— Cara, eu tô tão emocionado que a gente é amigo! — Jasper falou, um tanto menos chapado, mas só um pouco menos.

— Ele é tão lindo! — Bella exclamou, enquanto todos se reuniam ao redor da cama onde Rosalie repousava. — Parabéns, Rosalie, você passou um belo bebê por sua vagina. — A loira não pode deixar de rir.

— Nós trouxemos enfeites. — Alice saiu espalhando balões pelo quarto. — O pequeno...Espera, vocês ainda não o nomearam?

Emmett e Rosalie se entreolharam, então assentiram, movendo seus olhares para Edward parado perto deles.

— O quê? — O Cullen perguntou, olhando para o casal de novos amigos que tinha formado naquele elevador.

— Nós pensamos que seria uma boa batizá-lo com o mesmo nome do outro cara que está fazendo aniversário hoje — Emmett contou, Edward escancarou a boca em um perfeito o, sem acreditar no que ouvia, Bella sorria largamente assim como Alice, Jasper por outro lado resolveu cantar e tocar.

— Isso merece uma canção — anunciou, pegando o violão de suas costas. — Oh Edward, oh Edward, você...

— Chega, Jazzyyy, chega! — Alice exclamou decidida, indo até o amigo e o calando com um beijo, o que pegou a todos menos Bella de surpresa.

— O quê? Ela tá afim do Jazzyyy? — Emmett perguntou incrédulo.

— Coitadinha, ela merecia alguém menos chapado — Edward emendou.

— Pelo menos ele calou a boca — Rosalie acrescentou.

— O que foi isso, Alice? — Jasper perguntou quando ela o soltou, soando mais normal e menos chapado.

— Ele parece menos chapado agora — Bella cochichou para o namorado, Edward assentiu.

Alice olhou para Bella, em um mudo pedido de ajuda, a médica a incentivou com um sinal positivo de ambos os polegares.

— Gosto de você, Jasper — Alice confidenciou.

— Você gosta? — ele perguntou chocado.

— É, tem algum tempo, mas nunca tive coragem de contar...

Jasper a calou, foi a vez dele de beijá-la.

— Excelente, ela vai manter Jazzyyy com dois z's e três y's calado agora — Edward falou, se voltando para Rosalie e Emmett. — Posso pegar meu irmão gêmeo de data e nome agora? — perguntou animado.

— Claro, claro que pode. — Rosalie o passou para os braços do médico.

— Eu quero um desses — Bella soltou, sem poder se conter, quando viu o namorado carregando o bebê no colo.

Edward levantou o olhar para ela, maravilhado com o que ela tinha dito. Ele também queria, certo, queria o casamento primeiro depois os filhos. Mas, como teria o casamento e filhos se nem tinha feito o pedido?

— Emmett, que horas são? — Edward perguntou.

— Acabou de dar onze horas — respondeu, conferindo a hora no relógio em seu pulso.

Hora exata! O Cullen pensou.

— Eu preciso fazer algo. — Ele passou o bebê Edward de volta para Rosalie. — Amor, vem aqui. — Puxou Bella para o centro do quarto, o que chamou a atenção de Jazzyyy e Alice, que por um segundo pararam de se beijar loucamente.

— Edward, o quê? — Bella perguntou sem entender, mas arfou quando viu o namorado se ajoelhando diante dela. — Oh, Edward!

— Isso parece minha canção — Jazzyyy falou.

— Cala a boca, Jazzyyy! — Todos os outros mandaram.

— Isabella Swan — Edward começou a falar, segurando a mão da namorada na sua, enquanto usava a outra para pegar a caixinha com o anel de noivado do seu bolso. — Há exatos trinta anos, nesse mesmo hospital, nessa mesma hora eu estava nascendo. Você sabe, o mundo ficou muito melhor quando eu nasci, mas o meu mundo ficou ainda melhor quando eu te conheci. Sim, sei que não foi um amor à primeira vista, como Rosalie e Emmett, nem fomos amigos por anos até nos apaixonarmos como Alice e Jazzyyy. Mas, Bella, eu te amo mesmo que tenhamos nos odiado a primeira vista, mesmo que tenhamos sido inimigos por anos, hoje só te amo mais a cada vez que ponho meus olhos sobre você e te considero minha melhor amiga, meu amor.

Não era o discurso planejado, mas o que importava? Ele tinha tudo planejado para aquela noite, até que o elevador parado cortou seus planos fora, ele trabalharia com o que tinha para tornar o dia especial a sua maneira.

