Nós escrita por Graciela Pettrov


Capítulo 7
Sinais


Notas iniciais do capítulo

Fim dos capítulos programados (:
Responderei aos comentários logo, logo. E aproveito para deixar meu muito obrigada a todos que estão comentando ou apenas acompanhando. Obrigada!



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Sasuke a deixava nervosa, isso ela não poderia negar. Tinha alguma coisa nele que a deixava assim, meio na defensiva.


Talvez fosse o jeito de se portar, ela percebeu isso nas horas que ficaram em monitoria àquele dia. Sakura percebeu que Sasuke agia de uma forma diferente das outras pessoas de sua idade que ela conhecia, de um jeito que às vezes o faziam parecer mais maduro.


Ele andava de forma polida, sentava-se ereto e suas roupas estavam sempre alinhadas. Era até um pouco engraçado. Seria o típico nerd se não se vestisse tão bem.


Ah, sim, Sasuke com certeza sabia se vestir, ela percebera isso no momento em que o avistou parado na entrada da lanchonete. O avaliara de cima abaixo, desde de os tênis legais, a calça jeans bem ajustada, até a camisa cinza que ela sabia se tratar de uma Calvin Klein. Mas apesar disso, Sakura tinha quase certeza que o nervosismo era por causa das encaradas dele para ela, coisa que ele parecia fazer sem perceber. Depois de ponderar um pouco, a Haruno concluiu que o mesmo precisava dar aquela encarada nas pessoas, uma vez que não podia ouvi-las. Ele meio que tinha que decifrá-las ou algo do tipo.


Tentou ao máximo levar aquilo naturalmente. Não que ela não estivesse acostumada com atenção para si, o negócio era que o jeito do Uchiha a olhar era diferente, ela se sentia sendo avaliada, estudada, observada constantemente pelo seu monitor de matemática.


Se isto não tornava o estudo difícil o suficiente, teve a parte em que ela voltou a se sentir a pessoa mais idiota do planeta.... Sakura sabia que Sasuke era muito inteligente e ficara mortalmente constrangida quando ela devolveu a folha com os assuntos e ele de pronto erguera as sobrancelhas, bastante surpreso e sem tentar disfarçar sua surpresa para com o que via.


Ela era uma burra e agora ele tinha plena certeza. Quase podia imaginá-lo fazendo algum comentário infame ou superior, caso pudesse. Mas talvez não, talvez ele não fosse esse tipo de pessoa, ela não sabia, não o conhecia, afinal.


Ela não o conhecia. A Haruno absorveu essa informação. Não sabia praticamente nada sobre aquele garoto a sua frente a não ser o nome dele. Ela apenas tinha ciência de que ele era Sasuke Uchiha, estava na turma de cálculos avançado e seria seu monitor pelos próximos trinta dias.


Não era surpresa nenhuma os dois nunca terem se esbarrado antes. A faculdade era imensa e tinha muitos cursos e, apesar de já estar em seu segundo ano, ela não conhecia nem 30% dos outros alunos.
A coisa toda funcionava exatamente do jeito que ela pensara alguns dias atrás: como uma pirâmide. Uma hierarquia social no qual os grupos se fechavam entre si. Dificilmente uma parte da pirâmide se misturava com outra, a não ser que ocorresse uma intervenção externa, como, por exemplo, seu professor de matemática resolver que você deve ter monitoria de outro aluno.


E ali estava ela, com um cara de outro "compartimento". Isso nunca aconteceria por espontaneidade, uma vez que Sakura nunca tivera necessidade ou motivos para se aproximar de pessoas como Sasuke, e ele, bem, com certeza não necessitava da Haruno para nada.


O "fator pirâmide" não era uma coisa elaborada ou ditada por alguém. Era um tipo de coisa que se formava, simplesmente acontecia. A necessidade das pessoas de encontrarem um lugar onde se encaixar acabavam as levando a formarem grupos juntamente com pessoas que tinham ideais como os seus.
Era a sociedade dentro da sociedade.


