Depois que os N.O.M.s passaram e uma onda de sossego se instalou por toda a escola, afinal não só o estresse tinha passado como o ano letivo estava acabando, eu decidi ir conversar com Lily sobre o que havia acontecido na semana anterior.

Não éramos exatamente amigas, mas eu gostava dela, era uma garota legal e muito gentil, então me senti meio obrigada a prestar solidariedade depois do que o idiota do James fez com aquele ser vivo que ela considerava um amigo.

A encontrei sentada nas escadas que levavam à torre de Astronomia num final de tarde, ela parecia estar terminando algum dever porque olhava do livro em uma mão para o papel apoiado no mesmo enquanto escrevia rapidamente.

— Oi, Lily. – a cumprimentei, sentado ao seu lado.

— Ah, oi Liv! – ela me lançou um rápido sorriso – Estava fazendo algumas anotações de Poções para estudar durante as férias.

— Nossa, nem eu sou assim. – ergui as sobrancelhas um pouco surpresa.

— Minha matéria favorita. – ela apenas deu um sorriso acanhado – Então, posso te ajudar com algo?

— Na verdade... Eu queria conversar sobre o que aconteceu semana passada. Eu posso imaginar o quanto tudo aquilo te chateou. – falei num tom mais baixo, ela desviou o olhar e fechou a cara.

— Eu não sei se quero falar sobre isso, principalmente se você for defender aquele arrogante do Potter.

— Eu não vou defender o James, ele foi um completo babaca. – a assegurei – Mas eu estou falando do Snape, principalmente, sei que vocês eram muito amigos.

— É, você falou certo. – sua voz estava cheia de amargura – Éramos. Eu dei muitas chances, muitos conselhos... Eu vi ele se afundando nas Artes das Trevas e eu tentei ajudar, mas no final das contas não fui capaz de fazer isso.

— Nós só podemos ajudar aqueles que querem ser ajudados. – falei sem olhar para ela.

— Eu sei. – ela soltou um suspiro cansado – Estou começando a acreditar no que dizem sobre a Sonserina... Que todos os alunos de lá são casos perdidos.

— Isso não é verdade...

— Claro que é! – Lily me interrompeu – Eu conheci o Severus antes mesmo de entrar em Hogwarts, ele me ajudou, me fez entender o quanto eu era especial e pela primeira vez aceitar que eu não era uma aberração... E depois que viemos para cá ele simplesmente virou alguém que eu não conheço! Ele virou um deles.

— Lily, me escute. – pedi a encarando – Eu acho que você não via como ele era antes pelo simples fato de você não conhecer esse mundo. Eu sempre achei que o Snape era bem inclinado ao lado das trevas e acredito que não foi a Sonserina que causou isso, ninguém muda por causa da casa em que está.

— Como você pode ter tanta certeza? Não vejo um que se salve lá. – ela questionou em tom de desafio.

— Eu tenho tanta certeza porque... Minha melhor amiga é da Sonserina. E é a pessoa mais leal e forte que eu conheço, confiaria minha vida a ela de olhos fechados. – falei com convicção – Ela nunca me decepcionou. E ser da Sonserina nunca a mudou, desde o dia em que chegamos nessa escola até hoje ela continua sendo a melhor pessoa que eu já conheci.

A Evans continuou me encarando com surpresa mesmo depois que eu parei de falar, então decidi levantar, já tinha falado mais do que deveria.

Mas eu não consigo me controlar diante de um julgamento sem fundamento.

— Bom, eu só queria te ajudar a se sentir melhor, porque no final das contas você não saiu perdendo. – olhei para ela novamente – Não vou te dizer que o James é um cara legal que apenas cometeu vários erros, mas ele é, só que não sou eu que tenho que te convencer disso. Quanto ao Snape, está melhor sem ele, você tem amigos melhores e que eu tenho certeza que te apoiariam independente da situação... Eu sou uma deles, então, se precisar, sabe onde me encontrar.

— Ah... – ela murmurou antes que eu seguisse meu caminho – Obrigada, Liv.

— Não foi nada. – dei de ombros e voltei para a Sala Comunal.

