Você é meu destino -Quileutes -pós Saga Crepúsculo escrita por Karina Lima


Capítulo 27
Little piece of home




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/734468/chapter/27


— Hey. - Melissa chamou minha atenção na sala. Estávamos em biologia, e o professor explicando uma matéria que Edward já havia me tirado as dúvidas que eu precisava. Então eu não prestava atenção. - Tá afim de sair?
— Para onde? - perguntei.
— É uma balada. Para menores de idade. - se explicou ao me ver arregalando os olhos. - Só podem entrar com identidade provando que não tem mais de 21.
— Interessante... - considerei por um momento. Levar Nessie estava fora de cogitação. Não por ser uma balada, e sim por não querer abusar de Edward. - Só tenho que pedir autorização para Sue e Charlie.
— Sue e Charlie? Chama seus pais pelo nome?
— Eles são meus pais adotivos. - dei de ombros. - Além do mais, eles preferem assim tanto quanto eu.
— Entendi. Escute, aqui está meu número. - anotou num pedaço de papal e me entregou. - Se puder ir, me mande mensagem avisando. Steven e Jordan vão passar na sua casa com a Van as seis e meia.
— Você não vai? - indaguei.
— Vou. - ela riu. - moro mais longe. Vou ser a última a ser pega.
— Certo.
Fui para o refeitório no horário do almoço, me sentando no lugar de sempre.
Vinha me perguntando porque Seth estudava ainda. Quero dizer, ele já havia passado dos quinze há algum tempo. Ele me disse que abandonou a escola por um tempo quando surgiu um emprego. E aceitou para ajudar em casa. Mas decidiu voltar para terminar a escola, e aqui está no último ano. Também foi bom porque não tinha nennum aluno para o reconhecer e levantar especulações.
— Quero ir ao cinema hoje. - Daniela falou assim que eu sentei. - Vamos? Vai estrear um filme que eu quero ver há séculos...
— Na verdade, já me convidaram para sair. - falei, envergonhada, e certa de que todos iriam me ouvir.
Afundei um pouco na cadeira quando a conversa foi interrompida.
— Ahh, podemos deixar para outro dia. - deu de ombros. - Vai para onde?
— Hã... uma festa. - falei incomodada com o olhar de Clearwater grudado em mim.
— Hmm, quem é o aniversariante?
— Na verdade. - engoli em seco, querendo mais que tudo que ela parasse suas perguntas. Estávamos nesse estágio da amizade, mas agora era inoportuno. - É uma festa livre.
Ela arregalou os olhos, não se deixando enganar.
— Melissa te convidou, certo? - ela riu. - Ela é bem festeira. Mas ela não é de ir sozinha. Quais meninas mais ela chamou?
— Eu não sei. - encolhi meus ombros. - Só disse sobre Steven e Jordan.
Isso calou sua boca. Era golpe baixo eu sair com Steven depois de tudo, mesmo entre amigos.
Isso bastou para Seth se levantar e sair do refeitório sem mesmo ter tocado o sinal. A culpa me corroeu..
— Brady, por favor. - pedi, e ele entendeu imediatamente. Foi atrás de Seth.
— Logo Steven. - lamentou Dani. - Qualquer outro, qualquer outro, Lav.
— Eu sei. - sussurrei. Também não foi como se eu quisesse sair com ele.
O dia passou incrivelmente rápido. Falei para ele que podia ir para casa a pé. Não queria impor minha presença. Na minha segunda recusa, Seth apenas colocou o capacete em minha cabeça e amarrou minha mochila. O que fez com que eu me sentisse mais culpada.
Pedi para passar na delegacia, e Charlie estava lá.
— Lavine, o que faz aqui agora? - perguntou, vindo até mim.
Alguns policiais me cumprimentaram, e eu lhes respondi.
— Vim pedir permissão para sair com uns amigos hoje a noite.
— Que amigos? - questionou, sua mão tocando a arma em sua cintura.
— Hã... Melissa Holmes, Steven Clark, Jordan Martin, e alguns outros.
— Me parece que haverá mais garotos do que garotas.
— Não sei. - dei de ombros. - Melissa só me disse que eles estão dirigindo. Acredito que vai mais pessoas.
— E aonde vão?
— Uma espécie de festa...
— Espécie? Aniversário?
— Não, é... - cocei a cabeça. - Uma festa para menor de 21...
— Tipo um pub? - arqueou uma sobrancelha.
— Acho que sim. - suspirei, certa de que seria priobida.
