Teen Titans - Caminhos Traçados escrita por Donzela de Ferro


Capítulo 3
A Amizade


Notas iniciais do capítulo

ANTES DE LER A FIC DOS JOVENS TITÃS, POR FAVOR, LER A BIO NO PERFIL DONZELA DE FERRO PARA MAIOR COMPREENSÃO DA HISTÓRIA, GRATA.



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Desde que Peyton se suicidou, o clima na torre dos Titãs ficou meio pesado, depressivo. Estávamos todos em choque, mas isso fez com que nós nos uníssemos mais, nos aproximássemos mais. Foi nesse momento que eu me aproximei rapidamente de Garfield. Ficamos muito amigos, posso dizer que quase irmãos, ele era incrivelmente engraçado, por mais que os outros Titãs, tirando o Cyborg, achassem as piadas dele sem graça, eu morria de tanto rir. Ele levantava meu astral de uma forma inimaginável, o dos outros também, mas principalmente o meu.

Por diversas noites conversávamos sobre nossas vidas no meu quarto antes de irmos dormir. Compartilhávamos histórias e acontecimentos. Mutano já havia sido integrante da Patrulha do Destino, não muito diferente de mim, era resultado de uma "experiência". Após contrair a doença de um macaco verde que o levaria à morte em poucas horas, seu pai, que era um geneticista, na tentativa de curá-lo fez com que ele ficasse com a pele permanentemente verde, adquirindo o dom de conseguir transformar-se em qualquer animal. Era impressionante a versatilidade de poderes que ele adquiria com as transformações.

Chegou a uma altura que estávamos compartilhando nossos segredos mais íntimos. Foi quando eu relaxei, foi quando todas as Victorias apareceram. Foi quando sem querer eu revelei minha real aparência para ele, eu não tinha mais cabelos brancos e curtos, eram longos, loiros e com uma mecha rosa de fundo; meus olhos não eram mais inteiramente negros, voltaram a ser normalmente azuis. Por um instante eu me senti livre, livre daquilo que me mascarava, que não me deixava ser a Victoria, que me obrigava a ser a Donzela de Ferro. Uma aparência que eu já utilizava há tanto tempo para aparecer publicamente com meus poderes diante das pessoas, que eu já tinha até me esquecido como era bom ficar livre.

Pra falar a verdade, isso me libertou, mas ao mesmo tempo me preocupou também. Eu costumo ter super controle sobre meus poderes e consequentemente, sobre minha aparência, pois como já falei, aprendi  a controlar essa mutação. Mas nesse momento, compartilhando bons e maus momentos com Garfield eu simplesmente esqueci de tudo, viajei no tempo, então aconteceu, fiquei na minha forma normal. Garfield ficou congelado, as pupilas dele se contraíram. Ele tinha contado tanta coisa, e eu, quase nada, mas ele se deu conta de quem eu era.

— Você... é Victoria Wayne?! - disse ele, meio espantado.

— Já vou esclarecer isso, haha! - respondi a ele, bem humorada, porque de fato, o espanto dele foi algo que achei fofo.

Foi então que comecei a contar sobre quem eu era e de todas as minhas origens que já contei aqui. Pensei que talvez, nossa relação poderia mudar depois disso, mas me enganei. Mutano me olhava, fascinado enquanto contava minhas histórias sobre como havia sido treinada, tanto por meu pai biológico, quanto pelo Batman (eu o fiz jurar por sua vida que nunca diria a ninguém que Bruce Wayne era o Batman, e acredite, ele cumpriu). Ficamos a todo o tempo brincando de "lutinha", encenando as batalhas que eu contava, até ficarmos com as barrigas doendo de tanto rir.

Quando terminei de contar minhas histórias, me levantei e fui até o frigobar de meu quarto pegar umas cervejas e batatinhas que havia comprado para beber e comer de vez em quando, foi quando Garfield parou por um instante de rir e raciocinou um pouco. Foi então que me perguntou:

— Então, se você é filha do Batman, você conhece o Robin, certo?

— Certo.

— Então, foi por isso que você ganhou tão fácil dele naquela luta... certo?

— Super certo.

— Por que, então, vocês quase não se falam? Parecem até estranhos.

Por um instante, isso me fez lembrar a melancolia que eu sentia toda vez que eu lembrava que Dick praticamente nem sabia quem eu era. Mas respondi:

— Ele não me reconheceu com a aparência da Donzela de Ferro, e imagino que também sequer quer saber quem eu sou.

— E você ainda não falou para ele que é você? Por quê?

— Ah... não. Na verdade, eu não sei. Eu acho que queria tanto que ele me reconhecesse, que fosse como éramos antes, a mesma amizade, que fiquei com medo de falar e quebrar minhas expectativas.