Obviamente não havia restrições quanto uma pessoa interagir com alguém de fora de sua turminha, hipoteticamente falando, a decisão era da própria pessoa. E era isso que Sakura estava decidindo naquele momento. Ela poderia facialmente voltar a não se encontrar com Sasuke depois desse mês de estudos, assim como também poderia abrir as portas para uma possível amizade além-monitoria.


Sakura o estudou. Ele era bonito, claro. Aquele cabelo pretinho contrastando com a pele clara, e os olhos tão escuros que chegavam a ser intimidantes. Para a Haruno, Sasuke tinha aquele olhar de quem sabia tudo sobre você, mas que você nunca saberia nada sobre ele a não ser que ele quisesse.


Era como se ele vivesse em outro mundo, em um universo particular só dele. Um lugar que ela jamais conseguiria alcançar. Era isso que a intrigava. O anseio de saber como seria a personalidade daquele garoto à sua frente que parecia estar em outro lugar. Era estranho, ela sabia, mas este era o efeito que Sasuke causava nela. O Uchiha lhe despertava curiosidade, obviamente. Sakura nunca havia tido contato com algum surdo e a forma como ele gesticulara com Kakashi era simplesmente fascinante para ela.


Será que ele a ensinaria alguns sinais se ela pedisse? Poderia haver uma amizade normal entre eles?


...


A garota estava tão imersa em pensamentos que não notara a pessoa que se aproximara e sobressaltou-se quando sentiu uma mão em seu ombro.


Era Kiba Inuzuka. Eles já se conheciam há algum tempo, pois sempre que ia ali com as amigas, o que era praticamente todos os dias, o rapaz fazia questão de atendê-las.


— O de sempre? — Ele perguntara, sorrindo para ela.


A Haruno pensou uns instantes então seus olhos saíram de Kiba e caíram sobre o Uchiha, que estava completamente alheio do ambiente ao seu redor, de cabeça baixa e organizando os papéis que tirara de sua mochila. Sakura suspeitava que ele nem mesmo notara a presença de outra pessoa.


Olhando para o Uchiha, uma dúvida a atingiu: como Sasuke faria seu pedido?


Dificilmente, muito dificilmente mesmo, haveria alguém naquela lanchonete que soubesse Língua de Sinais para interpretar o que o rapaz desejava. É claro que ele poderia pegar o cardápio e apenas apontar o que queria, mas e se ele fosse como ela?
Sakura sempre tinha um desejo adicional em seus pedidos, quando pedia, por exemplo, um café, sua recomendação era sempre com muito açúcar e não muito forte, cinco pingos de leite e nada de adoçante.


Parecia injusto que o Uchiha tivesse que aceitar o que lhe viesse da cozinha; café, apenas café igual a foto do cardápio e fim de papo. Isso era inadmissível.


Pensando nisso, a Haruno voltou-se novamente para Kiba.


— Na verdade, estou pensando em dar uma variada hoje. Quando decidir te chamo. — Respondeu, lhe devolvendo o sorriso, Kiba era um cara legal.


— Beleza. — Ele se virou para Sasuke e também o cutucou no ombro. — E você, cara?


Sasuke tirou os olhos das folhas e levantou o rosto para encarar Kiba, totalmente surpreso por percebê-lo ali. Ele não havia visto o rapaz se aproximando e estava deveras confuso. Deveria ter notado o uniforme e o bloquinho em suas mãos e se dado conta de que se tratava de um garçom, mas o Uchiha estava nervoso com toda aquela situação e ele tendia a ficar bastante desatento, bem mais que o normal, quando ficava ansioso.


Seu cenho se franziu. Os olhos foram suplicantes para Sakura, que, para seu alívio, disse algo para o rapaz que concordou e depois se afastou. Quando voltou sua atenção para Sasuke, a Haruno se surpreendeu com o que viu:


Ele havia gesticulado para ela!