— Bom, contanto que me prometa que vai tomar cuidado e não irá experimentar nenhuma bebida alcóolica ilegal na festa, vou avisar Sue.
— Obrigada, Charlie! - o abracei. - Eu não saberia a achar no hospital, por isso decidi vir aqui.
— Hoje é um dos poucos dias menos frios de Forks. Só não coloque nada... exagerado. Não quero nenhum marmanjo em cima de você.
— Sabe que sei me cuidar. - pisquei para ele. Dei um beijo de despedida, e dei tchau para seus companheiros.
— Foi fácil. - Seth apontou, me entregando de volta o capacete. Claro que ele estaria ouvindo.
— Acho que sim. - suspirei.
Chegando em casa, mandei mensagem para Brady, garantindo que Emma teria babá a noite toda. Sabia que ele seria uma bela diversão, sendo um manequim humano.
— Ness, tenho uma festa para ir. Que roupa uso?
— Lavine vai a uma festa? - ouvi a voz de Bella. - Charlie não surtou?
— Não. - ri. - Apenas me fez prometer não vestir nada exagerado, e evitar bebidas ilegais, caso tenha.
— Pode usar o meu salto. - agora era Alice. Supus que agora eu estava no viva-voz para praticidade.
— Alice, não preciso de um salto seu...
— Não meu. - ela interrompeu. - Aquele que eu te dei.
— Stiletto? Alice, eu não sei andar naquilo...
— Ahh, não seja modesta! Você andou perfeitamente bem aqui. Nem parecia que nunca usou. Vamos, o que vai usar? Calça? Vestido?
— Bem, - senti meu rosto queimar. - o clima está quente, estive pensando em usar um vestido...
— Lembro de você apontando um modelo em uma revista e dizendo que tem um muito parecido. Azul, tubinho. Com a jaqueta que Nessie te deu, vai ficar perfeito.
Suspirei, considerando.
— Ahh, como eu queria poder te ver. - Alice lamentou. E eu sabia que ela quis dizer do meu futuro.
— Obrigada pelas dicas, meninas.
— No cabelo, você pode amarrar metade em um rabo de cavalo. E deixar mechas da frente solta. - agora foi Rose.
— Vou aderir. - aceitei.
Assim que eu estava pronta, fui arrumar o cabelo. Faltava vinte munutos para a Van deles buzinar, e eu estava ansiosa.
Ouvi batidas na janela, e me virei. Era Jackson.
— Está linda. - falou, com um brilho nos olhos. - Vai sair?
— Vou sair com uns amigos da escola. - suspirei. - Estou me sentindo estranha.
— Você está perfeita. - garantiu, me arrancando um sorriso tímido.
Depois de me despedir com um selinho, fui para sala. Brady estava ensinando Emma a jogar xadrez. Seth comia um sanduíche enquanto assistia. Só que sua atenção se desprendeu do programa quando me sentiu entrando. E sua comida caiu da sua mão para o prato. Analisava cada detalhe, desde os meus cabelos, até a sola do meu stiletto.
— Brady, quero Emma na cama as dez. - falei, tentando me distrair. - Nem um minuto a mais, entendeu, mocinha?
— Vai chegar tarde? - ela perguntou, tristonha.
— Não pretendo. - ri e beijei sua testa. - Agora, vou te deixar uma ordem. - sussurrei, sabendo que os dois lobos estariam me ouvindo. - Se Brady fizer algo com você, diga a Seth, e ele vai chutar seu traseiro, entendeu?
Ela soltou um risinho.
— Não precisa, Lav. Brady é muuuito legal. Seth também é, mas não se compara. - sussurrava, e eu fiz uma careta. Era para Brady se sentir acuado por mim, e ela o elogia?
— Claro que Brady é muito legal. - revirei os olhos, pegando minha bolsa. Me levantei e lhes dei tchau quando ouvi a buzina.
Me recusei a olhar para trás, e apenas fui. Fiquei extremamente aliviada ao encontrar outras duas meninas dentro com eles.
— Está linda, Lavine! Sou Alisson. Esta é minha irmã Aline.
— Achei que não viria. - Steven, para o meu azar, não estava na direção, e seu olhar percorreu meu corpo. Me mexi, desconfortável. - Aquele cara é todo superprotetor com você.
— Ele não manda em mim. - devolvi, o fazendo rir.
E a noite foi assim. Me diverti muito, e como Charlie previu, havia gente trazendo bebidas escondido. E também manti minha promessa. Steven deu em cima de mim a noite toda, e a todo instante eu tinha que tirar sua mão do meu quadril. E o impedir de beijar meu pescoço.
