PDV - Sam

— Acabou, Tim! - Pela última vez, gritei de um jeito estético para um moreno antipático a minha frente. Já não suportava mais um idiota tentando mudar o meu comportamento para o seu bem-estar. Por exatamente dois anos, me previ de fazer diversas coisas do meu interesse e cheguei até a me mudar com este embuste. 

— Você não tem para onde ir, Samantha - Ele falou com clareza e convicção na voz, enquanto eu arrumava as minhas malas. Aliás, odiava quando me chamava de Samantha. - Não faça algo que possa se arrepender depois! Estou lhe avisando...

Fiz um gesto inadequado, o que o deixou bastante surpreso. 

— Adeus! - Peguei o máximo de roupas que pude e me mandei para fora daquele quarto de hotel. Assim que sai de lá, senti o meu corpo mais leve e a respiração mais limpa. Bem, não sei ao certo como vim me relacionar com esse cara. Não foi por falta de aviso. 

Precisava voltar para Seattle o quanto antes e, para isso, eu iria precisar da ajuda financeira dos meus amigos. Rapidamente abri a lista de contatos do meu celular. Rolei para cima, para baixo, e, finalmente, encontrei o número de uma amiga de Seattle. Uma das minhas melhores amigas, por sinal.

— Atende, Carls... - Pedi, impacientemente. Tentei manter contato com a Shay por umas duas, três, quatro, cinco vezes, mas ela não atendeu ou mandou recado. Encostei-me na parede de um dos corredores, já cansada, e pensei na possibilidade de ligar para outras pessoas. Familiares (mas a maioria estava presa), ex-vizinhos (mas ninguém lembrava mais do meu rosto), ex-colegas de trabalho (mas acabei descobrindo que grande parte foi demitida). 

Quando eu estava prestes a entrar em desespero, cogitando voltar para o apartamento do Tim, tive a brilhante/péssima ideia de pedir ajuda ao Freddie. O Benson era um grande amigo meu, chegamos até a namorar por umas semanas, mas a mãe dele acabou se metendo demais na nossa relação. Enfim... 

Eu: Alô? - Finalmente sou atendida.

Telefone do Freddie: Oi? Alô? - Uma voz extremamente feminina atende o meu telefonema. De início pensei ter discado o número errado, mas, não, aquele era mesmo o número do Freddie. Depois, por mais brilhante que a minha mente seja, pensei que, nesses dois anos sem contato, o Freddie tinha trocado de sexo. Às vezes tinha a impressão de que ele poderia me surpreender dessa forma (nada contra).

Eu: Freddie? É... É você aí? - Perguntei por curiosidade. 

Ouço apenas o silêncio do outro lado da linha. Cinco minutos depois, ouço uma pequena discussão: uma voz masculina parece sussurrar próximo do telefone e depois volto a ouvir a voz feminina. - Alô? Alguém? 

Telefone do Freddie: Quem? Eu não sei do que você está falando, Amanda... Eh... Alô? - Finalmente reconheço a voz do Freddie. Não vou mentir que senti saudades de voltar a ouvir essa voz novamente. - Alô!?

Eu: FREDDIE! Sou eu.. A Sam!! Lembra de mim, certo? - Sorriu, mas de nervosa.

Silêncio novamente. 

Freddie: Sim, claro que lembro da minha AMIGA, Sam Puckett - Freddie pronuncia cada palavra de maneira lenta e audível. - Como vai, Sam? Como está o Tim, seu namorado?

Eu (mordo os lábios): Bem... Ele tá bem, sim... Até passaria o telefone para ele, mas ele está bem ocupado agora - menti. - Eu... Sei lá... Eu tava pensando em passar umas semanas aí em Seattle, sabe? Que tal a gente se encontrar naquele restaurante chique que eu, você e a Carly íamos? Só para relembrar os velhos tempos. 

Freddie: Ah, ia ser ótimo... Mas, você sabe que a Carly está em outros ares né? Depois que você começou a namorar o Tim, ela me disse que você esqueceu totalmente da presença dela. - Freddie me relembrou -Enfim, nunca mais tive contato com a Carly... 

Eu: Ah, isso deve ser drama dela. Você sabe como ela é... - Fiz uma pausa nesse assunto, pois tinha que fazer o pedido ao Freddie: - Olha, Freddie... Eu posso te pedir um favor? Ficarei muito grata se você fizer isso para mim... Eu juro que explico tudo quando nos encontramos! 

[Dois Dias Depois]

Graças ao Freddie, voltei a minha terra natal. O Benson fez questão de depositar dinheiro na minha conta e bancou a minha viagem de Nova York para Seattle. 

A primeira coisa que fiz foi visitar a minha antiga vizinhança e dar uma passada na minha antiga casa, que, por incrível que pareça, estava à venda. E, para deixar bem claro, a "brilhante" ideia de vender a casa não foi minha, e, sim, do Tim.

Foi um milagre ninguém ter se interessado pela casa, talvez tenha sido pelo fato de ser uma casa pequena, com paredes sujas/mofadas e móveis desgastados. 

Após isso, tentei passar na casa da minha antiga amiga, Carly Shay, e tentar saber o que estava acontecendo com ela. Fiquei extremamente surpresa quando a morena abriu a porta e fechou de imediato na minha cara. Esperava mais um abraço de boas-vindas, mas fica para a próxima. 

— O que deu nela?! - questionei, enquanto voltava para a minha casa. 

Bem, não tinha importância, pois eu tinha problemas maiores para resolver, como: arranjar um novo emprego, arranjar dinheiro para devolver a retribuição do Benson, etc. Quero minha vida de volta. 

Sempre serei grata pela atitude do Freddie, visto que, apesar de tudo que ocorreu no passado, tanto os pontos positivos quanto negativos, notei que ele continua sendo o mesmo. 

Fiquei sem palavras quando ele me mandou uma mensagem de texto no final da tarde:

Freddie: "Topa ir ao Pini's hj a noite? Comemorar a sua volta a Seattle? :) Temos muito o q falar! "

Respondo o mais rápido que posso: "Pow! Minha fome tá me matando, mas não vou poder ir... Tô sem emprego, sem dinheiro e sem condições de te devolver o dinheiro, por enquanto, lembra?"

Freddie: "Para de inventar desculpas, Sam! Eu sei que o restaurante é caro, mas não quero q você faça essa desfeita. Eu tô te convidando"

Eu: "Okay... Tudo bem! Aproveito e te explico tudo que aconteceu"

Ao entardecer, começo a me arrumar para o tal "encontro" com o Freddie. Do meu quarto, com poucos móveis, tento arranjar uma roupa para essa ocasião. No entanto, não encontro nada de interessante no meu antigo armário e, por esse motivo, tento retirar alguma coisa de útil da minha mala.