Uma Ampulheta de Adeus escrita por CrimsonQueen


Capítulo 1
Uma Ampulheta de Adeus - Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal. Há quanto tempo. ♥

         Não sei quantas linhas vão dar, mas vamos lá.

Tirei algum tempo para escrever isso, de um ship que tenha há um tempo já: KLance (Voltron Legendary Defender). Não foi um tempo que eu tirei de boa vontade, foi porque eu precisei. Se eu não colocasse isso pra fora iria me deixar pior ainda já que escrever é minha forma de suportar a realidade, então eu fico... aliviada de ter tirado esse peso do peito. A segunda temporada saiu e eu achei que seria ótima, mas a cada episódio piora. O Lance continua sendo um idiota, e o Keith... bom, meu bebê continua sofrendo. Eu queria tanto que o Lance parasse de ser um babaca e mostrasse mais como é de verdade (sei que Voltron não é nem animê e nem shounen-ai, mas querer que dois personagens que você gosta se dêem bem é o esperado). Esse POV foi realmente difícil de escrever.

Eu realmente agradeço pelo Shiro, por ficar sempre ao lado do Keith e cudiar dele ??” não, eu não shippo Sheith como OTP, antes que me perguntem. Shippo como BROTP. Verdade seja dita eu nunca prestei tanta atenção no Shiro porque já cheguei de paraquedas shippando KLance, mas nesse desfecho horrendo agora vejo como o Shiro se tornou infinitamente importante, porque agora ele é o porto segudo do Keith. Me dá um ódio indescritível ver todos os outros julgando o Keith após descobrirem que ele é metade galra (coisa pela qual eu estava torcendo loucamente já que o AU de KLance com o Keith galra é simplesmente ASDFGHJKLÇ), mas se eu soubesse que a notícia seria recebida desse jeito tudo seria diferente. O Shiro realmente está cuidando do meu coração doentinho e sofredor nessa temporada bosta que vai acabar pior do que começou. *suspiro cansado*

         Obrigado, Shiro. Eu e o fandom te amamos do fundo do coração. ♥ Mas nem tudo é perdido, e a gente sempre pode ir se afogar nas águas do Tumblr, onde tudo é lindo e o KLance é retratado como deveria ser; obrigado a todas as artistas que fazem do Lance um lindo que ama o Keith tanto quanto o Keith o ama. Só tem fanart linda gente, sério, abasteçam suas pastas à vontade lá. Também tem vídeos lindos no youtube.

E por falar em youtube, a segunda dor que está me fazendo definhar:  Goodbye, do 2NE1. Foi um chute no estômago, eu ainda não acredito que realmente acabou. Eu acompanho elas desde 2010 ou 2011, e aí acontece isso, é como se eu tivesse perdido uma parte da minha família. Sério, dói demais. Foi um MV muito emocionante, principalmente no final quando as três estão deitadas na mesma cama e a CL parece cuidar delas, foi nessa parte que eu desabei totalmente.

Então Goodbye é a música dessa oneshot! Em versão piano, como sempre. [https://www.youtube.com/watch?v=2WPSOQINBSI] Não foi intencional porque geralmente eu me inspiro depois de ouvir, e não antes como foi o caso dessa vez. Eu acabei por juntar uma dor à outra pra conseguir lidar melhor, e esse foi o resultado. Entretanto, não me arrependo. ♥

         Eu também estou um pouco em desespero com a minha vida pessoal (novidade?), porque meus remédios estão parando de fazer efeito, e eu não sei nem se vou sobreviver ao final do semestre na minha facudade. Então, por favor, rezem para que essa não seja a última fanfic minha que vocês lêem. #Ninguemseimporta
Eu estou com a visão do olho direito cada vez mais comprometida (em breve não vou mais conseguir ler), e a minha mãe não consegue nem fingir que se importa. Ela me impede de ir ao médico, e eu também estou desistindo de tudo.

ENFIM, sem mais delongas, dêem play e aproveitem a leitura E COMENTEM!
      



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/734067/chapter/1

 

(...)