Fora isso, foi ótimo.
— Nessie! - gritei por cima da música. - Gostaria que pudesse vir. Está realmente legal.
— Um dia eu vou. - ela falou com convicção. - Nesse tipo de festa papai nunca iria me deixar ir. Se fosse festa da escola, talvez...
— Dani ficou com Collin, não quis sair. E eu, bem... eu não quis ficar em casa.
— Entendo. Não está bebendo, está? Lobos não podem ficar bêbados, mas mesmo assim...
— Não, é? - repeti, desconhecendo essa informação.
Balancei a cabeça. Promessa é promessa.
— Não importa. - falei antes dela. - Prometi a Charlie.
— Curta o resto da noite. Tio Emm está me chamando para o Xbox com ele e papai.
— Curta o resto da noite. - repeti, de repente sentindo um vazio por estar longe de Seth.
— Você está bem? - Melissa me perguntou quando voltei para a rodinha.
— Estou, Liss. - sorri. - Só vou lá fora tomar um ar.
— Qualquer coisa, me chame.
Caminhei lá para fora, de repente me sentindo estranha. Me sentia vigiada. Por um instante, tive medo. E então vi. Na floresta. Um par de olhos grandes e castanhos.
Foi um segundo curto demais. Tão de relance que pareceu minha imaginação. Só que eu tinha certeza...
— Seth, sei que pode me ouvir. - grunhi baixinho. - Se transforme e venha aqui.
Esperei ouvindo o som das folhas no chão sendo esmagadas. O som da música de abafado pela porta fechada, e eu agradeci.
Não muito tempo depois, Clearwater apareceu entre as árvores, com uma bermuda e - surpresa - uma camisa.
— Não acredito que está me seguindo. - cruzei os braços, fingindo não notar o olhar secante que deu sobre meu corpo. Dos pés a cabeça. De novo.
— Estava patrulhando.
— Aqui?
— Tinha um rastro. Vim verificar.
Funguei, e o cheiro incomodou minhas narinas. Não de uma forma como se ele tivesse a minha frente, mas ainda assim era um... Odor desagradável.
— Era de Jackson? Meu namorado, se esqueceu? Não é desconhec- espera, ele também esteve aqui?
— Pelo jeito, sim.
— Você estava me seguindo. - acusei.
— Fiquei preocupado se estava segura.
— Eu estou segura. - sussurrei. - Obrigada por vir verificar. Pode voltar, eu estou bem. Agora tenta não me seguir mais, está bem? Sei me proteger.
— Não fui o único. - apontou, ofendido.
— É, eu sei. Vou me entender com ele depois. Desse jeito vou terminar virando gay!
Olhei para ele, exasperada. Depois que percebi como estava sendo patética, notei o canto de sua boca tremer. Nos encaramos, e exatamente no mesmo momento explodimos em gargalhada.
— Por que eu não consigo ficar brava com você? - suspirei. - Escuta, eu tenho que voltar. Quando eu sair, espero que não encontre um rastro forte de lobo aqui, entendeu?
— Entendi. Desculpe.
Me estiquei e beijei sua bochecha.
— Expulse Brady, por favor. - sussurrei, e dei meia volta em meus calcanhares.

...

Quando cheguei em casa, eram dez e quarenta. Charlie e Sue me esperavam acordados.
— Desculpe a demora. Conversamos demais.
— Se divertiu? - Sue perguntou, hesitante.
— Sim. - dei de ombros. - Foi como disse, Charlie. Realmente algumas pessoas dão um jeito de levar bebidas. Mas prometo que não bebi nada além de suco.
— Acredito em você. - sorriu. - Agora nós vamos dormir. Vá também. Seth mandou Brady colocar Emma na cama e se mandar. Disse que você não ia ficar feliz de encontrá-lo aqui tão tarde.
Sorri, agradecendo Seth mentalmente.
Eles foram, e fui me trocar. Coloquei um short de dormir. Era muito curto, sobretudo quem iria me ver?
Fui para a cozinha, beber água. Estranhei a luz estar acesa, até que o vi.
— Se divertiu? - perguntou, segurando um copo nas mãos.
— Como se você não soubesse. - dei de ombros, fingindo que seu olhar para minhas pernas não me deixou vaidosa. - Pode me levantar para eu pegar minha bolacha?