Obviamente ela não fazia a menor ideia do que queria dizer; ele gesticulara algo parecido com o que as pessoas fazem quando se despendem, tocando a mão esquerda na têmpora e a afastando da cabeça. No segundo gesto ele usara a mesma mão, só que com os dedos indicador e médio cruzados na altura da cabeça, e fazendo pequenos movimentos circulares para frente.


Sua curiosidade se atiçou para saber o que significava. Uma coisa era Kakashi interpretar seus sinais ou ele escrever para poderem conversar, tê-lo gesticulando diretamente para ela era algo totalmente diferente. Pela primeira vez, Sakura sentiu que estava realmente tendo algum contato com Sasuke, sem intermédio de outra pessoa ou meio de comunicação. Foi uma constatação feliz de sua parte. Agora queria saber o que ele gesticulara.


Pensando nisso, a Haruno pegou a bolsa que estava em seu colo e começou a procurar pela caneta que usara anteriormente, vasculhou à procura de seu caderninho de anotações que separara especialmente para a monitoria.


Caderno encontrado, ela abriu em uma página qualquer e escreveu:


"O que significa aqueles gestos que você fez?"


Virou o caderno para que Sasuke pudesse ler. Ele encarou a folha um pouco surpreso com as ações repentinas da garota, depois se concentrou em ler.


Demorou uns bons trinta segundos para que finalmente o Uchiha entendesse o que estava escrito. Leitura não era seu ponto mais forte, ele aprendera a ler à muito custo e esforço, na maioria das vezes as palavras se embaralhavam. Sasuke ficava orgulhoso cada vez que conseguia ler e escrever um texto ou frase. Muitos surdos nem mesmo sabiam uma ou as duas coisas.


Ele olhou para Sakura, que também o olhava, esperando por sua resposta. Dando um sorrisinho, o Uchiha repetiu os gestos e percebeu a garota deslumbrada com o ato.


E ela estava mesmo, apesar de serem gestos bem simples se comparados com toda aquela "dança de mãos" que ele fazia quando conversava com Kakashi.
Sasuke hesitou por um momento antes de escrever uma resposta.


"Obrigado."


"E o outro?"


Ela o entregou o caderno com uma expressão indagativa, como se tivesse pedindo para ele repetir o segundo gesto. Quando leu, um tom avermelhado tomou conta da pele pálida do rapaz. Ele estava corando e Sakura não sabia porquê.


O fato era que o segundo gesto era o sinal que representava o nome dela. Quando um surdo cria um sinal para alguém significa praticamente que ele pretende um relacionamento a longo prazo com a pessoa, seja fraternal ou amoroso. Um sinal representa um pedido para entrar na vida da outra pessoa, é quase íntimo.


Obviamente, Sakura não tinha ciência desses detalhes, por isso não entendia o motivo do rapaz ter ficado mais acanhado do que de costume enquanto escrevia uma resposta.


"Nome seu. S A K U R A"


A Haruno arregalou os olhos ao ler. Ela tinha um gesto que significava seu nome? Por Deus, precisava aprendê-lo!


Afoita, escreveu várias coisas:
"Pode repetir?"


"Foi você quem criou o sinal? Quando?"


"Pode me ensinar?"


Levou um minuto inteiro para o Uchiha ler todas as indagações. Tendo entendido tudo o que ela queria, ele começou pelo primeiro pedido. Sasuke calmamente repetiu o gesto: cruzou os dedos vagarosamente e os levou à cabeça fazendo os movimentos circulares. Novamente ele notou que Sakura ficara fascinada com o gesto simples.


Sasuke havia criado um sinal para ela na segunda vez em que a viu no laboratório, logo depois de Kakashi avisar sobre a monitoria. Ele ficara bastante em dúvida sobre criar ou não o sinal, mas como passaria pelo menos um mês a ajudando seria chato ter que datilografar o nome de Sakura toda vez que fizessem monitoria.


