Annabeth acordou cedo para ir pra escola, levantou da cama foi ao banheiro tomou seu banho morno e lavou os cabelos colocou um short jeans até a coxa, uma blusa branca regata e por cima dessa uma blusa quadriculada azul e por fim botou seu típico all star. As pernas da garota eram um dos poucos locais que podia deixar a mostra, pois não tinha hematomas causados pelo pai. Annabeth pegou sua mochila e desceu as escadas sem fazer barulho para não acordar Frederick, passou pela cozinha e pegou uma maçã e saiu pela porta enquanto saboreava a fruta. Começou a descer a rua devagar e logo escutou barulhos de passos vindo rápido em sua direção, Annabeth virou e viu Percy Jackson correndo atrás dela.

—Bom dia, você é Annabeth certo? – perguntou o garoto meio inseguro

—Bom dia, sou sim você é Percy o novato no colégio – disse a garota se sentindo um pouco desconfortável pela presença dele ali, ela sabia que logo se tornaria popular e começaria a atormentá-la como os outros.

—É, bom eu não sei ao certo o caminho para a escola já que ontem a minha mãe me levou mas hoje ela estava ocupada e eu tive que vir sozinho, resumindo estou perdido você pode me ajudar? – perguntou o garoto se sentindo um idiota

—Não tem problema, vamos – respondeu a loira caminhando um pouco mais rápido e o rapaz a acompanhava.

Annabeth durante todo o caminho ia pensando em como sua vida era horrível, a única coisa boa que lhe havia acontecido era ter conhecido Thalia... Ficava pensando se algum dia poderia escapar do seu pai, se algum dia ela voltaria a ser feliz de novo, se algum dia ela voltaria a viver de novo porque Annabeth não considerava aquilo o que tinha de vida.

Percy não tinha os meus problemas que Annabeth porém com certeza tinha muitos... Sua mãe trabalhava tanto que as vezes o garoto pensava que ela iria morrer de tanto cansaço, Sally chegava em casa altas horas da noite e sai quase de madrugada. Percy durante toda a sua vida culpou seu pai Poseidon pelo seu sofrimento, se ele não tivesse os abandonado talvez o menino não se sentisse tão triste.

Os dois iam tão distraídos que não haviam percebido que se encontravam diante da porta da escola.

—Obrigado – agradeceu o garoto

—De nada – respondeu a menina no mesmo tom de voz

—Ei Percy o que você está fazendo com essa garota ai – disse uma voz irritante atrás dos dois adolescentes – Você é um dos nossos, não se misture com qualquer um principalmente com essa daí – falou com nojo na voz enquanto arrastava o moreno até o lado dos populares. Aquela garota era praticamente a Rainha da escola, Rachel Elizabeth Dare, a garota mais popular da escola conhecida por muitos de linda e maravilhosa porém Thalia e Annabeth gostavam de chamá-la de vaca ruiva. Rachel e seu grupinho de seguidoras atormentavam todos que não eram populares principalmente Annabeth e Thalia.

—É assim como era de se esperar Percy já se tornou um deles – falou Thalia aparecendo do nada ao lado de Annie e a puxando pelo braço.

—Exatamente, qual sua primeira aula hoje Tha? – perguntou a loira tirando sua atenção do moreno de olhos verdes do outro lado do pátio e concentrando-se na amiga.

—Hoje minha primeira aula é História e a sua? – falou a morena

—Boa sorte com a professora, eu tenho física agora – disse a loira indiferente

—Agente se vê no intervalo? – perguntou Thalia

—Claro – respondeu Annie

Ela caminhou até o armário pegou seu livro de física e ia caminhando distraidamente pelos corredores até a sala de aula, como sempre chegou, mas cedo do que os outros se sentou lá no fundo pegou seu caderno de desenho olhou pela janela e viu a grande árvore que se encontrava no meio do pátio. O sol estava lindo e refletia nas folhas da árvore deixando-as mais claras, distraidamente Annabeth começou a desenhá-la. Desenhar era uma das poucas coisas que Annie gostava de fazer, era o único momento que ela se sentia livre, ela podia desenhar o que ela quisesse, tinha liberdade e ela gostava dessa sensação. Logo a sineta tocou e vários alunos entraram pela sala, Annabeth rapidamente guardou o caderno, não queria que ninguém visse seus desenhos muito menos os populares, não queria ter de perder a sensação de liberdade.

