Nós escrita por Graciela Pettrov


Capítulo 14
Especial de Ano Novo


Notas iniciais do capítulo

Estava em Hiatus pessoal. Mas retornei às atividades o/
Boa leitura ♥



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Aos quatro anos, Sasuke Uchiha ainda não frequentava a escola, portanto não havia tido contato direto com crianças de sua idade; seu amigo, Naruto, só havia se mudado para a vizinhança quando eles já tinham oito anos. Ele não sabia a definição de "ouvir", pois nunca passara pela experiência. Para Sasuke, todas as crianças eram assim, elas se comunicavam como ele, através de sinais.

Por conta disso, acabou achando, em sua mente inocente, que todas as crianças eram como ele: diferente dos adultos como seus pais, dos adolescentes como seu irmão e dos animais como o cachorro da vizinha.

Sasuke tinha seis anos quando se deu conta de que era diferente dos seus pais, de seu irmão e até do cachorro da vizinha.

Foi no seu primeiro Réveillon que ele teve plena certeza disso.

...

Todos os anos havia uma queima de fogos na região alta da cidade, acontecia na noite de trinta e um de dezembro e praticamente todos os cidadãos compareciam ao evento. E aquela seria a primeira vez que os pais de Sasuke o levariam, pois ele finalmente provara-se capaz de manter-se acordado até as 00:00 horas.

Tudo o que tinha que fazer era dormir bastante no dia anterior para que não sentisse sono no tão esperado dia, mas Sasuke ficara tão excitado com a expectativa de ver os fogos que não conseguia pregar o olho.

No entanto, isso não o prejudicou de forma alguma, pois quando veio a noite, Sasuke continuava com a mesma excitação de um dia atrás. Enquanto o arrumava, sua mãe gesticulava algumas precauções: não saia das minhas vistas e sempre segure minha mão ou a de seu pai. O garoto apenas assentia veemente, então quando terminou de pentear o cabelo do filho, Mikoto se agachara à sua frente e lhe dera os tão costumeiros três beijinhos na bochecha esquerda.

Sasuke não sabia às horas, mas já era noite quando todos entraram no carro e seu pai seguiu para a parte alta a cidade. Quando chegaram parecia que metade da população já estava lá, o Uchiha ficou atordoado por um momento devido a quantidade de pessoas presentes em um mesmo local.

Era incrível!

Eles saíram do carro e Mikoto segurou-lhe logo a mão, o pai e Itachi iam à frente, procurando um bom lugar para ficarem. O irmão, assim como Mikoto, também lhe dera sua recomendação quando Sasuke fora questioná-lo sobre o evento:

Fora na manhã seguinte, quando o mais novo percebeu que não conseguiria dormir e foi perturbar o irmão em seu quarto. Encontrou Itachi mexendo no computador:

— O que foi, bocó?

Foi a primeira coisa que o mais velho gesticulara quando o viu parado em sua porta. Itachi tinha onze anos e estava "naquela fase". Foi o que sua mãe Mikoto dissera à ele quando Itachi escreveu 'Cai Fora' em uma folha de papel e colara na porta de seu quarto, então o pequeno Uchiha não se intimidou com a expressão azeda do irmão.

— Quantas vezes você já foi... — Sasuke pendeu a cabeça para o lado, procurando um sinal para descrever o que ele queria dizer, mas acabou desistindo e continuou: — Para a festa dos fogos?

No primeiro instante, Itachi franziu o cenho, não entendo, então se deu conta de que ele estava falando do Réveillon, Sasuke não sabia o sinal para a palavra e Itachi também não. Nunca haviam tido oportunidade de usá-la, pois até o ano passado, Sasuke não se importava com a virada de ano como os mais velhos da casa.

— Três vezes. Três anos. — Respondeu todo convencido com o arregalar de olhos do irmão.

— O que tem lá? — Gesticulou rapidamente, entrando no quarto e sentando-se na cama, sem se importar com as restrições que Itachi impôs devido "aquela fase".

— Tem fogos. — Devolveu, dando de ombros. Queria voltar ao seu jogo, não contar como era a chatice de ficar acordado até tarde para ver fogos. Grande coisa.

Mas Sasuke parecia achar grande coisa e já se preparava para possivelmente fazer outra pergunta e Itachi tratou logo de se livrar do pestinha.

— Só olhe bem para os fogos, Sasuke. Esqueça todo o resto e se concentre nos fogos. Agora cai fora, bocó.