O Uchiha pensou no que responder a ela, sentindo novamente aquela frustração de não ter como explica-la todo o seu raciocínio anterior. Optou pelo resumo:


"Criar quando conhecer você."


E era verdade, apesar de que Kakashi já havia dito seu nome antes de ele conhecê-la. Mas um nome por si só não era o suficiente para se criar um sinal para alguém, era necessário ver a pessoa, buscar sua característica mais marcante. Não foi à toa que ele escolhera os dedos cruzados que significavam a letra R e trocara de lugar, em vez de na face que era o sinal para a cor rosa, ele a colocara no cabelo para simbolizar a cor peculiar dos fios da Haruno.


A terceira coisa que Sakura escrevera o pegara desprevenido. Por mais irônico que fosse, Sasuke já havia dado aula sobre muitos assuntos dos quais tinha bastante conhecimento, mas nunca ensinara Língua de Sinais a ninguém. Por sorte o sinal era bem simples.


Sakura estava novamente o observando enquanto ele tinha uma discussão interna e parecia ter esquecido totalmente de sua presença ali. Ela percebeu que ele fazia muito isso, ficava facilmente distraído, indo para aquele mundo inalcançável.


Antes que ela criasse coragem de tocá-lo no braço para chamar sua atenção, ele pareceu se decidir e estendeu uma mão para ela e dessa vez foi a Haruno quem ficara surpresa com o gesto. Hesitante, ela ponderou qual mão deveria dar, então lembrou que ele sempre gesticulava com a esquerda e concluiu que talvez essa fosse a mão certa para se gesticular em Língua de Sinais. Passou o braço esquerdo por cima da mesa e colocou sua mão na dele em total expectativa para saber o que o rapaz pretendia fazer.


O Uchiha olhou para aquela mão pequena, a pele um pouco mais bronzeada que a dele e as unhas curtinhas como as suas, só que quadradas como se ela optasse por mantê-las assim e não como as dele que eram irregulares e roídas. Um pensamento lhe ocorreu, e Sasuke se desconcentrou por um momento, mas sua atenção voltou ao notar qual mão Sakura havia lhe dado: a esquerda. Mão errada. A intenção dele era posicionar os dedos dela de forma correta para se fazer o sinal, mas para isso dar certo teria que ensinar-lhe com sua mão dominante, que no caso dela era a mão direita, pois ao vê-la escrevendo notou que ela era destra.


Sakura também olhava para suas mãos juntas e foi aí que ela viu: a tatuagem. Era pequena e simples, mas as cores azul e vermelha do símbolo contrastavam incrivelmente com a pele de seu pulso. Ela estava surpresa por não a ter notado antes. Aquela era apenas mais uma das várias coisas nele que estavam começando a fasciná-la profundamente.


Sasuke claramente não percebeu a atenção da garota em sua tatuagem, ele estava concentrado na questão de escolha da mão e na mão em si, no sentimento do toque e novamente aquele pensamento lhe ocorreu: quem olhasse os dois de longe pensaria que se tratavam de um casal. Preparando-se para afastar a ideia tola, ele negou com a cabeça soltando-lhe a mão e apontando para a outra.


Apesar de não entender o porquê de ele querer sua outra mão, a Haruno fez o que ele pediu e trocou. Ela ficou bastante atenta aos seus movimentos enquanto ele posicionava seus dedos da mesma forme que os dele para fazer o sinal. Sakura obviamente sabia fazer aquilo, era só cruzar os dedos da mesma forma que se faz quando se pede sorte, mas Sasuke estava tocando sua mão com tanto cuidado que chegava até a ser um pouco engraçado e muito, muito fofo.