Deixou o copo de lado, e suas mãos seguraram meu quadril para eu ficar numa altura suficiente. A peguei de trás das outras, e ele me pôs de volta no chão, segurando minha cintura para ter certeza de que eu aterrissase bem em meus pés.
— Obrigada - engoli em seco, encarando sua boca. - por mandar Brady para casa antes de eu chegar. - olhei em seus olhos. - Realmente não me acostumo com a ideia de ele ter imprinting por Emma.
— Não por isso.
Respirei fundo e dei meia volta em meus calcanhares, deixando a água para lá. Precisava sair de perto dele antes que eu cometesse uma besteira.

POV Seth.

"Seth, se acalme" Jacob tentou mais uma vez, durante a patrulha da noite. "Ela vai sair com amigos. Ness me contou...".
Outro rosnado saiu por seus dentes.
"Eu vi o modo que aquele Steven olha para ela. Desde o primeiro dia, Lavine é apenas um troféu que ele quer de coleção. Não consigo suportar que ela seja enganada por ele, que esteja no mesmo lugar que ele...".
"Não pode controlar ela." Andrew me falou, e o fuzilei pelos pensamentos. "É sério, cara." continuou, sem ser intimidado por mim. "O que vejo dela é que ela odeia ser controlada. Mesmo que você tenha a desculpa de protegê-la, ela é decidida e segura de si. No fundo, é. Por isso ela toma as próprias decisões.".
Eu odiei como ele sabia disso tão bem quanto eu. Odiei que só me magoava que ela fosse para uma boate com um monte de moleque idiota e na puberdade. E eu não estaria ali para impedir que algum imbecil se aproveitasse dela. Que ela poderia ceder aos encantos de um desconhecido qualquer - mas ela estava com Jackson também, não estava? Ela não ficaria com outra pessoa.
"Andrew, Collin, vão para casa." a voz de Jake ressoou em nossas mentes. "Vão descansar. Já está terminando o turno, de qualquer forma.".
Não era apenas isso. Ele queria conversar comigo. Ahh, merda.
Não demorou muito para estarmos sozinhos.
"Cara, sai dessa. Sei que ela é sua imprinting, mas lembra? Seremos o que elas precisarem. Se Lavine está atraída por outro, deixe-a livre. Sei que dói, te rasga por dentro, mas é o certo. Ela já foi atraída por você por esse laço invisível. Vejo que ela quer uma amizade com você, só que você não ajuda. Lavine tem receio porque sabe que está te machucando.".
Eu sabia como ele estava certo. O problema era que a gente já tinha ficado tão junto, tinha crescido uma confiança e um amor tão grande, que quebrar isso não parecia tarefa fácil.
"Eu sei.". Ele suspirou, e me senti rosnar por ele estar lendo meus pensamentos assim. Eram meus! "Você é esquentadinho quanto se trata de Lavine.".
Riu, logo em seguida parou vendo que eu não estava para piadas.
"Olha, sei que tem algo nisso. Você já percebeu como ela e Nessie são próximas, né? Elas mantem segredo sobre algo. E não é qualquer segredo. Veja, já tentei arrancar isso dela, mas tudo o que eu ganhei foi um sermão." resmungou, e não sei se foi para me animar ou não, mas me fez rir. "O que quero dizer é: dê um tempo ao tempo. Não se torture. Seja o que ela precisa agora, que é um amigo e protetor. Não a pressione.".
Suspirei, diminuindo o ritmo da minha corrida.
"Agora vá para casa. Logo ela chegará, e você mesmo disse que ela teria um treco se Brady ficasse tão tarde lá com Emma. Te libero.".
"Ok. Valeu.". Ele sabia sobre o agradecimento. Corri de volta e me transformei na floresta atrás de casa.
Senti a verdade entrar em mim com um baque. Lavine me teria da forma que ela precisasse, ou quisesse. Seja um amante, um namorado, um melhor amigo, protetor ou confidente. Eu engoliria essa dor, me forçaria a não sentir ciúme. Por ela.

...

The Maine - Into Your Arms

— As férias de Ação de Graças chegaram, e minha amiga estará aqui em breve! – eu cantarolava alegremente para Renesmee.
O quintal dos Clearwater também era perfeito para jogar bola. Ainda mais para driblar Jake e rir da cara dele depois. Nessie se divertia demais nos assistindo.
Permiti Emma ir ver Claire com Brady. Ficou muito contente, e eu não pude deixar de sorrir. Ele passaria por cima de qualquer ataque de raiva meu para ver minha irmã.