Remus já não estava mais lá, era a última noite da época de lua cheia daquele mês, eu já estava acostumada com as noites em claro e sentindo menos sono do que nas primeiras vezes. Fui até Sirius, James e Peter, estavam sentados numa mesa bem afastada, pareciam muito concentrados em alguns livros e papéis, isso me deixou extremamente curiosa, uma vez que não tínhamos mais deveres e as provas haviam acabado.

— Hey, Liv! – Sirius me cumprimentou com mais animação que o normal quando notou me aproximação de longe.

James e Peter se apressaram em fechar os livros e juntas os papéis antes que eu chegasse até eles.

— Olá... – respondi desconfiada – O que estão aprontando?

— Nada. – os três responderam juntos.

— E isso não foi nem um pouco suspeito. – disse ironicamente.

— É sério, não é nada. – James me assegurou com seu sorriso sem vergonha – Só estávamos procurando algumas azarações novas.

— Eu não acredito em você, Potter. – falei simplesmente – Mas como estou tentando não me meter mais onde não sou chamada, vou deixar para lá.

— Boa escolha. – Sirius piscou um olho para mim e se levantou prontamente – Então, vamos? Última lua cheia desse ano!

— Nossa, nem acredito que conseguimos... – James se levantou também – Vamos tentar fazer algo parecido nas férias, não é?

— Claro que sim. – respondi prontamente – Não vamos mais deixar o Remus passar por isso sozinho novamente.

— É assim que se fala, raposinha. – Sirius sussurrou antes de sairmos.

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Assim que amanheceu e Remus voltou à forma humana, fui até ele como sempre e sentei ao seu lado. Tinha sido uma noite difícil, ele acabou se arranhando durante a transformação ganhando cortes fundos no tronco.

— Remus, deixe-me ver. – fiz menção de levantar a camisa dele, mas ele me impediu.

— Estou bem... – ele me assegurou – A Madame Pomfrey vai cuidar deles.

— Olivia, temos que ir. – James falou.

— Certo, certo. – levantei contrariada – Até mais tarde, Lupin.

— Até. – ele me lançou um sorriso fraco enquanto saíamos o mais rápido possível.

Acompanhei os garotos de volta ao castelo como sempre. Nem estava acreditando que seria a última vez que faríamos aquela escapada naquele ano. Talvez no ano seguinte as coisas fossem mais tranquilas, talvez alguém desenvolvesse uma poção para ajudar Remus com as transformações...

Eu era tão otimista.

Naquela mesma tarde, estávamos todos na Sala Comunal, já falando sobre as férias. Por mais que eu amasse estar em Hogwarts, sentia muita falta da minha família e mal podia esperar para vê-los.

Definitivamente aquele ano havia sido bem movimentado em comparação aos anteriores e confesso que estava ainda mais ansiosa para o seguinte.

— Não acredito que falta pouco tempo para voltar para aquela casa terrível. – Sirius se afundou ainda mais na sua poltrona, cruzando os braços.

— Você sabe que pode passar o tempo que quiser na minha casa. – James deu um chute de leve na perna do amigo.

— Eu preferia não passar tempo nenhum na minha casa. – o Black resmungou – Todos loucos, a começar pelo elfo alienado da minha mãe.

— Desculpe a pergunta, mas por que o elfo é alienado? – questionei.

— O sonho dele é ter a cabeça decepada igual aos ancestrais dele quando ficaram muito velhos para carregar as bandejas de chá. – ele respondeu simplesmente.

— Oh... Adorável. – foi só o que consegui responder.

— É, ele se dá muito bem com meu irmão, então você já vê por aí o tipo de gente que o garoto é.

O desgosto de Sirius ao falar de Regulus era tanto que seu tom de voz até mudava. Notando o rumo que a conversa estava tomando, James logo mudou de assunto.

— Então... – ele se virou para Remus, Peter e eu – Nos veremos nas férias, não é? Podemos combinar tudo por cartas... Seus pais não irão criar problemas com isso, certo, Olivia?

— Não se preocupe, eles são bem tranquilos em relação a magia. – dei de ombros.

— Ótimo! – ele sorriu e voltou sua atenção para o Black mal humorado, começaram a sussurrar alguma coisa que o deixou mais animado.

Peter se aproximou e entrou no assunto também, igualmente entusiasmado.

— Ei, Liv. – Remus me chamou – Acabei de lembrar que a Minerva quer conversar com você depois da aula amanhã... Ela me encontrou enquanto eu saía da Enfermaria.