Eu ainda sentia meu corpo quente. Entretanto, era uma sensação boa, como se eu estivesse envolto em uma nuvem, onde poderia descansar até que estivesse bem de novo. 

Percebia minhas mãos, meus pés, minha respiração, mas não queria abrir meus olhos, não ainda. As memórias ainda dançavam diante de mim...

Aquelas poucas horas em que senti-me vivo, senti...

Senti que não estava sozinho.

Eu havia esquecido o que era sofrer, e como era ter um buraco em meu coração. Poucas horas que deram conta de tantas feridas... ou quase.

Abri os olhos devagar, tinha de aceitar a realidade. Lance dormia ao meu lado, eu o observei por alguns instantes, e apesar do que sentia no peito, eu sorri. O resquício de nosso momento juntos ainda me causava uma pequena alegria, como gelo que gera alívio em um hematoma.

Temporário, porém efetivo. 

Aos poucos, o hematoma se tornaria uma queimadura, e o gelo não mais causaria consolação... e sim apenas mais dor.

O que me confortava, entretanto, era ver a expressão tranquila, as pálpebras cobrindo aqueles olhos azuis, os cílios escuros, a curva tênue que seus lábios faziam. Seu peito respirando, sereno. Consegui não me sentir solitário mesmo que por um efêmero momento, e isso aqueceu meu coração. Os olhos que agora estavam sonhando quietos haviam me fisgado de tal maneira que não pude fugir, seus braços se fechando à minha volta e sua voz dizendo o meu nome... Eu havia ficado tão feliz que poderia chorar. Era como se eu tivesse encontrado um lugar aonde pertencer. Eu quase havia me esquecido de como era se sentir assim. 

Mas tudo estaria acabado logo. Assim que Lance despertasse, tudo se desfaria. Eu sabia disso, e estava ali, ao seu lado, num sofrimento afônico. Queria que ele estivesse sonhando com algo bom, que lhe trouxesse conforto. 

Lance sente falta de casa, das pessoas, e provavelmente de uma namorada que tenha deixado para atrás... Ele estava carente, precisando de contato físico. 

E eu me ofereci para suprir sua falta. Mas eu não me arrependo... Não podia me arrepender. Eu sabia que o amanhã viria, e eu precisava seguir em frente. Estava colocando uma venda em meus próprios olhos, fingindo não ver tudo aquilo que meus lábios disseram, porque sabia que as consequências seriam desesperadoras depois. 

Eu o amava. Ele era importante para mim. Eu o queria ao meu lado. Mas não posso tê-lo assim... Ele mesmo me mostrou isso. Era evidente.

Por mais que eu soubesse que estivesse me enroscando em um falso fio de esperança, um fio tão fino quanto uma teia de aranha... Eu havia experimentado um pouco do que as outras pessoas chamam de "felicidade". 

Obrigado, Lance, por ter-me feito companhia.

É o bastante.

"Você não está sozinho, Keith."

A voz de Shiro me repetia isso por mais vezes que pude contar, mesmo quando eu ainda era só uma criança — embora ninguém mais tenha conseguido se aproximar de mim. Shiro foi o único que me enxergou, e me protegeu sem pedir nada em troca. Ele é toda a família que já tive. Mas não é verdade, Shiro. Eu estou sozinho, eu nasci para ficar sozinho. Confiar somente em mim, e sobreviver assim. Não sou completamente humano, nem completamente galra. Eu não pertenço a lugar nenhum.

Mas está tudo bem... Está tudo bem. Estar sozinho não é algo ruim.

Não queria estar ali quando Lance acordasse. Iria poupá-lo de fazer algum discurso sobre o que havíamos feito... Sabíamos a respostas em nossas mentes, e talvez em nossos corações. O colchão ainda estava quente quando me levantei, e busquei por minhas roupas pelo chão. De modo mecânico me vesti, e saí do quarto sem fazer barulho — Lance sabia voltar para o seu sozinho.