— Pare de olhar para a porcaria da hora. – meu irmão resmungou. – Sabemos a hora de buscar sua amiga.
— Já ouviu falar em ansiedade? – revirei os olhos, no mesmo instante que meu nariz captou um cheiro doce. E não era Ness.
Engoli em seco, e girei em direção ao cheiro.
— Nunca vi uma loba namorar um vampiro. – Black reclamou, ao perceber Jackson ali, se aproximando na velocidade humana por entre a floresta.
Não complique, Jake! Seth está aqui também...
— É, mas um vampiro pode ficar com uma humana e gerar uma híbrida, vulgo namorada de um lobisomem.
Seus olhos rolaram para o meu argumento, e ele se recusou a passar a bola para mim, ficando apenas entre Seth e Nessie e o mesmo.
Jake não escondia que não apoiava eu ficar com o vampiro. Claro que a vida é minha, quem escolhe sou eu. Mas tenho um irmão protetor.
Eu ainda via o tal amigo de Jack uma vez ou outra, lá dentro da floresta. Isso me dava calafrios.
— Cheguei numa hora errada? – questionou, dando uma olhada em Jacob. Olhei para trás, e o filho da mãe não nos poupou um olhar mal humorado.
— Não. – sorri, recebendo um selinho amoroso. – Só estou passando o tempo enquanto não vou buscar minha amiga no aeroporto.
— Ahh, é mesmo. Você disse algo sobre isso.
— Só devo ter mencionado umas trezentas vezes. – dei de ombros, arrancando um sorriso que mostrava seus dentes perfeitos.
— Talvez trezentos e uma.
— Perdemos a conta.
— Sim. – riu de mim.
Ouvi passos da Nessie se aproximando rápido.
— Quer jogar conosco, Jackson?
Ela era a única que sabia sobre meu relacionamento com o vampiro. A verdade. A única - além da Bella - que podia guardar segredo, até de Edward.
Sua família decidiu fazer uma pequena – lê-se exagerada – festa para comemorar seu aniversário. Convidamos os lobos, e suas famílias, e namoradas. Foi uma festa animada.
Renesmee e eu estávamos na escada, conversando.
Quando seu pai passou por nós, e lhe lançou um olhar estranho.
— O que eu fiz? – sussurrou para mim, alarmada.
— Eu não faço ideia. – dei de ombros.
Deixamos para lá, e continuamos a conversa. Não muito depois, Edward passou novamente por ali, com o mesmo olhar esquisito direcionado à Ness. Pelo olhar em seu rosto, ela perguntou o que estava havendo pelos pensamentos. Como se não bastasse, ele arregalou os olhos, balançou a cabeça e voltou para a cozinha, onde estavam todos os outros.
— Lavine, o que eu fiz? – me perguntou, chateada.
Fiquei confusa, pois se ela não sabia, eu menos ainda.
Depois aos poucos, os Cullen se enfiaram no quarto de Edward/Renesmee, e começou uma discussão.
— Bela não estava com o escudo em você... O que é isso? – Edward questionou, perdido.
E então ficamos sabendo da evolução do poder da híbrida. Ela tem seu próprio escudo. E só quem ela quiser, pode ouvir seus pensamentos. Só que agora sem precisar de um toque.
— Lavine, já está na hora de irmos buscar sua amiga. – ouvi a voz de Jake de longe. – Vamos.
Revirei os olhos para seu tom autoritário. Não quis olhar e ver talvez Seth nos encarando. Já é doloroso suficiente.
— Eu... Vou nessa. – esfreguei os olhos, e dei um sorriso para Jack.
— Você está bem? – perguntou num tom suave, acariciando meu rosto. Dava vontade de afastar sua mão gélida do meu rosto quentíssimo, só que eu me continha.
— Está. Não se preocupe.
— Às vezes acho que seu irmão vai acabar com a minha raça. Me lança cada olhar...
Quase ri com seu cinismo. Ele sabia que eu não deixaria Jake passar dos limites em hipótese alguma.
Acabei criando uma imensa simpatia por esse menino. Não sinto um pingo de rancor pelo passado. Na verdade, me sinto culpada por estar fazendo isso a ele. De certa forma, era o troco pelo tempo passado, porém de modo algum era intencional. Todos os dias que eu olhava para Seth, eu tentava pensar em mil formas de acabar com tudo isso: fazendo algo que Jack não goste e que o faça terminar comigo... Ou eu simplesmente abrindo o jogo para todos, assim arriscando a vida do meu amor. E isso me fazia voltar atrás. Só que eu não sabia se essa situação ou a que ele corre risco é a pior – para ele, claro. Conheço Seth, e esse imprinting que tanto temo. Muito capaz de ele dizer que não se importaria em correr tal risco, contanto que estivesse comigo. E isso é algo que não quero pagar para ver.