— É? Ela disse o motivo? – perguntei confusa.

— Não, eu esperava que você soubesse. – ele riu levemente – Não andou aprontando por aí, não é?

— Não, só saí a noite com meus amigos animagos ilegais para fazer companhia a um lobisomem. – respondi como se fosse óbvio.

— Se fosse por isso, todos teríamos sido chamados... E não pela Minerva, seria pelo Dumbledore.

— É verdade... Você acha que... – arregalei os olhos, sentindo o nervosismo tomar conta de mim.

— Não aconteceu nada com sua família. – ele falou rapidamente, já sabendo o que eu iria perguntar – Se fosse o caso, ela teria vindo atrás de você diretamente, não iria mandar um recado para falar outro dia.

— Tem razão... – respirei fundo.

Por mais que eu tivesse me acalmado naquele momento, não consegui deixar de pensar naquilo o resto do dia todo e durante a manhã do dia seguinte. A própria aula da professora Minerva pareceu se arrastar. Mas quando finalmente acabou, fui o mais rápido possível até sua mesa.

— Olá, Olivia! – ela me cumprimentou sem me olhar, estava organizando seu material – Fico feliz que o Lupin deu o meu recado, eu estava querendo falar com você sobre o seu dom peculiar.

— Ah... Isso... – me surpreendi, ela parecia tranquila demais para saber que eu andava me transformando às escondidas – O que tem ele?

— O Professor Dumbledore conversou comigo sobre ele. Você sabe que nunca no mundo se teve conhecimento de alguém igual a você. Mas achamos que você pode ser categorizada como animaga, assim como eu. – ela me encarou – Você sabe onde eu quero chegar?

— Acho que sim... – falei desanimada, eu sabia que esse dia poderia chegar – Eu tenho que me registrar no Ministério da Magia.

— Exatamente. – ela continuou séria – Isso significa que todas as suas transformações serão monitoradas.

Eu não podia demonstrar toda a revolta que estava sentindo, porque teoricamente eu não me transformava há anos. Mas se eu me registrasse, não poderia acompanhar os garotos, perderia uma das melhores coisas que me aconteceu na vida.

— Eu entendo. – falei assentindo.

— Porém... – a professora tirou os próprios óculos – Nós também chegamos a conclusão de que seria difícil explicar como uma adolescente de 15 anos é uma animaga, se dissermos a verdade, que você nasceu assim, eles iriam te tratar como uma aberração, eles tem uma certa inclinação a excluir os que são diferentes.

— Sei bem disso. – concordei lembrando de todo o preconceito que Remus sofreria se soubessem que ele é um lobisomem.

— Por isso, achamos prudente esperar que você seja maior de idade. Suas boas notas em Transfiguração e Feitiços serão boas justificativas para você ser capaz de se tornar animaga sendo tão jovem.

— É sério? – deixei um sorriso escapar.

— Sim, é sério. Desde que esteja cumprindo nosso acordo. – ela me olhou com desconfiança.

— Claro, eu estou! – fiquei séria novamente.

— Vou confiar em você, Olivia. – McGonagall se levantou – Agora vá para a próxima aula, só queria te dar esse aviso antes das férias.

— Tudo bem, muito obrigada, professora. – peguei minha mochila e saí da sala rapidamente.

Eu tive que fazer muito esforço para não rir na cara da Minerva, ela achava difícil existir uma garota animaga, imagine se soubesse que existiam mais três, que mais incrível ainda, aprenderam a se transformar.

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O dia de embarcar novamente no Expresso de Hogwarts logo chegou. Estava com Felicia nos braços, procurando minha cabine de sempre com Pandora quando senti uma mão no meu ombro.

— Oi, Liv. – para minha surpresa, era Lily.

— Hey. – a cumprimentei com um sorriso – Como está?

— Estou ótima. – ela falou simplesmente – Posso dividir a cabine com você? Eu sempre vou, quer dizer, eu sempre ia com Severus, mas...

— Claro, eu estou indo encontrar uma amiga na cabine que sempre vamos. – concordei – Você pode nos acompanhar.

Pela reação dela era óbvio que ela sabia que eu estava falando da minha tal amiga da Sonserina, mas ela me acompanhou mesmo assim. Talvez estivesse disposta a conhecer antes de julgar.