Sasuke entendera perfeitamente a recomendação de Itachi para se focar apenas nos fogos. O Uchiha mais novo tinha uma forte tendência de se distrair, fosse o que fosse. Em um momento prestava atenção em alguma coisa e então, num piscar de olhos, já olhava para outra esquecendo-se totalmente da anterior.

Ele não sabia, mas pessoas essa característica era bastante comum entre pessoas surdas.

Agora vendo-se ali, percebeu o quanto seria difícil seguir as instruções do irmão. Eram muitos rostos, muitas pessoas, todas com roupas brancas, mas com modelos diferentes; logo de primeira isso tirara totalmente a atenção do garoto, e se sua mãe não o tivesse segurando pela mão ele com certeza teria se perdido naquela multidão.

A família encontrou um bom lugar para ficar, mas mesmo assim Sasuke ainda precisaria subir nos ombros do pai para poder ver o espetáculo pirotécnico... Que estava demorando por demais, pelo menos para o pequeno. De minuto em minuto, bem depois de Mikoto estender a toalha de piquenique no chão e colocá-lo sentado ao seu lado, Sasuke cutucava-a e gesticulava "Demorar" para ela, Mikoto respondia com uma "Ficar Calmo, Esperar" e tocava o indicador em seu pequeno nariz.

Dando-se por vencido, o pequeno Uchiha passou a observar ao seu redor: havia muitas outras famílias, havia outras crianças. Suas sobrancelhas franziram quando percebeu uma menina do seu tamanho se comunicando com uma mulher adulta, ela não estava fazendo sinais, e sim movendo os lábios assim como todos os adultos e seu irmão.

Sasuke ficou hipnotizado com aquilo, e só despertou de seu torpor quando Itachi o cutucou e lhe entregou um palito com quatro marshmallows espetados, o pequeno havia ficado tão absorto na cena da criança que nem viu quando o irmão saiu para comprar os doces.

Estava pronto para cutucar novamente sua mãe e questionar sobre aquilo, quando seu pai se agachou ao seu lado e gesticulou "Hora dos Fogos". Fugaku o colocou sobre os ombros para que Sasuke pudesse ver com maior nitidez o espetáculo, fazendo com que o pequeno perdesse a outra criança de vista.

Então os fogos começaram e ele ficou ainda mais hipnotizado com a claridade e beleza. Depois que eles terminaram, seu pai o desceu e todos começaram a se abraçar e mover os lábios um para os outros.

Sua mãe foi a primeira a abraçar a apertado e beijar suas bochechas diversas vezes, então seu pai, que só beijou sua bochecha duas vezes; e até mesmo seu irmão o abraçou, depois de gesticular "Boca suja" pra ele.

Aquela havia sido uma noite de descobertas para Sasuke, e mesmo quando já estava no banco de trás do carro a caminho de casa, o Uchiha mais novo ainda podia ver os fogos clareando em suas pálpebras. O que também não saia de sua cabeça era a imagem da menininha falando como as outras pessoas.

Sasuke havia aprendido sobre o Réveillon, sobre a beleza dele e o espetáculo dos fogos de artifício. Ele também havia percebido e se dado conta de que, em meio a tantas pessoas, era o único que usava sinais para se comunicar.

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E agora Sasuke estava lá, no mesmo lugar de sempre, perto de onde ficavam os fogos, não havia mais seus pais com ele, e seu irmão nem mesmo sabia que ele estava ali.

Se fechasse os olhos e se concentrasse bem ainda podia sentir o sabor do marshmallow que Itachi lhe dera, podia sentir as mãos de Fugaku segurando suas pernas. A mão esquerda de Mikoto em suas costas o impedindo de tombar o corpo para trás...

Os fogos começaram e, assim como quando tinha seis anos, o Uchiha teve outra revelação: Ele podia sentir coisas que as demais pessoas não tinham capacidade.

Enquanto todos estavam envoltos no barulho dos estouros e tudo o mais, Sasuke estava em seu mundo silencioso e pacífico.

Enquanto todos tinham aquele breve momento de susto com a balbúrdia, ele sentia as vibrações que os tiros dos rojões faziam no chão sempre que eram lançados;

Enquanto todos olhavam para cima esperando pela chegada colorida, ele acompanhava toda a trajetória do mesmo, desde baixo, antes da explosão;

E quando o relógio apontava 00:00 horas e todos esqueciam os fogos e começavam a gritar e falar, Sasuke continuava ali, admirando aqueles últimos resquícios de brilho que caiam como uma chuva dourada sobre as pessoas, desejando silenciosamente um Feliz Ano Novo.


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