Dois minutos depois, já era hora de ir. Me despedi de Jackson e entramos no carro. Eu me sinto mal por Seth me aturar. Quero dizer, o cara teve imprinting por mim, e ainda fica na minha presença quando há seu concorrente por perto.
— Estou curiosa para conhecer essa amiga da Lav. Fez uma propaganda danada dessa menina. – Nessie relatou, me fazendo rir.
Resolvi colocar as pernas por cima das coxas de Seth, que estava no banco de trás comigo. Dei um sorriso amarelo, e ele riu, repousando suas mãos em mim. Seus dedos batucavam em meu tornozelo, e ele me lançou o sorriso amarelo de volta. Estreitei os olhos para a brincadeira, nunca deixando de sorrir de canto.
De repente meus olhos frisaram em sua boca. Pareciam anos que eu não o beijava. Só que realmente, pelo o tanto de tempo que ficamos separamos desde o nosso primeiro beijo, não era nada agradável. Ahh, como Clearwater me fazia falta... Como senti-lo perto de mim em seu abraço me deixava desanimada. Saber que eu não teria isso a qualquer momento como antes me deixava pensando, quando eu iria acabar com isso. Quando isso teria fim. Porque eu não sustentaria essa farsa daquele vampiro idiota para sempre.
De repente pareci acordar do transe. E Seth me encarava. Confuso, perdido. Talvez com meu olhar? Droga.
Pigarreei, arrumando meu cabelo para disfarçar.
— Estamos chegando, Jake?
— Acabamos de sair de casa, menina. Acha que isso é um jatinho?
Nessie virou para me olhar, enquanto eu tinha um olhar descrente. Que irmão mais grosso é esse?
— Jacob. – ela sussurrou, o repreendendo.
— Puxa, Nessie. – falei alto. – Se é assim que ele te trata, fique ciente de que está namorando um brutamonte.
— Acredite ou não, você é a única a receber esse tratamento.
— Por que será que não fico surpresa?
Percebi que minha intenção de distração foi totalmente falha quando senti o olhar de Seth pesar em mim. Eu tinha medo do que poderia acontecer dentro da cabeça dele.
Renesmee tentava arrumar assunto e brincadeiras ao longo do caminho, o que deu muito certo.
Chegamos à rodoviária, e meu coração ia a mil.
— Vocês já sabem o rosto da criatura, me ajudem a identificar em meio a multidão. Isso serve mais para vocês dois, gigantes.
E eu encarava as pessoas desembarcando. Tanta gente que eu via e por milésimos, achava ela em todo rosto que eu via. Não sabia como estava o cabelo dela. Só sei que se ela tivesse alisado, eu a mataria. Deus sabe como sou apaixonada pelos cachos daquela menina. Nunca a deixei cortar, ainda mais porque ela deixava os garotos babando por ela.
— Acho que a achei...
Meus olhos voaram na direção que meu instinto os levou. E eu vi.
Um sorriso de orelha em orelha se abriu em meu rosto, e Camila ainda me procurava, com seu famoso bico nos lábios.
— Hey! – gritei, pela primeira vez pouco ligando para a atenção e a vergonha que iria me atrair. – Camilaaa! Que saudades!
E corri até ela. Óbvio que minha amiga ouviu desde o meu primeiro grito, e já tinha um enorme sorriso no rosto. Tenho certeza de que não tinha corrido até mim pelas suas malas.
A abracei. E de repente eu sentia a parte de mim que faltava, desde que meus pais se foram. Desde que eu deixei a cidade que eu nasci e cresci. Que tudo ficou para trás da minha vida.
Apertei o abraço, agora a empolgação se esvaindo, e no lugar da saudade, chegando o conforto.
—Seth. – ela o cumprimentou quando o abraço se desfez. – Você é mesmo muito atraente. Uau. Lav tirou uma sorte...
Pigarrei sem jeito, atraindo a atenção para mim. E me arrependi.
—Fez uma tatuagem, sua rebelde?
Ela fez menção de tocar, e me afastei por impulso. Percebi que meu moletom havia caído do meu ombro e revelado meu antebraço.
—Está recente. - menti. - Não mexe, sua louca.
Para o meu alívio, ela riu.