Depois de posicionar seus dedos corretamente, ainda sem soltar sua mão, o Uchiha se inclinou para ela, levando seu braço junto, e guiou-o para a lateral de sua cabeça fazendo os movimentos circulares. Sakura estava se sentindo como quando era uma menininha e sua mãe a ajudava a levar a colher à boca sem derramar a comida no trajeto.


Vendo sua mão posicionada no lugar correto, Sasuke a soltou e reclinou novamente para seu assento. Agora só faltava Sakura fazer os movimentos circulares para completar o sinal, mas ela parecia não notar isso e ficara lá com a mão parada na cabeça o olhando como se esperasse por mais instruções. Estava tão engraçada que o Uchiha não conseguiu conter o riso, era como uma imagem pausada bem a sua frente.


De repente Sakura se sentia ridícula. Primeiro porque não sabia se estava fazendo corretamente e segundo porque ele estava rindo dela e ela tinha quase certeza de que o motivo era o fato de estar gesticulando errado. Já ia baixar a mão quando Sasuke a imitou e levou a sua a própria cabeça e fez o sinal movimentando a mão em círculos. Ah, claro, os movimentos circulares que ela havia esquecido de fazer! A Haruno mexeu a mão um pouco hesitante, mas sorriu quando o Uchiha assentiu assinalando que ela estava fazendo da forma correta.


Sakura não aguentou e soltou um gritinho de empolgação por ter aprendido algo tão fascinante. Obviamente Sasuke não reagiu ao barulho, mas as pessoas ao redor sim e elas estavam olhando diretamente para a mesa deles. A Haruno notou também que Kiba os observava, de cenho franzido.


A verdade é que algumas pessoas já os dava atenção antes mesmo do grito de Sakura. Uma conversa em Língua de Sinais sempre chamava atenção. Fosse de deslumbre ou estranhamento, sempre tinha alguém olhando quando Sasuke conversava em público com Itachi quando saiam. O Uchiha caçula era tímido por natureza e com certeza não se sentia confortável quando percebia que estava chamando atenção, mas eram poucas as vezes que ele ficava atento a isso. Itachi claramente percebia os olhares e agradecia a Deus por essa particularidade dos surdos de ficarem totalmente alheios aos acontecimentos ao seu redor.


Esse foi um dos momentos em que Sasuke notou os olhares. Constrangido, ele se remexeu na cadeira e então voltou seus olhos para as folhas que estava separando. Sakura também percebeu e ao vê-lo acuado ante os demais clientes, ela mesma ergueu a cabeça e lançou olhares reprovadores e até mesmo bravos para os expectadores.


Kiba aproveitou a deixa e se aproximou novamente. O Uchiha dessa vez notou o rapaz e depois de uma rápida olhada para cima, ele novamente voltou sua atenção para os papeis em mãos, apesar de não estar mais os organizando. Sabia da mudança súbita dos pensamentos de Kiba em relação a ele. Isso Sasuke não conseguia deixar passar despercebido nunca.


— E aí, Sakura, já decidiu o que vai querer? — Apesar de falar com ela, Sakura notou que o Inuzuka olhava de relance para Sasuke. Ela também percebeu que o olhar agora era diferente do de antes, quando Kiba não sabia da surdez. Kiba o olhava com estranhamento, como se Sasuke fosse de outro planeta ou um animal que ele nunca tinha ouvido falar. Sakura se perguntou se era assim também quando olhava para Sasuke.


— Yeah, decidi que estou sem fome. Desculpe.


— Nem aquele café caprichado?


— Nem isso — ela sorriu calmamente para ele.


Kiba deu de ombros antes de apontar para Sasuke com o polegar discretamente.


— Que pena. E ele?


— Nós realmente já estamos de saída Kiba. Mas da próxima vez prometo pedir um banquete pra compensar.


Aquilo era uma dispensa, mas o Inuzuka continuou lá, como se esperasse por algo, e este algo nada mais era que Sasuke tirando a cara daqueles papeis e começando a mexer as mãos daquele jeito estanho novamente; depois de concluir que nada aconteceria, ele assentiu para Sakura sorrindo e se afastou.