Fomos até a última cabine, dificilmente alguém nos incomodaria lá. Mas se acontecesse de aparecer algum aluno, era só fingir que estávamos lá juntas por falta de opção.

Pandora estava sentada com as pernas estiradas, ocupando o banco inteiro, com a cabeça apoiada na janela.

— Hey, Pan. – a cumprimentei e joguei a gata em seu colo, ela adorava gatos mas sua mãe não permitia que ela criasse porque seu pai era alérgico.

— Olá! – ela me respondeu simplesmente, mas seu rosto mudou assim que ela viu a ruiva entrando depois de mim. Ela olhou para mim ansiosa e levemente assustada.

— Olá... – Lily a cumprimentou receosa.

— Ah! Pandora, essa é Lily Evans. – as apresentei – Ela vai ficar conosco hoje...

— Ah sim, você é a garota do Snape. – Pan estirou a mão para cumprimentá-la.

— Eu não sou garota de ninguém, muito menos dele. – ela retribuiu o cumprimento, mas não parecia nada satisfeita em saber que era conhecida assim pelos outros.

— Ah, desculpe! Foi só uma maneira de falar, eu vi o que aconteceu entre vocês. Ele foi o maior idiota. – a loira revirou os olhos – Eu não suporto aquele garoto, ele se acha bom demais para o resto do mundo... Ou para lavar os cabelos.

Lily deu uma leve risada, o humor de Pandora podia conquistar todo mundo.

— Aposto que depois daquele acontecimento, ele ficou ainda mais desprezível. – encarei Pandora, erguendo as sobrancelhas. Ela já sabia o que aquele gesto significava, eu queria mais informações.

— Com certeza! – ela se inclinou na nossa direção – Eu achei bem feito, é claro! Ele é um dos piores...

— C-Como assim? – Lily indagou.

— Potenciais Comensais da Morte. – Pandora e eu falamos ao mesmo tempo.

— Existem vários na Sonserina, infelizmente, mas alguns se destacam... Como a Bellatriz Black, Rodolphus Lestrange... E Severus Snape. Eles têm um certo respeito, que na verdade é medo, por ele... O garoto tem um amplo conhecimento de Artes das Trevas.

— Eu não imaginava que era assim. – Lily abaixou o rosto.

— Ei, não fica assim. – toquei em seu ombro – Você deu sorte de se livrar dele...

— Olivia! Finalmente te achamos! – James abriu a porta da cabine repentinamente – Evans?

— Mas será possível? – Lily bufou.

— Ei, o que ela está fazendo aqui? – a cabeça de Sirius surgiu atrás do ombro do Potter, ele estava encarando Pandora com desprezo – Ela está incomodando vocês?

Pandora o encarou com uma sobrancelha erguida, ela estava se roendo para responder, mas ao mesmo tempo avaliando se valia a pena.

— Mas é claro que não, Black. – falei como se fosse óbvio – O que vocês estão fazendo aqui?

— O Remus estava te procurando. – James deu espaço e o Lupin entrou na cabine.

— Você esqueceu alguns livros comigo. – Remus me entregou três livros meus que o emprestei – Ah, oi, Pandora. Oi, Lily.

— E aí, Remus! – Pandora acenou para ele.

— Oi... – Lily respondeu confusa.

— Você a conhece, Lupin? – Sirius questionou quase cuspindo as palavras.

— Er... Sim. – Remus olhou para mim como se pedisse socorro com os olhos.

— Essa é Pandora Travers, ela é minha melhor amiga. – falei, já estava ficando irritada com o modo que Sirius a encarava.

— O QUÊ?! – o Potter e o Black arregalaram os olhos. Tenho certeza que ouvi a vozinha do Pettigrew vindo de trás deles, só não consegui vê-lo.

— Ah, por Merlin. – Pan revirou os olhos – Eles estão chamando atenção, mande-os entrar, Liv.

— Entrem e fechem a porta. – instrui.

Pandora sentou normalmente, Remus ficou ao seu lado e Sirius ao lado dele. Lily deu mais espaço que o necessário para James sentar ao lado dela.

— E eu? – Peter perguntou olhando para os lados.

— Fique de pé, oras. Vai te fazer bem. – James voltou a atenção para mim – Hum, pode falar, Olivia.