—Hãn, esse é, como você disse, Seth, e esses dois são Jacob e Renesmee. A longa história vem depois. Agora temos tempo. – passei os braços pelos seus ombros, sorrindo.
—Vamos, eu levo as malas. – Jake as pegou.
Fomos para o carro, conversando e contando histórias engraçadas do dia a dia.
—Sue disse que os meninos iriam almoçar lá hoje. – Ness lembrou. – Espero que não se importe com muita gente, Camila.
—Nem um pouco! - sorriu ela. - Amigo da Lav, é amigo meu. Aliás, não te vi de agarra-agarra com seu namorado até agora, moça. Está de parabéns por não ser dessas que deixa a amiga de vela-
—Nessie, seu pai ainda não ligou por você? Qual o milagre?
Riu alto, e a mestiça entendeu na hora.
—Ele confia em você, Lav. Está deixando isso claro sem perceber. Confia cegamente em você.
—De nada, irmãozinho. - dei um pequeno soco em seu ombro.
—Lavine, droga! Você é uma l... Uma menina que parece menino. Não tem "soco fraco" vindo de você.
—Está fazendo academia? - ela perguntou, surpresa.
—Não, Cam. - revirei os olhos. - Ele quem é dramático.
Jake me lançou um olhar pelo retrovisor. Talvez surpreso que Camila não questionou sobre "irmãozinho". Eu já havia a preparado com uma base de tudo. Menos do meu término. E isso a devia estar a deixando tão confusa.
Pensei em segurar sua mão, mas minha temperatura a iria assustar. Apesar de ela não ter dito nada no aeroporto, não queria tentar a sorte agora. Então apenas pousei a mão em sua perna e a apertei de leve. Torci para que ela entendesse meu "depois te conto tudo".
Fiquei tensa. Seth estava no meu lado, poxa! Se eu estava sentindo um baita incômodo por isso, imagine ele.
Droga de imprinting.
—Que carro... Simpático.
Ri da minha amiga.
—Não precisa forçar opiniões. - deixei claro. - Esse carro é do parente da Nessie. É bem o tipo dele. Logo você verá.
E assim foi o assunto até chegarmos em casa. Sue não demorou para aparecer na porta, com um sorriso mais que hospedeiro. Não havia dúvidas que Camila iria se sentir muito bem-vinda.
—Lavine, meu amor! Finalmente chegou.
Sorri para ela, Seth com as malas da minha amiga nas mãos.
—Olá, Sue. Trouxe minha amiga.
—Olá, querida. - Sue abraçou Camila, que retribuiu. - Seja muito bem-vinda aqui. Fique a vontade, okay?
—Obrigada, dona Sue.
—"Dona" não, por favor. ;
Sorriu e balançou a cabeça. Peguei meu celular no carro, e fui para o meu quarto após chamar Cam.
—Sempre que foi o sonho de Lavine ter um quarto só dela. - Cam dizia.
—Ela é uma menina muito humilde. - Seth sorriu, ajeitando a mala no canto. - Se ela não gosta desse quarto, nunca que alguém ficou sabendo.
—Não tenho o que reclamar de nada da minha vida, seus bobos. - atrapalhei a conversa. Não sei se Seth disse isso apenas para eu ouvir, pois com certeza me sentiu chegando.
Foi tudo muito rápido. Seth me olhou de uma forma indecifrável. Parecia... Querer me contar uma coisa, ou simplesmente estava com seus pensamentos longe, porém em mim. Ou não. Argh, como eu queria saber o que passava em sua mente.
—Lav realmente é uma ótima pessoa. Ela mora no meu coração. - me abraçou, e eu ri, ainda tentando analisar o lobo. - Hey, não quero incomodar. Aonde vou dormir?
—Você fica na cama debaixo, e minha irmã e eu dormimos na minha. Sem problemas.
—Meu quarto tem um colchão. Está ao dispor de vocês.
—Lav, se quiser dormir com seu namorado, eu me viro com a pequena-
—Dá perfeitamente para a gente dormir aqui. Agora vamos que os outros estão nos esperando. Obrigada, Seth, pela sua gentileza.
—Não precisa agradecer. - sorriu. Se eu o conhecia vem, podia dizer que estava afetado com toda essa situação, mais do que o normal.
—Crianças, venham logo. Estão todos esperando.
As palavras de sua mãe me trouxeram como um elástico para a realidade. Jake havia chamado todos da matilha para receber minha amiga. Fingi que não percebi sua intenção desesperada de fazer com que Jackson não fosse ali, com tantos lobos em sua presença. Ou sua presença no meio de tantos lobos. Também fingi que não fiquei aliviada com isso.
