Mermaid escrita por Pietrah


Capítulo 5
Sleepover


Notas iniciais do capítulo

Hellooooo! Desculpem a demora, ainda preciso atualizar as outras duas fics, mas era fim de semestre então a correria não permitiu. Espero que gostem!



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—E ela falou aquilo pro Josh, achando que ele não contaria nada para mim! - Maya falava, sentada em sua perna de índio em cima da cama de Heather e com um travesseiro no colo. O olhar arregalado passou sobre cada uma de nós, esperando por reações.

—Eu acho que vou alisar o cabelo. - Heather fazia um bico para o espelho antes de se deparar com os olhos furiosos de Maya. - Mas você tem toda razão. Ela não tem noção nenhuma!

—Hailey, posso fazer sua sobrancelha? - Stella perguntava com as mãos na necessáire.

Era incrível como passar uma noite com aquelas quatro me fazia bem. Era informação demais - e a maioria não muito útil, mas era divertido e leve, e eu estava precisando disso depois da tarde que tive. O quarto de Heather era praticamente o mesmo desde que éramos menores, mas as fotos nos porta-retratos só aumentaram. Precisava pensar no que faria com minha nova habilidade. Eu poderia repugná-la, mas convenci a mim mesma a não perder o controle por coisas que não estão nas minhas mãos, então aceitaria a vida de braços abertos. Nos dias em que fiquei em casa, com a cabeça enfaixada, fiquei muito triste. As meninas costumavam ir falar comigo mas não poderiam ficar lá durante 24 horas. Assim, tive tempo para me lastimar sobre cada coisa de minha vida e, pela primeira vez, me senti como se não sentisse nada de fato. Nem feliz, nem triste, só um estado mórbido de existência. Me perguntei se eram resquícios do luto. Me perguntei muitas coisas. 

E agora, tinha alguns objetivos listados: Encontrar o corpo de minha mãe. Descobrir se há algo como Atlantis, o reino perdido, de fato. Ir bem na prova de Química. Perguntar para Josh se ele não vai pedir Maya em namoro. Fazer as unhas. Não necessariamente nessa ordem.

Enquanto meus olhos dançavam pelo quarto, meu corpo estremeceu e fiquei estática ao olhar para a janela. Uma imagem de uma mulher de meia idade, com cabelo ruivo, marcas de expressão, pés de galinha e o rosto manchado por sardas desenhadas. A cabeça dela se inclinou ao me ver. Mãe. A encarei por um tempo que me pareceu infinito até ver dedos com unhas pintadas de azul marinho estalando na frente de meu rosto, desviando meu olhar para Stella.

—Claire! Dá pra se concentrar nas suas lindas e preocupadas amigas? - Ela sorria, meiga.

Meus olhos voltaram atrás por um segundo, olhando para a janela, que agora indicava uma paisagem terna de árvores balançando no sereno da noite, em um céu azul petróleo. Estou com isso na minha cabeça. Não posso enlouquecer por algo assim. Pelo amor de deus, Claire.

—Pelo amor de deus, Claire. - A voz de Maya acompanhou meus pensamentos.

—Tudo bem, me desculpem. - Ergui as mãos em sinal de rendição e sorri. - Vou buscar algo para tomarmos.

—Nada alcóolico, não quero estar com ressaca na prova de Química amanhã. - Hailey frisou.

—Relaxa, Hailey, tenho que te lembrar que você não tem idade para beber? - Stella riu.

—Sem refrigerantes. Parei de tomar faz duas semanas. - Heather sorriu, orgulhosa.

—Ou suco de... - Maya ia começar a falar, mas eu já estava passando pela porta, de costas para elas.

—Vai ser água! - Gritei, andando até a cozinha. 

Fui acendendo as luzes dos cômodos por onde passava, apoiando as mãos no balcão antes de abrir a geladeira e servir os copos em cima da bandeja de água. Mas senti alguém atrás de mim.

Olhei para a janela da cozinha, procurando qualquer sinal de movimento, e a fechei por garantia, com medo. Medo da imagem de minha mãe? 

Meu coração estava acelerado quando voltei e deixei o copo de água cair ao ver uma figura feminina na porta.

—Claire! - A mãe de Heather se abaixou imediatamente para empilhar os cacos de vidro na mão. - Você está bem? O que foi isso?

—D-desculpe. Eu acho que me assustei. - Gaguejei a ajudei com os cacos, passando um pano rápido no chão.

Ela foi compreensiva ao não me perguntar mais nada. Quando ela saiu da cozinha, me dirigi ao quarto com a bandeja, a pousando na penteadeira, me jogando em seguida na cama, ao lado de Maya.

Quando todas desistimos de um filme sem graça que passava na televisão e as luzes foram apagadas, ouvi o som dos celulares bloqueando e apaguei. E sonhei com ela.

Vi seu rosto em formato de coração que me olhava tão terno, tão quisto, tão maternal, e pude dormir bem.


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