— É, estou curioso... – Sirius encarou Pandora intensamente e ela retribuiu o olhar.

— Corro algum risco de vida aqui? – Remus me perguntou apontando para os dois.

— É o seguinte, eu não vou repetir essa história toda de novo. Eu já estou cansada dessa palhaçada. – comecei a falar seriamente – Eu e a Pandora somos amigas desde sempre e – Sirius abriu a boca para protestar, mas o interrompi – se alguém falar que ela é da Sonserina como se isso fosse algo ruim, eu vou encher a cara dessa pessoa de pus de bubotúberas.

Todos continuaram calados, James parecia estar processando tudo na própria cabeça, Peter estava com sua constante cara de retardado e o Black ainda parecia desconfiado.

— Olivia, eu não quero contestar sua confiança... hã... Em sua amiga – James parecia estar escolhendo as palavras -... Mas você sabe como eles são.

— Eu tenho um nome, engomadinho. – Pandora fechou a cara para ele – E o que quis dizer com “eles”?

— Ah, você sabe o que ele quis dizer! – Sirius se virou completamente na direção dela – Vocês, cobras, são todas iguais.

— Sirius! – Remus o censurou – Você é a primeira pessoa que não deve falar isso, devo te lembrar que você quase foi uma “cobra”.

— Oh, mas vejam só... – Pandora sorriu malignamente – O sujo falando do mal lavado.

Por um segundo, eu quis beijar Remus por defender Pandora contra seu melhor amigo, nunca esperaria uma reação daquelas vinda dele.

— Acho que ele tem razão, Sirius... – James encarou o amigo que estava prestes a começar uma discussão – Nós sabemos bem que a maioria não define uma pessoa...

Ele e Remus trocaram um olhar, claramente se referindo ao probleminha peludo do Lupin.

— Você não está me dizendo que confia nela! – Sirius apontou para a loira.

— Não, nem a conheço! – James deu de ombros – Mas se a Olivia confia nela, acho que... Podemos dizer que ela não é tão ruim. E o Remus a conhece...

— Me sinto uma condenada sendo julgada. – a loira bufou e desviou o olhar para o lado de fora.

Um silêncio desconfortável se instalou. Remus trocava olhares desesperados comigo, ele não sabia o que fazer. Lily parecia mais incomodada por ter James ao seu lado do que pela situação que tinha acabado de acontecer. Peter estava encarando os próprios pés, esperando algum dos amigos tomar alguma iniciativa.

— Acho melhor voltarmos para nossa cabine. – Sirius se levantou.

— É verdade. – James concordou prontamente.

Peter abriu a porta e os três saíram.

— Eu vou indo também. – Remus piscou um olho para mim e eu assenti – Até mais, garotas.

Depois de alguns minutos, voltamos a conversar normalmente. Pandora nunca ligava muito para os comentários dos outros e ela sabia que não precisava da aprovação de ninguém.

A viagem seguiu tranquila, começamos a nos organizar para sair quando o trem foi parando na estação.

— Eu vou indo, obrigada pela companhia, meninas. – Lily nos falou sinceramente – Boas férias.

— Não foi nada. – dei um rápido abraço nela – Boas férias.

— Bom te conhecer, Lily. – Pandora acenou enquanto ela saía – Até que ela é legal, só me parece certinha demais.

— É, um pouco. – sorri – Nos falamos por cartas, Travers?

— Com certeza, Cooper. – ela me puxou para um forte abraço – Se cuida.

— Você também, garota. – peguei minha gata e a coloquei na gaiola para podermos sair da estação e segui pelo corredor.

Quando estava chegando perto da saída, encontrei Remus.

— Você vai escrever para mim?

— Claro, Lupin. – dei um meio sorriso e ele me deu um selinho antes de sair do trem.

Assim que a fumaça começou a se dissipar e se tornou possível identificar as pessoas na estação, localizei meus pais acenando ao longe.

— Liv! Liv! – meu irmãozinho correu para mim e me abraçou.

— Opa, oi, Theo! – coloquei a gaiola de Felicia no chão e o abracei de volta.

Meus pais se aproximaram e cada um me deu um abraço e um beijo, comentaram o quanto eu tinha crescido e começaram a perguntar várias coisas sobre o ano que tive. Eu amava a sensação de estar em casa.