Eu já ouvia o burburinho vindo da cozinha. Leah também estava aqui - Seth mandara mensagem pouco antes de eu chegar, avisando que sua irmã tinha feito uma visita surpresa.
Chegamos, e todos pararam para olhar. Revirei os olhos com essa atitude. Pelo menos Quil teve a gentileza de quebrar o gelo e cumprimentar minha amiga. Logo todos estavam rindo e deixando-a a vontade.
Seth me apresentou a sua irmã, que, ao contrário do que Charlie disse logo quando cheguei, parecia muito agradável. Ela estava com o filho de Sam e Emily no colo. Já tinha ouvido que era seu imprinting.
Fiquei satisfeita de ver que Brady realmente trouxe minha irmã quando pedi.
Por algum motivo, Camila continuava sem graça. A questionei com o olhar, e ela sussurrou:
—Aquele ali não para de me encarar.
Apenas procurei por esse alguém, e o único que estava olhando fixo em nossa direção era Embry. Deve ter despertado do tal transe ao ouvi-la falar comigo, e franziu os lábios ao ver que eu o observava.
De repente...
Olhei para Seth, procurando algum vestígio de ser o que eu estava pensando. Ele me lançava um olhar cauteloso, o que confirmou minhas suspeitas.
Andei até Embry, que tinha uma expressão de hesitação ao me ver me aproximando.
—Fala aí, Embry! - soquei seu ombro propositalmente forte, com um sorriso cínico no rosto. Ele reprimiu um gemido de dor, e me olhou indignado. - O que é que tá pegando?
—O-oi, Lavine. - respondeu, tentando parecer casual.
—Você teve imprinting pela Camila. - rosnei baixo, mas sabia que todos os lobos dali, e Renesmee, ouviriam.
—Lavine, eu-eu não tenho controle sobre isso. - sussurrou, quase desesperado. - Você sabe disso, para que violência?
O fulminei com o olhar, e isso o fez recuar por instinto.
E então senti uma mão em minha cintura. Firme.
Seth.
—Relaxe. - sussurrou em meu ouvido.
Droga. Claro que sua voz me acalmou. Seu toque relaxou meus músculos, mais do que eu gostaria de admitir. Minha tremedeira parou quase instantaneamente.
—Salvo pelo gongo. Mas não pense que não vamos conversar depois.
Ouvi a risada de Nessie. Discreta, porém auditiva. E algo me dizia que ela não estava rindo de Jake, como ela fazia parecer.
—Lavine, está tudo bem? - Camila perguntou quando voltei ao seu lado. Seth foi ajudar sua mãe a pegar pratos e talheres para todos.
—Está sim. - sorri forçado, mas ela é muito ingênua para perceber.
Iria dar uns belos tapas em Embry depois.

...

No outro dia, decidi sair com Jack. Deixá-lo a par das coisas.
Fui tomar um sorvete. Pedi para ele me esperar no banco, já que ele não come.
O vento soprou em minha direção, e foi o bastante para sentir seu cheiro... E antes que eu me virasse...
—Escuta. Eu não vim brigar. Só quero te dar uns avisos.
Vi Jack olhando Seth com uma cara desconfiada. Não sei se ambos sabiam que eu prestava atenção em tudo.
—Cara, se ela quis ficar contigo, você tem que fazê-la feliz.
Foi claro que meu atual ficou mais do que surpreso. Chocado, talvez.
—Ela continua sendo a mulher que eu amo, e por isso digo tudo isso. Ela... Ela gosta de receber flores. Seja um buquê da floricultura, ou mesmo aquela pequena rosa roubada do vizinho. Odeia admitir, mas gosta de estar com a pessoa que gosta sempre que pode. É grudenta, mas não muito. E se você estiver errado numa discussão, se desculpe, porque ela com certeza irá fazê-lo se achar que deve.
Não conseguia me expressar no constrangimento que eu via pelo meu presente e passado ali, juntos.
— Você não vai conhecer alguém melhor que ela. Eu não sei o motivo de não ter conseguido manter a gente junto, mas isso não vem ao caso. O que vem ao caso é que ela te escolheu, e é meu dever certificar que ela está feliz sem mim.
Respirei fundo, sentindo um aperto no peito tão grande que me parecia impossivel puxar uma respiração suficiente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Você é meu destino -Quileutes -pós Saga Crepúsculo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.