 — Por isso, eu preciso saber de algo, aqui mesmo nesse quarto de maternidade, cercado por pessoas que conhecemos não tem nem um dia e desse bebê que acabou de nascer. — Bella e os outros riram baixinho pela fala dele. — Você aceita ser minha esposa?

— Aceito, claro que aceito, Edward! — chorando de felicidade, Bella conseguiu responder.

Edward respirou fundo, aliviado, colocou o anel no dedo dela e se ergueu para beijar a noiva.

Noiva, finalmente o título tinha mudado.

— Oh, Edward! — Jazzyyy voltou a cantar, mas Edward não pode se importar menos, aquele estava sendo o melhor aniversário da vida dele. Novos amigos, uma homenagem a ele para um bebê e Isabella tornando-se sua noiva.

Ele mal podia esperar pelo seu próximo aniversário.

***

Bella foi a primeira a ficar pronta aquela noite, o que surpreendeu Edward, mas logo os dois estavam deixando o apartamento deles — que era o antigo apartamento de solteira dela — indo pegar o elevador. Conversavam distraidamente sobre um paciente dele, enquanto entravam no elevador, com o médico segurando a mão da esposa.

Alguns andares abaixo, o outro casal entrou no elevador, carregando com eles o pequeno Edward que estava fazendo um ano de idade aquele dia. A comoção foi grande, logo o pequeno estava nos braços de seu tio Edward, que era completamente babão com o garotinho que tinha seu nome.

Enquanto isso, Bella conversava com os amigos, que perguntavam como ela estava se sentindo, já que estava grávida de sete meses aquela altura. O casamento dela e de Edward tinha acontecido em setembro de 2017, só três meses depois do pedido, Esme não tinha gostado muito da pressa, mas os noivos queriam oficializar a união o quanto antes. Meses depois a médica se descobriu grávida, a sogra passou a amá-la perdidamente desde então, até mesmo esquecendo-se do filho algumas vezes.

— Segurem o elevador, Jasper foi só pegar o violão! — Alice gritou da porta do apartamento dos pais do namorado, quando o elevador chegou ao quarto andar.

— Não gosto de brincar com esse elevador — Edward reclamou, vendo Bella manter as portas abertas.

— Supere, Edward — Bella pediu, afagando as costas dele.

— Ele já está vindo, calma! — Alice acenou para eles.

Alice e Jasper, após a formatura no colegial, tinham ido para a faculdade de Stanford. Ela estava estudando para ser uma engenheira computacional, Jasper estava se descobrindo, mas às vezes ainda queria ser o Jazzyyy com dois z's e três y's.

Os dois estavam de volta a Seattle aquele dia, vinte de junho, especialmente para o aniversário do jovem e do velho Edward, certo, não tão velho assim. Pela manhã todos tinham se reunido num parquinho infantil para o aniversário de Edward McCarty, pela noite estavam indo para a casa dos Cullen, onde a tradicional festa de Edward Cullen aconteceria.

— Finalmente! — Edward exclamou quando Jasper e Alice entraram no elevador, junto com o violão que ainda povoava seus pesadelos. — Nem sei porque está levando essa coisa, não vou te deixar tocar... — Edward se calou quando o elevador parou do nada, ele imediatamente ficou branco. — Não, de novo, não! — gritou apavorado, todos riram dele, incluindo Bella.

— Eu disse, estão me devendo dez dólares cada — a esposa de Edward falou, ele viu que ela quem tinha parado o elevador.

— Isabella!

— O quê?

— Você apostou que eu ia ficar com medo?

— Claro, acha que eu perderia essa? Lá no fundo ainda sou a garota que vomitou em você, amor. — Piscou para ele.

— Ei, eu tenho uma nova música...

— Cala a boca, Jazzyyy! — Todos gritaram em uníssono, o pequeno Edward até tentou gritar também, nem ele poderia suportar as músicas do tio Jasper.

O grupo deixou o elevador quando esse parou no térreo, na portaria o senhor Harris estava distraidamente lendo seu jornal. Ele continuava com seu cargo, mesmo não dando a mínima para os moradores do prédio, ninguém entendia como isso era possível, mas o homem continuava lá.

Bella chamou Edward quando saíram do elevador, fazendo com que ele a olhasse, para que pudesse desejar:

— Parabéns, amor!

Edward sorriu largamente, puxando a esposa para um beijo intenso. Ele sempre tinha um aniversário melhor do que o outro, até mesmo aquele preso no elevador tinha sido ótimo, mas só por precaução, ele iria subir pelas escadas quando voltassem para casa.

— Oh, Edward! — Bella cantarolou contra os lábios dele, soando divertida ao cantar no ritmo da canção de Jazzyyy. — Feliz aniversário, Edward!