Loja de conveniência escrita por Excalibur


Capítulo 1
01. Chocorobos.




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O garoto de cabelos descoloridos analisava o panfleto extremamente colorido e chamativo que acabara de receber de alguns alunos mais novos. Os olhos azuis como o céu de um dia quente de verão passeavam rápidos pelo papel, absorvendo toda e qualquer informação que lhe fosse útil. Aparentemente, hoje seria o dia da inauguração de uma loja de conveniência que fora construída apenas duas quadras de sua casa e isso o fez sorrir, pois poderia comprar chocorobos — seu favorito, diga-se de passagem — sempre que estiver voltando para casa e ninguém descobrirá.

— É bem perto de onde você mora. Vai lá hoje? — Kurapika , um de seus amigos mais próximos, perguntou assim que tomou o panfleto em suas próprias mãos.

— Vou. É sempre bom garantir meu estoque de chocolate e o anúncio diz que apenas hoje tudo sairá com cinquenta por cento de desconto.

— Que promoção boa... Pena que fica muito longe da minha casa, não estou muito afim de caminhar hoje — O loiro devolveu o papel para Killua e esse apenas o guardou em sua mochila, já em suas costas — Mas seria bom fazer algo caseiro para Leorio comer, não é?

— Ay, esse negócio de namorar é muito complicado! — Cruzou os braços em frente ao peito, sentindo uma gota escorrer por sua têmpora direita. Seus amigos estão em um relacionamento desde que os conhecem, cerca de cinco anos — Vocês são praticamente casados. Apenas comprem uma pizza e bebam um vinho.

— Você é tão ingênuo, Killua. Espere até você se apaixonar e só ai entenderá como é difícil ter um relacionamento.

— Uma pena que nunca me apaixonarei por ninguém! — O mais alto entre os dois riu e se despediu do loiro, fazendo seu caminho para casa. Já estava perto do pôr do sol, então Killua apressou o passo para que pudesse chegar no evento antes do anoitecer e ocasionalmente encontre a loja fechada.

Assim que virou a esquina, sentiu seu ânimo espairecer em uma velocidade absurda. Por céus, havia uma fila para entrar na loja?! O quê é isso? Um restaurante francês cinco estrelas?

— Não é possível — Contou exatos doze passos até se encontrar no último lugar da fila, atrás de um grupo de três garotas de uma escola vizinha. Percebeu que três pares de olhos o encaravam fervorosamente, então rapidamente sacou seu celular e deu inicio a alguma playlist qualquer e se focou na música. Killua sabia que não era feio — de fato tinha até uma certa popularidade em sua escola — e que chamava a atenção das meninas, mas em todos os seus dezesseis anos vivo nunca sentiu interesse por ninguém, não importa o quanto tentasse. Principalmente com garotas.

Já saiu em milhares de encontros, porém acabava confessando que não daria certo no mínimo uma hora após de se encontrarem. Era de fato um garoto muito difícil, então admitiu para si mesmo que se um dia ele sentisse algo desse tipo por alguém, faria de tudo para chamar o indivíduo para sair. E estava confiante em que nunca teria que passar por tamanha humilhação.

Até hoje.

Não demorou mais do que três músicas até que seus pés rápidos já estivessem dentro da loja. De fato, era enorme, se assemelhando com um supermercado. O garoto alto percorria os corredores devagar, pois queria já marcar em seu diário mental o que compraria ao longo da semana.

— Woah, eles tem até produtos que se encontram apenas em lojas específicas. Dei sorte — Sorriu sozinho e passou para a próxima música. Andou mais um pouco até achar a sessão de guloseimas e posteriormente, seus amados chocorobos. Conteu um gritinho animado e pegou umas boas dez caixas, se dirigindo feliz para o caixa. Havia uma pequena fila também, mas não se importou de esperar.

O horizonte estava terrivelmente laranja quando aconteceu. O albino não havia aberto seus olhos até então, apenas depositou as caixas sob o balcão, sorrindo abobado.

— Woah! Você realmente gosta muito de chocorobos, hein? — Uma voz grossa e melodiosa entrou em seus ouvidos, como se fizesse carinho em suas orelhas. Abriu os olhos e ohmeudeus, Killua sentiu o arrepio percorrer de seu primeiro fio de cabelo até o fim de sua espinha — Você é do colégio Hunter? Eu também!

Killua sentiu como se tivesse perdido a habilidade de falar. Seus olhos estavam nervosos, percorrendo todo o perímetro corpóreo do garoto a sua frente. Era mais alto que si, musculoso, com um cabelo ridiculamente espetado e com o par de olhos mais meigos que já vira em toda sua vida.

— Hã? — Acordou do transe, escutando a pergunta do caixa — Ah, sim. Estou no segundo ano.

— Eh? Incrível! — Ele não desgrudava os olhos de Killua, apenas ia passando as caixinhas de chocolate no detector de códigos — Qual turma?

— 2A...

— Sério? Afe, eu estou na 2F! — O garoto realmente tinha uma aura própria e foi fácil demais ler sua expressão chateada — Aqui está sua compra, muito obrigado. Ah! Poderia me dizer o seu...

Ele completaria a frase, mas Killua não estava em condições de continuar no mesmo ambiente daquela obra prima. Já tinha corrido para a esquina mais próxima e se ajoelhou ao lado de um poste, tocando primeiramente seu rosto — extremamente febril — e depois do lado esquerdo do peito, para garantir se não teria um ataque pois seu coração estava quase saindo por sua boca.

Não poderia ser.

Seria alguma entidade castigando o garoto?

Finalmente, em seus dezesseis anos de vida, Killua tinha um crush.


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