O corredor era frio como eu me lembrava. A madrugada provavelmente ia alta, mas eu não queria saber quantas horas haviam se passado. Quanto menos coisas do que me recordar, melhor. Esfreguei os braços com as mãos, o caminho era um pouco longo, até o convés onde os Leões descansavam.

Sentia a presença do Leão Vermelho ficando mais forte, e ele também me sentia. Adentrei o convés, minhas solas arrastando-se pelo chão e minha garganta seca, até me aproximar do meu designado, que olhou-me por alguns instantes.

— Eu... posso? — a frase me saiu quase rouca, tamanho era o nó na minha garganta. Eu era seu paladino, mas estava me sentindo tão infeliz que tinha medo de até mesmo meu próprio leão me renegar. Eu não suportaria se isso acontecesse. Eu precisava ser forte mesmo com todos claramente me vendo como uma ameaça agora — eu não era cego, e nem surdo.

Mas eu não queria mais isso. Não queria ter que perder mais coisas, ou pessoas.

Antes que eu me afundasse completamente em pensamentos ruins, um rugido baixo ecoa, como um ronronar, e os olhos do leão rubro brilham brevemente como uma faísca, e sua cabeça se abaixa, permitindo minha aproximação. Todas as vezes em que veio ao meu resgate, me alcançou mesmo tão longe. Quando decidi partir sozinho, acabando por ir com Allura, você também me encontrou. Você confiou em mim por todo esse tempo, e não me julgou por ter sangue galra em minhas veias.

Obrigado, Red.

Fechei a escotilha de modo que não pudesse ser aberta por fora, logo após indo para o painel, colocando em mudo todos os canais de comunicação. Assim fiz também com as câmeras, para que ninguém pudesse ver o que se passava ali dentro, tampouco fazer qualquer tipo de gravação — no melhor dos casos, em que não precisariam de Pidge. Red apenas assistiu a tudo.

— Eu só quero... ficar um pouco sozinho. — talvez ele tivesse uma ideia do que havia acontecido, visto que as lágrimas já desciam gritantes pelo meu rosto. Complacente, o leão voltou à sua posição inicial, abaixando a cabeça como um gato procurando afago. É um abraço? Obrigado... Eu realmente precisava de um agora.

Por fim, virei o assento para trás, colocando minha jaqueta sobre minha cabeça e abraçando os joelhos, finalmente despejando para fora tudo o que havia em meu peito. Esvaziar tudo, para que não sobrasse nada. 

Dizem que o tempo voa quando nos divertimos... mas ele também voa quando sofremos. Eu não sabia quantos minutos de lamentação poderia ter até que alguém percebesse que eu não estava onde deveria estar. Sei que dariam minha falta e iriam à minha procura, mas isso, pelo menos agora, não me fazia menos desgraçado. As emoções dentro de mim ainda oscilavam entre total morbidez e desolação. Era algo tão grande quanto a fúria que senti ao encontrar Zarkon pela primeira vez em batalha, que me fez sair ensandecido, achando que podia enfrenta-lo sozinho.

Saber que eu era metade do que ele era ainda fazia meu estômago revirar.

Estamos no espaço, o tempo não poderia parar só por um momento? Por que uma ampulheta precisa sempre girar? Minutos não eram a melhor unidade de tempo para tristeza. Mas... eu não devia estar pensando nisso. Abracei meus joelhos com mais força, a respiração errante por causa dos soluços. Estava tudo bem... isso aqui também vai ter fim. Calando a voz em minha mente eu finalmente dei permissão para que as lágrimas saíssem — embora elas já tivessem começado a fazer isso há muito tempo.

E, como areia, eu as deixei correr.

Esvaziar tudo, até que não sobrasse nada.

E seguir em frente.

“Você não está sozinho, Keith”.

            Eu ouvia Shiro, como se ele estivesse ali. Minha única família... talvez eu não estivesse completamente sozinho, afinal.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Venho mais uma vez pedir que comentem dizendo o que acharam, uma das poucas razões que eu ainda escrevo é para poder ter a opinião de quem encontra as minhas histórias.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Uma Ampulheta de Adeus" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.