Apesar de retribuir o sorriso, Sakura não gostara nadinha da atitude indiscreta de Kiba. O constrangimento de Sasuke era palpável e aumentara ainda mais com a aproximação do garçom. Ela precisava tirá-lo dali.


Hesitante ela estendeu o braço sobre a mesa e tocou na mão esquerda dele para chamar sua atenção. Quando ele a olhou, ela pegou o caderno de anotações e escreveu:


"Vamos andar um pouco?"


Sasuke apenas assentiu, então entregou o conjunto de folhas para ela. Sakura os dobrou e guardou na bolsa, depois levantaram-se cada um com seus pertences e saíram. Muitos olhares ainda os acompanhando.


...


Lá fora o dia continuava quente apesar de se passarem das dezessete horas. Eles atravessaram a rua e andaram ao longo da outra calçada, lado a lado. Sasuke segurava as alças de sua mochila apertadamente e não se atrevia a olhá-la uma vez sequer, estava nervoso e até um pouco envergonhado com toda a situação. O Uchiha apesar de desatento, não era bobo, ele sabia o motivo de Sakura tê-lo chamado para sair da lanchonete. Deveria gradecer.


A Haruno, por outro lado, estava achando aquilo divertido, o jeito acanhado dele só a fazia querer conhece-lo mais. Sakura queria, verdadeiramente, conversar com Sasuke. Da forma dele.


Enquanto pensava naquilo e olhava de soslaio, ele novamente a pegou de surpresa com um gesto. E surpresa foi maior ainda para ela ao se dar conta de que conhecia aquele sinal.


"Obrigado"


— Eu sei o que significa esse sinal! — Ela exclamou para ele, sem conseguir se conter e mesmo sabendo que ele não ouviria.


O que ela não sabia era da habilidade do Uchiha de leitura labial. Ele entendeu perfeitamente o que ela dissera ao pescar as palavras-chave 'sei' e 'sinal'.


Com um pensamento predominando em sua mente, Sakura apontou para um banco mais à frente indicando que eles fossem sentar lá. Antes mesmo de chegarem ao destino, a Haruno pegou seu caderno e caneta da bolsa e começou a escrever enquanto andava temendo que as palavras que rondavam sua mente acabassem lhe escapando.


Ao chegarem ao banco, ela sentou-se e continuou a escrever, percebendo que devido os movimentos a folha estava começando a soltar do caderno. Sem se importar com este fato, ela concluiu suas ideias, então destacou a folha e a entregou para Sasuke, hesitante.


Será que ele concordaria?


O Uchiha demorou alguns minutos para ler o texto escrito ás pressas, ao terminar a leitura a expressão dele para ela foi como se o mesmo dissesse algo como: "Você tá falando sério mesmo?!" Imaginando-o falando isso se pudesse, ela concordou com a cabeça, sorrindo.


Ele olhou mais uma vez para folha e começou a dobrá-la em vários pedaços enquanto pensava. Então ele ergueu os olhos pra encará-la e assentiu. Foi ai que ela fez algo que o surpreendeu: ela sinalizara (ou pelo menos tentara) obrigado. E ele sorriu, um sorriso completo.


Sakura não sabia que ele havia guardado cuidadosamente o papel dobrado dentro do bolso da calça, como se fosse a coisa mais preciosa do mundo.


Sasuke não fazia ideia do quanto aquela risada desprovida de som havia mexido com ela.


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Notas finais do capítulo

É isso gente. Esse capítulo foi particularmente meu preferido até agora. Sasuke super fofo, se acostumem porque sempre será assim :3

Depois coloco o que a Sakura escreveu.

Ps: esse cap. não foi revisado, bom nenhum é haha, mas esse eu nem passei o olho, pois queria postar logo :D

Até o próximo!