— Por que você não fala? Essa é a única forma de saber se vai ser a mesma coisa. É melhor que continuar nessa né? Fingindo que não se conhecem.

Isso realmente me fez refletir sobre o assunto. Minha aparência voltou para a identidade de combate. Fiquei por um bom tempo me debruçando sob meus pensamentos, não sabia mais diferenciar o que era voluntário e o que era efeito do álcool da cerveja. Naquele momento, a companhia de Mutano era tudo o que eu precisava, desses conselhos. Pedi a ele para que dormisse ali comigo naquela noite e ele ficou. Deitei na minha cama e ele, se transformou num cachorro e deitou do meu lado. Logo pegamos no sono.

No dia seguinte, levantei bem cedo e fui para a cobertura enquanto Garfield ainda dormia. Tive uma vontade tremenda, parecia que algo me atraía para lá. Quando cheguei, logo me deparei com ninguém mais, ninguém menos do que Dick. Ele estava lá, sentado, apreciando a paisagem que tínhamos do oceano bem de frente para a torre. Cheguei de forma delicada e sentei ao lado dele. Ele me olhou nos olhos e logo, voltou a olhar para a paisagem. Logo, falou:

— O que faz aqui acordada a essa hora?

— Te pergunto o mesmo, não faz sentido? - respondi de forma irônica, rindo - Não sei, na verdade. Simplesmente tive vontade, acordei por acaso e algo me atraiu para cá.

— Faço de suas palavras as minhas. - respondeu ele.

— Sério?

— Na verdade, sempre acordo cedo, mas quis vir aqui. Gosto da paisagem que temos, me deixa à vontade. Você está bastante, não é mesmo? - disse ele, me olhando.

Foi quando me dei conta de que ainda estava de pijama. Comecei a ficar envergonhada e a corar, mas corar MUITO.

— Que graça. -disse ele, rindo.

— Isso não tem graça nenhuma.

— Acho bonitinho. - respondeu 

Passamos um tempo em silêncio, só curtindo o momento enquanto o Sol nascia, só curtindo a presença um do outro. Quando finalmente o Sol subiu completamente, Robin se levantou e me ofereceu sua mão para me levantar. Levantei e falei:

— Adorei esse momento, obrigada por me acompanhar.

— O que?! Isso não foi nada. - respondeu - O que você acha de tomarmos um café juntos e depois, você me ensinar algumas manhas?

— Eu? Quer dizer, claro! Seria um prazer!

— Então vamos. - disse ele, enquanto me puxava pelo braço. Olhou para trás e abriu um sorriso para mim. Acho que esse é um momento que nunca vou esquecer na vida. Um dos melhores que tive até hoje com ele. Acho que foi o momento que me dei conta que eu estava começando a criar sentimentos por ele. Algo que estava dentro de mim há anos, mas que foi despertar logo naquele momento. Foi a hora que pensei que eu iria e tinha que contar a verdade a ele, e eu estava determinada a fazer isso.

Tomamos um longo café numa ótima cafeteria no centro da cidade, batemos um papo interessante, contamos piadas, rimos, dividimos um bolo delicioso de chocolate com morango. Foi de fato uma manhã perfeita com ele. Eu me senti nas nuvens e imagino que ele também, afinal, ele não parou de sorrir por um instante sequer. Era o nosso momento. Mas como na vida de todo Titã, momentos bons não duram muito. 

Pessoas começaram a correr, desesperadas para todo o lado, gritando histéricas. Era Johnny Rancid, um inimigo que costumava atormentar Jump City por diversão, ele era meio psicopata. Um punk desmiolado que tocava terror em sua motocicleta turbinada. Resumindo, a gente dava conta dele mesmo sem os outros. Johnny tinha posse de um monstro de lata enorme, em forma de cachorro, eu acho. Todos os ataques que soltávamos contra o robô eram praticamente inúteis, parecia de uma blindagem fortíssima, imune até mesmo a alguns dos meus poderes.

Foi quando eu e Robin, rapidamente nos reunimos e decidimos que seria melhor que ele distraísse Rancid, enquanto eu tentava entrar no sistema do robô para desligá-lo, já que meus poderes seriam praticamente inúteis para derrubá-lo. Depois de uma rápida busca nos sistemas integrados e fiações da máquina, me dei conta de que, por mais que fosse uma blindagem de última geração e um sistema veloz de alcance, era uma construção meramente arcaica de integração, coisa que aprendi antes mesmo de andar e logo o desliguei, conseguindo ajudar Robin a conter Johnny Rancid.

Ao final disso, o entregamos para a polícia e voltamos para casa. Mas não tivemos mais forças para treinar os golpes que ele havia me pedido. Só passamos o resto do dia conversando sobre coisas bobas da vida. Foi nesse dia, então, que surgiu uma grande amizade, que mais tarde, ressuscitaria outras situações muito mais profundas do passado.


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