A aula foi extremamente chata para Annabeth que ficou olhando pela janela durante toda a aula. Annie era uma menina extremamente inteligente, sabia toda a matéria de trás para frente e não precisava prestar atenção na aula. Ainda observando pela janela a garota loira viu um pássaro azul voar em direção a árvore e pousar em um galho na parte alta aonde tinha um ninho com vários filhotes. O pássaro azul jogou algo no ninho dos filhotes que Annabeth identificou como sendo uma minhoca para os filhotinhos. Annabeth decidiu que na hora do intervalo iria lá perto da árvore para poder desenhar o ninho no galho. Trinta minutos se passaram e Annabeth continuava a olhar para a janela e observar a família de passarinhos, ela queria tanto ter uma família... Queria tanto ser feliz, queria tanto estar longe de Frederick para o resto da vida!

Finalmente a aula acabou e ela foi encontrar-se com Thalia perto do armário da mesma.

—Hey Tha eu queria ir lá naquela árvore do pátio para desenhar uma ninhada de passarinhos que eu vi lá, tudo bem por você? – perguntou a loira ao se aproximar da morena

—Claro, Annie – respondeu Thalia, esta adorava os desenhos da amiga e principalmente adorava ver ela os fazendo. Dito isso as duas começaram a caminhar em direção a árvore.

— Você não sabe o que eu escutei na aula de história! – começou a morena

—O que? – perguntou Annie curiosa

—Percy Jackson se tornou o novo capitão do time de basquete, ele fez o teste ontem – falou Thalia e Annabeth bufou

—Agora só falta ele se tornar o próximo na listinha da vaca ruiva Dare – disse a loira

—Eu não duvido isso se já não estiver – falou Thalia sentando-se entre as raízes das plantas da grande árvore, Annabeth assentiu com a cabeça pegou seu caderno e um lápis e começou a desenhar o ninho com os passarinhos. No exato momento em que o lápis tocara o papel, Annabeth sentiu todas aquelas sensações de liberdade lhe invadirem.

O resto do dia passou normalmente no colégio, alunos correndo apressados para pegarem o material ou para chegar a aula. A hora da saída chegou mais rápido do que Annabeth esperava, se despediu da morena de olhos azuis e seguiu caminho para casa.

Ao chegar em casa Annabeth foi até a cozinha e fez almoço, simples macarrão com queijo. Depois subiu até o quarto tomou um banho relaxante e foi fazer os deveres de casa... Após o termino de todos eles saiu para dar uma volta, foi até ao central park com o seu caderno de desenho e seu lápis. Escolheu uma área onde as árvores eram bem separadas uma das outras onde várias famílias faziam piqueniques. A garota recostou-se em uma árvore e dobrou os joelhos apoiando o caderno nas pernas, começou a desenhar várias famílias umas atrás da outra se sentia extremamente bem por está desenhando. Por fim cansada fechou o caderno e o colocou do lado do corpo, esticou as pernas e olhou para cima e tomou um baita susto! Já havia escurecido, olhou no relógio e eram 20:00 Frederick já devia estar em casa e com certeza morrendo de raiva. Annabeth levantou-se em um pulo recolheu o caderno e começou a correr de volta a casa, tropeçou uma ou duas vezes durante o caminho. Quando finalmente chegou ao jardim da casa escondeu o caderno dentro de uma caixa na garagem, pois se Frederick pegasse o seu caderno o queimaria e a garota não podia deixar isso acontecer.

Meio hesitante abriu a porta da sala e deu de cara com um Frederick furioso.

—Onde você estava Annabeth? – rosnou ele

—Estava no central park – respondeu a garota tentando manter a voz firme e clara

—Com autorização de quem, sua pirralha ingrata! – falou Frederick agarrando os cabelos da garota e a jogando no chão. – Não quero você saindo sem minha autorização ouviu bem garota? – gritou Frederick segurando fortemente o braço de Annie, que permaneceu calada.

—OUVIU? – berrou mais alto apertando com mais força o braço da garota que deixou escapar um gemido de dor

—ouvi – respondeu quase que em um sussurro

—Vá para sua cama agora – disse Frederick baixando o tom de voz e soltando o braço de Annie.

A menina subiu apreçada as escadas e assim que fechou a porta do quarto desabou em lágrimas deitando no chão. Depois de dez minutos chorando encolhida feito uma criança no tapete do chão do quarto, Annabeth se arrastou até a cama com suas últimas forças e logo adormeceu.